Wednesday, December 31, 2008

bipolar

o feliz ano novo está cada vez mais e mais e mais, velho. mas a gente insiste em tratá-lo como criança. coisas da terceira idade?
Now playing: stevie ray vaughan - life by the drop via FoxyTunes

Tuesday, December 30, 2008

descomplicadora ou complicando ainda mais

passei a vida almejando ser simples; mas como compliquei, já que fato é, o ser simples é pra lá de complicado.

e é isso que nos mata, quando não enterra antes, vez que quando a vida complica-se por demais, dá-se a morte que a tudo simplifica. menos a morte em vida, coisa bastante complicada pra se explicar assim de forma simplificada que não é bem o contrário de morte morrida.

mas independentemente desta, não vá ficar aí pensando que morrer é simples, nem que viver é complicado. tente viver(e morrer) sem se complicar, mesmo se a coisa estiver complicada. facilite, mas mas não entregue de bandeja. cuide-se pois, para não ser simples demais ou seja: não se quede um "simplesinho" que pior, nem sendo simplório.

quando o simples torna-se um complicador em vez de simplificador pode-se dizer com certeza que você está simplesmente complicando quando no máximo deveria estar sendo complicadamente simples.

Now playing: Van Morrison - Keep it Simple via FoxyTunes

Saturday, December 27, 2008

reveillon de mim mesmo ou good-bye stranger

de tempos em tempos deveria ser obrigatório: separar-mo-nos de nós mesmos por um tempo. nada de visitas ao espelho. nada de referências amigáveis, ou não, que nos possibilitam ir acompanhando o trabalho do tempo em nossos rostos, em nossos corpos. em nossos sinais particulares de existência, para além do conto da carochinha de que há gente para qual o tempo não passa.

aparências, longe delas por um tempo, teríamos, enfim, um encontro com a verdade que começa a granular-se a partir dos quarenta para alguns, outros mais cedo do que tarde, mas nunca, nunca.

após este período, digamos sabático, de nós mesmos com a nossa imagem, teríamos sim, um quadro de como realmente estamos bem diferente daquele(s) a quem vamos nos acostumando no dia-à-dia do espelho, que dilui mui lentamente a imagem com a qual convenciona-se que gostaríamos de ser lembrados na maioria dos casos.

e ai, entenderíamos, a verdade - ou a falsidade - de quem não nos vê há muito tempo, e de seu tamanho espanto, que logo tentam consertar com disfarce que não cabe no tamanho do susto, ante o que o tempo fez do rosto que pensamos existir, e que de há muito não está mais ali, enganados que somos pelo espelho que nos dilui aos pouquinhos, como ele mesmo ao sofrer ação dos respingos da pasta de dentes, cuja abrasiva espuma também colabora com o sorriso que sequer imaginamos rí de nós o tempo inteiro ao tempo que nos derrete a moldura.

de volta deste tempo, tomaríamos o mesmo susto - que entre tantos há de ser nalgum se soslaio positivo como sinal dos tempos - que tomam aqueles que não nos vêem há muito e que que teatralizam variações repetidas pelo tempo como o " nossa como você está bem; o tempo para você não passa", enquanto dizem para elas próprias à boca chiusa ou mais tarde em conversas pra fora do tempo - minha nossa como ele, ou ela, está acabado, ou sibilam sorrisos de quase vingaça "pensou que ia ser jovem a vida inteira? ", confissões que muito provavelmente você trocará consigo mesmo reproduzindo as mesmas reações em cadeia.

quanto a mim, desapareço e volto de tempos em tempos. e a cada vez sou outro no espelho, bem diferente do bem acabado que ironicamente julgava ser, esquecendo a ironia agulhada da expressão bem acabado.

depois de tantas idas e vindas, em tempos desencontrados marcados por pausas síncopadas, um rosto em mutação me diz que o importante mesmo não é estar mal ou bem: e sim não estar acabado. o resto vai se compondo. mesmo quando se decompôe em partes ou no todo de um rosto que imaginamos conhecer ou desconhecer, tal como a imagem superficial que o associa em contabilidade adulterada de rugas e pés de galinha contabilizadas em perdas ou ganhos a depender das contas apropriadas.

dando um tempo descobre-se que este rosto desaparece quando se constata que o tempo apenas nos emprestou, talvez até mesmo por engano, disponibilizando-nos imagem que não é, nem nunca foi, nossa, apenas para tomá-la de volta, quando mais nos apegamos a ela que se vai sem sequer nos dar direito a um goodbye acalentado.

Now playing: américa - goodbye via FoxyTunes

Tuesday, December 23, 2008

brasileirinhas

que o brasil é, decididamente, uma pais bunda, é óbvio abundante. mas e o brasileiro? não passa sequer de um povinho cu?
Now playing: erasmo carlos - aquarela do brasil

Monday, December 22, 2008

ia abadá, abadá sifú

no brasil, à rigor, nada é preto no branco. tudo é fantasia; barata, haja vista o preço do ultraje.
e por falar nisto garçom, o que é que esta mosca faz na pedra de gelo do meu uísque que de sopa não tem nada?
Now playing: xutos&pontapés - estupidez via FoxyTunes

zé sozinho ou álibi para ser do jeito que sou

infância sem patins, patinete ou pebolim.
agora querem me incluir na turma da peteca da praia do poço.
puta que o pariu! que eu vou.
phodam-se!

Now playing: Carlos Dafé - Zé Sozinho via FoxyTunes

Thursday, December 18, 2008

" eu pensei que todo mundo fosse filho de papai-noel"

por toda a parte, a sensibilidade do natal pipoca como se uma data pudesse resolver os problemas do calendário humano. preocupações, as mais dignificantes, principalmente com os pedidos das criancinhas com suas intermináveis listas de presentes, necessários ou não, como o é necessário o quilo de farinha para a boca que não tem feijão.

mas e as criancinhas que nem mais voz tem? alguém se preocupa com seu silêncio nestes tempos de badalos e sinos que não ecoam em suas respirações ?

Now playing: the mahotella queens - ma , africa via FoxyTunes

Friday, December 12, 2008

instrumento de tortura

toda flauta doce tem um gosto amargo.

quem recebeu o instrumento da tia ou da mamãe-vovó, devidamente acompanhado do método para a educação sabida musical sabe o azinhavre na boca. uns, de tanto, perdeu o bico até para assobio, para não dizer as asas para a música.

Now playing: Lulu Santos - ninguém merece via FoxyTunes

Monday, December 08, 2008

apagão geral

dizem que o natal é sobretudo uma festa de luz interior, o tal espírito de natal.
mas a julgar pelo número sem-fim de luzeszinhas (e viva o made in china) e luzeszonas(nas árvores dos shoppings, principalmente) a humanidade anda pra lá de apagada.
no peito, sequer uma luzinha cu de vaga-lume que seja.

Now playing: boozoo bajou - night over manaus via FoxyTunes

Thursday, December 04, 2008

adônis

já fui bonito um dia e não me dava conta disto. quando dei, já era, feio.

Now playing: bixo da seda - é como teria que ser via FoxyTunes

Wednesday, December 03, 2008

filosofia de para-choque

de que vale vencer sem paixão? lutas inglórias são mais apaixonantes. agora, onde coloco isto: no traseiro ou dianteiro?
p.s. não vale para para-choques de caminhões caixa-forte.

Now playing: Pata de Elefante - Sooopraaa!!! via FoxyTunes