Friday, August 31, 2007

morte ao barroco

pesquisas dizem que a gordura acumulada no abdômem, a popular e indecorosa barriguinha, é uma sentença de morte, premonitora de crõnicas de õbitos anunciados por acidentes cardiovasculares.
caminho pelas ruas e vejo dezenas, centenas de vivos-mortos(caminhar nestes casos não adianta muito).
olho-me no espelho, e vejo um um futuro morto-vivo.

Thursday, August 30, 2007

contra-senso

os homens sábios falam baixinho. os mais sábios ainda não os escutam. a ignorância é sempre grita de mal ouvidos. mas o silêncio não é sábio. é surdo.

Wednesday, August 29, 2007

devolvam-me pelo menos as sete vidas dos gatos


gatos tem sete vidas, gato preto dá azar. adultos gostam de contar e inventar histórias. gato dá asma, gatos matam por toxoplasmose, meia verdade, e portanto, outra de suas histórias. olhos de gato, pelo de gatos.

gatos foram trucidados - continuam - como lôbos, na idade média, a idade dita obscura, segundo alguns clarividentes, obscurantismo daqueles, já que na idade média consquistas iluminadas foram encapadas a história da humanidade.
estou me lixando para ambos. para mim nenhuma idade é mais obscura do que a nossa, dita adulta, também da humanidade, onde tendo conhecimento de tudo, ou de quase tudo que a nossa ciência e vâ filosofia alcançaram, continuamos a espezinhar, a violentar, a trucidar, a praticar o genocídio escorados em todo o tipo de racionalismo, inclusive o relogioso(ou você ainda cai no conto que o fanatismo é algo de teor emocional irracional?)
mas que se lixem os homens que eu quero saber é dos gatos.

gatos tem sete vidas, gatos não caem de costas, gato são equilibristas, lorotas incandescentes no peito abruptamente esvaziado.

no telhado da minha casa "crio" gatos que aí foram se aninhando porque eu os alimento e cuido na medida dos afagos que lhes é possível fazer do alto da escada onde sempre temo desabar.

tragédias tem acontecido. dos gatos que mais gostava, um por um, de filhotes a adolescente e adultos, morreram subitamente de queda, susto motivada talvez por coices à vera ou de brincadeira(gatos quando brigam e brincam coiceam, se não sabe).

de filhotes três, de adolescentes, gatinha, ser iluminado que ao me ver subindo a escada ensaiava beijinhos dengosos e de tão delicados quase esquimós.

onde as sete vidas, se gatinha, caiu e rompeu o baço ou o figado(diz outra lorota que quanto mais alto mais o gato resiste a queda pois tem tempo de se virar)? caiu do telhado em cima de um murete de canteiro.

gatinha não teve. e de queda tão feia, desmaiada talvez, até tsu, o vira-lata que ensaia escalar paredes para pegar os gatos, e águia, a doberrmann que também os deseja, a deixaram em paz estatelada.

ainda viva, levada ao veterinário ainda a tardinha. radiografia e veterinaria diz que tudo bem, nada na coluna e nada de hemorragia interna. outra lorota.

na manhã seguinte fui buscá-la morta

meu telhado está vazio, restando apenas mother e little, o pequeno gato gigante que cresceu a custa da morte dos irmãos sugando tudo que o vazio dos irmãos deixou no peito de mother.

aprendi de um modo substancialmente doloroso e corrosivo que o maior dano que a humanidade faz é mentir as suas crianças descobrindo que não os gatos mas sim nós, eu, é que tenho sete vidas.

mas isto apenas me servirá para olhar para um telhado vazio de verdades.

Tuesday, August 28, 2007

adensadamente informático

no fundo no fundo nós temos a idéia de nós mesmos exatamente igual a que vendemos do nosso manuseio dos computadores.
fingimos que conhecemos todos os recursos mas não passamos dos dez por cento da nossa cabeça animal.
saiu do word, o ser humano crasha. ou por falta de memória ou de caráter.
neste ponto, computadores são mais confiáveis.
suas memórias não apresentam desculpas.

Monday, August 27, 2007

prática política ou quase pv do pt

sou sempre solidário com o o povo apesar do povo quase nunca ser solidário comigo.
mas sem intimidades por favor.

Saturday, August 25, 2007

klekleneana


pode acreditar. se você ou aquele a quem você admira não consegue escolher um bom sofá, não será capaz de fazer nada na vida com retidão.
há testes psicolológicos e cantarilhas sobre decifração de personalidades e potencialidades portentados sobre os mais variados metódos. esqueça! análise a personalidade de alguém pelo sofá que tem no living ou no quarto. mas não se exceda achando que por entrar na casa de alguém sem sofá ele não tenha personalidade. pode ser um excêntrico, um indeciso, alguém que o retirou do local para refazer as costuras.
o certo é que a maioria das pessoas que tem um mau sofá vive metendo-se a connaisseur. seja no pitaco ao rabo da vizinha, a análise dos números dos relatórios em questão. e com que empáfia disparam sobre tudo.

eu? claro que tenho um sofá. levei 22 anos para comprá-lo, desde a primeira vez que o ví. um "togo", designer premiado, preço salgado em shopping de decoração carioca, que veio a ser concretizado em terras de portugal, vindo de paris. um dos sofás mais copiados de todos os tempos, inclusive pelas tok-stoks da vida. belo, sem dúvida ele é. mas a ergonomia, é de praguejar. dez minutos em sua companhia, e você só não se arrepende pelo fato de tê-lo comprado pela beleza que nele se assenta. devo confessar que o sofá tem outras prestandades, por exemplo, para fazer sexo, não ví nada melhor ainda, incluindo o velho fusca, eleito para sempre o melhor carro para estropolias yogo-tântricas-sexuais. no togo, o velho apanhei o sabonete é insuperável, a julgar pelas caras e bocas certamente mais devidas ao sofá do que a minha performance, provam-lhe a unhas trincadas em suas extremidades,

mas peraí!? compramos um sofá para dar uma quecas(como se diz trepadas em portugal) e finda nisto a nossa escolha ? ou sim para nos regalarmos ao fim de um dia cansativo ou memorável. uma taça de vinho, steely dan de fundo, um repousar carinhoso e tranquilo da pessoa que amamos ou gostamos em nosso colo e ou vice-versa. apesar de estimular a criatividade o sofá deve-se a isto em seu míster.

que faça com o meu togo hoje em dia? sim, existe ainda, apesar de tomado de assalto pela minha dúzia e meia de vira-latas que mata de inveja a gata que dele nao se aproxima pois nenhum bom sofá resiste a unhas de uma gata, o que reacende-me um certo dilema moral que as unhas que alí já foram gravadas não eram de nenhuma gata.
uma peça d´arte, um design dito intemporal, e uma ruma de bichos semi-pulguentos e aspergidos de anti-carrapaticidas a disputar cada centímetro quadrado. isto é coisa que se faça com um sofá que se levou quase duas décadas e meia para se comprar a custo de uma alimentação de meia dúzia de famílias para o ano inteiro ?
como lhes disse, conhece-se muito bem uma pessoa pela sua escolha do sofá. agora diga mais você, pela escolha do uso que ele faz do sofá.
ultimamente, o meu foi retirado da sala, e está semi-mofado num quarto largado. a espera do meu discernimento sobre o que devo mesmo fazer com um sofá. certamente terei mais despreendimento na compra de um próximo, mas antes disso terei de passar no teste de onde vou metê-lo agora ou que uso farei do mesmo.

conhece-te a tí mesmo na escolha, compra e modo de usar de um sofá.
por falar nisso, está olhando ou sentado no seu agora?
ou já passou da fase do susto de não se reconhecer no sofá que lhe senta ?

Friday, August 24, 2007

o perfume

é muito fácil fazer as coisas como se deve. na verdade nem custa tanto. se há que fazer, faça uma vez só: faça bem-feito. contudo, principalmente na minha atividade, desenvolveu-se uma mentalidade que investe mais no discurso do que na prática.
na verdade todos os processos são conhecidos. há conhecimento dos problemas, e sabe-se, na grande maioria dos casos, o que deve ser feito para a solução.
mas parece que andam inventando desculpas para tudo. tudo é problema e o nada cristaliza-se, logo ele como solução. e traz à reboque a família inteira: a inércia, a esperteza desmedida, o atalho por debaixo da gaveta, a falta de sobriedade e o preço fácil com que se cede ante a mentira e a dissimulação.
a falta de verbas é sempre apresentada como o maior impecilho. depois. a administração de pessoas. pessoas são difícéis, você sabe.
mas nem uma coisa nem outra. o que falta para se fazer bem feito é um componente visceral a qualquer profissional que queira preservar sua auto-estima para além dos conselhos dos auto-ajudeiros de plantão.
falta vergonha na cara. falta o sentimento do vômito ante as manobras que fazemos no equivocado discurso da luta pela sobrevivência.
quem quer sobrevida?
a vida profissional não precisa dela. tá cheia disso. a existencial esfolia-nos e apodrece-nos antes de nos macular pelo cheiro.
amanhã tenho de dizer umas verdades a um cliente. qual mesmo o perfume que deverei usar neste dia. O de curtume ?

Thursday, August 23, 2007

proudhon

do jeito que as coisas andam vou acabar de deixando de ser honesto com as pessoas que não merecem
a coisa funciona assim: você tem princípios e elas não acreditam. quanto mais você reafirma com atitudes, mais elas pensam que você as está querendo trapacear. honestidade demais, sabe como é,.. desconfiam, coisa encenada, pra lá de bem ensaiada, convence justamente o contrário exatamente ser o que você é. não seja.
deve-se assim roubar um pouquinho, não o suficente que ofenda, não o suficente que não percebam(nada pior do que um ladrão deste tipo descobrir que é, ou que o acham, burro)
roube apenas o suficiente para que elas descubram e sorriam contentes em saber que você também é tão ladrão como elas. aí você vira um cara confiavel.
o produto do roubo você doa a alguma associação de caridade.
mas quem vai acreditar, já que você também não acredita nelas? que nada disso é roubo?

triste sina dos ladrões que tentam se mostrar honestos. idem, dos honestos que intentam ser ladrões, nem que fossem de corações.
afinal, a propriedade do que quer que seja não é um roubo? inclusive dele próprio?

Wednesday, August 22, 2007

se oriente seja qual for seu ocidente

aprendi duas lições recentemente contidas em dois enunciados: não se serve a dois senhores - nem se aceita ser servido por quem assim age - e, o que importa é a sua verdade.
mas calma, que não são estas as lições, até certo ponto óbvias.
as lições são justamente o contrário do que afirmam tais afirmações, o que também não é nada de novo.
a lição aprendida corresponde ainda que parcialmente as palavras contidas num livro escolhido para ser dado a um amigo cuja maior lição foi a de que, vá lá também, não era assim tão meu amigo, como pensei ou como ele dizia ou, estou de bons cornos hoje, até gostaria.
"a filosofia oriental resolve tudo.
meu irmão, não caia nessa".
pois é, o ocidente corrompe e o oriente também. e a maioria das pessoas nunca chegam a ser o que gostariam.
mas isso não é o pior. o pior é quando elas passam do ponto.

Monday, August 20, 2007

vingança de encher- ou esvaziar- a pança

mostre-se superior. deseje aos seus inimigos o maior sucesso possível, estava lá escrito num banheiro de rodoviária.

anotei e não fiz a limpeza do pensamento que cheira a banheiro também. mas há que o considerar, ainda mais tendo você conhecimento das suas fragilidades(dos inimigos e das suas, não se esqueça destes detalhes). soa chic e ainda vão dizer que você é uma pessoa do bem, em nada mesquinho.

sucesso tanto, os inimigos não vão conseguir suportá-lo e desabarão.
se você vai tirar partido disto ou não, aí já é outra conversa para vinganças mais profisionais.
eu, por enquanto, sou amador.

Friday, August 17, 2007

bad news good news

falo em amores, bons sentimentos, solidariedade, e a audiência cai.
falo em vingança, audiência dispara.
os que não morrem de amor por mim garantem a audiência dos que gostam lendo ou não lendo.
o interessante é que num caso e noutro não faço nada intencional para ser odiado ou ser amado.
apenas sou, coisa que nem isso eles conseguem ser, ao que parece.

Thursday, August 16, 2007

dessa água não beberei

não serei pai. nenhuma desdita aflita. consolo? não serei pai de nenhum filho da puta. isto me alivia a consciência.
tampouco avõ. desdobramentos e consequências em tom sépia.
há muitas coisas que sempre soube nunca iria fazer outras sequer imaginei. mas nenhuma delas daquelas que sempre soube nunca iria fazer.
é um instinto quase camelo. bebo antes, até coisas de sabor azedo, mas nunca o doce-amargo sempre disse nunca iria beber.
o ser humano tem uma sede que o faz morrer pela língua.
eu, peixe de outras águas, tenho sede de novos ares.
e de mortes diferentes.
dessa água não beberei ?

Tuesday, August 14, 2007

tekamaki

a vingança é um prato que se come frio mas com os talheres quentes -
nunca vi ninguém perdoador esbelto. por isso abaixo o regime do perdão. ando mesmo com uns quilinhos a mais.
a vingança emagrece. mas que não seja fora de propósito.
há que se ter propósitos elevados, para tudo, inclusive à vingança.
estou elevadíssimo de propósitos e completei com arroz pegado e macarrão papado para desespero do shushi man.

Sunday, August 12, 2007

a minha paciência está se esgotando

não é o tempo que está se esgotando. é a minha paciência. sim claro a minha vida e vida daqueles que gosto também. há coisas por fazer e coisas por priorizar, mas falta paciência para isto tudo também. paciência.
paciência também se tiver de morrer sem conseguir fazer nada do que pretendo.
dizem que os mortos são muito pacientes - alguns, mortos? discordam e talvez por não ter paciência alguma torram o saco dos vivos impacientes e amedrontam os pacientes medrosos.
paciência? bom a minha está se esgotando. a vida por enquanto não. paciência ?

Sunday, August 05, 2007

somos muitos num só mas apenas um faz o trabalho de todos

posts escasseados. vão continuar assim por mais uma ou duas semanas.
os outros que há em mim andam muito ocupados com suas tarefas sobrecarregadas. ser publicitário para além das mentiras que contamos sobre nós mesmos dá um trabalho danado quando se trabalha para fazer e não para parecer fazer o que resume-se apenas em pensar pra aparecer.
por isso ando desaparecido. estou trabalhando para aparecer novamente. mas noutro sentido, aquele que anda em contra-mão dos que querem nos ver desaparecidos.

por isso só vou aparecer de vem em quando. apareça você também mas não desapareça.