Wednesday, August 29, 2007

devolvam-me pelo menos as sete vidas dos gatos


gatos tem sete vidas, gato preto dá azar. adultos gostam de contar e inventar histórias. gato dá asma, gatos matam por toxoplasmose, meia verdade, e portanto, outra de suas histórias. olhos de gato, pelo de gatos.

gatos foram trucidados - continuam - como lôbos, na idade média, a idade dita obscura, segundo alguns clarividentes, obscurantismo daqueles, já que na idade média consquistas iluminadas foram encapadas a história da humanidade.
estou me lixando para ambos. para mim nenhuma idade é mais obscura do que a nossa, dita adulta, também da humanidade, onde tendo conhecimento de tudo, ou de quase tudo que a nossa ciência e vâ filosofia alcançaram, continuamos a espezinhar, a violentar, a trucidar, a praticar o genocídio escorados em todo o tipo de racionalismo, inclusive o relogioso(ou você ainda cai no conto que o fanatismo é algo de teor emocional irracional?)
mas que se lixem os homens que eu quero saber é dos gatos.

gatos tem sete vidas, gatos não caem de costas, gato são equilibristas, lorotas incandescentes no peito abruptamente esvaziado.

no telhado da minha casa "crio" gatos que aí foram se aninhando porque eu os alimento e cuido na medida dos afagos que lhes é possível fazer do alto da escada onde sempre temo desabar.

tragédias tem acontecido. dos gatos que mais gostava, um por um, de filhotes a adolescente e adultos, morreram subitamente de queda, susto motivada talvez por coices à vera ou de brincadeira(gatos quando brigam e brincam coiceam, se não sabe).

de filhotes três, de adolescentes, gatinha, ser iluminado que ao me ver subindo a escada ensaiava beijinhos dengosos e de tão delicados quase esquimós.

onde as sete vidas, se gatinha, caiu e rompeu o baço ou o figado(diz outra lorota que quanto mais alto mais o gato resiste a queda pois tem tempo de se virar)? caiu do telhado em cima de um murete de canteiro.

gatinha não teve. e de queda tão feia, desmaiada talvez, até tsu, o vira-lata que ensaia escalar paredes para pegar os gatos, e águia, a doberrmann que também os deseja, a deixaram em paz estatelada.

ainda viva, levada ao veterinário ainda a tardinha. radiografia e veterinaria diz que tudo bem, nada na coluna e nada de hemorragia interna. outra lorota.

na manhã seguinte fui buscá-la morta

meu telhado está vazio, restando apenas mother e little, o pequeno gato gigante que cresceu a custa da morte dos irmãos sugando tudo que o vazio dos irmãos deixou no peito de mother.

aprendi de um modo substancialmente doloroso e corrosivo que o maior dano que a humanidade faz é mentir as suas crianças descobrindo que não os gatos mas sim nós, eu, é que tenho sete vidas.

mas isto apenas me servirá para olhar para um telhado vazio de verdades.

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