Monday, November 08, 2021

das gentes sem

quem precisa, quem necessita de gente?  quando se está rodeado de livros? estou de estantes - estanque as gentes - de livros, revistas, folhetos, enciclopédias desditas e mais um monte de paginas soltas, que não se sabe se a procura de encaixe ou livres como nunca? tal como eu? tiquinho afetado, não diria dandi, apontaria a taça semipreenchida com algum tinto francês de renome para compor o parágrafo. mas se quero os livros, mais do que as gentes, é para aprender a não mentir. ou melhor, mentir como ficção, para cutucar a verdade que se esconde mata hari em outras vidas que jamais chegarão as prateleiras, a não ser como dados estatísticos ou manchete já natimorta de crime vulgar com violência amplificada. jamais serão sonetos, poema ou romance, mas talvez crônica, que as crônicas apiedam-se dos desvalidos, desgraçados, das crianças e até dos medíocres.                                                      como disse, pra não mentir, a taça semipreenchida com refresco de goiaba tirada no quintal e onde tapurus também se escondem de gente. não foi dessa vez. eles deviam estar entre os livros. como eu. porque os livros estão em mim mesmo que eu não me lembre deles, ou de títulos, orelhas, conteúdo, ou das tatuagens das minhas mãos que os umedeceram folheando. os livros me fizeram o que sou. grande coisa? bom, imagine sem os livros. só com as gentes? quem precisa de livros? os tapurus; seria a resposta mais certa. mas as gentes dizem que não. os livros, nem que sim nem que não. eu, não  digo. leia se puder. mas não espere explicações no pé de página.