Sunday, September 18, 2016

durabem *

dura enquanto dura a breve pausa
num orgasmo bem transado
a blusa expulsa sem bico
radiografa a tragada
do peito sem maiores fumaças
do que se esfumaça em expele



* originalmente publicado no aproveitaenquantodura.blogspot.com

Thursday, September 15, 2016

dulcora

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levei um tempo para aprender que a vida se desembala em momentos diversos e dissabores tantos que mal percebi que os drops de hortelã, morango, anis, limão, abacaxi estavam ali só para lembrar que as aftas ardem e as hemorroidas doem. e que a vida, não é um filme de matinê. 
mas dulcora não agarrava no dente pois vinham embalados um a um em papel celofane.

Wednesday, September 14, 2016

pra sempre ao meu lado


o poeta já dizia que o pra sempre, sempre acaba - só os poetas enxergam o óbvio e os transportam a categoria de novas descobertas;os poetas e os deserdados, de afeto, sobretudo;

mas alguns ou para alguns o tal pra sempre, dura mais que os outros. outros chegam mesmo a parecer eternos de tão ternos em sua (e)terna idade;

a grande ironia, entre as tantas que a vida nos reserva - a vida é pura ironia, disfarçada de coincidências e desencontros - é que na esmagadora maioria das vezes, quem vai ficar ao teu lado para sempre, é quem você menos conhece ou sequer conhece ou conheceu;
  
eis ai a minha companhia de fidelidade canina no juntos para sempre; pelo menos até que a terra, ou seus outros bichos e vermes - ou o fogo - venha nos comer; salvo se a vida me arrancar o braço, que de outras coisas arrancadas vou sobrevivendo em boa companhia;

destarte, idiota ironia? sim, tai que o cachorro é mesmo o melhor amigo do homem, principalmente quando ele tem um braço amigo para o espaço de um cão em sua vida;

 mesmo que seja apenas tautologia, na simbologia de uma mera tatuagem, cão e homem tatuados para sempre, até que a morte os separe. ainda assim mais juntos impossível e por ainda algum tempo a mais que a maioria dos que pensaram ficar para sempre lado a lado com o seu pra sempre.

Monday, September 12, 2016

sem mais amolações

não; eu não quero o teu amor, que passado tanto/tampo/tempo continua tão verde que chega a ser lodoso;

sequer quero a lembrança do teu olho meloso, e doente, como se fosse um dente arrancado a boca que não mais me mastiga;

de tão choroso, que sequer consegue gozar a remela de uma noite de sono que não seja perdida em soluços, e dez mil vezes despedidas;

estou farto de tanta saudade, de tantas reminiscências, de tanta lembrança do que fui e do que já foi, e daquelas declarações de amor eterno, e de que não há espaço para outro em sua vida;

larguei o violão, encostei a guitarra, chutei o piano, e o balde,
saquei da navalha e cortei a tua mão, e o teu braço agarrado a minha perna;

e para o espanto da vizinhança não havia sangue nem veias;
já estava tudo tão seco que sequer servia como adubo para um novo amor;

sopro então a bainha da navalha e faço música que é só para isso que servem os amores perdidos, sejam, banidos ou não;

vais dizer que sou cruel, mas como é bom andar e cantar sem ter de arrastar um corpo que não se quer mais, se calhar nem o meu nem o teu;

findou, pronto, acabei de trocar a pele e salvar o teu pescoço; prova maior de amor não haverá.