Wednesday, April 25, 2007

e deus castigou a mulher(e a praia junto)



brigite bardot descobriu búzios numa época em que ambas se equivaliam.
agora brigite esquivale-se a danuza leão. e búzios, na alta estação, principalmente, recebe outras mulheres bonitas mas sem a equivalência que já lhe foi marca um dia. inclusive na mordacidade presente nos textos da danusa que nunca mais, como a praia, sorriu abertamente.

Tuesday, April 24, 2007

inversão de valores



no brasil o cidadão, pela maneira como é tratado, é ladrão. o ladrão, é cidadão.

no brasil, o cidadão, pelo trato que lhe dá a autoridade, é por ela roubado. mas as suspeitas são sempre sobre ele e não sobre os que desrespeitam e escorcham o cidadão.

no brasil, o cidadão que paga impostos não tem direito algum. o ladrão que rouba o cidadão tem todos os direitos quando é pego. eu não estou defendendo nem a pena de morte, nem o extermínio, apenas constatando que quando refere-se a ele, o ladrão, a grita ao respeito aos direitos humanos enche o papo, que diga-se de passagem sim, devem ser respeitados, incluindo, e neste caso infelizmente não se inclui, o pobre coitado do cidadão que de direitos morre à míngua.

no brasil, o cidadão que paga um dos ipvas mas escorchantes do mundo, se é parado num blitz e, por exemplo, a buzina ou o pisca-pisca não funcionam, é imediatamente multado pecunariamente, disciplinarmente, pontos na carteira, quando não tem a habilitação e o veículo apreendidos. já o o governo, e as autoridades, ladrões da nossa segurança, e da nossa vida(deveriam ser guardiões mas são ladrões mesmo) nada lhes acontece por espalhar e conservar(do jeito que estão)rodovias mortíferas, com armadilhas de toda sorte onde os assaltos nelas, são apenas mais um detalhe da perfeição desta perversão.

no brasil a burocracia esmaga a todos aquelem afeitos a produção e a geração de empregos. e premia os contraventores. casas de bingo podem funcionar. experimente abrir uma micro-empresa que seja e tente dar-lhe sobrevida.

no brasil o cidadão morre na fila, escolha de qual repartição. mas o ladrão nunca está no fim da fila ou meio dela. está no guichê. mas atenção que ele detesta ser apressado na sua função. tem que ser na camera lenta, como se isso fosse sinônimo de labor primorioso que mata velhinhos e crianças para que aprendam uns e outros o que é levar uma vida toda sem ter direito a ser cidadão, e aqueles que mal nascidos já levam com a condição de "enjeitados" pelo sistema que vai lhes fustigar ainda mais.

o valor de ser cidadão no brasil só é reconhecido se ele desconhecer os valores do cidadão. ética, moral, bons constumes, honestidade, civilidade, amor as boas causas, nada disso presta se o objetivo é ter respeito e vidão. o proprio governo que faz campanhas gastando milhões não sabe explicar bem como se gasta este dinheiro. por outro lado, faz do que faz, que acaba tendo mais repercussão do que as campanhas que produz. e neste caso a vida não imita o comercial e vice-versa. ou seja, no brasil, o cidadão é um ser cuja existência é pura propaganda enganosa como quase tudo que se refere ao cidadão.

Sunday, April 22, 2007

domingão do raidão

entre sol e chuva lá vou eu trabalhar. enfim alguma utilidade para o domingo. ligo o rádio e oh! não!

engenheiros do hawai, tocando era um garoto que como eu amava os beatles e rolling stones. ora, se os engenheiros já tem problemas tocando as suas músicas, imaginem tocando um clássico, cuja incrível versão - dos incríveis claro, desculpem o óbvio se voce tem mais de 45 anos ou sintoniza revivals - sensibilizou o autor ?

mudo de estação, e tome "imagine" com o paulo ricardo. é brincadeira? parece. e de mau gosto, se considerarmos a declaração da yoko ono que a versão do paulo ricardo é a melhor que ela já ouviu. por essas e outras que paul queria vê-la longe. e ela, ao que parece, por conta de uma declaração destas, ver o paulo ricardo mais de pertinho. se essa não doeu mais em john do que em mim, pra que vou me importar?

jorge vercílio, livrado da maldição de clone do djavan, pelo próprio, não se sabe de gozação ou não, ataca de palco. pode-se se dizer o que disser, com ou sem razão, do ministro. mas esta é uma das músicas para ouvi-lo cantar e pronto. a versão definitiva supera até mesmo as suas próprias tentativas de melhorar o groove por parte do gil da cultura. mas jorge vergílio agora cismou que é a ana carolina da ala masculina e haja sexo-sentido para aguentar.

já para desligar o rádio, apos girar o dial mais que o rádio-taxi e tome mais uma desfiguração do odair josé bonito, o márcio greyck: enquanto ele se esbalda em shows nas barracas de fortaleza, com aquele ar de mineirinho deslanchado que pouca gente sabe, alguém que não vale a pena saber o nome, reedita versão para a novela das oito do impossível acreditar que perdi você. mas como nos domingos nada é impossível esta versão é catapultada como bosta para os médios e agudos da minha paciência que assim já não aguenta mais.

se o domingo é um dia de descanso para o que quer que seja, eu já questiono. mas decididamente, certamente não é o dia para você pensar em trabalhar ouvindo rádio.

e eu que pensava que era só a televisão.

por via das dúvidas nada de surfar hoje. afinal, estas ondas pegam. e na net viram tsunamis, pois tem cada coisa fazendo versão da versão que de gogó em gogó acaba em nó.

Saturday, April 21, 2007

máquinas do tempo

como se fosse ontem. a noção do tempo, neste tempo de quantismos tecnológicos, pelo menos para mim, não me reencontrado no sentido de coisa passada, baú de memória, album desbotado.

reencontrei um companheiro de trabalho que não via há 16 anos, após conversas via mails. recebi um telefone de uma antiga namorada - que me localizou pelo orkut - que não via desde 1972.

tudo aconteceu como se fosse ontem. e não com aquela noção de tempo que nos separava da adolescência como se tudo tivesse acontecido no século passado mas com outra dimensão do que quando agora no século XXI falamos do século XX.

as músicas que escutamos como modernas, são do século passado. continuamos a ver velhos ídolos, e até conhecidos, como se eles não tivessem morrido. não sou baudrilhard para deitar explicações que conceituem a compressão dos gaps entre a vida que vivemos agora e a vida que vivemos a 30, 40, 50 anos atrás. mas o fato é que por mais que avancemos o tempo parece não querer passar muito embora sintamos isso mas não com aquela velocidade que esperariamos da modernidade. tudo conspira para que o futuro não chegue com a rapidez com que podemos resgatar o passado e até inserí-lo no presente.

muito embora não tenha entes-queridos a chorar, por enquanto, preocupo-me: deve doer assim mais? ver como vivo, por quantas vezes quisermos. quem nós perdemos(ou ganhamos?) sem aquele incômodo da ausência de memória que tantas vezes apaga detalhes que agora podem ser escaneados a amplitudes máximas? o que nos causa mais horror ou sorrisos? a fotografia digital ou a do papel que amarela como amarela a vida em tais circustâncias ?

conversa vai,conversa vem, 45 anos representam menos do que conversas tidas há 45 dias atrás. e nada de importante, no fundo conversa jogada fora, papo de botequim, que não se bate mais.

nas sanhas deste tempo, até o espelho parece querer retardar a nossa imagem que antes revelava impiedosamente como mais velha a cada dia?(quando olho no espelho, estou ficando velho e acabado) será a velocidade com que agora nos postamos frente a ele? uma coisa assim eisteiniana ?

saudades do futuro onde o passado passava mesmo para nunca mais voltar. agora vivemos querendo o flash-back deste mesmo futuro. seria isso um tipo de saudosismo ou eu acabo de me diagnosticar afundado em alguma síndrome temporária ?

Friday, April 20, 2007

deixe tudo com está senão você fica arrumado

cada um de nós, pelo menos um, amigo deve ter, do tipo espertamente desorganizado.
o espertamente desorganizado é diferente do simplesmente relaxado, do destrambelhado, do aluado.

primeiro, porque sob um manto aleatório, sua vida é extremamente organizada. é o arquétipo do bagunceiro que quando perde alguma coisa só ele acha. nem se meta a ajudar. em compensação, entre a sua impecável organização, seja na arrumação do que for, e a mais aparente esculhambação, ele é capaz de achar primeiro do que você a agulha no palheiro.

mas a grande armadilha dos tipos assim(sim, porque existem os de dois tipos) não é bem em relação ao primeiro, que finge-se de morto para comer o cu do coveiro, ou melhor dizendo, para que façamos tudo por ele que, coitadinho, é tão desarrumado. e aí nos lhe pagamos as contas, lavamos os pratos, arrumamo-lhes o armário, consertamo-lhe o step furado e sabe-se lá mais o quê.

o segundo, é quase um caso patológico. cada vez que tentamos ajudar, levamos um coice, no que não se pode condenar de todo, afinal não deixa de ser uma invasão. mas é irresistível para os arrumadores de plantão. cada vez que, e realmente solidariamente, e não para lhe passar o atestado do sem organização, que infrigimos as rígidas regras da sua mais total falta de método, ele pula no nosso pescoço, principalmente se cometemos, como é natural alguma falha. e aí, não há o salve-se quem puder, do e ainda dizem que eu sou sem método ou desorganizado. " pois com a minha desorganização sou muito mais organizado do que vocês".

se quer saber, da próxima vez que quiser ajudar alguém do tipo, não organize. desorganize-se. ele vai ficar puto porque você se tornará uma espécie de concorrente em seara onde ele reinava absoluto. em compensação, ao desorganizar-se, em vez de achar algo leve para dar-lhe uma porrada, ser metido a besta, você, ou acha um martelo e acaba de vez com a questão, ou vem-lhe as mãos algo ridículo, o que, ainda que a peça seja difícil, acabará em gargalhada.

na dúvida fique na sua. porque quem procura, acha. inclusive aquele tipo que reúne em sua desorganização o perfil dos dois tipos na mesma pessoa.

e como vamos chamar a isto? de boa arrumação ?

Thursday, April 19, 2007

sem comentários

confesso. vou a poucos blogs. ultimamente nem os 11 restantes meus tenho ido(sim eu cai na cilada de segmentar os escritos) adiando a reedição daqueles que prometi revisitar e deixei lá parados em busca de melhores tempos.

a despeito da surpresa de ver que continuam sendo frequentados, e até comentados, vou aguentando-me com a desculpa de sua reedição e de nova trilha de conteúdos. na verdade tenho tido um enorme vazio de tempo, a minha medida para dizer que não o tenho.

por isso mesmo, esta economia de descoberta de novos títulos, um dos raros, que também de forma rara, mas plena, frequento, é o almonalia.blogspot.com

e como intrometido que pela divisão da leitura quer ser íntimo até onde balança a ausência na cadeira do gato dirijo-me também aos comentários.

desiludo-me. creio que o melhor elogio que se faz a quem escreve bem é o silêncio muito mais que bem respeitoso.

e saio como entrei. calado. mas muito mais rico, principalmente porque aprendi a conter-me nos elogios desastrosos.

Wednesday, April 18, 2007

pós-doutorado em hipocrisia

o mundo inteiro amanheceu de luto por conta do massacre acontecido em um universidade da virgínia. as páginas dos jornais em quase todas as línguas acolheram as manchetes estupefatas e a cena da vigília quase compete com os espetáculos que dizem celebrar a vida.

no brasil, a notícia recebeu mais atenção do que os 26 mortos do dia de ontem no rio de janeiro. dirão alguns que diploma ou a luta por ele, ainda vale algum destaque, e nem vale dissertação da puc rio ou usp são paulo sobre a explicação, que mais do que isso morrem de índios por aqui, de susto, também bala, vício e disenteria.

soberbamente, o tiroteio fatal para mais de 33, recebeu muito mais atenção, em quase todods os lugares do mundo, se calhar até em áfrica, do que os milhares de africanos que morrem todos os dias pelo massacre a que são empalados numa mortantade ao moscaréu onde toda humanidade é cúmplice por sua omissão, até no ato de mudar de canal, pois não suporta o asgar dos tais mortos de fome, aids e abandono, ainda mais se centenas as crianças com seu olhar acusador, ao contrário da avidez com que sintonizam os canais abertos ou a cabo para ver a morte embrulhada no cenário da assepsia do campus do saber.

a nossa evolução dita humana tem acontecido de uma forma muito sensitiva estratitificada e qualitativa, para não dizer quantitativa no seu modo de crescer. quantos famélicos africanos tem de morrer para merecer a atenção equivalente a um candidato a white collar ?

acadêmicos estudiosos de jornalismo comparado com seus cálculos o saberiam dizer ?

Tuesday, April 17, 2007

roendo até o osso

qual o exato ponto entre a sabedoria de não perder tempo e ir embora ou não largar o osso antes da fratura ?

a maioria de nós vive assim. infelizes no trabalho, no relacionamento, no bairro, na cidade, na vida, até no sonho.

o tempo passa e, dizem, as possibilidades diminuem ou se tornam mais remotas, o que parece uma contradição. se mais experientes ou sábios, não deveria ser justamente o contrário ? tá bom. nem sempre a vivência conduz a sabedoria. na maioria dos casos leva a estupidez condimentada, sacramentada, quando não portentosa.
mas quando se passa a vida insatisfeito com a maioria das coisas, seria um tal defeito existente em nós ou um defeito supremo de enxergar as coisas com uma clarividência tal que a não adaptação nos impele ao fracasso sucessivo nas empreitadas que nos conduzem a becos sem saída ou a luz no fim do túnel?

poucos de nós enxergam esta tal luz. a maioria de nós trilhou caminhos que nos deixou dormentes. e só. parados a beira do caminho fomos ficando um a um, muito antes da estação final indecisos entre o descarrilhamento e a chegada a meia estação.

o precipício fundo e escuro encerra muitas vezes o princípio dos brilhantes. ou o sepulcro do fracasso. só o descobrirá quem roer os ossos do ofício até o tutano.

roer ossos elimina o tártaro mas também quebra os dentes. quando não pior: morde-se a língua e fica-se pelo roido semi-inteiro com um sabor que causa feridas.

a coragem também sofre de osteoporose. o que nem podemos chamar de covardia ou sequer medo.

há um tempo em que se pode tudo. mas nunca um tempo que não se pode nada. pode-se mais ou pode-se menos. e isto é o que nos mata. saber que podiamos ter feito mais mesmo quando podíamos menos.

Monday, April 16, 2007

enfim um elogio digno de nota

digam o que me disseram, sobre ser um escrivinhador de pontuação esquizofrênica, digo-lhes que longe de ser o fim - meu problema é com as vírgulas e não com os pontos finais ou nos is, é apenas um ritual de passagem de quem sabe que caminha, ainda que seja desgraçadamente para lugar nenhum, contanto que não seja a miséria do lugar comum que anda a me perseguir, já nem me pergunto mais, que diabos lhe fiz para merecer tal caça?

sei que ainda não atinjo a visão lúcida da esquizofrenia, como um todo. então ameaço a modorra com as vírgulas que debatem-se como eu, procurando o lugarejo de quina na frase, sabedor das tarraxas frouxas de estilo.

assim, não importa se dentro ou fora do contexto, ela, a vírgula, padece de precisão. todo o mal escrito antes assim virgulado, revela um escritor em potencial suicídio da sua mais completa ausência de talento para com os sinais do que tropegam dentro e fora dos escritos mais que deles não toma conhecimento porque ainda não existe enquanto personagem.

Sunday, April 15, 2007

elogio à perfeição

já que tem de ser feito, que o seja bem. o próprio ou sua antítese.

nada é mais desprezível no ser humano do que as suas ineloquentes desculpas para fazer as coisas pela zona da metade, fugidio que é em seus meneios dos menos que não vazam ao meio, sacripanta que é, o homem, da mediocridade. que nem esta escapa-lhe hoje com alguma completude que não seja ancorada em pernas de pau.

há que ser fazer bem feito. incluindo as, próprias, cagadas. no mínimo esterco que prepare a evolução. e não esta lavagem que nos devolve ao constante azedo do que até poderia ser doce mas que nunca esteve na origem do homem.

Saturday, April 14, 2007

fazes tu a moral da história

entre a puta burguesa, que te roça o pau, e te promete mundos e fundos na frequência da capacidade do conta giro da tua pick-up, e a puta do ofício, que te chupa a carteira, contando os ciclos de vida que desesperam em casa por algum litro de leite, retirado das bocas para alimentar a sobrevência por outras vias, onde fica a tua noção de dignidade?

pensa nisso quando encheres a boca para apresentar, esta é minha noiva. e quando viras o rosto, naquele encontro fortuito que te faz protestar contra estas mulheres sem moral.

Friday, April 13, 2007

tomografia

nunca na história, o nada é o que parece foi tão inequívoco. e isso muito antes do silicone.

Thursday, April 12, 2007

são josé das piranhas


era para ser na sexta-feira santa. casava com a idéia. mas agnósticos e ateus não tem este feriado e seguem trabalhando duro como bacalhaus, que não brasil não passam de pirulitos que deixam os mais velhos com saudades do tempo da guerra onde fartas postas eram comida de pobre. e assim este post não saiu na sexta para ser exato na medida do assunto.
mas isso não invalida os percalços, nem a ápia vida do personagem.

josé tinha uma certa formação católica. batizado fora, comungara idem. ainda lembra da primeira comunhão onde imaginou ser obra de deus aquela claridade dos vitrais revelando sob as vestes brancas do batismo as formas da virgem ali oferecidas bem na sua frente. naquele hora e naquele dia. enquanto recebia a hóstia, josé não parava o pescoço em busca do ângulo melhor para ver as coxas e quadris, que ele não se atrevia a chamar de bunda na igreja, mas que bundinha de nossa senhora de fátima, a lourinha de cabelos compridos, que mais tarde lhe lembraria a primavera de botticelli. tal lembrança até hoje lhe provoca arrepios de fé tal qual imaginara tocando aquele altar de pelinhos em castiçais doirados.


entre os cocorotes do colégio de padre, futebóis de quase batina, mangas chupadas em contrição e idéias mil sobre a eva das cobras e maças, josé crescera numa adolescência dividida entre o sagrado e o profano, ambos com seus rituais de iniciação onde o incréu desdenhava da fé e vice-versa.

já homem, toda semana-santa era um drama. carne na sexta sacrilégio dos bons. ainda que fizesse pouco caso das demais recomendações extenuadas da igreja, carne era coisa que evitava dos alpendres aos becos, qualquer uma, até mesmo de rã e caranguejo. e assim sendo, punha-se a masturbar o relógio como se isso apressasse o fim da sexta penitência rumo ao sábado de aleluia.

vontade de carnes em sangue, vitrais cortando coxas, unhas rasgando bifes, sexo comido em ranhuras, bocas que sugam lábios de onde o forem, sexta passada em vidas de bifes mal passados. chamem a isso tesão, tentação, suplício, penitência ou o que fosse. josé queria carne. carne que lhe queimava suores de homem que já não se aguentava em recordações de fátima. que fazer, ainda cedo, nem dez horas da manhã, e o desejo repicando-lhe a testa? carne, mulheres, sexta-feira santa, cocorotes, vitrais, sofrimento, hóstias, fé, desejo, elevação, depravação, agonia, extase, prostação e cor púrpura em todas as vestes.

piranha não é carne, mas é peixe, símbolo antecipado da cruz, argumentou josé em um dos raros momentos que pegou-se a conversar sozinho, já que nem no mais profundo desespero, inanição ou bonança, acostumava-se a idéia de dialogar com quem quer que seja senhor dos espíritos e das almas que elevam ou afundam os corpos.

e assim, dito e feito, adentrou ruelas laterais de igrejas, e chamou a si todas com nome de santas entre gestos de adoração e blasfêmia. piranha não é carne, repetia, enquanto os ponteiros cruzavam a sexta acompanhando a agonia dos crucificados como ele.

e a tal ponto convencido que em plena manhã de sabádo de aleluia satisfazia-se com o rabo de uma piranha comida aos nacos na noite anterior, satisfeito pela descoberta que a piranha ainda supria-lhe de caldo na manhã seguinte de um chupa-chupa cerimonial.

por fim adormeceu e morreu em paz. entalado pela própria angústia desfiada em mandamentos de carne e genuflexão como espinhas de peixe em forma de crucifixão.

como um santo, disse uma das pirainhas, emprestando-lhe escapulário que nem de longe lembrava nossa senhora de fátima.

carcomido de céu, josé subiu aos céus nos prazeres da carne como um santo em sacrifício ao inverso entrecortado de luzes que não se sabiam vindas dos vitrais da memória.

Wednesday, April 11, 2007

no quase apocalipse urbano

ainda não são nove horas da manhã e lá está ela: uma blitz, bem na avenida central. tempos de hoje, nem reclamo da chateação, já agradecendo se não for uma blitz de bandidos disfarçados de polícia, sorriso meia bôca quando o cérebro me pergunta tem diferença?

a minha frente um santana branco taxi, com o parabrisa traseiro fumê tatuado pelos dizeres; propriedade exclusiva de jesus.
sei não sei não, solto espécie de grunhido sinalizando que não comungo com a idéia. mas deixa pra lá, não sem antes pensar, este jesus que é o tal, é frotista ou dono da frota?

muito bate bôca onde não se escutam palavras ditas na bíblia. o motorista é obrigado a descer do carro, que presume-se, vai ser recolhido, como de verdade foi.

jesus não pagou o ipva e o tribunal terrestre não perdoa. não sei se digo ave a justiça imparcial ou ave maria em que mundo estamos?

chegamos mesmo ao fim dos tempos, com um jesus caloteiro. sim, porque para o detran, não pagar é dar calote. não tem terço nem vela. e neste caso não adiantou nada ser filho do homem.

vai ver não era seu dia de sorte. porque normalmente os filhos dos homens sempre tem perdão.

Tuesday, April 10, 2007

tartarugas não tem sexo ?

uma escultura que mostra mulheres nuas em roda, de maos dadas, será transferida de local no jardim botânico do rio. as estátuas foram objeto de reclamações do público. dizem que vai mudar de local, indo para as cercanias do lago das tartarugas, que é mais discreto.

moral da história, dê o que der, faço-o em movimento. pois quem faz pose "estauta"acaba alvo destas mijadas.
e tudo isto está acontecendo no rio de janeiro. triste fim dos tempos, ainda precisavamos mais desta?

Monday, April 09, 2007

dois pesos e duas medidas?

o desprezo que temos hoje em dia pela vida dá a exata medida do que ela se tornou. mesmo para os mais esperançosos. parece frase de animal planet mas nenhuma besta que habite a face da terra, ou dos céus, ou do mar, ou até mesmo das profundas, consegue cometer tantos desatinos e achar que vai sair disto impune só porque passa o resto do tempo(quando não está cometendo cagadas de toda sorte) rezando.
o paraíso nós acabamos com ele e não foi por conta de cobra ou maçã. tampouco por quebra de costela. acabamos com ele na hora em que nos dissemos filho do dono, como aliás, continuamos a fazer em toda sorte de situações. filho do dono, filho da puta, eis o verbo.