Saturday, August 25, 2007

klekleneana


pode acreditar. se você ou aquele a quem você admira não consegue escolher um bom sofá, não será capaz de fazer nada na vida com retidão.
há testes psicolológicos e cantarilhas sobre decifração de personalidades e potencialidades portentados sobre os mais variados metódos. esqueça! análise a personalidade de alguém pelo sofá que tem no living ou no quarto. mas não se exceda achando que por entrar na casa de alguém sem sofá ele não tenha personalidade. pode ser um excêntrico, um indeciso, alguém que o retirou do local para refazer as costuras.
o certo é que a maioria das pessoas que tem um mau sofá vive metendo-se a connaisseur. seja no pitaco ao rabo da vizinha, a análise dos números dos relatórios em questão. e com que empáfia disparam sobre tudo.

eu? claro que tenho um sofá. levei 22 anos para comprá-lo, desde a primeira vez que o ví. um "togo", designer premiado, preço salgado em shopping de decoração carioca, que veio a ser concretizado em terras de portugal, vindo de paris. um dos sofás mais copiados de todos os tempos, inclusive pelas tok-stoks da vida. belo, sem dúvida ele é. mas a ergonomia, é de praguejar. dez minutos em sua companhia, e você só não se arrepende pelo fato de tê-lo comprado pela beleza que nele se assenta. devo confessar que o sofá tem outras prestandades, por exemplo, para fazer sexo, não ví nada melhor ainda, incluindo o velho fusca, eleito para sempre o melhor carro para estropolias yogo-tântricas-sexuais. no togo, o velho apanhei o sabonete é insuperável, a julgar pelas caras e bocas certamente mais devidas ao sofá do que a minha performance, provam-lhe a unhas trincadas em suas extremidades,

mas peraí!? compramos um sofá para dar uma quecas(como se diz trepadas em portugal) e finda nisto a nossa escolha ? ou sim para nos regalarmos ao fim de um dia cansativo ou memorável. uma taça de vinho, steely dan de fundo, um repousar carinhoso e tranquilo da pessoa que amamos ou gostamos em nosso colo e ou vice-versa. apesar de estimular a criatividade o sofá deve-se a isto em seu míster.

que faça com o meu togo hoje em dia? sim, existe ainda, apesar de tomado de assalto pela minha dúzia e meia de vira-latas que mata de inveja a gata que dele nao se aproxima pois nenhum bom sofá resiste a unhas de uma gata, o que reacende-me um certo dilema moral que as unhas que alí já foram gravadas não eram de nenhuma gata.
uma peça d´arte, um design dito intemporal, e uma ruma de bichos semi-pulguentos e aspergidos de anti-carrapaticidas a disputar cada centímetro quadrado. isto é coisa que se faça com um sofá que se levou quase duas décadas e meia para se comprar a custo de uma alimentação de meia dúzia de famílias para o ano inteiro ?
como lhes disse, conhece-se muito bem uma pessoa pela sua escolha do sofá. agora diga mais você, pela escolha do uso que ele faz do sofá.
ultimamente, o meu foi retirado da sala, e está semi-mofado num quarto largado. a espera do meu discernimento sobre o que devo mesmo fazer com um sofá. certamente terei mais despreendimento na compra de um próximo, mas antes disso terei de passar no teste de onde vou metê-lo agora ou que uso farei do mesmo.

conhece-te a tí mesmo na escolha, compra e modo de usar de um sofá.
por falar nisso, está olhando ou sentado no seu agora?
ou já passou da fase do susto de não se reconhecer no sofá que lhe senta ?

No comments: