Tuesday, December 31, 2013

instantâneaidade



das chamadas artes que combinam tecnologia com domínio artístico(leia-se estético) creio que a fotografia é mais terrível delas no sentido de que é uma verdadeira bruxaria. ora nos mostra como verdadeiramente somos e não nos vemos. ora nos mostra como não somos e como queremos acreditar que assim o somos - do jeito que a fotografia nos mostrou(escondendo ou amplificando).

ressalto que assim falando, não trato aqui dos desmandos do "photoshop", generalizando tal nomeação refe/rindo-me a programas de edição ao que capta a máquina. mas sim do instantâneo/eterno momento do click, onde se configura o plasma entre os olhos olhados e olho que tudo vê e nega ou revela em sua extrema vilania ou sabedoria sem que o fotógrafo possa intervir pensando ele que assim sempre o faz.

e assim cumpre-se o vaticínio da cisma indígena: "nos rouba a alma". os que a tem devem evitá-la, principalmente nos dias de hoje onde uma medusa(a mídia) espalha estagiários de tal bruxaria em nível de quinta categoria com dispositivos ainda mais aguçados em disparar a torto e a direito configurações que a relatividade das coisas acrescenta ou suprime da realidade. 

susan sontag que o diga ou teria interpretado mal?

Thursday, December 26, 2013

epitafista

mais do que as pessoas que eu não tive - ou que tive e não soube ter - dos lugares que pretendia ir ou que estive mesmo sem saber; das músicas que compus e pus tudo a perder; do que escrevi e rasguei ou publiquei sem reescrever, o que dói mesmo - tristeza, sufoco e fim de mundo - é ter a fodida certeza de morrer sem ler os livros que eu tive, queria, e quando pouco, dos que deveria ter pensado em ler.

Saturday, December 14, 2013

batendo o olho

  • estes meus olhos etílicos já viram e ouviram coisas que smart-phone nenhum verá ou ouvirá com ou sem android. (chupa esta manga apple/sansung).



Thursday, December 12, 2013

moinhos ao vento

nada acontece sem o acaso - o que é muito diferente de acontecer por acaso. 
acontecer no acaso exige uma preparação dos diabos em (e de) todos os sentidos.
o que acontece tão somente por maquinação é o quase. e o quase tal como a punheta é como o moinho a fingir parado o movimento que já não sente. 

Thursday, December 05, 2013

sustentabilidade













aqueles olhos verdes de mar nunca olhavam para aqueloutros azuis de céu
astrolábios.

cabisbaixos, aqueloutros verdes de mar, tão duros de sal e sol, fizeram-se molhes ao peso do mar daqueloutros olhos azuis se afundando em lágrimas que rompiam diques em picos de sal e só.

na areia e na testa, na fronte e na nuca do nunca rutilar, restam sul e sal num bico de gaivota que entreolhos afogou-se de tanto esperar.