Tuesday, January 31, 2006

saldo mensal

a TPM é proporcional a ovulação da conta bancaria.

sexo

nem os animais ensinando ali, na nossa cara, a gente aprende.

sexo oral

o pior da chupada não é o pentelho na garganta. é aquele pedacinho de papel higiênico com gosto de outros lábios.

bidê

sempre pensei, quando ouvia dizer que as francesas não tomavam banho, que elas não lavavam o que era mais importante. como essa gente mente. baguette sempre comi fresquinha, nenhum outro odor que não fosse cheiro de pão-pão, queijo-queijo roquefort.

o céu é um inferno

se anjos não tem sexo, porque é mesmo que todo mundo quer ir pro céu? (em suaves prestações a perder de vista ).
que coisa mais sem graça. ficar roçando, roçando, complexo de querubim, com pinta de manequim ?

o inferno é um céu ou baile do vermelho e preto

todas de lingeries pretas e vermelhas, belíssimas e nenhuma ala com celulites, estrias, olheiras e papadas. os peitos são peitos de verdade e as bundas não tem silicone. nada, mais nada mesmo de corrimentos, nem de mestruação. clamídias então, nem pensar.
e quanto a um certo hálíto de enxofre, sorria, já providenciaram um novo fornecedor de creme dental.
o diabo é quem é travesti.

degenerescência

ficar velho está sendo pior do que pensava. niguém me chamou ainda de velho tarado.

Monday, January 30, 2006

parentesco

respeite as putas. por mais que não lhe pareça, elas sempre tem muito a ver com o passado, da sua mãe ou do seu pai.

mudança de endereço

se mulher boa é a do vizinho, devo lhes dizer que a minha vizinhança é imprestável.

programa de incentivo

todos na família acham que eu levo muito jeito para nada. estou tentando, sinceramente, não decepcioná-los

contos de fauna

os sapos são os príncipes das lagoas.

sedex

um sentido de orientação inconfundível
como serão os pombos correio no amor ?
perdidos
tal qual nós?
num mato sem pombas?

erráqueos

se aprendessemos alguma coisa com os nossos erros não seriamos o que somos.ô raça!

Sunday, January 29, 2006

sale

leia, quase de graça, o que paguei, caro demais, pra escrever.

farofada

galinha assada, farofa, arroz e batata frita, e aquele marzão de asfalto nos botes de ônibus. até chegar a praia, metade do almoço e domingo já foi pra pança.

mal chegados lá e já tem genro querendo aproveitar o óleo da galinha para assar a sogra. como se o óleo de bronzear vagabundo já não tivesse cuidando do caso.

de cunhado pra cunhado, vendo a galinha naquela posição de frango assado e já há disputa na porrinha de quem vai comer o sobre-cú da galinha da tua prima.

as mulheres sonham com métodos de emagrecimento salva-vidas e homens sem barriga de arrotos. mancebos que lhes pinçem as varizes do desejo. fazendo-as, ao menos uma vez na vida, gozar como se goza hoje até nas novelas das seis. concordam com tipos e manequins. divergem se é melhor gozar com ou sem porrada. mas concordam por unanimadade que porrada sem gozar aí não dá. baixa o pau.

as mais velhas, depois de meia dúzia de filhos, já aconselham as irmãs mais novas a deixarem-se ir ao cú sem maiores arrodeios, que embora não dilate tanto assim — elas ainda não viram certas fita pornô- dói menos que parto anestesiado por rezas de parteira. ninguém é tão ou mais ingênuo assim de achar que posto médico ou maternidade de periferia tem algum tipo de remédio. quanto mais de anestésico. e médico? nem de cuspe.

enquanto isso a filharada pátria, consegue misturar naquelas barriguinhas de umbigo mal cortado, farinha, areia, sorvete, goiabada, catarro, cream-cracker, dindim, produzindo um patchouli que é o orgulho da família e garante a defesa do território ganhando mais alguns metros na areia. mais um pouco e já virava quadra de pagode repleta de funkeiros com direito a tráfico e seguranças.

pelada alí, mergulho aqui, branquinha cá, e apesar de tudo e de todos, e da vida que não anda fácil, todos se divertem. e se esbaldam como só pobres sabem fazer. grau de felicidade rigorosamente mensurável pela quantidade de areia que retém em suas roupas de banho e nas dobras a mais que todos carregam já sem-vergonha do ridículo. praia frequentada por pobre é uma zona. onde a alegria perde os bons modos e a vida respira muitas vezes aliviada. já, há que se fazer o registro, praia de rico, é um nojo. uma coisa muito organizada, mas tão organizada, que a praia vira cartão postal. aliás, você já viu cofrinho de rico cheio de areia ?

ninguém afogado hoje, braços e pernas intactos, apenas queimaduras de primeiro e segundo grau e uma rusga só de arranca rabo, coisas de uma pelada que acabou antes de começar sem ninguém ir as vias de fato. a lamentação geral é de que galinha é um bicho que devia crescer tanto quanto perú, principalmente o cú, piada de fim de festa de cunhadinho insôsso e metido a engraçado como só êle acha. e já temos a aquarela do bucólico da família da periférica? brasileira contemplando, pra lá de embriagada de tanta beleza, o sol descendo no poente naquela praia de terminal dos circulares, agora ainda mais enriquecida de coliformes, que receberão reforço quando as comportas das bocas, pensadas para fluir tão-somente águas fluviais, abrirem-se na escuridão da noite como travestis de cloacas dos bem de vida. enquanto a noite não vem, o cair da tarde encaixa-se como uma pluma no lábaro que ostentas estrelado.e para completar o verde pendão, ao longe, como toque de recolher, uma cuíca não sabe se rí ou chora.

fecha-se o isopor da cena e estampa-se a logomarca de camiseta de político demagogo sob a correia do vazio de conteúdo.

Saturday, January 28, 2006

rima ôca

a tua bôca ?

rio

de janeiro

pororoca
no carnaval

águas de março
resto do ano
inteiro

rio cada vez mais
meu rio de janeiro

adolescência

aquele jorro platinado
na ânsia de rimar magma com esmegma
pra acabar murcho
e com nós no peito
como uma ejaculação precoce

morte em veneza

última vez que olhei para uma menina de quinze anos
tinha eu noventa
juro que ela disse sim
com um inesquecível sorriso de até nunca mais
que me lambe as coxas até agora

via láctea

os caudas dos meus cachorros ao me verem abanando
são também girassóis ao vento
em campos cobertos dos ossos
de novas galáxias

moisés

vou a praia esperando sempre que o mar se abra e mostre-me o caminho
mas a única coisa que vejo são coxas abertas
caminho que já cansei de fazer de volta
de lugar nenhum

Friday, January 27, 2006

declaração de guerra

paz uma pomba!

saúde pública

enquanto fazia troça de que o que transmitia a aids era o pênis longo, gargalhava aos zumbidos e tomava o mata-mosquito de um só gole.

triângulo

de bermudas perco sempre as palavras como se fossem bolas de gude no bolso furado da memória

o poeta é um fingidor

que poesia que nada meu rapaz
isso aqui não passa de um relés exercício de copy do desejo frustado
pior
um total shape das palavras
repleto das caretas de pau do oscar e giovanne
cujo resultado
você sabe de antemão que é totalmente enganoso.
mas compra

bota gosto

cerveja aos pintos e amendoim cozido e torrado á vontade que a vida hoje está muito crua.

Thursday, January 26, 2006

entrega

as lagartixas estão sempre dizendo sim. até que a morte as separe.

flor de lótus

o amor desabrochando em espinhas
e ela dizendo que era pus
em mim a tal adolescência foi espremida assim

passarim avoou

farpas da forquilha d´um bodoque quebrado
assim é o meu reverso

laboratorial

exames de rotina
o laudo acusou:
tem problemas
palavras com colesterol demais
rimas perplexas com os triglicerídios
e frases inteiras com glicemia

se lhe consola
não é assim exatamente culpa sua
é tendência genetica
pouco talento
daí a palavras exageradas no sal
e açucar em excesso,
como se não bastasse o ácido úrico
é índice de poema nada saudável

de sentimentos o senhor até que está bem
levando-se em consideração a vida que leva
seu problema mesmo é o talento
sinceramente ?

não sei se o exercício e dieta vão adiantar
mas veja o lado bom da história
nada lhe impede de ter uma vida normal
é só controlar seu histórico de hiperpretensão
caso contrário seu coração não aguenta
e o senhor ainda se acaba
na tentativa de fazer de um AVC
seu último hai-kai

Wednesday, January 25, 2006

vegetariano

após a meia noite eu só me alimento de sangue.

remela

bateu-me hoje uma saudade
daquelas em que todos os sabores vem à língua
com sede
de mãos molhadas
lágrimas que os olhos fingiram escorrer

encore

no porto
dois graus abaixo de zero

até na temperatura
o clima conspira
contra os solitários
que abandonam o espetáculo
do coliseu

vasodilatador

passo a passo
o pulso
anuncia
como denúncia
que aquele coração
não era de aço
como se
sul portava

Tuesday, January 24, 2006

SAC

para alguns produtos a vida não aceita devolução.

notório saber

não tive infância.
fui pego de calças curtas
quando mal me preparavam para crescer
e pumba! expulso do édem do jardim de infância

aí saí do maternal direto para o vestibular
sem fazer as provas da adolescência
quanto nem na teoria tive notas boas

é o classico, é o científico, é o lado prático da vida
que aprova por múltipla escolha
até os que não fizeram das suas
por falta de opção ou por falta da mesma

hoje, notório saber
eis-me aqui de formando
registro e diploma de suficiência existencial
cujo prego estilhaçou a parede do tempo que nunca pude ter

sentido público

oncinha, cadela viralata, que além do primor pela limpeza, destaca-se por habilidades natas para conseguir o quer, não só enterra suas fezes, como muitas vezes faz o mesmo com a cagada dos demais cachorros.
oncinha não teria vida limpa em brasília, cidade de “cachorradas” políticas.
cagadas demais. até mesmo para uma cadela com sua mania de limpeza e com a melhor boa vontade para manter a limpeza pública.

conselheiros conjugais

bem-te-vis, um casal. todos os dias vem dar-me lições de harmonia e fidelidade, enquanto fazem compras no supermercado do meu jardim.

Monday, January 23, 2006

burocracia alfandegária

nascido em recife
criado no rio
embalado em joão pessoa
e exportado para portugal

a devolução deu-se pela inspeção sanitária ou pela imprecisão da nota fiscal?

Sunday, January 22, 2006

joão pessoa

cidade de muitos joões metidos a espertos em pessoa

recife faz água

sob todas as pontes de vista
a miséria encalhada nas marés secas
e afogada nas marés cheias
espuma como as entranhas de caranguejo morto

nem move nem comove
urbe que nem queixa-se mais
de tanta feiura no ferver
de um desaguar entupido
dos rios de outrora púrpuras e piabiçus,agora pus
onde antes dos peixes
os meninos morreram por falta de oxigênio

cidade de ilusórias vistas aéreas
postcard amarelada de sí mesmo
hoje apenas afunda,
deita-se e borbulha
totalmente crustácea
de pernas pro ar

Saturday, January 21, 2006

natal

pena que não tem neve
seria sorvete
de clima tão puro

amores impossíveis

entre a menina do flautim e o menino da trompa algo que nunca poderá fugir da partitura.

cliper

as laranjadas de hoje,
tão preocupadas com diet-light das embalagens
até suco de laranja tem dentro
não tem química com as crianças
aquela que nos fazia comparsas e detratores
dos sucos e refrescos caseiros
viciados já na falta de uma pitadinha de ferrugem ao gosto

sim as tampinhas enferrujavam
num tempo em que os tampinhas também tomavam cacete recreio afora
até mesmo pra desenferrujar
enquanto lambíamos a garrafa como imãs
colados no último gole da ferruginosa marca

quase cubista

olho minha a nuca de costas para o futuro.
mas quem segura o espelho?

sensação térmica

por instantes livre da carroça -e da peia
cata de alumínio, pets e de um tudo quase tonelada
burrinho refresca a nuca
enquanto pasta na orla quase último tufo de capim

ruminando, olha a cidade petrificar-se sobre o mar
e conclui que ele tornou-se peixe fora d´água
e zurra como esguinchos
chorando escamas

na orla do quase, memórias de manaira a tambau

querem-na arrumadinha, arrumadinha e pra lá de belas
minhas quase praias sem ondas

ai destroem antigos casarões de veraneio
casas de pescadores, colônias e cascalham-te com calçadas de quases tudo inútil
arrancando coqueiros que dão cachos de história por contar e onde muita gente boa foi futrida

arrancam do arquivo fotos em preto e branco de vendedores de brebote, frutas, cestarias, redes e carregadores de peixe fresco
sem esquecer dos gatos de rua e cachorros vira-latas
soprando as jangadas com ventos de má fé
que desejam as gameleiras

agora tudo são pixéis de fiorinos e minivans koreanas
quase desfile de traileres de apetites deturpados
da gente que pisa na calçadinha como estivesse se pisando pegajoso

e como se não bastasse o coco verde perdeu-se da foice

o urbanismo asséptico substitui as mijadinhas purificadoras
dos bebados nos cantos da rua
por boca de esgotos que vão parar nos cantos da nossa boca
amargas bem mais do que ressacas
proibidas ao mergulho

e, toque final,
sobem em seu lugar
arquitetura
de peixes de plástico
como consolo aos aquários dos dias de sol

amores perros

quem ama de verdade não beija. lambe as feridas.

Friday, January 20, 2006

iniciação sexual

perfume de morena suada com bunda tobogâ que se esfrega no meu pau pirulito de leite condensado que mal tem tamanho pra sair das minhas calças curtas farda do curso de admissão.
ônibus nem está tão cheio sequer metade das minhas espinhas desta não me safo que agora não dá pra me afastar mais que já estufou a calça feito guarda-chuva.
já lambi o céu da boca já resolvi quatro problemas de matémática de cabeça e a rola não arreda-pé dali cobrinha doida pra se enrascar farejando buraco fundo.
já me sinto apedrejado pelas tias que não tiram olho do onde não há mais espaço entre quadris num rôla não rola dançando a musica dos buracos dos paralelepípedos onde tudo se encaixa e infla a ponto de rasgar as vestes quando lanço mão da cartada final jurando a mim mesmo que sou macho.
penso nela como travesti para ver se o pau amolece.
porra nenhuma esporrei-me todo e nem tinha idade pra usar cuecas.
a turma da esquina vai passar o resto da vida dizendo que sou veado porque gozei pensando em homem.
e não é que foi bom, demais?

PF

cadáver cheio de gordura, mãos atadas em corda, ainda dá sangue pra sarapatel, embora nele se pense como chambaril.
a culinária típica do recife é servida na hora do almoço com o tempero dos programas policiais.
farinha pouca meu pirão primeiro.
o povaréu rí histérico de quem morreu no seu lugar e pede pra esconder o cardápio.

ponto final

já fomos a cidade dos trolleys puxados por burros, dos trolleys a vapor, dos trolleys elétricos e até dos trolleys bus.
hoje nem trilhos. perdemos o bonde da história.

metro quadrado

nos altos e baixos do recife a miséria não se nivela. comprime-se

estrofe perdida

os bairros de periferia do recife, são um estampido com endereço certo.

perfumaria de aprendiz

em recife aprende-se de nariz empinado que a miséria fede independentemente da nossa podridão.

tira-gosto

olinda situação para ser comida pelo mar.

Monday, January 16, 2006

la luna y un perro lhamado solitud

(ejercicio de uno aprendiz de español)


en la luna plena

tan sola

piensa el lobo viejo

debe haver un sítio

donde todos los lobos

aullan

mirando la tierra



debe haver una compañera

en la luna a espera de mi, piensa

e se va aunque más arriba

en lo más alto de los montes

cierto de alcanzarla

con aullidos semi-partidos

por el más puro silêncio

elevados

de una contemplación

de dolores



ojos postos en sombras

su deseos por la loba em la luna

és como o deseo de los amantes separados



como todos los deseos

desenamorados

inacansables

pero

necesários

para que la vida

no sucumba a muerte

antes de venir la hora



como necessário és

para que la muerte

también no renqueie ante

vidas vividas tan solas



porque en cada alma ferida

por el reflexo de la solitud

tiene una gota de sangre

en vaso

de vino

hablando a consciencia

de que

en cualquier corte hay vida

escurriendo

tal qual como en los cortes

de la luna

esferas

de mejillónes

quando si tiene

ojos

puestos em círculos

tan pierto

e tan lejo

que pensamos en ella como

tenendo piel de manzana



en verdad

és mascada por dioses del tiempo

y sus perros estelares

que lo hacen

sin hacer ningúm

sonido

como és sin sonido

la dor de sueños partidos

mordidos

por el cielo

de

quiem

tiene

o gruñido

contemplativo

de un corazon agredido

como un rabo mordido

pelos dientes de la traición

tantas vezes

a sus próprios

sueños



así

doblan uivos

em sostenidos

y bemóis

digeridos em las presas

hasta que súbito

la garganta

acuosa de sangre

de un corazon

murciélago

que tiene ojos con asas

más sin dirección

mira las vidas vacias

como la suya

en las lunas menguantes

que

fueram depositadas

en sus ojos

de perro lunar

lhamado murciélago

e poeta terrestre

sin nombre

que tiene una vida de perro



espectro

de otras vidas

que conosce

apenas

como

conosce

ás sombras

de la luna

en que se pierdem

sus ojos

de niño e hombre separados

por uma armadilha cualquier del tiempo

que cercenou

alguna pierna

que nao tuve coraje de roer

para lhe salvar de tal destino

de traer

partes destrozadas



y

así

el tiempo

nem siempre

tan silencioso

as veces

aulla como el viento

en sus pulmones

a

la

luna

a quiem

le falla

el aire

tambiém

e por eso

solo por eso

no responde

a sus aullos

fue assim que el lobo viejo veo lo tienpo pasar

encuanto tiene husmeo preso a los passos de su própria vida vivida en círculos

como se fueram

el passos

de la compañera

que mira

em la

luna

que soporta

su sina

en silêncio

y dolor

de mirar-se

siempre

en mitades

mismo

cuando

plena

porque le falta

la mitad

plena.



lisboa, 22/23/24 de abril de 2002.