Thursday, May 31, 2007

autoreparação ou seria autorepatriação ?


há uma virose, uns dizem alergia, que grassa na raça do brasil. há quem diga que ela veio d`além mar. venha de onde vier, instalou-se na terra, ao que parece, para sempre. efeitos nefastos, cogitar-se-ia logo mais ter vindo do espaço, tal qual ficções de cinema b.

atualmente. ela provoca dores de cabeça, dores no corpo. uma moleza violenta que muitas vezes se disfarça de malemolência endêmica, jeito e graça, do povo, já foi dito, mas não é. depressão e neuroses, síndromes de pãnico e esquizofrenia são também variações mais frequentes de outros danos colaterais.há quem diga virose, há quem diga quase parecida a uma alergia, inda mais quando virose mal curada que sazonalmente volta cada vez mais forte, ampliada ou não pela comunicação social.

alergias definidas generalizantemente são uma luta do corpo contra o próprio corpo ou mais acuradamente de substâncias, os chamados alérgenos, que desencadeiam um reação despropositada das defesas do organismo a tal ponto que ele passa a defender-se de sí mesmo atacando a tudo e a todos.

pode se espelhar isto na convivência social, no descambar para o racismo, o antisemitismo, e todos os tipos de ismos e cismas que ao fim e ao cabo matam de um jeito ou de outro, desde já afirmando toda a crueldade da morte civil.

no país do brasil, esta virose alérgica, se é que isto faz sentido, anda a matar um povo mal nascido(não confunda com mau, o que significaria que na minha afirmação já estaria contaminada). o nosso tão peculiar e bem famoso, agora cada vez mais mau, jeitinho, anda a destruir o organismo que se julgou um dia mais vivo por isso.

o jeitinho, virou aleijão. mina o corpo, que agora balança não mais em harmonia com o tal ritmo da malemôlencia mas entre a agonia da esperteza tornada corrupção crônica e a bala perdida que livra mas não absolve os portentosos. a progressão desta virose, ou alergia ceifa os valores de uma vida útil e abonada pela graça de um país de natureza, agora cada vez mais sórdida, varonil e geograficamente privilegiado. bate-nos a porta o pantanal esturricado, a amazônia desértica e a fúria dos mares com suas ondas e tubarões fora de controle, para além da míngua de peixes aos homens e vice-versa.

nossas crianças não precisam nada mais do que chegar a pré-adolescência para se tornarem assassinos e suicidas. entre todas as amoralidades e latrocínios cometidos um de tão grave ninguém já mais contabiliza: auto eliminarem-se da sua juventude em troca de pedras amarradas a alma que não bóia, o que só prova que deus outrora brasileiro pegou o beco, ou seja, mandou-se para o nepal onde tudo é barato.

a virose alérgica ou a alérgia vitórica corrompe o brasileiro primeiro de fora para dentro, os maus exemplos constantes assim como a impunidade, violência tão traumática quanto a da bala com cabala do complexo do alemão, apenas um exemplo sintomático localizado para efeito de exame, já que onde se fizer biópsia constata-se agonia.

agora ele, o brasileiro, consome-se corrompe por dentro. o corpo em defesa do corpo ataca o corpo do honesto que não ser quer otário. muitos resistem. restam alguns genéricos que combatem a tal virose e alergia, no meio disso, remédios falsos e similares. até os ribeirinhos e índios estão contaminados pela grana que dizia o compositor ergue e destrói coisas belas.

mas a nossa alergia virótica não é a grana, tampouco a falta dela. mas o vício que assomou-nos a colocar a grana acima de tudo, em quantidades mais das vezes além das nossas necessidades de ser feliz no que depender dela, corte da carne sem esconder o sangue. primeiro o corpo da sociedade reagiu como um todo. com o tempo foram ficando sensibilizados e cada vez mais a reação alérgica, não ao dinheiro, ou aos males e o bem que ele faz, mas sim aos métodos para conseguî-lo. sucumbe-se a grana os valores, qualquer um, morais, espirituais, culturais, tribais, a corrupção virotizou a nossa existência, alegonizou a nossa vergonha de meter a mâo no alheio para nos dar-mos bem.

a um tal ponto que o organismo sucumbiu a sí mesmo. pensamos sobreviver na hipocrisia de uma aparência que já não disfarça a anormalidade - a alérgia corre podre em todas as instâncias de nossa vida e corpo social - onde o uso indiscriminado do antialérgico na figura da justiça também alérgica a sí mesma, age como uma droga que vitima os já escorraçados como exemplo do nem tudo esta perdido ou contaminado quando na verdade está.

chega a um ponto, a virose ou a tal alergia, que nada mais resolve. não há mais corrompidos porque tudo se deixou corromper. principalmente os que nada fazem para deter isto. o corpo reagiu e acabou com o próprio corpo que apodreceu em espírito e ideais.

seja qual for a idade a alergia ou esta tal virose caminha a passos cada vez mais largos para deixar-nos todos igualitários em contaminação.

e se a morte é igual para todos, para alguns, segundo a mesma lógica da contaminação, há o consolo de que seus leitos são em "hospitais de luxo" enquanto outros na fila da nossa eterna indigência discriminatória morrerão cada vez mais na indulgência das filas no inss, justamente onde muitos esperam a mutação de um processo que ainda pudesse salvar-nos pelas vias da redenção ou regressão pela força de novos combatentes.

por conta desta virose alérgica a esperança carcome-se pelo seu próprio anticorpo. é a mudança do tempo dizem, com um corticosteróide a mão e na outra o empurrão com o pito de que passe mais um adiante que não temos o tempo todo para ficar aqui para perder tempo com coisas que não se curam se o próprio corpo não quiser.

aliás, já repararam que a fila dos consultórios dos alergologistas está cada vez aumentando mais ?

Wednesday, May 30, 2007

no bar da ponte

sentados à mesa multiracial há quase um pouco de tudo. holandeses,portugueses,semi-portugueses,quase índios e tome mais meia dúzia de visões de deus.
religião e futebol é melhor não discutir. pois a torcida por um quer sempre trucidar a torcida por outros seja, lá com que argumentos for. e certos argumentos são como porretes à inteligência mínima que seja.
a fé em deus é fanática. quer-se calma e fluída sem borbotões mas acaba sempre em discurso ou seria no discurso.
de cada lado da mesa uma ferida aberta. não fosse assim e o pau não cantava entre os praticantes de tantas religiões. aliás chego a arriscar e dizer que em nome de deus já se matou mais do que se salvou. mas como discrente, nos homens e em deus, preocupam-me mais questões frugais onde não ecoam as questões da reencarnação outro prato requentado servido à mesa.
a conversa é desinteressante até dizer chega. os ânimos excitam-se. ouvem-se palavras que não se ouve na bíblia(isto é de uma canção dos anos 70 do simon&garfunkel people) os argumentos, utilizados pelas partes como força de lei e verdades absolutas são de deixar o espírito santo como complexo.
se deus está presente na mesa, para além dos argumentos, é na forma de cerveja, a única que intervem naquelas gargantas sedentas de corte(da dos outros).
homens e deuses não sabem conviver em paz com as suas discordâncias, até com eles mesmos. e se não sabem fazer isto numa mesa de bar onde a brisa tenta resfriar os espíritos o que esperar deles noutras situações?
desconfio de toda fé alardeada em cântaros, sejal eles cânticos ou histerismo, inclusive dos próprios. desconfio de toda fé silenciosa, porque urde trovôes da tempestade. mas acredito piamente nos homens que dizem não acreditar em nada. porque se deus é tudo que veio do nada eis que o nada pode ser tudo, inclusive deus.
e assim sendo porque raios numa mesa de bar as pessoas estão se degladiando- verbalmente o que nem sempre é preferível a porrada - por nada ? quando para todos eles a cerveja era o pretexto de tudo ?

Tuesday, May 29, 2007

de púlpito fiction

conversa animada de bar na praia de iracema. não existem raças boas ou más. não existem características comportamentais que determinem como os axiomas as quais nos acostumam que determinado povo é mais receptivo ou mais introspectivo. existem filhos da puta por todo o lado e, em número menor,segundo a nossa contagem, gente boa quaisquer que sejam seus locais de nascimento, credos ou situação contábil. resumo: há bons e maus caráteres. gente prestativa e gente imprestável. gente solicita e gente insolente. gente que vale a pena e gente que não vale a pena.

a cerveja esquentou e isso foi obra mesmo de qual filho da puta da raça choca ?
(amanhã tem a parte pulpitar a respeito de deus e de deuses, que evidentemente não operaram o milagre de gelar a cerveja por maiores que fossem as súplicas. ô povozinho estúpido este que acredita em deus até mesmo como recurso para gelar o que o deus tempo esquentou? agora se ele não detém o derretimento da calota polar de uma mísera garrafa de cerveja deterá o aquecimento global? metade da mesa jura que sim, que aí é que reside o milagre da grandeza e a outra metade vai em busca de outros bares, ou seriam altares ?)

Monday, May 28, 2007

parábola quase pulguenta

a noção de piedade das igrejas(eu disse igrejas, portanto amplie o conceito para além do catolicismo, protestantismo,etc, pode incluir, se quiser, até o conceito de igrejas literárias) eu prefiro a crueldade dos incréus. pois não acredito em cortes sem sangue, na assepsia do discurso já grangrenado moralmente.

no templo, um quase sinônimo de igreja, que a minha ignorância semiótica não vai ser desperdiçada aqui, mora um cachorro. um entre outros. este mais cachorro do que qualquer outro, no sentido de bonacheirão como ele só. o terreno do templo é grande. mas o mundo é maior. e nele cadelas em cio fazem na sua fé o chamado maior. deu brecha, e lá vai ele para os "pecados do mundo", como todo bom cachorro o faria. e nisto passam-se semanas até que desejo saciado ou frustação maior ele volte, magro, doente, reiniciando um ciclo, que também é o ciclo da vida.

cachorro fujão, cachorro das cachorras, não presta para nada. não toma conta do templo, não late, não afugenta, não morde. só quer saber de fugir e ir às cachorras.

que se mande então o cachorro para o canil municipal, pensa a mente pragmática encarregada de propagar a doutrina da verdade da vida, baseada na compreensão e na felicidade de praticar os bons atos, enquanto não se compreenda as mazelas e tortuosas ruelas da vida.

frente ao canil, espetáculo mal cheiroso de esqueletos chamados cães, um certo arrependimento. uma certa dúvida não se sabe da fé ou do ser humano.

o cachorro salvou-se pelo arrependimento. não dele convicto pela boa fé da sua natureza e dos bons atos que mandam-o instinto a procriação. mas não salvou-se do eterno xingamento de cachorro inútil, safado, não presta para nada, só quer saber de fugir,de ir as cachorras.

na mente do cachorro qual o pensamento sobre os humanos que lhe alimentam a carcaça enquanto distratam-lhe a alma?

há quem diga que cachorros não tem alma, um tipo de desculpa eterna para aliviar a não consciência da maldade humana que se manifesta na quase carrocinha que a maioria de nós carrega como uma sombra maldita.

quanto ao templo, que prega as boas coisas da vida, nem o arrependimento lhe salva da sua maior verdade: alimentam-se cachorros e almas desde que elas não abanem o rabo para a liberdade.

Friday, May 25, 2007

retrato do escritor enquanto jovem



faltam dois anos para eu completar 55 anos, idade em que prometi a mim mesmo, inspirado por pedro nava, começaria a escrever alguma coisa do meu baú ainda sem ossos.

horas há em que penso em encerrar a carreira antes de começar. as vezes consigo ser trevisan. pior ou melhor não me faz a diferença de ter estilo próprio. dos escritores que comentam-se bons, leio e não vejo onde. dos que tratados como ruins, neles encontro as exceções, que não encontro nos bons.

tenho porém uma qualidade, a maioria das coisas que escrevo não parece simpáticas as pessoas, já que ando contra a corrente até dos contra-corrente, muito embora um ou outro comentário, que não sei qual a intenção, diz que eu deveria escrever um livro, talvez uma tentativa de arrastar-me para o poço sem fim onde quem sabe afogue-me na minha mediocridade.

disso não tenho medo. o que me mete medo na escrita é não ser um fracasso total. isso é que me é exasperador.

pode se conviver com o sucesso ou o fracasso mas eles tem ser totais. ao meio se equivalem. e isso é pior que o nada em sua expressão absoluta.

p.s. até que provem o contrário ninguém ainda conseguiu ser absolutamente medíocre na escrita. nem o paulo coelho a quem tanto acusam de ser o medíocre dos grandes(nunca um grande mediocre, que isto não é a mesma coisa).

Thursday, May 24, 2007

versão caricatural


entre fazer o gol mil e levar mil gols diga aí você quem é o espetáculo?

Wednesday, May 23, 2007

passarim não avoou

pardal ou rouxinol? ninguém assina em baixo. já tem todas as penas o bichinho. mas não consegue voar. cai do jardim, não se sabe do coqueiro ou telhado vizinho.

piquititim, se encolhe toda vez que o pegamos. curva a cabeça como se a quisesse esconder entre as asas que não lhe dão sustentação. é gordinho e as asas não o sustentam. tenta mas quase lentamente cai dos dois metros abaixo. silenciosamente, não resfolega nem chia. mas de vez em quando canta, pensa-se chamando a mãe ou ajuda dos céus.

nada podemos fazer. não se alimenta por nós, alguém diz. só a mãe para enfiar-lhe vida ao bico. nós torcemos mas não podemos. e nos angustia. outrém torcia-lhe o pescoço. e tomava com uma lapada sem maiores considerações e náuseas de consciência.

nós, apegados a vida e aos bons costumes vamos nos torturando pelo não vôo do pequeno. sobreviverá, a gente quer acreditar que sim sabendo que não. e torcemos para que ele vôe. na verdade para que caia do outro lado do muro e não mais nos empurrre contra o muro da consciência da nossa pequenez diante da impossibiidade de salvar uma simples vida de passarinho até quando ela é a nossa.

Tuesday, May 22, 2007

a soma de todas as coisas



gosto de quem vai contra a ordem das coisas. de quem caminha no sentido contrário a procissão. gosto dos canhotos, gosto dos vira-latas. gosto da grandeza que se manifesta das pequenas coisas. gosto do conflito em oposição ao senso comum. gosto dos que não gostam do gosto preferido. gosto dos gatos pretos, de passar por baixo de escada. gosto discretamente de ir de encontro ao que todos evitam, sabedor que inevitalvelmente o preço do conhecimento e do gosto é tão mais caro quanto mais raro.

dia destes, os jornais pulularam de matérias sobre a perigosa estúlticie de quem atribuia aos gatos pretos, rimas, comunhões, presságios, com as forças do mal. choveram manifestações, que não impedem que a maioria da população pense assim(sim o homem pensa, e dizem que isto o distingue dos animais. na verdade, o desastre humano é justamente este. ele pensa. e pensando contraria o instinto que está a ser modificado pelo pensamento do interesse de plantão).

penso que gosto daquele que batizou sua empresa de mudanças de gato preto. sempre gostei daquela "carantonha", para mim simpática, do gato de olhos brilhantes a garantir o transporte e a guarda dos nossos pertences.

não sei se intencionalmente ou não, mas para uma empresa que vende mudanças, a primeira que a gato preto propunha era mudar o preconceito que qualquer um de nós tem sobre o azar miserável de deixar a superstição dominar as nossas fraquezas ou fortalezas, reduzindo-nos a mera descarga do destino.

se a concorrente propugnava num slogam que é um achado que o mundo gira e a lusitana roda, a gato preto ia mais longe qualquer que fosse o destino.

Monday, May 21, 2007

moeda furada

dizem que é mais importante fazer do que o fazer como se deve fazer.
tenho dúvidas quando olho pro lado e vejo como a coisa tá feia(se as coisas fossem feitas como se devem, estariam assim, quer do ponto de vista moral, de higiene e saúde pública, de bem estar, de educação, de liberdade de escolha?
nada do que façamos por fazer deveria ser mais importante do que o fazer como se deve fazer.
a questão de sobrevivência de uma tomou o lugar da outra ainda mais importante para sobrevivermos a primeira.

Saturday, May 19, 2007

pomo de adão

há um ponto de extrema nevralgicidade no apuro do aperfeiçoamento. aquele cêntimo mais precisamente chamado de pentelhésimo entre a quase perfeição e perda da conformidade e da proporção das coisas ou sentimentos que podem transformar a quase obra prima em obra póstuma pra esquecer ou mais apropriado, obra pústula.

artistas costumam dominá-lo com a mesma maestria com que perdem a mão.

o ponto refere-se com igual ditirâmbo entre a batida da clara e a quarta ou quinta pincelada a mais no traço ou terça ou oitava frase reescrita em busca do estilo perdido. a busca da batida perfeita, do acorde redondo, do nervo distendido á vista do céu.

há um ponto em que se melhorar, estraga. perdido ou achado entre aqueles milhares de pontos em que não melhorar é o estrago que uns passam a vida tentando consertar outros já nem mais tamanho.

o problema é que o estrago causado pela perda da noção do ponto é sempre pior do que o estrago causado pela falta de tentativa de chegar a tal ponto.

o texto era lindo, estragou porque quis aperfeiçoar ainda mais. o acting era perfeito, estragou porque quis aperfeiçoar a dicção pela centésima vez.
o carburador estava quase regulado, estragou porque deu aquele quarto de volta depois de um assoar que sonorizava à passarinho.

há um momento em que você deixa de ser vivo para dedicar-se desplausuradamente à perfeição. é neste ponto que ronda o perigo da ultrapassagem do aperfeiçoamento.

quanto a obsessão da perfeição supera a causa e a coisa de simplesmente querer fazer nem que seja um pouco melhor do que todos somos capazes de fazer.

bastava isto, e o mundo ganhava ares de perfeito. mas qual o quê? queremos fazer história com histórias histriônicas não da busca, mas da superação da perfeição.

ai o texto fica empolado, a camada de tinta a mais derrota o quadro, a colher de curry a mais derrota o jantar e perdemos até a noção do que está escrito até aqui já bastava ter terminado duas ou três frases atrás.

Friday, May 18, 2007

demasiadamente humano


recolho o cão de rua que namora a minha amizade. abraça-me e enfia a cabeça ora entre minhas pernas ora entre as axilas.
temos um diálogo comum. ele fede e eu não ando muito bem do hálito.

todo dia vem eu dou-lhe leite que para ele tamanha avidez, imagino algo além da carne, carne que ele não prefere ao leite, muito pelo contrário.

fede ainda o cão de rua, piaba, por ser de pescador. miguel, porque o achamos esperto, justo nome na terrra da malacagem ou miguelagem.

além do leite, cismo que para fazer-me melhor deve tomá-lo misturado a ração. o miguel faz-me as vontades, e vá lá, toma o leite com ração de cachorro pequeno, foster, adquirida a preços de supermercado chique em mercearia de povão.

miguel não me induz a cheirar os beiços e cuidar do hálito. mas cismo que tenho de dar-lhe um banho para que entre nos conformes.

nossa amizade continua a mesma. toda dia pela manhão ele me vê e faz o ritual de sempre: enfia-me cabeça entre as pernas ou fucinho entre as axilas e lá vamos nós tomar leite e comer aquela ração para satisfazer o homem.

pego-lhe de jeito e sabobete de coco a mão digo-lhe sem escapatória: vai ao banho.

rosna e tal banho não dura meio lombo, nem pense em costelas, que já foge e desaparece na rua.

outro dia me vê e passa desconhecido. fico com o rabo entre as pernas refletindo sobre a parábola: melhor a liberdade suja do que a escravatura limpa.

miguel tem razão e coração. eu, perdi a amizade por conta de um banho.

continuo com o hálito agora sem ter o interlocutor que não me cobrava escovar os dentes
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Thursday, May 17, 2007

os sinais


os sinais, há que se entender os sinais. mas não os sinais esotéricos ou espirituais. mas sim os sinais da barriga que ronca, do pulmão que tosse, da veia que pulsa, do pulso que desfalece.

um simples sinal. uma questão de interpretação e você está vivo ou morto. ou morto em vida, o que decididamente é um sinal pra lá de preocupante. quanto a mim acho que estou perdendo os sinais. vitais ?

Monday, May 14, 2007

em palpos de aranha

a vinda de bento XVI ao brasil dá-se na exata medida do homem aranha III: em ambos casos, seus antecessores, tanto I como II, eram muito melhores.

Friday, May 11, 2007

sai de baixo, ou melhor: de cima


propósitos elevados cada vez mais tem levado o homem para baixo, tamanha a inversão dos valores hoje em dia.
os que deveriam defender, atacam. os que deveriam proteger, minam ou assassinam, os que deveriam exemplificar distorcem ou descaminham.
ser honesto é sinônimo de burrice ou patetice. ter ética, nem como opcional, pois o peso da consciência quilos acima do peso não suporta mais tais filigranas.

o ser humano degrada-se em nome da sua humanidade. leva junto com ele os animais, sendo ele o animalesco, e os animais as vítimas, outrora aliados ou símbolos de sobrevivência que, quando sacrificados, o eram com reverência e respeito.

respeito, a quem? se não há por nós mesmos? se em cada esquina da nossa própria casa ou emprego há quem venha nos lembrar que os valores do homem foram completamente desabonados em nome de outras moedas.

ainda assim há homens, e mulheres, repletos de esperança. sinais de redenção ou da concretude irônica? de que justamente por isso mesmo não temos salvação, tamanha alienação de nós para com nós próprios, enquanto eu e você, parte do todo, se deteriora em essência, pâncreas e espírito, na busca da sobrevivência, não se sabe se rastejante ou soberba, do eu porque eu, acima de tudo e de todos, muito embora Eu esteja tão em embaixo disso tudo que se vê por aí pela minha própria falta de reconhecimento do meu lugar que foi tomado por todos os reversos de mim mesmo que releguei o caminho da verdade por acreditar em mentiras propriamente mais comodas.

a nossa paixão inútil pelos outros afoga-se na separação de nós mesmos tão entediados na procura de outros que nos sirvam de exemplos, sejam eles quais forem.

sobe ou desce ?

Wednesday, May 09, 2007

mas vossa santidade nem é pop

papa com muita papa na língua. eis o perfil de bento XVI. um passado reacionário sem igual. protetor, dizem muitos, dos pedófilos. com tamanha e igual compostura tal qual manteve-se guardião reacionário dos ditames, usos e costumes que permitem a igreja católica continuar genuflexionando os espíritos livres e ainda quase puros na crença dos ideais socialistas de cristo. sim, cristo é era socialista. nem o socialismo que pregam alguns, nem o que negam outros. mas que era, era, se é que era como aquilo que nos contam, mesmo com as deturpações

apesar de tudo isto ou de quase tudo isto, o papa é considerado uma santidade. o que se dá apenas por ser papa. profissão - sim ser papa é um profissão, como ser padre, de há muito, ou desde sempre que deixou de ser missão - o que pede um disciplina e uma capacidade de urdir que faria de maquiavel um pirulito de feira.

e tomem loas e honras de chefe de estado, um dos menores do mundo, mas por outro lado portal da embaixada de todo o universo como se quer a basílica de são pedro e, parece, não sozinha graças a variante de aparecida.

um mulltidão de homens ditos de fé comove-se diante daquele que nem precisa falar ou olhar e já causa desritimias de causar inveja a edir macedo(ainda, porque ele está a caminho, pelo menos em alguns lugares). ao mesmo tempo que esta fé derrama-se em lágrimas contritas ou em frenes,i aos olhos destes mesmos admiradores de tal santidade mas que desprezam e passam desapercebidos a dessemelhantes muito mais próximos a idéia de santo que nos foi catequizada, e que jazem ao abandono da atenção de quem louva o celebrado fabricado, típico de quem despreza a espontaneidade da santidade que tantas vezes tomba na calçada ao alcance da nossa mão, que prefere tirar catôtas a estendê-la no que seria, esta sim, uma verdadeira comunhão de fé.

para um papa que nem é pop, é muito furdunço por nada. cristo, se aparecesse nesta hora, seria literalmente pisoteado por quem se esguela para ver o que não tem visões que não sejam a do obscurantismo como forma de perpetuação do pecado de todos nós.

Tuesday, May 08, 2007

a praia que nunca chegaremos lá

toda imagem do paraíso tem uma praia. sem ela o nosso sonho de nirvana fica embotado. e eu também, sou humano, apesar de muitos duvidarem disso, tenho a minha praia em vista.

virtualmente já moro lá. mas não os cachorros que gostaria de ver correndo pelas dunas e pelas areias subindo encostas do farol de bacopari.

desde que coloquei os pés em baia formosa, ainda pelos anos 70, fiquei com uma idéia, ainda que na época não tão forte( o que é forte aos vinte e poucos anos, para além da nossa estupidez a época considera invencível e imortal?) que sim, poderia ser o lugar para morar. mas não por ali, aos 20 anos, que muito mundo e planetas teria para percorrer.

anos 90 a decisão foi consagrada, após décadas a fio de incursões aleatórias ao lugar, sempre o mesmo, dando-me cada vez mais a ilusão de que eu também.

no século XXI cheguei a minha parte no paraíso, apesar de volta e meia elas estar sendo boicotada por invasarões(a bíblia não fala do mst) mas vamos lá.

no meu paraíso completo, nada de anjos, cristos e marias. apenas, eu, minha mulher, e nossos bichos, na época da decisão, uns 17 a 19 cachorros, mais meia dúzia de gatos, algumas galinhas e patos que compraria, cabritos e ovelhas também, quem sabe, e aproveitando o baixo preço, dizem que um real, não deixaria de ter um jeg.

mas o peso maior sim, são os cães, que estão morrendo antes que eu chegue lá definitivamente.

tanto, que talvez ao chegar lá, apenas tenha este título como um pretexto para escrever algo sobre eles.


se não em baia formosa, sim no hades? ainda assim, também temo, todos os dias, que seja mais uma praia onde todos juntos, nunca chegaremos lá.´


(há cerca de três dias tive de eutanasiar(um eufemismo?) oncinha, uma das cadelas vira-latas mais achegadas a mim. ainda que para poupar-lhe o sofrimento(cães que tem lesões renais não tem chance de hemodiálise, pelo preço ou pela inexistência no nordeste da aparelhagem) é daquelas situações onde ainda que não queiramos morrer juntos(a figura é demasiadamente gongórica) nos faz sentir um pouco sacana em continuar vivos. oncinha até a hora da morte abanava o rabo para mim com a convicção que sim, chegaríamos a praia que nunca chegaremos lá)

Friday, May 04, 2007

de bagagem, ainda

10 minutos de internet, 04 reais. o preço equivalente a 4 horas, por exemplo, na cidade turística de olinda - onde não se encontram casas de câmbio - ( o local mais perto é o shopping tacaruna, em recife). se a conexão fosse rápida como o transporte que presume-se você vai pegar, poder-se-ia dar algum desconto. mas qual o quê. nem teco-teco seria tão lento se fossemos falar em equivalência dos ares onde dominam boeings. esqueça portanto downloads e uploads(sim o aeroporto é internacional,a internet, a julgar pela velocidade, só o preço.

café no aeroporto, preço equivalente a 1 hora de estacionamento. donde só podemos concluir que aplica-se no aeroporto a lógica do vamos depenar o turistas aplicada sem distinção a quem ouse estar naquelas paragens.

por essas e outras desconfio seriamente de que a proibição de líquidos na bagagem de mão é tão-somente para nos forçar a comprar água no aeroporto, cujo preço, não se esqueça que estamos no território do assalto oficializado(um tipo de terrorismo) custa equivalente ao preço da gasolina. de avião, obviamente.

das refeições servidas agora nos vôos nem vou falar. estando de regime você come mais e melhor estando sem asas para onde quer que você vá.

mas calma que não acabou ainda. tem o táxi, de ida e de volta, a preços de avião, sndo que estes nunca tem tarifas light.

viajar? no brasil continua sendo coisa de senhores de posses e acredite quem quiser nesta democratização do avião.

até ver pouso e decolagem é caro para o povaréu que de asas só a vida ao léu.

Tuesday, May 01, 2007

apagão da arquitetura ou lusco-fusco de projeto

dizem os anais das histórias que versejam a superioridade pernambucana que certa vez confrontado com o a máxima que pernambuco tem mania de grandeza o acadêmico quase brasão marcos vinícius vilaça teria respondido que pernambuco não tem mania; tem grandeza e só.

destas grandezas, desponta o agora já não tão novo(nem grande) aeroporto internacional, que reformado sob a forma de novo, não revigora nem recupera o trágego internacional que outrora tornava o embarque e desembarque um outro tipo de babel que não fosse o babilaque de agora onde a tap tornou-se monopólio d´aire.

pois bem, a tal grandeza é um falhanço só no que toca ao projeto, nem se adiante as partes superiores, bastando ficar pelo estacionamento que é um convite ao furdanço coletivo. a começar que pinga pra todo lado, por enquanto água, apesar das escadarias já estarem se desfazendo acabamento em bosta. no tal estacionamento máquinas necessitam de operadores contradizendo a grandeza da inteligência pernambucana, incapaz de lidar com tickets automáticos comandados pela quase pigarreante voz eletrônica?

o acesso aos andares, isso em movimento em camara lenta é um estrupício só. também necessita de um funcionário para evitar a colisão dos carros que entram com os carros que descem, melhor seria abandonam o lugar(agora imagine em datas de rush. caos seria eufemismo melífluo para a situação).

no andar da carruagem, não se salvam nem os acesso, onde normalmente se encontram carros estacionados. e não se culpe a mania de grandeza dos pernambucanos que acham que tudo podem. a culpa é mesmo das indicações e do traçado que mais confunde que indica, isto, não se esqueçam, em dia de morosidade onde tartaruga decola na frente do avião. ou seja, entre pagar e sair, dez minutos já se vão, perigando tendo de voltar para pagar de novo pelo tempo perdido e ticket não extendido. contando evidentemente com a sorte grande(estamos em pernambuco) de não ter porrado ou sido porrado por alguém no deus me acuda deste estacionamento onde a grandeza é de uma pequenez sórdida.

menos de um ano ou dois inaugurado e já se vê indícios do que será tal aeroporto em não mais que dois ou três. cancelas empenadas, máquinas que não funcionam, poças dágua, coisas por terminar, coisas que nunca vão funcionar, e funcionários pagos para colocar os tickets em máquinas pré-programadas para ler códigos de barra e nos liberar(deve ser a tal mania de grandeza herdada da casa grande e senzala que sempre quer um serviçal por perto para a vassalagem induzida).

aliás, a mania de grandeza é tão grande, que não bastasse ser aeroporto internacional do recife, estica em guararapes, herança do anterior, acrescido do gilberto freyre que doira o novo, o que gera um confusão enorme. principalmente naqueles que não sabendo lidar com as tais máquinas de ticket, não se espere desenvoltura com tal nome, dito como o maior aeroporto do nordeste que desde o dia da inauguração literalmente deu em água. grande é bem verdade, para fazer jus a grandeza alada dos leões do norte que com tal sorte mereciam melhor aeroporto. pelo menos no que toca ao estacionamento, que das partes superiores falem por ela d´outros apagões.