Friday, January 24, 2014

abalar é isso e não aquilo que leva as pessoas a dizer que estão abalando






" o escritor desestabiliza o leitor, procura fazer com que ele não tenha seus anseios atendidos - pelo contrário, faz com que tenha suas certezas abaladas. é isso que qualquer arte digna do nome faz: destrói certezas, abre outras possibilidades " - elvira vigna


Friday, January 17, 2014

iogurte é cultura ou seja: garantia de merda certa

sob lacre de embalagem catita de iogurte sabor-nem-sim-nem-não, deparo-me com o seguinte texto: "sabia que os intestinos tem cem milhões de neurônios? e que por isso são chamados de o segundo cérebro"?

minha nossa! - intervalo para dizer que chapei de imediato e não, não me caguei, eu disse chapei - esta informação mudou a minha percepção da vida.

já tinha uma certa desconfiança de que para fazer merda era necessário um certo esforço e uma refinada elaboração ao contrário do que possa parecer de que fazer merda é fácil, tamanha quantidade e, sim senhor, falta de qualidade. isto posto, passamos a ter o conhecimento de que não devemos pensar que produzir merda é algo assim que se faça sem compromisso e concentração. não senhor. já sabemos agora que exige muito neurônio e um longo caminho, o que antes aprendíamos ainda na escola frequentada de calças curtas.

a minha visão de mundo - a tal da weltanschauung, diria eu,utilizando,creio nem uma fração incapaz de melar a cueca dos tais neurônios - metamorfoseia-se agora de forma quase radical. tive uma cólica dos sentidos. creio que devo fazer uma mea culpa por ter despejado tantos impropérios em todos aqueles que julguei produzir merda, seja na minha atividade - jornalismo e publicidade, resumidamente - seja naqueles campos em que meto o bedelho e, consequentemente, onde também escapole, de vez em quando, alguma diarreia para além da verbal/conceitual. 

se levasse ao pé da letra, em vez do desprezo, teria agora o respeito; em vez do dar de ombros, eis o ombro amigo; em vez da implacável mania de assepsia estética, a aposentadoria definitiva dos conceitos rebuscados de equilíbrio, proporcionalidade e harmonia, enfim da formação do bom-gosto. tudo em nome a veneração dos tais cem milhões de neurônios confirmados e confinados à tal produção de elemento tão culturalmente importante e que pode ser visto, ouvido, sentido, comido ou estocado, neste brasil onde certamente, por baixo, são cerca de duzentos milhões de cérebros(imagine isto multiplicado pela quantidade de neurônios do intestino) a consumir/produzir/consumir, uma infinidade de merda tal a começar do tal iogurte. 

mas como não levarei ao pé da letra - nem fodendo - adeus iogurte; com sua produção de falsa cultura lacto-bacilar, cuja única função é coibir ou embromar a percepção do que vem depois da abertura da embalagem: uma quantidade de conservantes, espessantes, e demais co-atuantes que ao fim e ao cabo acabam por dar um nó em nossos neurônios. os tais e os demais.

que venha então, e salve, a coalhada caseira. sem sustos e sem embalagens subliminares. sem esquecer do detalhe, de que tem de ser feita do leite produzido no estábulo ou vacaria, de vacas que pastam sem hormônios, que matam moscas com chibatadas de quebrar munhecas e que vivem e nos dão a consciência e consistência de um mundo que, este sim, torna-se-á mais saudável na medida em que aprendemos consistentemente que merda é merda. e que seu cheiro, tão peculiar e natural, assim o é, para que não engane ninguém. ao contrário do iogurte industrializado, onde cem milhões de neurônios são colocados ao serviço de engalobar 86 bilhões dos que pensam que tem cabeça ao consumir tal produto.

neste caso, toda a merda - a consumida e expelida - vem dai ou ai desemboca.

Tuesday, January 14, 2014

i´m a believer


acredite! você vai fazer muito mais merda ou grandes merdas quando estiver por cima e sóbrio do que quando estiver por baixo e confuso. isso se já não fez uma merda daquelas. 

mas neste caso não se preocupe. é o tipo de situação que se repete, indefinidamente e, ao que parece, cada vez mais e mais, desde o começo da nossa pretensa humanidade.

Friday, January 10, 2014

organza






" aqui eu moro sozinho, não tenho vizinho, até aqui não tem caminho.
aqui eu vivo isolado, e muito bem obrigado,não quero ser perturbado.
aqui eu passo tranquilo, longe de tudo aquilo que nunca fez meu estilo, se alguém morar pra estes lados o que eu quero é não ser importunado".
(matanza, a menor paciência pra isso, no cd/vinil odiosa natureza humana)







já faz tempo. deixei de me preocupar com o que pensam as gentes. sobre mim ou sobre as gentes. se dúvidas haviam, facebooks, e seus comentários, idem demais redes sociais, donde a estupidez, a velhacaria, a tonteria, a filhadaputice torneada, esborra até os portais, metidos a sério mas assumidamente idiotas ou idiotas assumindo-se a sério, estirparam qualquer delas. nem preciso das barbaridades enciclopédicas que a história registra sobre a vilania e maldades humanas ou da mais rasa chamada de telejornal plim-plim.

a tarja humana não me interessa mais. de há muito, apenas, animais; e garanto-lhes que a rima não é proposital, sem necessidade da natureza noves fora.

isso não quer dizer que agora vá abraçar os dragões de komodo e vivê-los à bitocas. ou que passe a desprezar por completo os rabos das loiras e morenas com cabeças de lagartixa. buracos sempre são mais embaixo. mas os estragos são sempre mais em cima. isto é o ser humano, eternamente corcunda.

aliás, nem posso dizer que gente é pra se foder e só. porque gente se fode sozinha até não mais poder. eis a questão, puída da palavras chave: poder-foder, ou vice-versa. 

gatos roronando, cachorros abanando o rabo, jegues zurrando, cabritos berrando, canto das minhocas que seja. até eu surfando ao cantar cabe. no meu quintal mental a confusão tende a se complementar. e com sorte até me sentirei como aqueles que nunca ficaram em gaiolas.

talvez por querer ter sido tão humano eu finalmente tenha me tornado um completo animal. mas nunca de estimação com suas baixas auto-estimas.

*http://www.youtube.com/watch?v=vFAAITsk1uk (para o post ficar mais divertido)


Friday, January 03, 2014

sem resposta

pra trás gentes sem resposta. tal como fiquei dias, meses, anos, décadas, vidas de também ou talvez isso já não importa.

quem disso tudo faça poesia ou remoa em azia crônica de boa ou má qualidade há. em folga equivocada não me dá o tempo essa sensibilidade. 

o que me assunta, é tanto de gente, pouca que seja, que se encontra e se dispersa e não se desperta perguntinha micha que fosse, pois algo me diz que lá isso das não perguntas é o que nos define como parte das gentes sem respostas.