Friday, March 30, 2007

enfim a legenda certa

beto guedes ressurge na televisão. é quase um choque. não pelos anos que lhe caem bem. principalmente quando os cabelos brancos são textutizados em prata, ajudados por sua voz, por tanto tempo tachada de taquara rachada, mas que com o passar dos anos adquriu o timbre de instrumento raro, e tão caro a ouvidos afastados de melodias muito bem compostas. o choque, é pelo escuro nos dentes do beto, e pela ausência sensível de alguns deles no lado esquerdo do rosto. algo que desaparece quando, repito, os cabelos ainda longos recebem luz e emanam o som que é o sal da terra.

de poucas músicas e poucas palavras, entremeia a entrevista passagens de seu show mais recente, onde velhos e novos amigos da música, engrandecem a sí e a eles, tocando desprensiosiamente a música que lhe cai bem. ainda mais depois de todos estes anos de decadência musical do país.

há muito tempo atrás meu nome foi parar ao lado de beto guedes e ronaldo bastos por um engano da "oficina" de um jornal de joão pessoa que montou num artigo meu, repleto de citações das canções do beto, figurando-me como parte autora do "quando entrar setembro e a boa nova".

daquelas coisas que muitos acham graça, outros dizem, aproveita para tirar onda, mais outros, quem sabe ainda comes alguém por conta disso, ondas dos anos 70/80. nunca me senti muito à vontade quando descobri, ficando amarelado tal qual o jornal que nem sei se ainda o tenho hoje.

ao ver beto assim, sem alguns dentes, descobri que agora somos quase comos parceiros. senão no mesmo lado da boca, e das canções, nas faltas que o tempo foi nos acrescentando sob a forma da perda de dentes, coisa muito além de mordida musical.

desta vez a legenda é verdadeira e não me incomoda, digo com um sorriso amarelo, mas cheio, que até me deu vontade de cantar algo sobre o fruto do trabalho que é mais que sagrado meu amor.

Monday, March 26, 2007

sem rescrever nada

já faz algum tempo não tenho conseguido escrever nada que julgue que preste. julgamente aliás muito suspeito, principalmente em relação ao que seja presto.
a coisa preocupa, novos e mestres, e não se enganem medíocres como eu, que costumam fazer beicinhos quando lhes é apontada tal condição sempre refutada de chofre ou por amuo cínico.
são tão famosas e falsas as crises de inspiração. mas lhes digo que sé é uma coisa que tenho de sobra é a tal da inspiração. agora talento que é bom, aí a já pega. é isso que paralisa ou emudece, a falta de talento, porque inspiração é como mato de estrada ribeirinha.
contudo, digo-lhes que começo a considerar algumas da minhas possibilidades e potencialidades. e chego a conclusão de que estou melhorando, o que pode ser uma esperança ou uma desgraça.
depois de quase uma semana sem ter o que escrever, continuo sem. mas sóbrio e no inicio do que se pode chamar de amadurecimento, continuo sem ter.
e escrevo sobre isso como se não escrevesse nada, que é o que na verdade o que fiz.
e que mesmo assim ainda precisa de muita correção, que é o que não fiz.
mas este é um estágio que ainda não alcancei. e que pelo vistos vai demorar.
azar o meu, ou seria o seu?
vou ser condescente, como fazem todos os medíocres, e dar por empatado o processo sem releituras ao reverso.

Friday, March 23, 2007

Thursday, March 22, 2007

terno insatisfeito

nem tenho tudo que amo
tampouco amo tudo o que tenho
mas podia ser pior
só não imagino como

Monday, March 19, 2007

andar com fé eu vou

nas estradas, além dos buracos, dos policias a pedir propinas, dos motoristas de fim se semana, dos imbecis dos importados, das carretas e do ônibus assassinos, os próprios. de plantão mais eficientes do que a própria polícia rodoviária, muito melhor armados de tudo para todos;

nos céus, além dos raios, dos vácuos, das tempestades eletromagnéticas, das dores de barriga e de corno mal curadas de comissárias, comandantes e pilotos, o esfacelamento pelo esgotamento da mais relés dignidade em terra sob a conivência das ditas autoridades do céu que permitem que companhias aéreas ignoram os princípios, leis, regulamentos, que hipoteticamente aplicar-se-iam ao permissionamento à prestação de serviços; já não bastasse, os taxis, as vans, os traficantes e as putas que nos carregam de mala e cuia a peso de verdadeiros assaltos, qualquer aeroporto, quanto maior mais maior de grande o descalabro, vide tom jobim e o bagulho de são paulo, graças a nossa demência de querer contrariar a lei da gravidade embalados pela publicidade que dá asas ao ladrão;

nos bancos, além das filas, das taxas, dos assaltos,das balas perdidas, tomamos com os extratos onde as taxas nos sequelam mostrando que a agiotagem oficial é tão perniciosa quanto a dos endereços soturnos, com a diferença que nestas só caimos se lá formos, não se discutem os motivos, e há que se louvar que seus seguranças são tremendamente mais eficientes, tanto que nem polícia, milícia ou traficante, quando não eles os donos do negócio, se metem a besta, coisa só intentada por dementes encorajados pelo desespero tão paroxístico quanto a exploração a lhes ser submetida;

nos serviços de saúde, movidos a plano ou não, o plano é nos matar lentamente, mas não tão lentamente se o caso é o aumento das taxas imunes a da taxa de infecção, abandono, desprezo movida por comércios outros. neste caso decidem aleatoriamente falência múltipla dos orgão após a síncope provocada; neste caso também os orgãos dito oficiais que deveriam se responsabilizar pela zelo as nossas contribuições do inss jazem putrefatos em geladeiras d´outros imls, mas não seus dirigentes que abstendo-se ao desespero de necessitantes de transplantes cospem fígados de criancinhas na figura de arrotos de caviar;

nas cidades engalfinham-se prédios e favelas na luta pela posse da paisagem, em comum tem o financiamento pelo tráfico que lava os olhos da arquitetura nos lodo das fezes esgotadas morro abaixo e que confundimos como nosso olhar detergênicamente hipócrita e racista que atribui a pobre negrada a culpa de tudo em que não metemos a mão pois achamos sempre que a merda que fazemos é perfume enquanto a dos outros não, principalmente, e determinantemente, se a coisa vem de pobre, preto e favelado(onde você guarda o seu racismo? de preferência na cobertura ou no mínimo acima do décimo andar, of course or of course not?

a nossa polícia, não a cúpula, mas a rafaméia que chamamos de meganha, e que durante bom tempo, e bom tempo ainda o fará, acostumada a barbarizar e violentar a vida de quem só lhes quis por perto quando nunca a teve porque era preciso e seu dever, servir e proteger, recebe na carne a bala de fuzil que tantas vezes meteu em quem não devia. deve por isso mesmo agora estar pagando conta devida mas que chega por ironia a muita gente que não figurava na caderneta, assim como os que não deviam e que por ela foram cobrados até a morte, quando não da miséria de ver perdida sua decência numa revista onde páginas brancas se tornaram negras ou sangue espirrado pra parede ou mijado no mato qualquer do baldio onde se engallfinham as diversas formas de polícia que desceram da viatura para muito abaixo da linha sem volta;

na amazônia já vai lá na frente a inanição do nosso pulmão, da nossa caixa dágua, da nossa mata repleta de cura e maladie à mistura, cujo desequilíbrio está fumaçando bem no alto do nosso cucuruto que visto até do espaço causa espanto a nossa indiferença que põe por terra à moto-serra o nosso de há muito ignorado chamado instinto de sobrevivência;


na educação, a grande arma para derrotar a escumalha nacional dominante, e dar ao homem e mulher brasileiros a glande e o clitóris que lhes foram estirpados ainda fetos, estamos realizando um feito que entra cu adentro nos anais do esfacelamento e a deformação de um povo que consegue chegar diplomado a universidade como o mais puro analfabetismo funcional que se tem conhecimento na história; não consegue entender nem operacionalizar aquilo que lê, portanto incapaz de tornar-se um ser completo na exatidão das palavras que o decantam enquanto maravilha de deus, capaz de discenir que o falso como o não falso são um momento do verdadeiro genocídio que se verifica hoje no brasil, torniquete que a título de salvação, grangrena uma nação comandanda por um torneiro mecânico que se orgulha de ter chegado ao poder de não poder mais e que por conta disso mesmo anda podendo todo mundo que está abaixo do alquebrado da miséria com seus anzóis de iscas circunstanciais que esfolam as guelras infra-estruturais usurpando-lhes o tino de subir contra a corrente que lhes quer eternamente sardinhas em lata;

enquanto isso milhões e milhões de brasileiros, de centena e meia ou mais, resolve que é hora de meditar, de ler paulo coelho, de se descobrir espiritualmente, de revigorar o catolicismo estendendo tapetes vermelhos a quem nos mantém em eterno estado de genuflexão e jejum, sem nos dar nada mais que óstia para matar a nossa fome de tripas e de justiça regado a um vinho que é sim o nosso sangue que lhes abastece o rega-bofes.

ou seja, vão ter fé assim na puta que os pariu!

Sunday, March 18, 2007

o café do manicure

acordei com enorme vontade de escrever, não sei coisas belas ou ruins, alguém se importa quando simplesmente quer escrever ? importa se de do lado de lá enbevecidos de merda ou tarados de quinta galinha ? deitam-se os pensamentos sobre as teclas como quem anda na praia de iracema e pronto. fez-se o ponto, fez-se o conto.

passo pela praia de nome de mulher, hoje tão vilipendiada e prostituida. é nela que quero morar com minha família dando vazo a minha paixão pelo sem volta e pelo azo ao que me cerca. sim, minha família é a minha mulher e quinze cachorros que nos tem como seus. um jipe velho com nome de bicho, também desprezado, jeg; outro que foi um marco da teimosia nacional, que suporta o presente do fim de semana de um tipo de saudosista que acentua o sentimento na base do barro, pedra e lama. gurgel e mais outro, que a exceção do motor, foi cópia de automóvel inglês sem complexo a ponto de aceitarem o mp lafer como mais bonito do que o morris garage(mg). junta-se a estes membros, bem fudidinhos diga-se de paisagem, alguns instrumentos, livros e discos e alguns quadros que complementam a herança que deixarei para algum ladrão ou fiscal de renda. o que dá no mesmo, sublinho à la thoreau, mas preferível a qualquer parente distante que nesta hora sempre se torna perigosamente próximo na "vorácia" de qualquer dindin.

na praia poluida pombos catam areia na busca de diamantes. eu, na impossibilidade de bicar seja o que for, rôo as unhas, alimento a escrita por hoje a tarde.

findo o trabalho, sem sangue nos dedos, nem cutículas a mostra, só tenho certeza de uma coisa neste momento. unhas bem roídas, para mim cortadas. sequer uma mancha de mentira.

os pombos acham pipoca e desfazem sua procura em rasantes para as pipocas dos mais adiantes. eu apenasmente abro as asas e me ponho no mesmo lugar.

roi-me a fímbria da fome de consoantes inalteradas em meu olhar.

a frase feita dita o fim do período com ponto que despedaça a possibilidade da vírgula.

no cuba do habanera, café não se melindra a atividade capitalista precursora, a prostituição, tão vazada aqui como em cuba, um retrato lembra-me o fidel de korda, mais conhecido por ganhar puto nenhum pela foto de che e de quem achei um livro mais que belo num shopping decadente em botafogo o ano passado.

dos livros que não abri, dos livros que não fechei, nem capa nem contracapa.

sou sem preço, sem etiqueta. mas vou bem com um café como poucos.

Friday, March 16, 2007

não receba spans nem de você mesmo


internet é tão bão. a gente também acha.
mas a extrema facilidade com que você acha, recebe ou devolve, imbecilidades(espero que esta não seja mais uma) dá-me saudades das formalidades das comunicações "mais distantes", principalmente em questões extremas,
cada vez mais há gente na internet sem saber exatamente o que fazer com ela afirmou um expert ao referir-se sobre o ponto de vista profissional - mas pessoalmente a coisa anda também assim.
o famigerado spam é a preocupação de todos. dos executivos aos desocupandos e aos executantes como eu. mas o pior do que o spam, é o toc-toc dos amigos pra lá de amigáveis.haja saco!
interneticamente falando não os tenho muito, pra alguma coisa há de servir o meu feitio arisco. mas os poucos que tenho, ou que julgam que são, me chateiam, com o envio de toda sorte de notas, comentários, piadas, citações, referências, ufa! que gente de imaginação fértil.
é assim uma espécie de spam para o qual não há filtro, só decapitação ou exílio na sibéria, coisa que agora não nos coloca mais a salvo deste tipo de gente, aprendi depois que cometi a besteira de abastar me perfil no orkut.
assim cansado, resolvi enviar coisas para mim mesmo, para ver se abro o mail e dou de cara com algumas coisa mais inteligente e proveitosa do que o mais do mesmo de sempre.
confesso que nem eu acerto. mas tenho procurado melhorar o nível, principalmente naqueles sites que permitem enviar a nota ao amigo. e envio a mim mesmo e aí não tenho o que reclamar. condescendente comigo mesmo, qualifico-me com dentro da média aceitável de spans.
porém, algo de grave está para acontecer nesta minha preparação para a ermitandade: o fato de que cada vez tenho gostado mais de corresponder-me comigo.
periga eu me apaixonar por mim mesmo. vai que marco encontro? mesmo sabendo que vou me decepcionar horrores?
sabe do que mais? por via das dúvidas? ando pensando em deletar-me também.

p.s. a ilustração é do arthur de carvalho, que você encontra na web na carta maior. ela foi miseravelmente arrancada de lá por mim, tal como outra, publicada anteriormente, o que só mostra que a coisa contamina a começar pelo que não se deve.

Thursday, March 15, 2007

pour elise ou mar do japão

loyds bar e bar do sumé. e claro, o pontal. onde meus olhinhos de agulha procuravam algo mais na prancha das bodyboarders. nunca fui além dos limites da zona, nem dos quintais do casario operário. coisas do mar e do porto, vista assim, só o transporte para o outro lado, lado de lá onde a memória perdeu o nome. tempo em que comer baleias tinha outro significado.

cabedelo era o polvo comido no loyds, com um pirão amarelo oiro, e um arroz dispensável. era a pedida. entremeando o peixe aos molhos nos fins de tarde começo de noite de tomate e camarão. bom de pirão, arroz dispensável, peixe de folia, assim era o loyds. e olhe que nem gostava de polvo. mas gostava de sair de manaira, no contra o fluxo, e quase anoitecer em cabedelo ainda cedo, atendido pelo velho marinheiro e sua filha, que ví crescer a custa de braços e braços de polvos mortos. quase me sentia comandante, ainda mais quando colocava a mesa no tombadilho, opps! na calçada estufada, na base da castanheira.

sumé era a glória. predador eu era habituê, sedento de caldinhos e outros líquidos, perdi a conta de quantos moluscos, mariscos e outras especialidades em molho absorvi mandando às favas o sentimento ecológico. gozo maior ainda quando ia de bicicleta. de manhã bem cedinho, cátia de frança aos estilhaços no meios dos cornos buzinando canto das araras da sua kukukaya que reencontro em fortaleza sob a forma de um bar musical que virou casa show crescendo que foi enquanto cátia descresceu, sumindo no sesc, ainda que pense se tornar xamã. maresia tanta que até já cheguei a achar cátia bonita, meio tarado, meio platônico musical. vá lá, coisa do tempo dos lps, outro furos, outras baladas, outros sons, outras jornadas, outras cabeçadas, música também por baixo de outras peles.

coisas do mal? estar do súbito? sumé pegou fogo. o bar, não a pessoa. maldade, inveja, briga de amor, vandalismo? muita palha de coqueiro queimando, toco de pau arriado. mulher bonita, nego safado, rachou o bar que tantos os unia, que nos unia a cabedelo. sumé mudou pro lado. abriu outro que não era a mesma coisa. nem bar de cá, nem bar de lá. de cá, ultimas vezes quase mordo um rabo de sereia que escondeu-me um baiacu anos e anos por trás de um cu doce que maduro me chegou bem de fininho depois de anos e anos crescendo em torno de sí mesma rabo de pavão. era tarde. se não moréia, peixe pedra. eu já na dieta de outras águas, deixei passar na areia o rabo que o tempo comeu por mim, gosto de água de coco que sempre que a vejo pede canudinho mas sabe passada.

botaram montes de piche na areia do pontal, tão altos quanto os depósitos de combustível do porto. soturna presença que rememora a queimada do teto do bar do sumé. a menina do loyds cresceu e ficou feia de doer. cara do pai, ficou travada como quem tem filha na zona. fui ficando gordo, afundando as pranchas como baleia, tanto sem memória que encalhei noutras praias.

de cabedelo resta a placa que diz ser ponto zero da transamazônica descambo de uma geografia que não entende quem não saiu e quem não chegou.

deste solstício lambedor, sabe-me bem saber que cabedelo ainda guarda no ventre gente que vai até ela de ônibus lendo rainer maria rilke.

sumé me perguntaria - tal qual se lisboa ficava no oriente - esse gringo é das europa do japão ?

p.s. cabedelo é cidade com nome de ponto da praia que abriga o porto na contiguidade de joão pessoa.

Monday, March 12, 2007

copo ou seria colo vazio?

a moça branca de pele branca e de vestido azul é daquelas cujo gênio a faz insuportável ao tempo que desejável.
não se sabe se os homens sentem mais por ela o desejo carnal ou o desejo moral, de dobrar-lhe o feitio, ou os dois, provavelmente.
muitos sentiriam um enorme prazer de comê-la, não isto em sí, mas sim por ter-lhe dobrado, mesmo que isto não signifique ter-lhe ido ao cu, curvatura mais do que simbólica no fecho de um situação de dobragem à postura.
diz-se que é muito mais a coisa simbólica, de dominar, ou conquistar, do que o prazer que a relação caberia em sí. principalmente para aqueles que triunfariam a contar o feito, mal-feito ou não sempre bem feito para quem o faz.
nada dá mais prazer, dizem, do que pegar uma cu doce e a fazer apaixonar-se. ainda mais se começa pela piada nunca insulínica do eu não sou diabético.
a moça branca tem problemas, mas quem não os tem. tenho-o eu, tens tu, tem o mundo.
o problema é que avesso a esta busca de avessos, a moça branca veio justamente se engraçar de mim, que respondo à altura seus defeitos e seus fraeados de choque. ainda que não queira engraçar-me pela moça branca que não estou aqui para brincadeiras, muito menos para coisas que podem se tornar sérias demais.
a moça branca aproxima-se e me dá um selinho e espera recíprocas que de há muito não as tenho.
o que tenho, e que já não é muito, já não mais me pertence, entregue que estou a outra moça que não seja a moça branca.
nem por isso deixo de admirar a moça branca. nem de confessar que talvez, quem sabe, outra oportunidade, outra moral da história, até quem sabe. vida só tenho esta, tá ficando pequenininha, e dela não me arrisco esticadas a ser o que não sou, o que também não resolve muito o problema de quem espera o que não vai acontecer, por lucidez ou loucura às avessas minha.
a moça branca não entende e espuma como cerveja que não beberei.
mas faço-lhe um brinde à seco em nome do meu amor por outra que embriaga a tal ponto no seu colarinho.

Sunday, March 11, 2007

problemão, que juntos dos outros é pinto


o grande problema dos homens e das mulheres, por extensão? da humanidade? é que não se pode amar tudo e a todos ao mesmo tempo agora.

e todo mundo deseja isso, muito emboramente sempre no papel de amante e não de mais um ou uma amado da silva. se bem que existam tardos que sonham em ser amados por todos o que é pior do que reza braba.

agora odiar, há quem diga que pode.

mas que sentimentozinho mais besta sô. se você pode fazer o mesmo estrago amando?

experimenta agorinha mesmo sair por ai amando e sendo amado por todos.

concluo que o amor não resiste a mais ínfima suruba. e que é o mais mesquinho dos sentimentos. do qual não escapa nem mesmo o tal dito amor filial ou materno.
e que tal mesquinharia pode atacar até a quem ama a sí mesmo caso tenha personalidade dupla ou múltipla, e arriscaria dizer que nem isso é preciso.
basta você amar mais de uma coisa em sí e tudo já estará derrotado.
o amor então é uma questão de foco da maneira mais desfocada que você possa reter ou expressar.
dizem que estamos em crise por falta de amor. sinceramente, acho que é justamente ao contrário.
por trás de cada sentimento dito assassino, ele está lá movendo de homens bombas a mártires tresloucados. da dona de casa pacífica subitamente selvagem ao selvagem que vacila e morre por ter um lapso de sentimento.
sei, sei que me dirá que isso não é amor verdadeiro, que o amor verdadeiro em nada se parece com tudo que vemos, sentimos ou dizemos que é amor.
mas pelo amor de deus(a frase mais usada para expressar o desamor) tenham santa paciência. de um ou jeito ou de outro já fomos, estamos e seremos condenados em nome do amor.
por falta dele ou excesso. da sua compreensão e incompreensão.
que tal se o mundo amanhecesse sem amor?
restaria uma possibilidade de acordar em paz, conosco, com o vizinho, com o país inimigo, com o cachorro que chutamos na rua para proteger os nossos filhos do seu focinho mesmo que seja da associação do amor aos animais.
a questão não se trata mais de dar uma chance ao amor. quem faz isso geralmente comete a maior cagada e dela se arrepende por toda uma vida, aliás, que coisa mais rastejante, cagar por amor. a questão agora é dar uma chance a ausência dele, desta busca asfixiante, desta hipocrisia desmesurada que nos leva no bico o veneno com o qual alimentamos a prole e o desatino das gerações futuras.
a nossa cruz não é a falta do amor. ele é que é o cravo que transforma a história em novela.



Tuesday, March 06, 2007

babel

no fundo todos queremos dizer a mesma coisa.
mas todos queremos dizer a mesma coisa de maneira diferente.
ai começa a confusão.
contudo, se dissermos as coisas da mesma maneira sentimos - e somos sentidos - como quase mudos, como ecos, como secos e molhados, como descartáveis, como incapazes de nos fazer ouvir sem aquele dar de ombros ou bocejos que nos fazem rastejantes.
necessários mudos, descartáveis falantes.
falantes mudos, descartáveis necessários.
eu hoje encontrei alguém que simplesmente queria fazer-se ouvir e me disse isso com um último suspiro.

Thursday, March 01, 2007

aprendizados

está na moda, na ordem do dia, nas anotações de pé de página, nos risques e rabisques do céu e da terra(por quê sempre esquecem os oceanos?).

o aprendizado(cê sabe que tipo de aprendizado estou querendo dizer) é o novo maná da auto-ajuda da mea culpa dos pecados do dito ainda não completo crescimento espiritual ou profissional enganador de sí mesmo em ares de preces à humildade esculpida no discurso lambido a dedo.

súbito a maioria de nós encontra-se numa fase de aprendizado. aquele aprendizado dito assim quase soando franciscanamente mas com um ar de pretensão que faz o mais brilhante dos mortais se sentir um néscio.

a turma do aprendizado, costuma agregar o termo as conquistas que decidamente aprendizes não o fariam. ganhou o oscar, sim, claro, mas estou numa fase de aprendizado, ganhou o grand-prix de cannes ou do sabor pizza-pasta? sabe como é, esta carreira é de um eterno aprendizado, ganhou o pulitzer ou sei lá sabe-se o quê, bbb que seja, exdrúxulo ou enfronhado de verdadeira impôrtancia, e lá vem o discurso do aprendizado sobre o aprendizado. cacete! deve ser por isto que a humanidade cada vez mais torna-se este bando de bestas(não me refiro as animais, que já aprenderam tudo que lhes é necessário)porque nunca aprende realmente porra nenhuma. só a repetir os mesmos erros, baseados no fato de que, sabe como é, estamos em fase de aprendizado, e isso leva muito mais que uma vida, leva uma geração. mas caralho! já são centenas de gerações pra não dizer milhares ou muito mais que milhões?

quero-me fora desta. eu estou naquela fase que estou farto de aprendizados. inclusive sobre como dizer que estou num aprendizado sobre como me fartei disto.

sabe como é: é muito difícil o aprendizado do não aprendizado sobre o aprendizado. mas eu chego lá. deixem só eu passar esta minha fase de, de, aprendizado?