Saturday, December 31, 2011

dias melhores( das e de toda uma vida)

com certeza, nem os primeiros, nem os últimos. adonde foram mesmo parar aqueles do e em meio a travessia, que dadas as circunstâncias sempre nos levará a morrer na praia? e antes fosse ou mesmo que assim seja. afinal, houve uma travessia que não findou a meio, que é sempre muito pior do que o fim no fim do fim.

Thursday, December 29, 2011

calçada da fama

o cuspe de uma cuspida brônquica: é a vida.
a cagada de um passarinho: é a vida.
podia ser pior, a de pombo, dizem, é tóxica: é a vida.
e tome caca de cachorro:  é a vida.
mais no canto é de gente mesmo: é a vida.
bem em cima de um resto de matinho vagabundo que todas as noites revela singela flor: é a vida.
acertada bem no alto do seu cucuruto(cucuruto da flor) pelo bico, fino, do salto alto do travesti?: é a vida.
que em fuga, quebrou o salto, e logo após o queixo, pra combinar com toda esta violência, pior do que a do espancamento? três ou quatro costelas a chutes de coturno: é a vida, que para piorar hemorragia interna o suficiente para a golfada(sangue é a vida ou é a morte) que colore a flor, o resto de matinho, a caca de gente, a de cachorro, a cagada de passarinho e o cuspe de uma cuspida brônquica.é a vida.

Wednesday, December 28, 2011

cicatrizes de fecho-éclair


2012 à vista(para alguns eternamente a prazo). misterwalk encerra a quase hercúlea tarefa de encerras as malas(antes fossem os malas) que nada mais complicado por insistir em fazê-las como sempre e não da forma e conteúdo simplesmente simples. afinal, se desta vida nada se leva, para que querer levar-e trazer- tantas coisas? numa mala que mal cabe uma laranja e nela queremos transportar o mundo, ou melhor, os mundos, despedaçados por onde andamos? nisto e aquilo algo que também temos culpa ao contribuir de alguma forma para este despedaçamento, mesmo que seja a custa de alguns pedaços de nós mesmos, ainda que incrustados em pedaços de construções outras julgadas à revelia como indespedaçáveis.

acompanhante, daqueles que a cada item tudo pergunta, tudo contesta - isso não, só vai ocupar espaço e aquilo, não vai levar?(ainda bem que ele não vai), pergunta, o que estava demorando? - vai pra onde? fazer o quê? - vou para portugal. vou sofrer.
e antes que o silêncio se torne mais um item a ser embalado sem a régua da necessidade respondo e encerro a conversa como se um acorde de paredes acordasse por sobre o frio da sua e das nossas colunas: que lugar, senão portugal, para se sofrer com o prazer que já foi caro a cada um de nossos heterônimos?

a propósito - e não foi porque não coube na mala - deixo-lhes o poema do fecho éclair do antonio gedeão, que certamente não sabia que fecho éclair ou zíper, também se chama rí-rí). deixo-lhes outras coisas mais que não vou precisar em portugal. a falta só incomoda quando se tem tudo que revela o tédio de quem não fez e não lhe fizeram faltas.

" Filipe II tinha um colar de oiro

tinha um colar de oiro com pedras

rubis.

Cingia a cintura com cinto de coiro,

com fivela de oiro,

olho de perdiz.

Comia num prato

de prata lavrada

girafa trufada,

rissóis de serpente.

O copo era um gomo

que em flor desabrocha,

de cristal de rocha

do mais transparente.

Andava nas salas

forradas de Arrás,

com panos por cima,

pela frente e por trás.

Tapetes flamengos,

combates de galos,

alões e podengos,

falcões e cavalos.

Dormia na cama

de prata maciça

com dossel de lhama

de franja roliça.

Na mesa do canto

vermelho damasco

a tíbia de um santo

guardada num frasco.

Foi dono da terra,

foi senhor do mundo,

nada lhe faltava,

Filipe Segundo.

Tinha oiro e prata,

pedras nunca vistas,

safira, topázios,

rubis, ametistas.

Tinha tudo, tudo

sem peso nem conta,

bragas de veludo,

peliças de lontra.

Um homem tão grande

tem tudo o que quer.

O que ele não tinha

era um fecho éclair."

Saturday, December 17, 2011

a falta que faz a loucura em tempos de falsa lucidez


muito se fala em racionalidade,espiritualidade, religião mesmo, e dos descaminhos que o mundo roda em virtude da falta destes predicados. não se deixe enganar caro leitor: nunca o mundo foi tão racional, tão espiritualizado e tão religioso. tanto que até num país dito laico como o nosso(que não tem religião oficial)temos uma protetora oficial com direito a feriado e a uma indústria de gadgets e babilaques da (falsa) fé, à venda, justamente para fomentar o comércio do arrependimento e do perdão, coisa em que as religiões são mestras, sendo a católica pós-doutorada, mas hoje nada em que se compare aos tempos da idade média, isso lá pe verdade. e isto tudo,some-se ao que não é pouco - nem um verdadeiro louco acha - sendo a dita cuja da religião que mancomunou a destruição dos gentios, mas não sem antes meter-lhes muita sífilis e gonorréia através de seguidos estupros seguidos de morte, para não abrir aqui toda uma bíblia de atos prenhes da lucidez civilizatória sempre ungida e benzida fosse qual fosse o descalabro.
agora corrija-me se for capaz: digo que um verdadeiro louco não faria igual. portanto em vez de clamar por tanta racionalidade, lucidez,espiritualidade e religião(seja qual for) as evidências mostram que deviamos enlouquecer verdadeiramente, talvez a única maneira sóbria de dizer não a tudo isto. e por fim alcançar a salvação da genuína lucidez.

Friday, December 16, 2011

bunduda: ou uma quase escatologia da tuberosidade isquiática

amava uma bunda. casou-se com uma mulher bunda, teve um casamento bunda, e uma vida de merda. bom, até aqui nenhuma novidade, afinal: isso é o mínimo que se espera de uma boa bunda.

Thursday, December 15, 2011

trocadilho desgraçado


às vezes, e nem sempre só às vezes, o que fazemos, e o que podemos, de melhor, é o que nos leva ao pior onde literalmente nos fodemos.

Tuesday, December 13, 2011

uma questão de fé

o problema não é você acreditar em deus; ou vá lá, em deuses. o problema é eles não acreditarem em você.

Sunday, December 11, 2011

dizimando

se deus, dizem, não dá mínima para dinheiro, as igrejas; dão: ao máximo.

Friday, December 09, 2011

atraso de vida

de criança, e muito cedo, por mais pequeninos que fossemos, é que devíamos ter aprendido que o " pra sempre, sempre acaba", acaba mesmo, e quase sempre em merda.
e não na adolescência, quando já é tarde demais para vidas que mal começaram e a toda hora tomam tiros de fuzis nos ombros. o resto da vida, os que sobreviverem, o farão apoiados em uma educação sentimental onde recordar é viver. mas recordar mesmo o quê ?

Tuesday, December 06, 2011

rosa de luxemburgo

meus heróis não morreram de overdose. morreram sob tortura. ou, o que é pior, sob o peso de uma sensibilidade tal a impregnar-lhes a inteligência que findou por levá-los a pior morte de todas: o, em nada pomposo, esquecimento.