Thursday, December 27, 2007

amores perros

não peço que me ame. apenas que gostes dos meus cachorros. e ai de ti se me traíres, destratando-os.

Tuesday, December 18, 2007

hô hô hõ

o natal vem chegando ou melhor já chegou(é preciso garfar o décimo terceiro ou o décimo segundo dos otários o quanto antes).
como diria o bardo, o mês das falsas promessas promete.

Monday, December 17, 2007

crise de valores

escrever menos para escrever mais. entendi finalmente o que recomendam os clássicos.
preparo-me para isso ao escrever nada, o que não quer dizer necessariamente que estou escrevendo tudo.

Wednesday, December 12, 2007

bom dia

as portas da padaria o cão vira-lata aguarda alguém que lhe seja capaz de dar bom-dia com um pedaço do que seja pra comer.
contemplo-o antes de estacionar. de porte médio, pelo castanho, olhos caramelo, tem mesmo cara de gente boa e já me ganha de saída, ou melhor, de entrada. se estiver aqui ainda quando eu sair ganha uma festa e um pedaço do meu café.
adentro a padaria para o habitual. o de sempre, confirma a moça do outro lado do balcão o que confirmo com um aceno - o de sempre é uma vitamina de banana , pão com ovo e um café médio sem leite (já basta o da vitamina).
do assento do balcão, que mais parece assento de guarita, elevo-me a condição de observador priviliegiado de todos que estão dentro da padaria naquele momento. são cerca de vinte pessoas, entre crianças, adolescentes, um pouco mais, maduros e gente quase senil. nenhum deles tem um sorriso na boca sequer naquele começo de manhã ensolarada. muito menos os empregados.
guardo pouco menos de um quinto do pão com ovo que é ainda um pão francês avolumado.
pago a conta e dou ao cão, esta altura já com crise de consciência.
pela espera, rabo abanando, e aquele sorriso de bom dia que só o otimismo de um cão enxergava naquela manhã, apesar de ser um cão de rua, merecia tomar café no meu lugar.
mas claro que num lugar onde os sorrisos estivessem a altura do sorriso largo do seu. bom dia de cão que era muito maior do que de todos aqueles de uma padaria inteira

Tuesday, December 11, 2007

planera dos macacos 2

chimpanzé dá um banho de memória em estudantes universitários.
estudantes universitários não conseguem atingir um percentual acima dos 26% de capacidade de leitura com compreensão de um texto relativamente longo e que seja algo mais que simples.
estes chimpanzés são mesmo uns fanfarrões. queria ver esta memória toda se fizessem faculdade.
concorrendo com gente assim não tinha como não serem bem sucedidos no teste.
este é mais um caso de experimento dito empírico suspeito pelo uso de amostras contaminadas.

Monday, December 10, 2007

planeta dos macacos 1

a matéria mostra a adoção de uma gatinho por uma macaca que dele cuida com desvelo e carinho. finda a reportagem, que também encerra o programa jornalística o apresentador, pensa ele, brilha no improviso: " e com esta macacada vamos encerrando o nosso tele-jornal".

então, é assim: para os humanos, no "auge da sua evolução", o ato de amar instintivamente o desprotegido, sem discriminação de espécie, não passa de uma macacada.

e é com esta mentalidade que queremos salvar a espécie, outras espécies e o planeta.

salve-se quem puder: dos humanos.

Saturday, December 08, 2007

mortos-vivos

diante da morte do dito cujo, quanto todos apelam a redenção e ao perdão, denuncia-se as canhalices do defunto ou chora-se junto com a canalha sobrevivente, para engrossar o caldo ?

Friday, November 30, 2007

de soslaio



3 pombos na janela que voam em curva espantados pela adolescente ao celular.
um casal de namorados num pega mas não pega ali mais à frente.
o bem-te-vi que escapa da sombra do gato.
e o reflexo do meu olhar caindo ao poente na visão que divide-se pela faca do tempo interminável em que o olho pisca e toda imagem é cisco duro como um batente.

Tuesday, November 27, 2007

nada magnânimo

peguei-me na prática de um magnanismo que em mim desconhecia. selecionando livros para dar de presente, assim como músicas(sim caro leitor não se dá mais discos, leia-se cd, dá-se músicas) entre tantas outras coisas que julgo eu magnanimanente, sempre, a contribuir para a melhora dos seres ao redor do meu alcançe, evitando a armadilha do dar o que eles gostam para cair na ainda pior do dar o que eu gosto.
mas que grande descarado me tornei, descubro na encolha, para não usar de outros vocábulos, digamos assim menos magnânimos. fazer dos meus olhos e ouvidos os ouvidos ávidos de uns poucos ouvidos surdos, não moucos, que conheço e que imagino a influenciar para o bom caminho.
e isto exatamente num momento em que estou a me auto-desencaminhar farto desta parcela magnânima do mundo que quer fazer das suas experiências cardápio de outrem em todos os sentidos, todas as colunas, todos os sites, todos os meios.

Monday, November 26, 2007

projeto de vida

pedem-nos, implacavelmente, retidão na vida.
mas quem disse que a vida é reta?
não é a vida um céu e inferno de curvas abruptas e sinuosas, de sobes e desces, desconcertantes, de lentidão e velocidades estonteantes? de girandõlas e redemoinhos ascendentes e descendentes?


estamos rodeados de guardas de trânsito ávidos em multas. há juizes morais que nos infernizam a vida, esquecendo que para cada lanterna que nos cobram apagada, não legislam eles em punição própria e adequada por crateras em suas rodovidas na estrada de muito pior sortilégio, estas sim que nos perigam a vida com muitos piores danos. aliás, iguaiszinhos ao que nos faz a guarda em "blitzs".

farto de levar multas de quem a torto e a direito quer me cobrar retidão. observo que
retidão na vida é morte, tal qual lhe arrumam no caixão. mas deixo claro, que convém manter uma certa retidão de princípios, sejam eles curvos, oblíquos ou o que seja. sem no entanto confundir retidão de princípios com retidão moral, pois esta costuma deixar seus ditos praticantes num estado de corcundez que é atingido muito antes do equívoco da longevidade retilínea.

e se nada entendeu, seja reto, como niemeyer. que justamente por isso é o senhor das curvas.

Saturday, November 24, 2007

senso de paternidade

fazendo charminho, desastrados ou dengosos, toda vez que meus cães sentam-se ou pululam a minha volta, e me olham com o sentimento que sei, é amor aos catorze pedaços, corrobora-se aos píncaros a minha decisão de não querer ter filhos e optar por uma vida de amores caninos e caudas abanando, com mares de céus naqueles olhares lânguidos onde remelas são estalactites da mais pura sinceridade.
o que parece uma barbaridade nesta escolha, apenas é mais pura expressão do senso de paternidade que tanta gente diz ter mas do qual duvido muito. afinal, um pai sempre sabe o que é melhor para seus filhos.

Friday, November 23, 2007

território II

visto assim pelos olhos do siri, a enorme bunda branca da dona boa esparramada na areia parecia uma loca. e o que é melhor, bem disfarçada por sargaços. não imaginem o faniquito que ela deu ao se ver nas garras do dito cujo buraco a dentro, ou quase.

Wednesday, November 21, 2007

território

o cachorro vira-lata latiu para a dona boa que abanava o rabo no seu pedaço. pudera. onde já se viu uma dama assim tão vagabunda?

Tuesday, November 20, 2007

gostosa

de longe não assustava. mas de perto, a coisa pega, quer dizer não pega.
biquini vermelho, corpo empapado de água oxigenada, dois vidro e meio só para a barriga, outros tantos para cada peito, mais meia dúzia para os culotes e nadica de meio para a bunda que não tinha.
todo domingo, lá estava ela na antiga praia do quartel de casa caiada.
espetáculo grotesco? o que é isso para quem não conhece felinni? niente, se coubesse italiano no seu pedaço de areia.
mas o fato é que anastácia do jeito dela vivia feliz a sua vida e deitava e rolava naquele pedaço inventando trejeitos de pin-up.
chegava por volta das dez e meia e antes das três voltava a pé percorrendo o longo trajeto no asfalto quente que fervia onde não devia e esfriava aos buracos na ladeira de onde morava ela lá pelos bultrins cruzando espaço doutras olindas.
resto da semana, cozinhando em espaço exíguo de bar e restaurante de fim de linha, onde era conhecida pelo mocotó, não o próprio, mas com pirão, que não vou "butar" areia na história relembrando a praia.
e com um mocotó daquele, faziam fila, o que é de imaginar, pra comer o prato da gostosa, como era conhecida.
fim de semana, merecido, quem não sabia, ouviu como zoeira braba o reconhecimento do lá vem a gostosa, por um dos da fila em fim de semana aproveitando também o pedaço, e muito menos quando ela gargalhando rispostou: - já tá babando de longe heim, tô aqui pegando uma corzinha que é para dar um grau no material, amanhã você vai querer chupar até os ossos.

Monday, November 19, 2007

numa certa ponte histórica do recife

atravessou a ponte ligeiro e já na cabeça da ponte lembrou-se, não sabe como, a sua andava uma merda, que saíra de casa sem documentos. voltar tudo aquilo, puta que o pariu, calor sufocante, suor escorrendo em pingas, gente feia e mal cheirosa a lhe atrapalhar os passos, chutou as pilastras e bradou isso é uma tabaca de chôla. mediu a distância entre uma cabeça e outra da ponte e quase chorou de tanta raiva da distancia hiperbolizada pelo sol à pino. caralhos me fodam! voltar um carai, nem que se foda. e pulou na frente do ônibus que lhe petelecou a bunda projetando-a sobre a murada fazendo-o cair de cabeça na lama fétida do rio. desemborcado o cidadão, repetia quase afogado, voltar um carai, cuspido de lama em plena bosta de rio.
populares prestativos e bombeiros amuados convergiram. surtou e foi de gaia.
de cima da ponte um bando de cornos mansos amontoava-se sob um sol à pino para apreciar a teimosia alheia.

Thursday, November 15, 2007

pior que um amor perdido

o gatinho que alimentei até se tornar gigante, hoje não me reconhece mais. súbito sumiu do telhado juntamente com a gata mãe, grávida, que por quase mês, não sabia deles. ela não ví mais. teria morrido de parto, veneno, cachorro ou carro? ele, encontro na rua seguinte, mancando e assustado, sem a memória olfativa que talvez a distância hoje imposta não permita o reconhecimento.

acontece também com pessoas. subitamente, desaparecem, e ficamos assim sem entender porquê. faz parta das gentes. agora, com animais, nos causa ainda mais estranheza porque não entendemos seus motivos, já que sempre temos a pretensão de entender os motivos das gentes ou pelo menos atribuir-lhes loucura, ingratidão ou puramente sacagem, traição.

com os animais é diferente. a cara assustada que não reconhece aquele a quem saudava com largos ronronados produz um não sei o quê que torna o silêncio lancinante. e mostra que a limitação humana é algo bem mais tonitroante do que a incapacidade de saber o que acontece ali na rua mas está muito acima dos telhados das nossas cabeças.

Monday, November 12, 2007

porque progresso não é a mesmo coisa que desenvolvimento

cada vez mais a compra de carros é facilitada.
cada vez menos se tem espaço para circular com eles.
breve vamos chegar mais rápido andando a pé.
o progresso é deveras impressionante para quem é impressionável.
as bicicletas, cada vez mais caras e roubadas. os tênis idem.
mas continuamos firmes perseguindo os fins com todos os equivocos dos meios.

Friday, November 09, 2007

um pouco de céu


nada mais do que de estrelas pó de pirlimpimpim e um azul infinito e distante a povoar. um pouco de céu é algo que todos querem conquistar. mas cada um a sua maneira, ainda que vivendo por isso, evita o método mais fácil de lá chegar. aquele que pressupôe um
pouco de terra por sobre o corpo que não mais sonha o que de certo estraga a paisagem.
penando bem, dispensemos por hoje esta ânsia ancestral por um pouco de céu e este pouco de terra que ao final fará o céu desabar sobre nossas cabeças e não mais aos poucos. fiquemos por cá às voltas com os muitos do inferno que ao menos em parte nos permite outras vontades inclusive esta de um pouco de céu.

Wednesday, November 07, 2007

escridura.

todo texto é pretexto. mas nem todo pretexto é texto que valha a pena. este por exemplo.

Sunday, November 04, 2007

olimpo mais embaixo

acordo e descubro que minha mulher ronca.
ainda bem penso. e com alívio passo a amar-lhe ainda mais.
antes assim. estava difícil sustentar o relacionamento com uma deusa.

Friday, November 02, 2007

Thursday, November 01, 2007

puro amor

cachorro! disse ela.
vaca! disse ele.
e se amaram com a furia e o amor que só os animais de espécies diferentes podem expressar.

Wednesday, October 31, 2007

W.C.

achava-se uma bosta, e nem sequer boiando.
pensando-se assim, deu descarga no vácuo.
e lá voltou ele para o trabalhinho de merda que pagava as suas contas e seus tragos com um travo de papel higiênico na alma toda lambuzada de vaso.

Tuesday, October 30, 2007

take-away

mordeu-lhe a lingua e ela reclamou em plena gravação: - ei! isso não é beijo técnico.
e ele, em plena gravação, beijou-a novamente e comeu-a aos pedaços.
desnecessário dizer que ela ficou muda, enquanto a equipe técnica estupefata constatava que não gravara o take, pois apenas se tratava de um ensaio.
moral da história: já não se fazem novelas como antigamente?

Monday, October 29, 2007

justiça poética


as mesmas palavras que conquistam o amor, separam-no.
palavras como para sempre, insubstituível, a primeira vista, não há ninguém igual a você, acabam por ser repetidas, em maior ou menor intensidade, para outros que em maior ou menor intensidade a repetirão para nós ou para outros.
o amor tão bem expresso em palavras não nasceu para promessas. as promessas ou juras de amor são um convite à sua negação.
o amor caladinho, mudo de nascença, acaba falando mais alto. e sem ter que prometer nada a ninguém, nem ser cobrado por isso, fica livre para ficar caladinho em sua sina de ser amor com a intensidade da palavra não dita que dura por isso mesmo uma eternidade até que convencidos disto falamos o que não devíamos.

Thursday, October 25, 2007

por falta de história


se o tal conde maurício era alemão, e se a holanda a época não existia, como é que pode ter havido uma invasão holandesa em pernambuco?
por aí tire você o resto.

Wednesday, October 24, 2007

buracos da vida

bastante tempo sem manutenção levei hoje o carro para fazer alinhamento. é necessário, pensei, pois tenho sentido a direção torta e cada vez que passo num buraco ele puxa para um lado.
feito o serviço, constatei, quem precisa de alinhamento sou eu.

Monday, October 22, 2007

a estagiária


selecionada, a teen-ager volta agora confirmada sua vaga de estágio. dá-me um abraço não púdico para o qual não estava absolutamente preparado, formalmente encafifado na pretensa postura de homem mais velho, e diretor da agência, quando percebo que, sim, realmente estou tornando-me um cinquentão passado, pois fico levemente ruborizado, sem nenhum pensamento maldoso, se quer que eu diga, outra característica do cinquentão que agora se explica, quando percebo que nem isto me aproxima mais da adolescência, pois os adolescentes de agora dificilmente ficam ruborizados, o que só confirma com um sim novamente, que realmente estou ficando ultrapassado.
mas como não tenho cara de tiozão e tampouco faço trocadihos do tipo "sentra" aqui, há uma leve esperança de que possa me acostumar com estes abraços e deles tirar uma casquinha, no bom sentido, claro, já que se fosse cafaja, a idade, d´um ou de outro, pouco importaria na condução de reflexões, caindo no lugar comum ardiloso do ela tem idade para ser sua filha
nada como um abraço simplesmente porque a alegria nos invade e queremos transmitir isso sem pensar em nada mais do que a alegria que nos toca.
esta estagiária promete. nem bem começou e já está me ensinando alguma coisa bem mais importante do que vou transmitir para ela.
mas é bom parar por aí. ainda sou muito novo para aprender outras coisas para as quais ainda não estou preparado agora.

Sunday, October 21, 2007

quase auto-crítico

não é que eu tenha problema com o número de leitores. mas ele bem que eles poderiam se manifestar de outra maneira.
se escrevo, não me dão bola. se paro, chovem à procura do espaço em branco.
creio que sou uma espécie de talento nato antítese destes que fazem sucesso escrevendo o que quer que seja que de um jeito ou de outro findam sendo auto-ajuda, conquistando milhares de leitores, coisa que consigo não escrevendo coisíssima nenhuma.
mas como sou um sujeito não chegado a fama, canso-me desta vida de best-seller e continuo vez por outra a escrever uma coisinha, só para não esquecer-me de quão valioso é a mediocridade espacejada.

Wednesday, October 17, 2007

paradoxo do travesseiro

quem vive não dorme. quem não dorme não vive.
aí, ou você é muito vivo, e não está dormindo, ou está dormindo e não vive.
não vá então morrer de sono. e tome cuidado para não morrer de viver.
acontece que a vida é para ser vivida e não dormida.
e agora o que é que você vai fazer? a conversa já está lhe dando sono?
viva, por que eu vou dormir. e qualquer dia destes vou ficar um morto-vivo para sempre.

Tuesday, October 16, 2007

cisco estelar

dia nem tão bonito assim. confluência da paulista com a augusta.
mulheres paulistas são elegantes(nem todas das oscar freire).
homens, nem tanto, apesar de pensarem que gravata e paletó dão casaca a otário.
transito grave,buzinas agudas.
ela desce de um ônibus e eu do outro lado.
por um momento, não mais que um momento, não mais que um triz, um olhar para fora do óculos.
fiquei cego por uns cinco minutos, tempo suficente para nunca mais na vida a ver.

Wednesday, October 10, 2007

ausente por presença

abro a caixa de escrita e não escrevo nada. se não há porquè escrever, para que cumprir obrigação? já fiz isso na escrita e na vida e o resultado ficou bolor.
um dia, dois dias, três dias, não me altero.
a página em branco revela sinais de vida que estão por vir. para que amarelá-los antes do tempo ?
não escrever muitas vezes é um escrever silencioso que por fim acaba falando mais alto.

Friday, October 05, 2007

flagrante de quase adultério ou descasque esta manga

há dias que bem cedinho sigo para o trabalho.
quase madrugo, a tempo de dar bom dia aos guardas-noturnos que hoje menos soturnos, porém ainda de cacete e apito- insusportável - recebem a saudação com a nova nomeclatura que lhes cai como colete de vigilantes.
sem azáfamas de transeuntes, o velho jeg jipe de guerra, desliza macio pelo corpo de uma cidade sonolenta, num trajeto em que é inverso ao sentido coletivo. enquanto todos rumam ao centro, meu destino é na contra-mão, rumo ao sexto-sentido do quase subúrbio na disposiçao geografica do contra-fluxo do transito.
gosto desta sensação do cheiro de orvalho, dos vira-latas espreguiçando-se nas esquinas e gatos tardios correndo para a soneca da manhã. creio que a cidade acorda como se as bicicletas operárias que percorrem artérias prescutassem atalhos mais chegados e assim lhes fizessem cócegas que a fazem desemborcar.
cinco e uma nesga da matina a cidade é como uma mulher semi-desperta na casa que não é nossa. coxas a mostra, bicos dos seios sem a turgidez dos elevadores, vagina não retesada, relaxada a espera de cafuné e quem sabe uma penetração que não seja comandanda pela tesão do mijo. é quase entregue a quem, como eu, passa macio e sem pressa rumo a labuta que não me permite vê-la de outra maneira que não seja assim semi-desperta.
e assim, sol nascendo, vou chegando como se estivesse saindo de uma cidade que não me pertence mas que vou gozando assim, de fininho, enquando seus donos não veem.
a tarde da noite ou madrugada quando volto a sensação já não é a mesma. mas alguma coisa no ar me faz quase ver um piscado a combinar novos encontros madrugais.
eu gosto, ela também. minha mulher nem tanto. também sonolenta, reclama a cada manhã - mas já? fica mais um pouquinho, não posso, digo-lhe eu, tenho de ir trabalhar.
e lá vou eu saindo de uma e entrando noutra, onde curvas e quinas de concreto e maquiagem de aço, ainda novelam tufos de velhas mangueiras que aos olhos do tarado me convidam a uma boa chupada.
a chuva de fininho completa a paisagem de uma cidade de pernas abertas para quem a queira possuir e amar. mas é bom não abusar: principalmente quem tem uma outra cidade sempre por descobrir em casa.

Wednesday, October 03, 2007

pansexual

de manhã ginecologista na unidade de saúde de casa amarela.
a tarde, proctologista no centro de saúde da encruzilhada.
nem me perguntem o que este doutor faz a noite.
pela madrugada!

Monday, October 01, 2007

telejornal

a repórter e tão certinha, nem cospe quando fala. o enquadramento? de tão certinho, nem desfoca quando mela.
e o depoimento então? tão certinho, nem gagueja quando corta. .
há que se prever e editar tudo, o tempo todo todo o tempo que é a base verdadeira da moral na história.
a notícia é quente quanto mais esfria. a audiência sobe quanto mais se esfola. a mentira não se encontra com a verdade nem mais onde a memória faz a curva, pois editam até a emoção, que de certinha, nem molha o lenço quando chora.
depois falam que o depoimento do comercial é falso. e o fruto do ensaiado para o vivo? que a nossa frente sempre se desenrola?

de mais ensaiado, nada. nem na novela. deve ser por isso que agente acredita no que vê que se farta até dormir.
boa noite, fátima, boa noite william.
- william, é você?
- onde está você, fátima ?

Sunday, September 30, 2007

vamos a la playa?

bom, hoje é domingo, melhor não. esqueça o restaurante, e a sessão de cinema. televisão então, nem pensar, e futebol, só se você for craque para escapar do trânsito, do flanelinha, da autoridade, da bala sem rumo e da torcida adversária. programas culturais? bem depois que transformaram jardins dos museus em playground e salão de piqueniques, eu não arriscaria. ficar em casa também e arriscado. tem o vizinho, o cunhado mala, e a sogra que resolveu fazer aquela receita que todos mentem para ela dizendo que é boa há quinze anos em nome da harmonia familiar.
pensando bem, ainda bem que a manhã é segunda e a cidade fica mais civilizada apesar de tudo e de todos.

Saturday, September 29, 2007

sem damas, só vagabundos

quase fervidos pela calçada quente o casal de vira-latas ronda o estacionamento da padaria. parecem indecisos tamanha quantidade de rodopios e indas e vindas naquele pequeno pedaço de calçada onde o cheiro de comida é mais intenso.
típicos vira-latas tem na aparência a marca das ruas e dos mal-tratos de dias quentes, noites gélidas, e artíficios que não se imaginam quantos para sobreviver nesta vida.mas há amor no casal.mais do que isso, cumplicidade. entre os meneios e rodopios e por enquanto pequenos sustos e pontapés que os espantam, não perdem a oportunidade de se acarinharem mutuamente sempre que voltam do espaço da separação que nunca dura ou é maior que cerca de dois metros. basta olhar e ver que nasceram um para o outro para sempre.
enfim, algo comovente nesta manhã de verão que prenuncia calor de outras sortes.
no meio disso tudo o amor dos vira latas é eterno até que a carrocinha(ou um ònibus?)os separe.
mas quem se importa com o um amor que vive sem perfume e que periga morrer de fome na ante-véspera da próxima calçada?

Friday, September 28, 2007

a verdade do falso paradoxo ou o paradoxo da verdade em falso

todo homem mentiroso tem um discurso pra lá de verdadeiro.
todo homem verdadeiro tem um discurso pra lá de mentiroso.
ao homem que escuta, não resta nada mais que acreditar na mentira de um ou na verdade do outro.
isso se ele não responde à altura.

Thursday, September 27, 2007

levemente machista mas feminista até os ovos

são duas martas. uma mais para lontra, outra mais para o diabo a quatro.

uma, ministra insossa, precursora de uma liberdade sexual em meados dos anos 80, ao que parece só colocada em prática publicável alguns anos atrás e que talvez por conta disso mesmo andou dizendo que em meio a chateações de espera e camas mal dormidas dever-se-ia relaxar e gozar.

outra, a dita feia que se torna a bela e desejada, num campo onde homens tem de rebolar para fazer o que ela faz. e que de tão bem que faz, que essa sim dá vontade de gozar e relaxar com ela.

a partir de marta, o gol , tido como figura análogica masculina equivalente ao orgasmo tornou-se múltiplo e libertador de verdade.

e se melhor réquiem não há, que se diga que esta marta merece ser beijada dos pés a cabeça pra começo de partida.

Wednesday, September 26, 2007

abaixo o neocid

há sempre um desenvolto tido como inteligente a deitar falação sobre a chatice dos outros.
no começo até achamos simpático e interessante, pois afinal, quem aguenta ou gosta de gente chata? nem eles próprios
mas a conversa se extende, e por mais inteligente que seja, acaba se tornando chata.
então descobrimos que o chato de todas estas conversas, assim como este post, sobre os chatos, é quando por conta delas nos damos a sentir falta deles.
chato devia vir com um aviso. não ligue. pronto.

Tuesday, September 25, 2007

destino lógico

há um caráter ilógico no procedimento do ser humano, é capaz de urdir as mais estranhas piruetas para desculpar-se a si mesmo e aos outros para não fazer o que tem de ser feito,
com menos energia, peripécias e estratagemas e tudo estaria feito. e quiçá nosso destino, amoroso, profissional ou coletivo modificado.
mas isso seria pedir demais, afinal a ilogicidade do ser humano supera em muito a sua logicidade equivocada.
e assim sendo, acaba sendo lógico que o destino não tenha outra alternativa a cumprir-se de uma certa forma pra lá de insatisfeito.

Monday, September 24, 2007

vira-vira vice-versa

brasileiros vão a portugal e voltam aos risos com a enganosa burrice deles.
brasileiro em terras lusas passa de peido a furuncúlo com extrema facilidade. acredita piamente que é realmente esperto e que o resto do mundo acha graça em tudo que faz ou que tem a obrigação de modificar seu modo de agir apenas para parecer inteligente ou admirado de paixão pelos visitantes. a refinada lógica cartesiana portuguesa é sempre interpretada como obtusidade mas será que é assim mesmo ?
quer exemplo: entra o brasileiro no taxi e pergunta: conheces o restaurante tal? o taxista diz que sim, afinal não foi isso que lhe foi perguntado ? e onde fica? sabe? diz que sim o taxista, afinal, não foi isso que lhe foi perguntado?
ora, se em nenhum momento foi dito ao motorista que ele devia seguir para lá, o que faria o taxista? levaria-o lá? para ouvir que em nenhum momento isso lhe foi pedido?
esses brasileiros são uns gajos muito estranhos. entram no taxi para perguntar se conhecemos ou se sabemos onde fica lugares onde eles não dizem se querem ou não ir.
deve ser por isto que nós descobrimos o brasil e não vice-versa e mais uma vez estamos lhes tomando o litoral, pois quem quiser que acredite que nos chegamos lá por calmarias.

Sunday, September 23, 2007

elementar meu caro watson

a notícia não é nova. mas o que há de novo no front(e no back) deste país?
novo diretor da polícia federal assume e responde pergunta sobre porque nas operações decantadas com tanto alarde os dito cujos suspeitos nunca ficam presos. responde que é preciso prender as pessoas com provas mais consistentemente trabalhadas?

quer dizer que até então que as pessoas estavam sendo presas sem provas ?
ah! bom. fica combinado assim. há esperanças para este país até provas em contrário-

Saturday, September 22, 2007

parangolé

o homem segura duas cadeiras de balanço infantis em cada braço. outra leva-a pendurada no pescoço. a última, do tipo cavalinho-sebra, banco longo sem espaldar, traz encaixada na cabeça tal e qual um chapéu de burro ainda que sendo cavalinho infantil.

a temperatura é quente, e tem-se a sensação maior de sofrimento, abandono, e calor, já que passa frente a uma séria de oficinas que assistem a sua passagem sem sequer se ouvir uma buzina.

o homem carrega o cavalinho na cabeça e seu rosto desolado, provavelmente por nenhuma venda, lembra-me, e desperta-me, exatamente a mesma sensação que sinto quando vejo os cavalos, éguas, mulas e jegues presos a seu destino não natural de morrer de peso e cansaço sem que ninguém lhes ouça, prese atenção ou cuide.

assim como o homem que vende cadeirinhas que poderiam estar sendo montadas pelos seus próprios netos sem o peso da necessidade da venda escrava, tal como os animais que deveriam estar no campo ao pasto sentindo nas costas apenas o peso das suas crinas.

homens e animais sujeitados a trabalhos forçados são sempre uma aberração da natureza deturpada pelos nossos erros. e que ainda hoje são vistos pela maioria como estado natural da nossa civilização, com seus costumes de jogar sobre o lombo de animais e homens reduzidos a igual condição, que mesmo no brinquedo de madeira que servirá de brincadeira não deixa de ser produto de homens e cavalos domados a duras penas de renunciar a vida inerente a sua própria condição que não se sabe onde escrito acabaria sendo esta.

Friday, September 21, 2007

o homem invisível

nesta temporada de trabalho encontro-o todos os dias no café da manhã na padaria globo, no varadouro, olinda.
nessa espécie de ritual, alimento-me do velho hábito carioca da média com pão e manteiga, hoje substituidos pela vitamina de banana, pão com ovo e a xícara média de café, que embora não seja a média, faz-me efeito genérico. não é este o sinal dos tempos?

ele, magérrimo, tipo franzino, bigodes à seculo passado, pede copo grande café e dois sanduiches de pão com ovo nalguns dias, noutros de mortadela. faz quase uma semana que usa bermuda vermelha e não usa camisa.

relembro-o da adolescência. carroceiro que não sei se tratava mal os burros, mas sempre de carroça a cheia a invarialvelmente transportar fretes com todo tipo de encomendas. muito tempo passou, ele não diminui em nada o seu tamanho, que é o que dizem acontece com que vai chegando a alta idade.

seu corpo faz inveja a qualquer adolescente tarado por academia. é um bruce lee talhado pela pobreza a cada músculo delineado, sejam bíceps ou nas marcas das costelas, no ponto entre a surgidez da aparência e o mais um pouco a esqualidez a qual já nos acostumamos em cenas de países de áfrica.

mas isto não é o que interessa. mas sim a dignidade com que se porta. muito mais que um gentleman, tem um porte e uma elegância que só mesmo os homens a quem o tempo e as condições por mais desfavoraveis que sejam não conseguiram extirpar-lhe das vísceras a dignidade.

cumprimenta-me e confesso que não sei se lhe estou à altura, apesar do seu tamanho físico diminuto. mas é sempre um honra tomar um café com um ser humano que mesmo de pés no chão tem a dignidade a levitar-lhe o peso. e isto dito, parto para o trabalho onde cada vez mais gente com dignidade é o que está em falta. e olhe que no fundo, somos todos carroceiros também.

(da vitamina que tomo, observo que a cada dia diminuem o copo e aumentam-lhe o preço. seria esta uma das causas de tamanha falta de dignidade que afligem os comensais brasileiros ? falta de vitamina na dose certa pelo preço justo ? mais uma vez o meu companheiro de café prova que não. não tem dinheiro para a vitamina mas esbanja de maneira digna, a sua, que lhe é natural, nunca ou muito pouco sequer vitaminada)

Thursday, September 20, 2007

quase arroto

almoço de negócios, onde executivos trincam o bife mas o objetivo é comer uns aos outros, negocialmente as vezes nem sempre.

entre falar alto e palitar os dentes fico a perguntar: de que adianta mesmo tanto MBA? e estágios na matriz? qualquer comilança com os chamados bárbaros em seus modos de cinema vikings e as regras mínimas de etiqueta estariam respeitadas.

se há uma coisa insuportável é o barulho de vozes que nada tendo a dizer ainda o fazem sobretudo muito alto. e não é o alcóol que os deixa assim. é questão de berço mesmo para não dizer de beiço.

a histéria dos pontos de vista que se engalfinham em gravatas é sempre mais destestável do que a histéria de mulheres a beira de um ataque de nervos por unhas quebradas

discretamente engulo à seco o meu arroto, mas peido baixinho de forma inevitável.
esta turma contamina o ar e não a minha bufa.

Wednesday, September 19, 2007

pra quem ficou parado naquela estação

nada como uma viagem para você descobrir que não é, nem são, insubstituíveis, maridos, mulheres, funcionários, e sobretudo o pais que tentam lhe impingir numa alegoria farrabunda, ser o melhor e o mais bonito do mundo.
nem precisa ser uma viagem para o outro mundo. logo ali é buenos aires, e a civilização já dá o ar da sua graça, apesar da nossa contribuição espelhada na bandigagem e miséria local que reconhecemos como pior que a nossa mas no fundo sabemos que nisso eles também não ganham mais uma, já que lá a categoria não é tratada como esporte

Tuesday, September 18, 2007

idade dos enganos


a juventude não é a idade da velocidade. ledo engano, típico de quem entra na contra-mão.
a idade da velocidade, por sí só já dita nas idades altas, é a idade em que você se acha ou lhe é imposta a velhice.
tardia ou precoce, nela entrando, tudo é por demais rápido e veloz. o beijo, o gozo, as ausências, as substâncias digeridas e seus resultados.
tudo é extremamente lento na juventude. tudo é demasiadamente rápido na velhice. prova dada é que você leva uma vida para morrer. e quando se é velho, e pei-buf e você já foi.
é claro que há uns velhinhos renitentes a embaralhar o tráfego.
mas nada que uma sirene ou um guarda-anjo de trânsito não resolva numa lapada.
deve ser por isso que já nascemos com cara de velho. coisas da velocidade da nossa efemeridade. acentuada não nas dificuldades de locomoção em tudo que parece subida da curva da velhice a qual associamos o trôpego. mas sim na banguela da boca e da descida sem freios para o caixão.

Sunday, September 16, 2007

humano demasiadamente humano

gosto de animais, você sabe, exceção apenas a um: o animal humano, com raras e excepcionais exceções. confesso mesmo que muitas vezes aturo-me à contra-gosto.

dos animais dizem-nos perigosos para a maioria. e sobre eles se constroi a nossa desumanidade ímpar na história animal. os dragões de komodo não passam de lgartixas diante da nossa fome de predação

o que homem faz com os animais é animalesco, para você ver só do que somos capazes. subvertemos até a lógica dos significados. o que fazemos de mais humano chamamos de desumano, de coisa de animais, quando nada mais é que coisa saida de nós próprios.

ultimamente os pit-bulls tem sido as vítimas da vez, como já foram os lobos, os gatos, os morcêgos, como também são os tubarões.

invadimo-lhes o seu espaço, destroçamos a sua personalidade, vitimamos a eles e as vítimas deles que antes de tudo são nossas e os exterminamos exemplarmente quando acontece uma tragédia onde crianças ou velhos são navalhados.

vítimas e autoridades dirigem seu ódio aos cães e contra eles é permitida a pena de morte sem recurso. mas os que os adestram (adestrar não é só para o bem ou bons modos), os que se alimentam e alimentam a crueldade das rinhas, continuam sem punição alguma, quando são eles os verdadeiros: pensou que eu ia dizer animais? vocês realmente não aprendem não é humanos ?

Thursday, September 13, 2007

camarilha

senado que senado ? camara qual camara?
lugar de gente feliz
de renans que reinam absolutos e impunes
sociedade secreta onde o boi engorda sem o olho do dono
enquanto as vacas magras mirram de verdade pela falta dela

Wednesday, September 12, 2007

quase gastrônoma

sou sempre convidado para projetos que exigem coragem e pouco apego a dinheiro(pelo menos é o que me dizem. e eu não sei se mais idiota ou esperto quase finjo que acredito).
contudo desconfio que: ou tenho coragem demais da conta, do que me foi calculada, ou levo a sério demais aquele discurso do que agora é para valer, queremos fazer e acontecer, a nossa personalidade é o que importa e tudo o mais que já virou clichê.

por outro lado, o pouco apego a dinheiro é sempre um problema de monta, já que a sua importância ou desimportância é intrinsecamente ligada a coragem.

covardes comem demais. corajosos não tanto. mas porque será que eu, tão corajoso ando engordando ?

imagina-se a coragem musculosa, nunca adiposa. e a covardia sebosa, jamais esbelta.

e se considerar-mos que quase sempre saio a meio do pudim - ou seria butim? - dos projetos dos quais sempre me excluo, quando ouço a frase do não é bem assim, que se passa então? com estes quilos a mais em tanto tempo de como de menos?

talvez seja a hora de mudar de dieta, quer dizer, deste tipo de projetos que se dizem corajosos e padecem da bulimia ante a possibilidade de vir a ser ou no meu caso de não vir a ser.

a falta de coragem no tutano, mais do que a falta de dinheiro, antes de matar de inanição as idéias, matam-nas pela engorda do que não pode ser feito ao custo do que poderia ser.

Tuesday, September 11, 2007

borderline

há uma forte tendência no ser humano, ainda mais mortal nos negócios do que no casamento, de querer salvar o irrecuperável.
na minha profissão, a dúvida se é lucro o tempo ganho com cliente perdido leva mais a falência do que a certeza.

Monday, September 10, 2007

lugar comum

túmulo.
dentro dele, o que dentro do caixão, bolor e falso rateio, por mais incomum que seja a paisagem do lado de fora, nos nivela a todos: por baixo.
mas há quem se julgue morto exalando outros perfumes. e que julgue isto presença de espírito também.
deixe-se então que a dúvida de outros tantos descanse em paz. não fosse aquela barata alí a desandar o cemitério inteiro com o cheiro peculiar do barro derretido que enlameia qualquer possibilidade de final feliz nessa sintese da nossa história mal contada.

Saturday, September 08, 2007

quebra de rotina

o feriado nos acena com a quebra da rotina.
e lá vamos nós para a rotina do feriado.

Friday, September 07, 2007

parada dura

a liberdade, de expressão inclusive, é valor fundamental para a verdadeira democracia. a independência, entre poderes inclusive, é fundamental para a verdadeira independência.

se a independência de um povo é um conjunto de valores e expressões que não necessitam ser monitorados, porque raio a nossa independência é escrava de uma comemoração que é uma parada militar ?

não deveria ser uma festa popular com a expressão de diversas nuances da participação popular? que na parada não sai da arquibancada?

não que militar não seja povo. mas tem povo de menos é militar demais nesta parada.

portanto, a nossa independência ainda está sujeita a ordem do dia.

Wednesday, September 05, 2007

sete de setembro à vista ou seria a prazos de perder de vista ?

feriado se aproximando. a confirmação verde-amarela da nossa eterna escravidão dando mostras novidadeiras.
parada de helocópteros preventivamente pensada para abafar as vaias ao lula.
dia da independência ?

Tuesday, September 04, 2007

sentido de proporção


a caminho dos 54 anos, nascido aos 54, as coisas poderiam ser bem piores. mas não. nada assusta, inclusive a barriguinha que mantem-se discreta, fazendo muita inveja a adolescentes tidos como esbeltos. e, como já disse alguém um pouco mais a frente do que eu: "elas ainda olham. cada vez menos, mas olham" (ainda não decifrei completamente quem são elas? se mais jovens ou se as do pau a pau)
uma coisa porém ameaça complicar-se. há que se fazer escolhas paro o futuro cada vez mais breve.
velho tarado, velho gagá, velho ranzinza ou velho legal ?
bom a proporção é de 3 contra 1. mas ainda acho que dá. será ?

p.s. velho legal não elimina necessáriamente a primeira das três opções. ooooh? então tá.

Monday, September 03, 2007

Sunday, September 02, 2007

sem farol

minha profissão? faroleiro
ora, se assim sou, lanço luzes sobre meu caminho
mar de lembranças do futuro
onde só há botes do destino
aos quais me agarro como um náufrago
apegado a sombras que não existem mais
de sonhos iluminados e extintos

Saturday, September 01, 2007

zorra total

personagem da galhada faz auto-crítica da globo em programa da globo que agora rí de sí mesma?
a espera da mulher assiste tv de madrugada e comenta - depois ainda repete - " só filme repetido " e questiona: - desenho animado de madrugada, só se for para criança com insônia.
progresso ou efeito macêdo?
nunca a verdade nos fez rir de tanto chorar.

Friday, August 31, 2007

morte ao barroco

pesquisas dizem que a gordura acumulada no abdômem, a popular e indecorosa barriguinha, é uma sentença de morte, premonitora de crõnicas de õbitos anunciados por acidentes cardiovasculares.
caminho pelas ruas e vejo dezenas, centenas de vivos-mortos(caminhar nestes casos não adianta muito).
olho-me no espelho, e vejo um um futuro morto-vivo.

Thursday, August 30, 2007

contra-senso

os homens sábios falam baixinho. os mais sábios ainda não os escutam. a ignorância é sempre grita de mal ouvidos. mas o silêncio não é sábio. é surdo.

Wednesday, August 29, 2007

devolvam-me pelo menos as sete vidas dos gatos


gatos tem sete vidas, gato preto dá azar. adultos gostam de contar e inventar histórias. gato dá asma, gatos matam por toxoplasmose, meia verdade, e portanto, outra de suas histórias. olhos de gato, pelo de gatos.

gatos foram trucidados - continuam - como lôbos, na idade média, a idade dita obscura, segundo alguns clarividentes, obscurantismo daqueles, já que na idade média consquistas iluminadas foram encapadas a história da humanidade.
estou me lixando para ambos. para mim nenhuma idade é mais obscura do que a nossa, dita adulta, também da humanidade, onde tendo conhecimento de tudo, ou de quase tudo que a nossa ciência e vâ filosofia alcançaram, continuamos a espezinhar, a violentar, a trucidar, a praticar o genocídio escorados em todo o tipo de racionalismo, inclusive o relogioso(ou você ainda cai no conto que o fanatismo é algo de teor emocional irracional?)
mas que se lixem os homens que eu quero saber é dos gatos.

gatos tem sete vidas, gatos não caem de costas, gato são equilibristas, lorotas incandescentes no peito abruptamente esvaziado.

no telhado da minha casa "crio" gatos que aí foram se aninhando porque eu os alimento e cuido na medida dos afagos que lhes é possível fazer do alto da escada onde sempre temo desabar.

tragédias tem acontecido. dos gatos que mais gostava, um por um, de filhotes a adolescente e adultos, morreram subitamente de queda, susto motivada talvez por coices à vera ou de brincadeira(gatos quando brigam e brincam coiceam, se não sabe).

de filhotes três, de adolescentes, gatinha, ser iluminado que ao me ver subindo a escada ensaiava beijinhos dengosos e de tão delicados quase esquimós.

onde as sete vidas, se gatinha, caiu e rompeu o baço ou o figado(diz outra lorota que quanto mais alto mais o gato resiste a queda pois tem tempo de se virar)? caiu do telhado em cima de um murete de canteiro.

gatinha não teve. e de queda tão feia, desmaiada talvez, até tsu, o vira-lata que ensaia escalar paredes para pegar os gatos, e águia, a doberrmann que também os deseja, a deixaram em paz estatelada.

ainda viva, levada ao veterinário ainda a tardinha. radiografia e veterinaria diz que tudo bem, nada na coluna e nada de hemorragia interna. outra lorota.

na manhã seguinte fui buscá-la morta

meu telhado está vazio, restando apenas mother e little, o pequeno gato gigante que cresceu a custa da morte dos irmãos sugando tudo que o vazio dos irmãos deixou no peito de mother.

aprendi de um modo substancialmente doloroso e corrosivo que o maior dano que a humanidade faz é mentir as suas crianças descobrindo que não os gatos mas sim nós, eu, é que tenho sete vidas.

mas isto apenas me servirá para olhar para um telhado vazio de verdades.

Tuesday, August 28, 2007

adensadamente informático

no fundo no fundo nós temos a idéia de nós mesmos exatamente igual a que vendemos do nosso manuseio dos computadores.
fingimos que conhecemos todos os recursos mas não passamos dos dez por cento da nossa cabeça animal.
saiu do word, o ser humano crasha. ou por falta de memória ou de caráter.
neste ponto, computadores são mais confiáveis.
suas memórias não apresentam desculpas.

Monday, August 27, 2007

prática política ou quase pv do pt

sou sempre solidário com o o povo apesar do povo quase nunca ser solidário comigo.
mas sem intimidades por favor.

Saturday, August 25, 2007

klekleneana


pode acreditar. se você ou aquele a quem você admira não consegue escolher um bom sofá, não será capaz de fazer nada na vida com retidão.
há testes psicolológicos e cantarilhas sobre decifração de personalidades e potencialidades portentados sobre os mais variados metódos. esqueça! análise a personalidade de alguém pelo sofá que tem no living ou no quarto. mas não se exceda achando que por entrar na casa de alguém sem sofá ele não tenha personalidade. pode ser um excêntrico, um indeciso, alguém que o retirou do local para refazer as costuras.
o certo é que a maioria das pessoas que tem um mau sofá vive metendo-se a connaisseur. seja no pitaco ao rabo da vizinha, a análise dos números dos relatórios em questão. e com que empáfia disparam sobre tudo.

eu? claro que tenho um sofá. levei 22 anos para comprá-lo, desde a primeira vez que o ví. um "togo", designer premiado, preço salgado em shopping de decoração carioca, que veio a ser concretizado em terras de portugal, vindo de paris. um dos sofás mais copiados de todos os tempos, inclusive pelas tok-stoks da vida. belo, sem dúvida ele é. mas a ergonomia, é de praguejar. dez minutos em sua companhia, e você só não se arrepende pelo fato de tê-lo comprado pela beleza que nele se assenta. devo confessar que o sofá tem outras prestandades, por exemplo, para fazer sexo, não ví nada melhor ainda, incluindo o velho fusca, eleito para sempre o melhor carro para estropolias yogo-tântricas-sexuais. no togo, o velho apanhei o sabonete é insuperável, a julgar pelas caras e bocas certamente mais devidas ao sofá do que a minha performance, provam-lhe a unhas trincadas em suas extremidades,

mas peraí!? compramos um sofá para dar uma quecas(como se diz trepadas em portugal) e finda nisto a nossa escolha ? ou sim para nos regalarmos ao fim de um dia cansativo ou memorável. uma taça de vinho, steely dan de fundo, um repousar carinhoso e tranquilo da pessoa que amamos ou gostamos em nosso colo e ou vice-versa. apesar de estimular a criatividade o sofá deve-se a isto em seu míster.

que faça com o meu togo hoje em dia? sim, existe ainda, apesar de tomado de assalto pela minha dúzia e meia de vira-latas que mata de inveja a gata que dele nao se aproxima pois nenhum bom sofá resiste a unhas de uma gata, o que reacende-me um certo dilema moral que as unhas que alí já foram gravadas não eram de nenhuma gata.
uma peça d´arte, um design dito intemporal, e uma ruma de bichos semi-pulguentos e aspergidos de anti-carrapaticidas a disputar cada centímetro quadrado. isto é coisa que se faça com um sofá que se levou quase duas décadas e meia para se comprar a custo de uma alimentação de meia dúzia de famílias para o ano inteiro ?
como lhes disse, conhece-se muito bem uma pessoa pela sua escolha do sofá. agora diga mais você, pela escolha do uso que ele faz do sofá.
ultimamente, o meu foi retirado da sala, e está semi-mofado num quarto largado. a espera do meu discernimento sobre o que devo mesmo fazer com um sofá. certamente terei mais despreendimento na compra de um próximo, mas antes disso terei de passar no teste de onde vou metê-lo agora ou que uso farei do mesmo.

conhece-te a tí mesmo na escolha, compra e modo de usar de um sofá.
por falar nisso, está olhando ou sentado no seu agora?
ou já passou da fase do susto de não se reconhecer no sofá que lhe senta ?

Friday, August 24, 2007

o perfume

é muito fácil fazer as coisas como se deve. na verdade nem custa tanto. se há que fazer, faça uma vez só: faça bem-feito. contudo, principalmente na minha atividade, desenvolveu-se uma mentalidade que investe mais no discurso do que na prática.
na verdade todos os processos são conhecidos. há conhecimento dos problemas, e sabe-se, na grande maioria dos casos, o que deve ser feito para a solução.
mas parece que andam inventando desculpas para tudo. tudo é problema e o nada cristaliza-se, logo ele como solução. e traz à reboque a família inteira: a inércia, a esperteza desmedida, o atalho por debaixo da gaveta, a falta de sobriedade e o preço fácil com que se cede ante a mentira e a dissimulação.
a falta de verbas é sempre apresentada como o maior impecilho. depois. a administração de pessoas. pessoas são difícéis, você sabe.
mas nem uma coisa nem outra. o que falta para se fazer bem feito é um componente visceral a qualquer profissional que queira preservar sua auto-estima para além dos conselhos dos auto-ajudeiros de plantão.
falta vergonha na cara. falta o sentimento do vômito ante as manobras que fazemos no equivocado discurso da luta pela sobrevivência.
quem quer sobrevida?
a vida profissional não precisa dela. tá cheia disso. a existencial esfolia-nos e apodrece-nos antes de nos macular pelo cheiro.
amanhã tenho de dizer umas verdades a um cliente. qual mesmo o perfume que deverei usar neste dia. O de curtume ?

Thursday, August 23, 2007

proudhon

do jeito que as coisas andam vou acabar de deixando de ser honesto com as pessoas que não merecem
a coisa funciona assim: você tem princípios e elas não acreditam. quanto mais você reafirma com atitudes, mais elas pensam que você as está querendo trapacear. honestidade demais, sabe como é,.. desconfiam, coisa encenada, pra lá de bem ensaiada, convence justamente o contrário exatamente ser o que você é. não seja.
deve-se assim roubar um pouquinho, não o suficente que ofenda, não o suficente que não percebam(nada pior do que um ladrão deste tipo descobrir que é, ou que o acham, burro)
roube apenas o suficiente para que elas descubram e sorriam contentes em saber que você também é tão ladrão como elas. aí você vira um cara confiavel.
o produto do roubo você doa a alguma associação de caridade.
mas quem vai acreditar, já que você também não acredita nelas? que nada disso é roubo?

triste sina dos ladrões que tentam se mostrar honestos. idem, dos honestos que intentam ser ladrões, nem que fossem de corações.
afinal, a propriedade do que quer que seja não é um roubo? inclusive dele próprio?

Wednesday, August 22, 2007

se oriente seja qual for seu ocidente

aprendi duas lições recentemente contidas em dois enunciados: não se serve a dois senhores - nem se aceita ser servido por quem assim age - e, o que importa é a sua verdade.
mas calma, que não são estas as lições, até certo ponto óbvias.
as lições são justamente o contrário do que afirmam tais afirmações, o que também não é nada de novo.
a lição aprendida corresponde ainda que parcialmente as palavras contidas num livro escolhido para ser dado a um amigo cuja maior lição foi a de que, vá lá também, não era assim tão meu amigo, como pensei ou como ele dizia ou, estou de bons cornos hoje, até gostaria.
"a filosofia oriental resolve tudo.
meu irmão, não caia nessa".
pois é, o ocidente corrompe e o oriente também. e a maioria das pessoas nunca chegam a ser o que gostariam.
mas isso não é o pior. o pior é quando elas passam do ponto.

Monday, August 20, 2007

vingança de encher- ou esvaziar- a pança

mostre-se superior. deseje aos seus inimigos o maior sucesso possível, estava lá escrito num banheiro de rodoviária.

anotei e não fiz a limpeza do pensamento que cheira a banheiro também. mas há que o considerar, ainda mais tendo você conhecimento das suas fragilidades(dos inimigos e das suas, não se esqueça destes detalhes). soa chic e ainda vão dizer que você é uma pessoa do bem, em nada mesquinho.

sucesso tanto, os inimigos não vão conseguir suportá-lo e desabarão.
se você vai tirar partido disto ou não, aí já é outra conversa para vinganças mais profisionais.
eu, por enquanto, sou amador.

Friday, August 17, 2007

bad news good news

falo em amores, bons sentimentos, solidariedade, e a audiência cai.
falo em vingança, audiência dispara.
os que não morrem de amor por mim garantem a audiência dos que gostam lendo ou não lendo.
o interessante é que num caso e noutro não faço nada intencional para ser odiado ou ser amado.
apenas sou, coisa que nem isso eles conseguem ser, ao que parece.

Thursday, August 16, 2007

dessa água não beberei

não serei pai. nenhuma desdita aflita. consolo? não serei pai de nenhum filho da puta. isto me alivia a consciência.
tampouco avõ. desdobramentos e consequências em tom sépia.
há muitas coisas que sempre soube nunca iria fazer outras sequer imaginei. mas nenhuma delas daquelas que sempre soube nunca iria fazer.
é um instinto quase camelo. bebo antes, até coisas de sabor azedo, mas nunca o doce-amargo sempre disse nunca iria beber.
o ser humano tem uma sede que o faz morrer pela língua.
eu, peixe de outras águas, tenho sede de novos ares.
e de mortes diferentes.
dessa água não beberei ?

Tuesday, August 14, 2007

tekamaki

a vingança é um prato que se come frio mas com os talheres quentes -
nunca vi ninguém perdoador esbelto. por isso abaixo o regime do perdão. ando mesmo com uns quilinhos a mais.
a vingança emagrece. mas que não seja fora de propósito.
há que se ter propósitos elevados, para tudo, inclusive à vingança.
estou elevadíssimo de propósitos e completei com arroz pegado e macarrão papado para desespero do shushi man.

Sunday, August 12, 2007

a minha paciência está se esgotando

não é o tempo que está se esgotando. é a minha paciência. sim claro a minha vida e vida daqueles que gosto também. há coisas por fazer e coisas por priorizar, mas falta paciência para isto tudo também. paciência.
paciência também se tiver de morrer sem conseguir fazer nada do que pretendo.
dizem que os mortos são muito pacientes - alguns, mortos? discordam e talvez por não ter paciência alguma torram o saco dos vivos impacientes e amedrontam os pacientes medrosos.
paciência? bom a minha está se esgotando. a vida por enquanto não. paciência ?

Sunday, August 05, 2007

somos muitos num só mas apenas um faz o trabalho de todos

posts escasseados. vão continuar assim por mais uma ou duas semanas.
os outros que há em mim andam muito ocupados com suas tarefas sobrecarregadas. ser publicitário para além das mentiras que contamos sobre nós mesmos dá um trabalho danado quando se trabalha para fazer e não para parecer fazer o que resume-se apenas em pensar pra aparecer.
por isso ando desaparecido. estou trabalhando para aparecer novamente. mas noutro sentido, aquele que anda em contra-mão dos que querem nos ver desaparecidos.

por isso só vou aparecer de vem em quando. apareça você também mas não desapareça.

Sunday, July 29, 2007

o mito da relação custo-benefício

ao custo de um pan, o rio, e o brasil - o rio é o brasil no pan, já dizia o césar maia nas propaganda eleitoral - deram um sumiço na mídia abafando seu complexo do alemão.
custou caro mas resultou. vamos ver agora depois do pan como o rio vai encarar a vida de volta ao pan, pan, pan da polícia contra o ratátátá dos traficantes. neste cenário panamericano a única prova é continuar vivo o que não dá direito a medalha. medalha ganha só pra quem morre, nem de ouro,prata ou bronze, mas etiqueta de identificação no iml sem direito a execução do hino nacional, mas há quem se contente com hinos evangélicos-
contudo o investimento no pan revelou-se insuficiente para abafar por mais pan pan pan que fosse o estouro do avião da tam.
quando pan novamente, vai demorar. pira de aviões a desabar, nem sendo demasiadamente otimista pode se garantir que não teremos antes do próximo.
porque o brasil pode ter ganho meia centena de medalhas de ouro,mistura de garra,dedicação, talento e competência, mas ainda vai matar centenas e centenas, só na aviação, pelo mesmo instinto assassino bem nutrido pela mistura de incompetência, descaso e nulidade política que carregamos em nossas tripas indignadas apenas enquanto duram as chamas que logo logo se apagam em luto como o arrebol.

Thursday, July 26, 2007

hasta cuando?

de um lado me diz maquiavel: que nada mais dificil do que instaurar uma nova ordem de coisas. de outro, que a realidade é o que é. e não a que gostaríamos que ela fosse.

meu trabalho é desdizer maquiavel, sem deixar de observar-lhe as agudezas das observações. nem discuto se vou ou se já consegui. mas quando vejo a falta de luta, em todos os lugares onde vou, e aqueles que preferem fingir mudar a assumir que já se tornaram estátuas, tento convencer-me que a única maneira de não me tornar estátua também é seguir tentando.

e lá vou eu para mais uma jornada de trabalho.

Friday, July 20, 2007

placar apertado

somos fregueses de cuba no volley.
mas há uma grande diferença:lá o 'grande ditador'teve savoir-faire quando derrotamos as cubanas(no basquete,claro)valorizando ainda mais a nossa vitória - e a figura dele, também a dos cubanos,que marcou seu chuá,enxergando para fora das quadras a possibilidade de ser vencedor a despeito do resultado do placar.
aqui, graças ao presidente, ao qual também pode ser feita a leitura de 'grande ditador', a julgar por sua reação a vaia,nossa derrota é dupla e por isso mesmo pra lá de vergonhosa.
lula perdeu por w.o. medo de novas vaias?
fica-se a perguntar: e então? onde fica o infeliz sou brasileiro e não desisto nunca? se o presidente deles é o primeiro a fugir da raia?
que falta de esportividade heim?

Monday, July 16, 2007

problemas dos novos tempos ou seria da nova idade?

uma das conquistas da vida moderna é que conquistamos a fonte da juventude na idade. um certa confusão ainda se é uma conquista cronológica ou biológica. mas o fato é que hoje nos sentimos - ou fingimos - que continuamos mais jovens apesar da idade que vai avançando em disparada a única coisa que nos aproxima de alguns eventos que lembram a velocidade da adolescência. ?

a pressão da sociedade, alguma conquistas da bio-medicina e pronto, temos cinquentões e cinquentonas com ares de quarentões e, diz.se, muito deles com cabeça de trintões e até de vintões.

mas ai reside o problema deste "desajuste" entre a cabeça e o velho coração que bate jovem num corpo já não tão jovem. olhamos com olhos de jovens apaixonados pela vida, e fome de últimas vezes para qualquer naco de vida que nos apetece, seja sob a forma de um corpo que sempre queremos mais jovem, ignorando nosso espelho, ainda mais se nos sentimos mais jovens e isso cria uma série de conflitos voluntários e involuntários.

corpo de cinquenta, cabeça de trinta, tesão de adolescente? nem todo mundo nos olha assim. e quando olhamos para todo mundo assim, o mundo nos vê assim ou com cabeça de cincoenta, tesão de sessenta e corpo de setenta?(ainda de fosse os anos setenta). e estas meninas de 12, com cara de 18, as de 18 com cara de 25, por que raios tem de estar sempre em nosso caminho ? (se você é mulher faça sua versão feminina do problema).

alguma coisa me diz que é preciso ajustar a cabeça ao corpo. o coração não vale a pena. este será um eterno desajustado.

Saturday, July 14, 2007

pan dopados

se depender dos nossos narradores e comentaristas do pan, o brasil terminaria o pan cheio das medalhas de titanium. o ufanismo desbragado que por fim da força no começo das provas que todos nossos atletas conquistem o ouro. a meio da prova já são fenomenais se ganharem o prata e ao fim, foi um grande feito, principalmente para aqueles que vem de "origem humilde", como se a falta de condições de nascença fosse a nossa desgraça e redenção através de um ou outro que consegue completar uma prova.

a política de esportes do brasil é tal e qual a sua política. completamente dopada pela manipulação de discursos que embotam a falta de investimento e uma visão de longo prazo, fora do espetaculoso, a única capaz de levar os atletas ao podium sem o dopping da ilusão que a raça por sí só ganha medalhas que não sejam de consolação.

é por isso que no brasil temos os zé das medalhas em todos os setores. e já queremos as tais medalhas na olímpiada e na copa.

excesso de atletas e falta de modalidades?

Wednesday, July 11, 2007

os desprazeres dos prazeres

o prazer de comer, gosta? inigualável. mas acontece que se você dedicar-se por inteiro comer deixa de ser um prazer e passa a ser um desprazer, porque pra comer cada vez mais, sem que deixe de ser um prazer(comer inevitavelmente engorda) você não pode comer como lhe manda o prazer para não ter o desprazer que espelho certamente lhe proporcionará.

acontece com todos os prazeres da vida. vida dura. tudo que gostamos de fazer por prazer tem um limite contido no próprio prazer. sexo, por exemplo. há um limite entre o apetite, a performance e o saciamento. quanto mais se gosta de fazer menos prazer ele dará, a não ser evidentemente que você seja um príapo ou padeça do furor uterino que comete algumas entidades, que nem assim livram-se totalmente da ameça do tédio do prazer, um dos mal estares da nossa civilização.

o chato disso tudo, é que pousa inadvertidamente sobre a nossa cabeça a máxima de que a virtude está no meio. mas que virtude há em limitar o prazer pela mediação, quando se é um hedonista, mesmo que amador?

descobre-se assim que o prazer é um grande estraga-prazeres. mas em que mundo estamos homessa!

Monday, July 09, 2007

a sétima maravilha do mundo

se a simplicidade é a característica da maravilha que poderia ser o ser humano, porque todas as nossas escolhas sempre são voltadas para a grandiloquência e a espetacularidade?

em todas estas obras consideradas maravilhas do gênio humano não há umazinha sequer que não carregue atrás de sí um rabo preso de mortantade, incivilidade e opressão do ser humano por outros assim chamados seres humanos que se queriam maravilhosos.

Saturday, July 07, 2007

a gala da ginática

as asas em espuma pintadas e recortadas da daniele hypólito - que de angelical não tem nada - refletem a indulgência de um país que se quer capaz de organizar jogos, copas e olímpíadas e não consegue sair do figurino rastaqueiro de algo que nem assim seria tratado pior num esquete de escola de periferia.

em tempos de novas tecnologias e rigor artístico, esportivo e figurinístico, a tal fantasia de que temos um parque instalado de primeiro mundo para fortalecer a nossa ginástica enquanto técnica, músculos e cérebros visualizou-se desengoçada pela utilização de um elemento cênico inimáginável por tamanha má utilização, não estivessemos nós na terra dos enredos de escola de sambas, sem contar com tamanhas atravessadas nas sincronizações. a começar dos pequenos, onde ignorou-se a máxima que é de menino que se torce o pepino, coisa que os países da europa de leste sempre mostraram como se faz, longe do improviso do jeitinho que a tudo amálgama e perdoa.

para azar da nossa infelicidade enquanto terceiro mundo a globo ainda transmitiu tudo isso como se vergonhoso não fossse o que estava estampado na cara da torcida que fazia ginástica para não ir embora tamanha sucessão de vexames.

Wednesday, July 04, 2007

divino instinto

fatalmente há de acontecer. de nada adianta ter ou não ter fé. a fé é algo circustancial nos seus preditos e resultados. a inexorabiidade não. ela é imutável. ante a inexorabilidade há quem contraponha a fé mas é uma questão de tempo que costuma derrotar a fé, que sendo humana, cansa. ante a fé não se trata de contrapor a não fé. a calma em lugar do desepeser ou ou vice-versa. não se trata de resignação ou anátema mas apenas de manifestar a fé na inexorabilidade. se há coisa que não falta é ela. esteja onde você estiver qualquer que seja o tempo. só a inexorabilidade é fiel.

Thursday, June 28, 2007

retrato em preto e branco


dizem que os índios não se deixam fotografar porque acreditam que a foto lhes rouba a alma. eu também acredito nisso piamente. por isso detesto fotos, detesto ser fotografado, salvo aquelas muito editadas, a meu gosto evidentemnte.

mas quem não é assim? mesmo aqueles que adoram ser fotografados?
fazer pose é fundamental. tirar várias e várias fotos também. mesmo amadores, quando tem possibilidade, fazem isso, agora ainda mais com as possibilidades inesgotáveis das máquinas digitais que permitem dezenas, centenas de fotos. profissionais então, muitas, para que seja feita a escolha da foto que lhe convém.

mas há uma exceção de onde a alma de ninguém escapa. o retrato para os documentos. já reparou que estes ninguém mostra? e se mostra sempre diz que está horrível neste retrato?

pois bem, esta é a nossa verdadeira alma. horrível. é por isso que a fotografia, como dizem os índios, nos rouba a alma. a alma idealizada do homem dito civilizado que ser quer diferente daquilo que realmente é.

quanto aos índios, seu temor da caixa fotográfica é justamente o inverso. que ela lhes roube o que tem de mais puro, deixando para futuras revelações o que hoje se vê da realidade que ninguém quer fotografar,

nunca é demais pensar que nós também já fomos índios algum dia, pelo menos antes da alma nos ser roubada. e nem falamos dos tempos de agora onde nosso espectro a procura da fama faz qualquer foto de lambe-lambe parecer obra de arte.

alcançando o nirvana

escrevo sempre com alguns dos cachorros aos meus pés. invariavelmente lá pelas tantas da madrugada um deles se aproxima e com a pata posta sobre a minha perna interrompe a escrita com um pedido de cafuné.

devidamente assoberdado, tento resistir inflando-me da autodisciplina da não interrupção para tentar dar um ar sério a girandôla de palavras as quais tento atribuir utilidade em significação e que talvez por isso mesmo caçoam de mim como bolas de gude a fugir-me das mãos.

mas quem resiste a um rabo abanando? e olhe que não é de nenhuma mulata mas apenas de um cachorro vira-lata que me convida de volta à vida que esquecemos onde está.

no momento que acedo a seu pedido o mundo torna-se perfeito porque pára de existir. somos só eu e o cachorro que me conduz ao nirvana onde ele e eu somos uma só respiração.

neste momento percebo o quão é tão difícil para os monges budistas, mesmo os tibetanos, alcançar o nirvana: eles não tem rabos de cachorro a abanar-lhes a vida demostrando o quanto é inútil esta postura de lótus que ainda periga nos deixar bífidos com o rabo sem balanço.

esqueça o dalai lama. preste atenção nos rabos que abanam, de preferência naqueles que estavam petrificados pelo abandono e maus tratos, e que você ao retirar da rua, do canil municipal, da casa de onde não tem amigos, do fim da feira fétida, fez abanar.

Wednesday, June 27, 2007

o direito a preguiça

os jovens, e nesta categoria enquadram-se os muito jovens, os nem tanto assim, e os pra lá de jovens,não conseguem arranjar emprego porque são jovens.

os velhos, e nesta categoria enquadram-se os mais velhos, os menos velhos, os velhos velhos e os quase velhos, porque são velhos.

mas o pior acontece com os de meia-idade: não conseguem emprego porque ficaram no meio do caminho e não são uma coisa nem outra. e como não podem ficar mais jovens devem ficar um bom tempo desempregados até ficarem velhos o suficente para não arranjar emprego porque são velhos.

aliás, é inacreditável, como mesmo assim continuam trabalhando apesar de não conseguirem emprego.

talvez este seja o mal de todas as idades. as pessoas querem empregos e simplesmente não conseguem trabalhar na maioria dos casos por isso mesmo.

o emprego, conclui-se, é uma coisa que dá muito trabalho conseguir, e isto cansa. por isso mesmo é melhor empregar seu tempo num trabalho mais produtivo.

Monday, June 25, 2007

com medo ou com pedro?

e aí, você pensa com o coração, com a razão ou com o bolso? que é o símbolo da razão exarcebada ou do coração atrofiado.

eu não penso, pensou o que pensa bem antes de tomar a decisão. mas ai já era tarde. já havia tomado a decisão.

Friday, June 22, 2007

tiro pela culatra


quando pequenos muitos dos meninos da vizinhança se divertiam amarrando bombas no rabo dos gatos. nunca fui disto. era um menino cagão como se dizia na época. no máximo acertei 3 ou 4 lagartixas, com badoque que me maldiz a mão até hoje. suas caudas voltaram a crescer. eu cresci mas o menino nunca mais ficou bom da mão. mas bomba em gatos não. suas caras apavoradas frequentam minhas tenras lembranças até hoje como um pesadelo do qual a memória não me deixa acordar. e nas situações em que me vejo agoniado tenho-lhe a cara do desespero, muito embora nunca tenha ficado realmente despesperado ante a morte que ainda brinca de esconde esconde.

hoje, ante-véspera de são joão, vejo o desespero de algum dos meus cachorros e dos gatos do telhado, com as bombas que ribombam incessantemente como se fossem um bombardeiro interminável. e escapo-me a pensar que tal qual deviam sentir-se as lagartixas sobre fogo cruzado dos atiradores

e daquilo de menino que não cresceu em mim - praga talvez das lagartixas - bate-me uma vontade tinhosa de amarrar um bomba no rabo de cada um desses que soltam fogos nas festas de são joão como se estivessem amarrando fogos na cauda do gato.

mas como sabem, nunca mais fiquei bom de mão ou seria ainda aquela coisa de cagão?

Thursday, June 21, 2007

nem imortalidade nem ressureição

uma vez definitivamente provado que a imortalidade não existe, não custa lembrar que o que estava em jogo ontem não era só o ser imortal, era a própria ressureição.

como a libertadores acabou, nesta o grêmio não resusscita mesmo. o diabo é que vem o internacional por aí com aquele vermelho inferno.

até se ganhar, é purgatório.

Wednesday, June 20, 2007

historinha de minifúndio

eu tenho uma terrinhas. daquelas que você compra mas não tem dinheiro pra construir.já tentaram invadir,diminuir,e até crescer,contanto que eu ajudasse a terra de outras a crescer muito mais.

é um lugar onde quero morar até onde possa viver. pra ficar bem com todos tenho de subverter a minha consciência e não apontar que andaram metendo a mão no terreno que era destinado a equipamentos para a comunidade. aliás,se fizer isto,não só fico bem com a turma do poder como de repente ainda faço carreira política no local que se quer turístico. afinal como publicitário, pegava bem ser o secretário do turismo do local que tem uma anta a se dizer de um. e o que é ainda melhor: ainda abocanhava de favores outra terrinha ao lado que deveria ser uma pequenina, bem pequenina, mas ainda assim importante área verde, que ao final das contas era o que faria mesmo com a própria.

os meus valores estão para a minha consciência como uma minifundio da sobrevivência da minha existência enquanto pessoa. a terrinha extra,que só vai me dar mais problemas, pois se não tenho dinheiro nem para murar uns parcos 3 mil metros,como vou murar mais uns 1.500? são o latifúndio que por poucos metros podem me transformar no crápula latente que existe em todos nós nestes tempos onde qualquer vantagem é a diferença entre a vida e a morte do homem premido entre a subserviência e a sobrevivência.

a barriga tem consciência ou a consciência da barriga acaba sempre falando mais alto?

Tuesday, June 19, 2007

cisco no colírio


por que choras? perguntava o homem que chorava a moça que chorava junto apiedada dele que sem saber porque já chorava um pouco mais ao ver a moça tão bonita assim chorar tão feio que não sabia ele por causa dele que não sabia ela agora chorava ainda mais por causa dele que perguntava sem cessar por que choras?

Saturday, June 16, 2007

conto para o guardanaposdeescriturario.blogspot.com

do meu pai não herdei muitas qualidades que não sei se ele tinha ou se eu não soube colher entre a nossa convivência de vida arrancada e atribulada

mas herdei-lhe a barriga, e que por isso mesmo quero eliminá-la.

sabe-se lá se eu não estou grávido de mais um estorvo?

Friday, June 15, 2007

a pedra do reino


a rede globo investe maciço no seu projeto de tornar um dos mais reacionários dos nossos escritores em pedra de toque da cultura nordestina-brasileira usando com permissidade recíproca o avatar ariano suassuna para encher os olhos de juris e compradores nas próxima feira de compra de programas internacional. o universo suassunesco, tratado pelo "experimentalismo datado " do "primo luiz", um quase armorialista de ocasião, serve bem ao propóstito, e ainda a outros como atestar a força da nordestinidade dos 35 anos globais na hoje mais que nunca sede cultural das sesmarias de riba. no contexto "cultural" de um pernambuco que a tudo devora e diz sua cultura o paraibano suassuna foi operacionalizado de radical a radicado, esta sim uma pedra do seu novo reino, monarca da terra que já quase pária se quer renascida como lugar onde além de nascer a pátria nascedouro da nova cultura beatnik-mangue.

a globo não importa liderar o ibope do horário. o foco não é este. sua estratégia tampouco é qualificar a programação. e sim, através da estranheza da dita arte, menos literária, mais teatral, em nada televisiva, não cinema mais linguagem de vídeo experimental datado, nele incrustando para além da película, marca de jogo de meninos grandes, a crônica deficiência, cultural?, do eterno som de merda do cinema nacional, e da construção narrativa em linguagem de letras e lentes que compreendem muito mais os malucos das feiras nordestinas do que o telespectador da classe média periférica que ainda sintoniza a televisão, afirmar sua supremacia na realização de um espetáculo de deleite do esvaziado padrão global já que desaprendeu a fazer com competência comercial televisão.a aparente contradição de produzir um produto não comercial para afirmar a sua supremacia é o grande texto de quaderna.

quanto a ariano, detestável por algumas de suas posições, tornou-se um escritor vivente de seu maior personagem: ele mesmo, cada vez mais show e menos aula, para além da rabujice agora gênero que o faz tão simpático as novas gerações.

aliás, os oitenta anos de ariano e brenannd dão a tônica do que a arte e o pensamento de elite provocou e provoca no movimento cultural do pernambuco do hoje em dia. um escritor dito popular que se tornou rei no momento que intepretou o papel de bobo, e por outro lado a excrescência da pedra adulterada pelo viés burguês do bem nascido com sua visão de elite processando a pulsão que move da arte popular gerada entre o ricochete da fé, sua expressão religiosa, e o céu inferno do sexo.

enquanto isto abelardo da hora o verdadeiro homem da pedra não tem as honras do reino, para por de vez uma pedra no assunto.

Thursday, June 14, 2007

relaxe e goze

a frase insuspeita de uma sexóloga como marta suplicy na qualidade de ministra do turismo confirma a falta de visão do povo brasileiro em relação a seus políticos.

sem querer querendo, marta, que não tem suplicy à toa no nome(alguma relação como suplício pode se tratar de mera flatulência) deu a chave para a resolução de todos os nossos problemas, assim como uma espécie de osho ajustada ao linguajar nacional.

bala perdida? relaxe e goze. gasolina adulterada? relaxe e goze(aproveite que a mangueira e também o cano da escopeta são fálicos). greve do metro ? relaxe e goze.

enfim uma lista sem fim de mil e uma utilidades que deixa bombril no chinelo. a lista, pode e deve ser complementada de acordo com as especificidades de cada um. a família tem 12 membros e o salarío mínimo catado no papel só dá para alimentá~los por uma semana? relaxe e goze(notou a propriedade entre membros e gozo - coletivo de 12 por acaso não seria gozação?)
certo é que a ministra com seu sorrisozinho de desdém foi acusada de tripudiar da parcela da população brasileira que pode andar avião e tirar férias(não seria esta parte da população que anda a desdenhar da outra?)

e assim a ministra, que num rompante quase orgástico(o modelinho não ajudava muito) nos deu a solução para as nossas maleitas foi apedrejada pelo antojo nacional conduzido pela mídia que orquestrou-la contra a parede.

assim premida, soltou uma nota, nota esta que não se sabe se abduzida ou estimulada por sua própria vontade.

de qualquer maneira, não lhe deve ter sido assim tanto penar. bastava-lhe a si seguir o próprio conselho: relaxe e goze. depois das agruras da gafe ser ministro sempre, de um jeito ou de outro, compensa. basta ver o volteface que pemitiu o outrora gozado ministro da defesa ressurgir como patrono do relaxamento responsável.

afinal,enquanto todos relaxam e gozam alguém ter de manter-se duro. para o caso da necessidade de um estado onde se goze sem relaxar.

Wednesday, June 13, 2007

nem boa vista nem boa morte

a avenida conde da boa vista, no recife, já foi um dos endereços mais nobres e bucólicos da cidade nos anos 60.70.
ônibus elétricos subiam a ponte e faziam mesuras ao cinema são luiz enquanto arregalava os olhos para as meninas do colégio são josé com suas saias azuis e blusas brancas, nalgumas já abolidas anáguas e combinações.

dava gosto caminhar na avenida, cheiro de metrópole, predios altos, sol de auroras a anunciar ruas de poetas a enxergar-lhe mais que bela.

passados trinta anos, a avenida conde da boa vista acompanha a decadência da raça, seja ela nobre ou plebéia. fedem-lhe as galerias, sejam externas ou apenas de passagem, um comércio de micharias tomou-lhe de assalto, o cine são luiz fechou, os onibus estao de olhos fechados, as meninas do são josé deram lugar a prostitutas sem poesia alguma.

o rio cabibaribe espelha esta mudança e nenhuma aurora se vislumbra nestas lembranças que também começam a feder.

Tuesday, June 12, 2007

da série criança não verás um país como este

remédio no brasil sempre esteve pela hora da morte. aí inventaram o genérico que viria para ser mais barato. hoje tem muito genérico que é mais caro do que o de "marca". na falta da bufunfa para o genérico, corre por fora o similar. similar é uma bula ao acaso. não se sabe se é apenas um placebo ou veneno de rato porque ele não é testado. acredita-se no que está escrito conforme a reza rezada. ainda assim o similar é vendido nas farmácias sob o beneplácito das siglas ditas responsáveis pela saúde no brasil. acontece que todos os orgãos oficiais responsáveis pela sáude no brasil, de uma maneira genérica, são similiares aos similares. tem embalagem que mostra fachada mas o conteúdo é sempre pra lá de duvidoso quando não mortal. e tudo isso porque no brasil a saúde tem planos oficiais de atendimento para todos que no geral não passam de muito particulares para uns muitos pouco vivos: os que fazem os planos, não os donos, que estes são cadaveris à toda prova e por isso mesmo candidatos a uma longevidade que não se espera dos que fazem o plano por isso mesmo.
para terminar a receita, no brasil onde bicho também é gente já que gente é tratada como bicho e bicho, se não for de madame, é tratado como verme, veterinários agora dizem que não fornecem atestado de vacinação a quem vacina seus animais com vacinas nacionais o que dá uma bruta raiva das importadas.
criança, se cresceres, o que pressupôe que não sejais paupérrima ou pobre de ter nascido as expensas do inss, talvez não vejas um país como este. ele certamente terá acabado.

Monday, June 11, 2007

vavá não faria um vatapá ?

no país dos bacharéis, esta só podia mesmo sair da boca de um bacharel - advogado não passa de bacharel. só lhe chama doutor quem é pastal, coisa que rima pobremente com bacharel -.

pois bem, o tal bacharel, saindo na defesa do irmão do presidente, argumenta que ele, o vavá, não teria formação intelectual, nem malícia, nem traquejo social, para ser um lobbista. uai! ou melhor, oxente!, não é este o mesmo argumento que usaram e abusaram para tentar impedir a eleição e posteriormente costurar mais um chocalho ao impeachment do lula?

a julgar pelo desempenho do lula presidente, o vava se lobbista, não faria as honras da família?

Sunday, June 10, 2007

a parada marcha. a marcha caminha meio murcha ou é outra parada?

parada gay caminha para os 3 milhões de participantes. a marcha com jesus, dizem os organizadores, é uma parada com 4 milhões. não sou lá muito da "numerologia", mas 3 mais 4 dá 7, que é conta de mentiroso. não se sabe onde mais concentrados em maior ou menor número. mas certamente devem haver gays na marcha. e filhos de jesus, senão o próprio, dando uma palinha na parada.
afinal de contas, preconceito é coisa de homens de pouca fé, senão neles, em deus, dizem os paradeiros. já a troupe da marcha, a faz com uma alegria tão penitente que soa tão falsa como o sexo de muitos dos seus participantes. nesta caso tal qual outros tantos que exarcebam-se frente as cameras. e nisto, se igualam parada e marcha.

Saturday, June 09, 2007

inversamente proporcional ou doença dos carrapatos

cometi hoje um genocídio. matei, matei sim, dezenas, centenas, completando os milhares de carrapatos que arranquei a unha e a pinça do infestado que se abateu sobre meus cães.

logo eu, defensor da vida em todas as suas formas, ataquei os minúsculos seres com uma fúria, da qual só escaparam outras tantas dezenas de pulgas, jovens, porque anciâs não tiveram a menor compaixão. esfacelei uma por uma não me interessando se estavam de ponta a cabeça-

terminada a tarefa, contemplanto a minha obra, necessária,se aprofudarmos sua utilidade não sei até que ponto pela forma, foi inevitável a comparação entre o meu tamanho e o tamanho dos animais que exterminei.

bateu-me de fazer um comparação entre a mortandade em massa dos humanos por outros humanos que dizem alguns ser obra de deus.

não sei o que sente deus ao permitir tantos genocídios, onde humanos tem destino pior que o mais inocente ou ignóbil animal. mas eu, senhor do universo, da vida e da morte, por sorte, me senti um carrapato.

Thursday, June 07, 2007

corpus christi

mais do que um feriado hoje é um dia para não se esquecer. tem sido há assim há quase cincoenta anos para aquela turma de pós cinquentões do dominó ao abrigo do largo de campo grande.

corpus christi, corpo de deus. ou mehor, corpo de uma deusa. passados todos aqueles anos que se refletem nos cabelos brancos da turma do lá e lô e até mesmo na falta deles, mais do que a data em que se lembra do filho de deus lembravam eles mais fortemente dos filhos que não fizeram na deusa.

não que fossem ateus ou não temessem a deus. muito pelo contrário. católicos apostólicos, batismo, crisma, primeira comunhão,alguns até coroinhas. mas nada que se impusesse por mais divino que fosse lembrança do corpo e do espírito de nilsinha.

nilsinha, já por volta dos seus 11 12 anos era tudo que qualquer mal intencionado podia demonstrar para derrubar a tese de pedofilia. não que fosse a prática da turma. muito pelo contrário. dos 11 homens apenas um conseguiu beijá-la. os outros ficaram na mão. aliás, já um mulherão aos 12 anos, nilsinha tinha toda a malícia que a mais maliciosa das mulheres junto dela pareceria uma extrema farsante. nilsinha era assim porque era assim, estava nos poros, nos bicos dos seios pequenos, na boca pequena que suscitava outras bocas, nas coxas volumosas que contribuiram em muito para a manutenção do índice corportal daquela turma que também derrotou a teoria de que masturbação fazia crescer cabelos nas mãos. motivos; bem, vocês nunca viram nilsinha de shorts. nua estaria mais vestida. de shorts, a malha acentuava ainda mais uma bunda para sempre maravilhosa na lembrança daquela quase irmandade. e foram aqueles shorts os responsáveis por horas e horas de trepação no pé de mangueira que dava para a janela do quarto de nilsinha. dizem as mas línguas que a velha piada que se masturbação matasse as gostosas estariam mortas, foi criada graças a nilsinha. nilsinha era a subversão de todas as lições do catecismo, do manual de conduta do colégio militar. dos 12 aos 16 anos nada mais existia quando nilsinha passava todas as tardes para a compra do pão na padaria de bairro.

certas lembranças só aqueles homens em volta do jogo de sentar pedras poderiam falar, mas eles mantinham um silêncio de cúmplices. ninguém comeu, não ia ser agora que iriam falar. não se cantam certas pedras. apenas um a beijara, dia que meteu-lhe a mão nas coxas, subiu-lhe a bunda, beijou-lhe o sutiã como se bico do peito fosse e sentiu além da língua no céu da boca a mão de nilsinha pegando em cheio seu pau que derreteu-se ao primeiro toque. nunca dissera nada a ninguém. mais do que orgulho pela façanha sentiu-se culpado toda a vida por ter sido o único a ter acesso ao que os outros apenas imaginavam anos e anos a fio, muitas vezes chegando a meia dúzia de punhetas diárias no que teria sido o melhor período das suas vidas.

por isso hoje, data em que nilsinha tinha sido atropelada, era sim um dia de corpus christi. mas não do cristo que hoje era um dia por demais crucificado para se lembrarem de alguma coisa mais que fosse divina, pois nada mais divino e pecaminoso do que a lembrança para sempre de nilsinha, ponte entre o céu e o inferno, a inocência perdida e a sexualidade achada, sexo imaginado por uma década viva como o mar se abrindo para receber aqueles homens que enterraram-se na areia até hoje.

para aquela roda de dominó nilsinha significou uma aliança partida apenas por aquele que a tocara e que por isso mesmo sentia-se a parte fraca do anel fundido. no jogo de dominó daquelas vidas uma peça perdida que marcava o feriado de vidas onde seu corações jamais bateram noutro como final de partida.

Wednesday, June 06, 2007

slices of life

soneca que faz tempos não tiro. entre as pernas, peralta a gata quase cão. do lado esquerdo, moki o cão israelense que contrariando as piadas não late em hebraico e abana o rabo sem problemas para palestinos ou árabes, desde que tenham caráter. do lado direito, pequetita, esta sim um míssil, que encontrei em plena rodovia a correr desesperada a procura não sei até hoje dos donos que a bandonaram em plena br 101 ou se colocada ali para morrer ou viver pelo meu chamado que atendido a projetou para dentro do mp lafer que até hoje ela reconhece como sua arca de noé.

tarde nublada, um meio raio de sol penetra a janela. quase posso ouvir nossos corações em uníssono e penso, sim isto é vida. ainda não posso dizer "isto é que é vida". mas falta muito pouco. estamos quase dormindo para isso digo a mim mesmo afugentando os problemas que se pensados demais podem afundar o colchão ou incomodar-nos como pulgas e carrapatos que nos dão trégua nesta soneca.

dormindo todos nós sonhamos em acordar para viver o que fizemos dormindo.

Tuesday, June 05, 2007

respire e siga em frente

voltei hoje a lugares que não ia a tempos. as voltas nuncam dão alegrias, nem em fotografia. de tempos em tempos tento convencer-me de que isso é uma bobagem que estas voltas algumas vezes permitem compreender certos fatos ou passagem mal resolvidas.

ledo engano. é como voltar para quem se deixou. raramente a volta dá certo. mais do que uma impossibilidade física, nunca se volta a lugar algum, pois você é outro e lugares também. mas temos esta tendência mesmo quando pensamos que estamos seguindo em frente.

o segredo para não cair na tentação é não parar de respirar. respire e você não volta. nem ao coma, nem ao gozo, nem ao clique da fotografia.

na dúvida, compre um gps. uma garantia a mais de que você não está caminhando em círculos.

Monday, June 04, 2007

itararé vive


há algo no ar além dos aviões de carreira. a cpi não quer provar isso. é uma espécie de esquadrilha da fumaça. os controladores militares colocam a culpa no equipamento, com a comodidade da afirmação de terem feito relatos sobre as falhas.
o comandante sansei da aeronáutica diz que os equipamentos não tem problema alguma e que não há buraco algum nem na mata nem na nossa defesa.ainda bem que não estamos em guerra senão sei não. os pilotos do legacy estão de advogados calados apesar da culpa que lhes está sendo imposta. são 154 mortos. itararé vive. estes não. erro de leitura, equipamento desligado,inglês engasgado,zonas fantasmas. legacy embraer e muita gente cada vez mais voando de cabelo em pé.

Sunday, June 03, 2007

vida de muitas mortes

ninhadas de gatos, cães, de rua principalmente, e um sem-número de animais, a maioria dos quais não damos tanta atenção, sempre são numerosas, já foi dito, para garantir a sobrevivência da espécie.

nascem muitos porque morrerão muitos. é a matemática simples que não leva em consideração que com a mudança dos habitats pelo homem a mortandade aumenta. ainda que se argumente que as conquistas veterinárias salvam a vida de outro tantos.

nem vale a pensa discutir que não é bem assim. e se levarmos em consideração, por exemplo, que o trânsito provoca o enlouquecimento de nós todos, é de se imaginar o que deve causar a ninhada que nasce na boca de um tunel, por exemplo. ou a beira da plantação que em breve sofrerá a queimada.

a maioria de nós já nem se importa com isso. pudera! se nem já nos importa a carnificina humana, quem vai se importar com aquela meia dúzia de vira-latas pré-sarnentos, ou gatinhos colocados na caixa fechada que será amassada pela roda aleatória do destino?

má sorte, imagino, tem os humanos que se ainda preocupam com isto. é que para estes cada vida perdida de um relés animal significa uma morte. e assim, como não tem vidas em crias tão numerosas, morrem dezenas, as vezes, centenas de vidas numa só, que não procria na tal ordem de todos aqueles pequeninos que morrem sem nenhuma dó que não seja a daqueles que sentem dor por todos estes seres perdidos.

Saturday, June 02, 2007

quase colcci


onde quiser
imagine-se

por algum lugar
comece

importe-se
a si mesmo
para todos

de volta
olhe-se
até onda possa
da cabeça aos pés

onde quiser
seja romãntica
e diga um
até logo
eu volto já.

Thursday, May 31, 2007

autoreparação ou seria autorepatriação ?


há uma virose, uns dizem alergia, que grassa na raça do brasil. há quem diga que ela veio d`além mar. venha de onde vier, instalou-se na terra, ao que parece, para sempre. efeitos nefastos, cogitar-se-ia logo mais ter vindo do espaço, tal qual ficções de cinema b.

atualmente. ela provoca dores de cabeça, dores no corpo. uma moleza violenta que muitas vezes se disfarça de malemolência endêmica, jeito e graça, do povo, já foi dito, mas não é. depressão e neuroses, síndromes de pãnico e esquizofrenia são também variações mais frequentes de outros danos colaterais.há quem diga virose, há quem diga quase parecida a uma alergia, inda mais quando virose mal curada que sazonalmente volta cada vez mais forte, ampliada ou não pela comunicação social.

alergias definidas generalizantemente são uma luta do corpo contra o próprio corpo ou mais acuradamente de substâncias, os chamados alérgenos, que desencadeiam um reação despropositada das defesas do organismo a tal ponto que ele passa a defender-se de sí mesmo atacando a tudo e a todos.

pode se espelhar isto na convivência social, no descambar para o racismo, o antisemitismo, e todos os tipos de ismos e cismas que ao fim e ao cabo matam de um jeito ou de outro, desde já afirmando toda a crueldade da morte civil.

no país do brasil, esta virose alérgica, se é que isto faz sentido, anda a matar um povo mal nascido(não confunda com mau, o que significaria que na minha afirmação já estaria contaminada). o nosso tão peculiar e bem famoso, agora cada vez mais mau, jeitinho, anda a destruir o organismo que se julgou um dia mais vivo por isso.

o jeitinho, virou aleijão. mina o corpo, que agora balança não mais em harmonia com o tal ritmo da malemôlencia mas entre a agonia da esperteza tornada corrupção crônica e a bala perdida que livra mas não absolve os portentosos. a progressão desta virose, ou alergia ceifa os valores de uma vida útil e abonada pela graça de um país de natureza, agora cada vez mais sórdida, varonil e geograficamente privilegiado. bate-nos a porta o pantanal esturricado, a amazônia desértica e a fúria dos mares com suas ondas e tubarões fora de controle, para além da míngua de peixes aos homens e vice-versa.

nossas crianças não precisam nada mais do que chegar a pré-adolescência para se tornarem assassinos e suicidas. entre todas as amoralidades e latrocínios cometidos um de tão grave ninguém já mais contabiliza: auto eliminarem-se da sua juventude em troca de pedras amarradas a alma que não bóia, o que só prova que deus outrora brasileiro pegou o beco, ou seja, mandou-se para o nepal onde tudo é barato.

a virose alérgica ou a alérgia vitórica corrompe o brasileiro primeiro de fora para dentro, os maus exemplos constantes assim como a impunidade, violência tão traumática quanto a da bala com cabala do complexo do alemão, apenas um exemplo sintomático localizado para efeito de exame, já que onde se fizer biópsia constata-se agonia.

agora ele, o brasileiro, consome-se corrompe por dentro. o corpo em defesa do corpo ataca o corpo do honesto que não ser quer otário. muitos resistem. restam alguns genéricos que combatem a tal virose e alergia, no meio disso, remédios falsos e similares. até os ribeirinhos e índios estão contaminados pela grana que dizia o compositor ergue e destrói coisas belas.

mas a nossa alergia virótica não é a grana, tampouco a falta dela. mas o vício que assomou-nos a colocar a grana acima de tudo, em quantidades mais das vezes além das nossas necessidades de ser feliz no que depender dela, corte da carne sem esconder o sangue. primeiro o corpo da sociedade reagiu como um todo. com o tempo foram ficando sensibilizados e cada vez mais a reação alérgica, não ao dinheiro, ou aos males e o bem que ele faz, mas sim aos métodos para conseguî-lo. sucumbe-se a grana os valores, qualquer um, morais, espirituais, culturais, tribais, a corrupção virotizou a nossa existência, alegonizou a nossa vergonha de meter a mâo no alheio para nos dar-mos bem.

a um tal ponto que o organismo sucumbiu a sí mesmo. pensamos sobreviver na hipocrisia de uma aparência que já não disfarça a anormalidade - a alérgia corre podre em todas as instâncias de nossa vida e corpo social - onde o uso indiscriminado do antialérgico na figura da justiça também alérgica a sí mesma, age como uma droga que vitima os já escorraçados como exemplo do nem tudo esta perdido ou contaminado quando na verdade está.

chega a um ponto, a virose ou a tal alergia, que nada mais resolve. não há mais corrompidos porque tudo se deixou corromper. principalmente os que nada fazem para deter isto. o corpo reagiu e acabou com o próprio corpo que apodreceu em espírito e ideais.

seja qual for a idade a alergia ou esta tal virose caminha a passos cada vez mais largos para deixar-nos todos igualitários em contaminação.

e se a morte é igual para todos, para alguns, segundo a mesma lógica da contaminação, há o consolo de que seus leitos são em "hospitais de luxo" enquanto outros na fila da nossa eterna indigência discriminatória morrerão cada vez mais na indulgência das filas no inss, justamente onde muitos esperam a mutação de um processo que ainda pudesse salvar-nos pelas vias da redenção ou regressão pela força de novos combatentes.

por conta desta virose alérgica a esperança carcome-se pelo seu próprio anticorpo. é a mudança do tempo dizem, com um corticosteróide a mão e na outra o empurrão com o pito de que passe mais um adiante que não temos o tempo todo para ficar aqui para perder tempo com coisas que não se curam se o próprio corpo não quiser.

aliás, já repararam que a fila dos consultórios dos alergologistas está cada vez aumentando mais ?