Sunday, December 31, 2006

calendarióscopo

e lá vamos nós fazer tudo de novo, alguns ainda mais iguaiszinhos do que antes

tinturaria

vestiu branco na passagem do ano mesmo sabendo que a coisa estava preta.

grill

e aí? 2006 foi um ano bem passado ou mal-passado?

Saturday, December 30, 2006

literalmente

sadan hussein acabou o ano com a corda no pescoço.

nossas baixas na guerra do iraque ou também nós de laços com a corda

pacientes brasileiros em tratamento de deficiências do sistema imunológico e doenças degenerativas como miastenia e esclerose múltipla, necessitam de hemoderivados, medicamentos fabricados a partir da industrialização do plasma do sangue humano.
a imunoglobulina é um dos mais importantes para a vida de milhares de pessoas no brasil que vivem a vida com a corda no pescoço.

nos últimos meses, começou a faltar imunoglobulina humana endovenosa nos hospitais brasileiros, inclusive no maior do país, o hospital das clínicas de são paulo.

principal exportador de plasma sangüíneo, os eua, suspendeu as vendas devido à uso cada vez maior desses medicamentos pelos soldados americanos que estão também com a corda no pescoço no iraque.

diz o ministério da saúde que possui estoques de emergência(acreditar em palavra de autoridade brasileira é como acreditar em promessa de papai noel de shopping) e que se a corda apertar(leia-se quando milhares de brasileiros se fuderem) a alternativa de curto prazo, seria busca no mercado outro fornecedor.

agora fique você ai terminando o ano com aquelas conversas do tipo não temos nada a ver com a guerra do iraque ou o brasil é um país abençoado pra lá de bagdá.

Friday, December 29, 2006

quase sérvia com muito monte negro

entre traficantes e milicias, sem contar a polícia, de quem nunca se sabe de que lado está, a segurança no rio vai depender do seu calibre ou da ausência dele. mas aí você já estará mortinho numa terra de garotinhos e rosinhas que agora vai ser descoberta pelo cabral ? (de novo não)

fogos de artifício

reveillon no rio é fogo. vão logo se acostumando com o trocadilho queimado.

Thursday, December 28, 2006

espetáculo de crescimento

no brasil o pavio curto já nasce em curto para abrilhantar o circuito.

antecipando o ano novo

lutamos tanto, para viver, não só exatamente, mas ainda pior do que os nossos pais.

quem vai segurar este rojão

milhões de rojões pipocam na passagem do ano.
nos resto do ano, outros milhões pipocarão também por conta do rojão.
mas este outro, pipocar-se-à, seguido por baque surdo, apos o rastilho ininterrupto do roncar da fome.
pólvora que vai se avolumando a cada ano que passa.

Wednesday, December 27, 2006

metal leve

paulo coelho é o bispo edir macedo da literatura.
josé mindlin
(originalmente publicado no senteapua.blogspot.com)

Monday, December 25, 2006

25 desembrulhado da ressaca celestial

as ruas vazias nas manhãs do feriado de natal lembram as caixas vazias dos presentes.

a ausência de tudo e de todos relembram o vazio da data. antes tão cheia de significados, e que agorinha mesmo abarrotam as latas de lixo com as sobras do que um dia já foi mais do que pretexto do simbólico.

resta um consolo? ao cair da noite, as latas de lixo estarão sendo remexidos pelas mesmas mãos ávidas dos restos que sem querer torna-se-ão presentes para encher outros sacos vazios que tudo aceitam sem por-se de pé.

a grita dos que tem fé é sempre abafada pelo ronco da fome que mastiga o papel laminado da ceia de natal dos poderosos, enxergando no reflexo do alumínio, um sinal celeste de um milagre em seu eterno renascimento para a cruz, que deles não se cansa, diariamente postos de mãos esticadas pelo seu deus.

e na noite de natal você enfiou o seu peru aonde?

I bihão de pessoas morre de fome atualmente.

o epicentro do natal deveria naturalmente ser a africa, o continente deste contigente catastrófico, para o qual, diz aquele, que é considerado um dos maiores economistas do mundo, jeffrey sachs, tem cura.

mas por acaso você ouviu ou viu uma linha , uma imagem sequer, sobre o natal em áfrica ? em suas preces, pensou preto alguma vezinha que seja sequer ?

o nosso natal é branco. sempre. cheio de neve, branca. mesmo onde não há, algodão, isopor ou máquinas fazem-na cair de verdade até. as cidades mostradas são brancas, repletas de luzes brancas, shopping brancos, gente branca. não há política de cotas para negros no natal, mais um detalhe, que não sei se lhe passou desapercebido.

de tanto branco ou com este branco todo, não temos um papai noel negro. consequentemente não temos um sorriso de criança negra a mostrar seus dentes, quando os tem, branquissimos mais até que a neve. de branco para elas, alguma coisa parecida com hospital, que lembra ao longe o tal branco.

em lugar do dito bom velhinho, milhões de crianças aidéticas veem a figura da foice a puxar-lhes o pé para a cova numa vida que nem um presente de um copo de água limpa enquanto semi-vivas.

e assim a idéia do natal com elas ainda mais negro do que a noite que se abate sobre seus olhos no que deveria ser a plenitude da vida. antes brancos, mas só por conta da mais desumana anemia. e que agora devem estar fazendo a festa de natal de algum verme ou animal de rapina.

nos asgares da sua agonia simplesmente faltou-lhes um hô, hô, hô, por falta de saco?

Sunday, December 24, 2006

morto a nascença

por todo o mundo que nos mostram os tele-jornais, milhões de lâmpadas disputam eletricamente a quantidade em sí, como objeto, objetivo, novo da festa.

as decorações natalinas brigam cada vez mais para ver quem brilha mais. quem tem mais. sabe-se lá o quê. desde de que seja mais. já que é pela quantidade de tudo que possa ser quantificado que se distinguem das demais que não querem ficar para trás. e que por isso mesmo fazem de tudo para ser mais nem que seja do menos.

no meio disso tudo, para além do menino jesus, no entanto, há uma quantidade que parece ter sido esquecida: a do briho, pequeno que seja, dos corações. cada vez mais artificializados por tanta fiação solta por aí.

não deixa de ser estranho e emblemático, que uma data originalmente marcada pela ausência de luzes e do luxo, a não ser, dizem, as estelares, não leve isso em consideração: toda pobreza de luz para a qual a simbologia da ausência remete, se verdadeira, deveria emanar de fontes naturais, onde nem pilha cabe.

mas, sinal dos tempos, devemos nos preparar, para próximos natais onde o brilho das estrelas será de néon, ou do armagedon. afinal, se jesus já estava morto ao chegar, que dizer de nós, em nossa sanha elétrica de oferendas em choque ?

Saturday, December 23, 2006

campanha pelo natal dos filmes de sonho numa globo sem fome

pede-se aos donos de locadoras, cinéfilos, altruístas de todas as bitolas que contribuam para o natal da globo. enviem-lhes o que quer que seja de filmes . vale tudo, até mesmo aquele estoque em vhs que as locadoras liquidam a 0,50.
ruim por ruim, pelo menos assim eles trarão um cheiro novo de mofo. algo que já não conseguem, tamanhos repetecos dos encalhes de agora exibidos. inclusive nos horários das sessões ditas nobres. para não falar do castigo aplicado na sessão da tarde.

a globo, quem diria, tá numa bulimia de títulos cujo estrago é pior que a mais grave anorexia.

Friday, December 22, 2006

faltou onda para a guerra santa

jihad, o mais novo campeão de surf brasilieiro, o primeiro surfista muçulmano, paranaense, filho de libaneses, foi barrado nos estados unidos e imediatamente deportado, por conta do nome que significa guerra santa, o que equivale em metáfora rasa, a tomar uma vaca em marola de lagoa.

a estupidez norte americana prova-se pior que os corais havaianos. pergunta-se: a embaixada brasileira vai fazer coisica de nada que seja ? hô,hô,hô.

cravo e canela ou melhor: uma no cravo outra na ferradura

marcello mastroianni. sem a menos sombra de dúvida, um ator para a história, além do cinema, imenso ao estrelar a simplicidade da vida.

homenagens e lembranças, nada mais justo. mas cabe um porém nesta montagem: em gabriela, por onde entrou por exigências irônicas da necessidade de um nome de peso, para tornar o filme mais comercial, de olho na exibição no mercado internacional, não amarrou o chinelo de armando bógus. este sim um nacib que deixou o mundo sem ver a sua estrêla brilhar no cinema como deveria ser seu papel em tudo superior a interpretação de marcelo, inclusive na química.

marcello, sendo o mastroianni que foi, aplaudiria de pé?


Thursday, December 21, 2006

ilarilariê

o tempo em sua inexorável passagem, sempre justa para a maioria, quase nunca injusta para alguns, vai fazendo justiça com as próprias mãos, ao moldar a nossa revelia a face do rosto de muita gente: inclusive o nosso. sempre mais cruel, mas como não midiático, apenas confesso ao espelho e aos pequenos sustos daqueles que já nos foram íntimos.

embora mais apegada a crianças do que michael jackson em seu complexo de xuxa pan, a baixinha dos rainhos, por obra e mérito das orações ao tempo, vai cada vez mais ficando parecida com a marlene matos(sem a inteligência desta) o que, convenhamos, é um figurino grotesco. ainda mais sonorizado com aquela vozinha que nem fudendo nos impede de fazer o comentário.

marlene, das duas a verdadeira loura má, sequer de longe imaginou o mal que esta criatura fez as nossas crianças. apesar da sua fundação como descargo de consciência, ao estabelecer os esticões aos cordões do títere.

neste natal ainda levamos com ela na sua minoridade represada para além da imaginação.

que os deuses então protejam a sasha. ou nos livre dela.

Wednesday, December 20, 2006

relendo lênin ( não confundam com lenine, se faz favor)

10 milhões de palavras escritas na prisão. mais uma frase isolada de lenin, resume a paçoca que é o presidente aldo rebelo: " arranhe um comunista e encontrarás um filisteu".

mísero de bilho intelectual e político, arremedo de latrina de homem público, fica-se a imaginar se o pc do b sobe ainda mais ao poder ou se toma o poder como sempre quis, principalmente pela mãos do carapau rabêlo.

operariado na merda e aldos em altos e impagáveis(impagáveis para a classe trabalhadora) salários seria o saldo da revolução dos bichos.

isto dito, esclareço, nem de direita, nem de esquerda dissidente( que é pior que direita ovalada).
tampouco de centro, que afunda o país em nome dos dois.

apenas um combatente político feijão com arroz com um certo molho dominical de burguesia no caldeirão.

Tuesday, December 19, 2006

páginas da vida paranorma

não é só o profeta que é um sensitivo que tudo premoniza ou vê.
em qualquer novela da globo o que tem de personagens que tem premonição ou intuição chega a ser paranormal, o que não é normal, nem em novela.
a toda hora tem gente recebendo comunicados sem fio, antes fossem do além como se fosse do aquém, até sobre falta de desodorante em manequim. mãe então, nem se fala. que é lugar comum. o tal instinto materno, que ultimamente tem ressucitado todas(sempre de branco) lotora que até as mães das mães duvidam.

ainda bem que tudo é novela. na vida real, se fosse assim, a gente não poderia mais nem soltar pum, que já tinham percebido antes do cheiro.

assim sendo, passo a sintonizar a emissora do bispo. porque lá a única premonição existente, e atualizada, restringe-se ao dízimo.

Monday, December 18, 2006

jovem guarda ou seria toc-toc?

a grande atração do especial do roberto carlos no fim de ano da globo, apesar da marisa e do jorge do bem, foi mesmo o mc marcinho e seu "família funk", o que só prova que roberto carlos continua o mesmo.
— mas como o mesmo, cara? o rei atacou de funk! não foi de sertanejo não!
— é por isso mesmo. m.c. leozinho está muito mas para wanderleia do que tati-quebra barraco para erasmo. sacou a diferença? ou seria indiferença?
a nobreza do marketing do rei não se mistura com as letras sujas de vida. das vidas com as quais a mundiça remela a visão do grande barraco da nobreza.

Sunday, December 17, 2006

Saturday, December 16, 2006

cantando no banheiro

o que parecia inimaginável está prestes a acontecer. um simples banho – que hoje já é uma prática de luxo, e negada para milhões de pessoas miséráveis – torna-se-à miseravelmente um dádiva para aqueles que nababaescamente por enquanto tomam banho até de champagne.

não deixa de ser ironia que estes, oferecerão garrafas de líquido tão precioso por um simples copo d´água, tornado agora, para eles, antes tão desprezado, mesmo que fosse perrier, agora mesmo que dá torneira, contendo em sí mesmo a preciosidade de um líquido a ser sorvido a cada borbulha como se fosse uma garrafa de champagne.

aquilo que parece absurdo, num planeta dois terços d´água, boa parte por sí só não potável, pouco a pouco vai avolumando-se em cheio como possibilidade de seca total para as nossas gargantas, limitadas a chumaços de algodão que engasgam-se com a não potabilidade por aquilo que nós mesmos fazemos(lançamos) dela.

ou seja o mundo esta prestes a fazer água justamente pela falta dela.

agora pergunte a sí mesmo se alguém anda derramando uma mínima lágrima que seja por isso ?

nós já secamos por dentro o que muito provavelmente nos leva a secar tudo por fora.

Friday, December 15, 2006

aumentei alguma coisa ?

91 por cento dos nossos parlamentares são uns filhos da puta de uns caras de pau que não só acreditam como tornam-se os próprios papais noéis de sí própios nestes tempos onde a miséria alheia vota cada vez mais na mesma proporção com que eles arrancam dos seus filhos a possibilidade do futuro.

Thursday, December 14, 2006

contra-cheque

que estado o estado dos ministros de estado do brasil, segundo o waldir que andou passando o pires diante dos parlamentares.
segundo o próprio não chega a seis mil o seu salário.
com perdão do trocadilho(mais um) sem defesa ministro.
pelas trapalhadas que anda fazendo ou acobertando deveria é ter mais descontos. ou, melhor dizendo, nenhum desconto a menos pelo que já está ganhando demais.
(e que alguém dê um para-quedas a este ministro que ele já está em parafuso faz tempo. mas pera aí. dê não que ele já assumiu este ministério de para-quedas mesmo)

estatística redentora

a classe média, aquela que se diz sustenta e faz um país - por exemplo deu sustentação ao golpe militar de 64(golpe não revolução como pregou o pensamento médio) - perdeu 46% dos seus rendimentos, o que leva a seguinte consideração: metade da média é igual a metade da metade da metade, o que é quase igual a zero. ou seja: a classe média nunca teve tão na merda, o que leva a outra conclusão: classe média é classe merda.
castigo aplicado, digo bem feito. o diabo é que eu também sou, ou melhor fui, classe média.

Wednesday, December 13, 2006

andar com fé eu vou

segundo declarações de um ministro do supremo – suprema credibilidade você ou eu vai duvidar ? – o ministro da defesa diz que diante do que acontece e do que pode acontecer, precisamos rezar e ter fé, de que neste fim de ano tudo vai dar certo, no decola? e aterrisa? em que está metida a aviação civil brasileira — entenda que aviação militar nós não temos mesmo, já que a nossa força aérea mais parece alguma esquadrilha escapulida d´algum museu. de sorte, que qualquer exemplar de aeromodelismo de teenager americano dá "pitu" em nossos caças – e assim sendo, se a coisa só vai com fé, para que tirar os pés do chão, abusando da sorte? já que por maior que sejam os buracos em terra nenhum se equivale aos buracos negros do céu?

fé eu até que tenho. mas asas, hoje? nem pensar.
por mais que o pires garanta que o céu é de brigadeiro.

Tuesday, December 12, 2006

as duas faces de la moneda

a morte de pinochet, pelo menos para os chilenos, prova que deus e o diabo existem, e que são a mesma pessoa.
(nestas horas é um alívio ser ateu. e continuar a viver sem dar o menor crédito para o diabo.

Sunday, December 10, 2006

auto-conhecimento

descobri que sou realmente um cara muito legal.
cem por cento porreta, dez, duca! cara arretado de bom.
boa praça, até dizer chega. adorável, diria, se isto não fosse um certo exagero. sem falar da minha cada vez mais desconhecida inteligência e presença de espírito, que vão se superando a cada dia que passa. e, estou pasmo ou seria bege? que até a minha beleza se pôe à mesa.
em suma: encarno o que há de melhor no pauperismo do ser humano.
mas de longe. aliás quanto mais longe melhor.
mantenha-me a distância de mim mesmo e você não conhecerá pessoa melhor.
dito e findo, garantidamente

estrela de belém

e lá vamos nós de novo, alguns ate vestidos de bom velhinho, crucificar a criança da manjedoura que nunca sequer pediu um presentinho.

Saturday, December 09, 2006

apertem os cintos que o brigadeiro sumiu

temos um brigadeiro gagá e não sabíamos. quem disse gagá? eu? foi mesmo? perdão, foi uma falha de comunicação, um lapso.
deste pelo menos ele não morre. e eu?
(espero que não seja de um lapso)

carteiras gordas

presidente e ministro do supremo são vítímas de arrastão como simples mortais quando saiam do tom jobim(o mais novo trecho urubu do rio).
sentiram na pele o que fazem conosco toda vez que se reúnem para seus procedimentos, arrastados como eles só.

Thursday, December 07, 2006

e ana maria braga riu da vassoura. isso não é de morte?

ana maria braga reflete o espírito brasileiro sem asas. aquele que diante de uma crise, como esta do transporte aéreo, que leva ao aborto de um transplante de fígado para um criança de um ano de idade, e que tem três meses para fazê-lo ou morre, e acha o brasileiro genial porque aparece mais um desavisado com uma vassoura na mão e um chapéu de bruxa a repetir piada velha - talvez até mesmo cena elocubrada para ganhar seus 15 minutos - de que se o avião não voar. vôa ele assim.

e rí e louva este espírito brasileiro ana maria, porque se fosse noutro país este indivíduo estaria com outra coisa na mão. e viva o brasil e os brasileiros, no que lhe e nos acompanha o louro josé, por este comportamento ante a crise.

enquanto me olha duro, o olho amarelo morte da criança de um ano, que se morrer, vai escapar do destino de viver num país que ri porque não voa? quando poderia ter nascido naqueles que riem porque justamente voam?

a criança tem lesão no fígado. nós no caráter.
(e para este não há decididamente transplante que dê jeito, porque nós o rejeitaríamos)

Wednesday, December 06, 2006

chamem o ladrão!

procuradores e promotores deram-se um jeito de dar uma dedada na constituição.
logo eles, pagos e regiamente pagos para defendê-la. defesa de coisa tão nobre nem devia ser paga. mas eles não hesitaram em dar de ombros para a mesma em troca de mais uns "mijados" para os "miaeiros", que a esta altura pergunto, se não abarrotados por proventos de outras causas?

tivesse poder e os demitia sumariamente, caçando-lhes todos os bens, obrigando-os a trabalhos forçados até o fim da vida, extendendo aos parentes de primeiro e segundo grau a pena, até pagos, com juros e correção, todos os salários recebidos.

— ah! mas ai você estaria infringindo a constituição.
— ah! é é?

Monday, December 04, 2006

um achado cruel

perdi um texto. na verdade um frase. não era minha. mas já como se fosse; esquecia-a de anotar em canto qualquer em que pudesse ser achada.

sabia-na no computador ou numa folha despretenciosamente jogada entre dezenas, centenas de anotações. mas ela já se foi ou brinca cruelmente de se esconder comigo. talvez vingança de dizê-la tão importante e manifestar-lhe tanta falta de interesse, expresso nesta falta de cuidado, com algo que para mim era de fato importante e insubstituível.

faz meses que a procuro em intervalos aleatórios. uma procura onde vou me achando cada vez mais culpado de sabê-la minha, ainda que de outrém seja, e não ter feito uma mísera anotação num caderno que fosse, lugar seguro de achá-la quando quisesse.

compilada há quatro anos, reservei-lhe mentalmente um lugar de destaque na casa profissional que fosse justa recebê-la. quase a desperdiço há três, abrigando-a num lugar que decididamente não a merecia. agora, chegada finalmente a hora, não a encontro, inclusive na cabeça onde a tive por estes anos todos.

logo eu, amante das palavras e frases, perdido num achado do meu esquecimento.

definitivamente convertido

só ontem assisti a paixão do mel gibson, o filme que criou celeumas a partir do enésimo celulóide sobre a vida de cristo(em breve usar celulóide vai ficar sendo termo de biblias outras do passado).

sangue a dar com pau, a mesquinheza da humanidade, a maldade humana incomesurável: junto de nós o demônio é um estagiário que trabalha de moto-boy em troca de vales refeição; a grandeza? do cristo, a narrativa na língua original da época, um clima denso de uma narrativa intimista, tudo pensado de forma a tornar o mais incréu dos ateus no mínimo pensativo.

e assim sendo, confesso: fui tocado e estou convencido: mel gibson é mesmo um grande diretor.

Sunday, December 03, 2006

next

acordo sempre cheio de idéias(teoricamente vivo disso). sempre cheias de arcabouços de felicidade e realização.
quem não quer? ser feliz fazendo o que se gosta? e ainda por cima ganhando dinheiro com isso? bom, pelo menos o suficiente para comprar os últimos livros do dalton trevisan e rubem fonsêca. e uma nova edição do aurélio.
claro que nas idéias, em muitas delas, devem estar presentes os cães e gatos que me acompanham, ou melhor, eu a eles, caninamente.
mas que se faz quando se descobre que a maioria das coisas que você pensou, já foram feitas? e com sucesso? por gente que estatisticamente, é lógico, deveria estar pensando na mesma coisa que eu ou você? mas que você imagina, que nada, muita gente só pensando há de ser, como eu, como você. e realizar que é bom, fica para a semana que vem.

a internet acaba com tudo isto. está lá na sua cara. você dormiu no ponto e alguém já pôs em prática o sonho da sua vida, nem dá tempo de ter alguma ilusão.

next. tem mais gente pensando agorinha agora, assim como eu e você?
há que se ter, então, talvez menos idéias e mais práticas.
mas e a felicidade, e a felicidade, que momentaneamente espouca no achado daquela idéia que finalmente vem de encontro ao que pensamos?

o mundo anda cheio de gente estraga prazeres fazendo aquilo que a gente só ficou a sonhar.

Saturday, December 02, 2006

morrendo de pena do gianecchini

o homem que está fazendo o coração de todas as mulheres e, mais do que isso homens, do brasil - e de portugal - derreter, é nada mais nada menos aquele que de mansinho tornou-se uma avassalidão de emoções desabridas em todos nós.

alex despachou o reynaldo para sua peça de teatro, que aliás foi escrita por ele, de bigodinho e tudo. e até a marília gabriela há se remelar chorosa. nem pelo old affair, gianecchini, nem pelo novo, joaquim de almeida, o hollywoodiano luso-canastrão.

marcos caruso é o homem do brasil. enquanto personagem e enquanto não.

a tela enche-se quando da sua aparição, ainda mais gloriosa para os carecas, mesmo os sem igual talento. e para aqueles que se julgariam imprestáveis, sem o biotipo global, antes um tipo quase ridículo, desprezável até, de posição hierárquica equivalente a um old-boy, vêem um ser humano na sua representação mais atônita elevar-se a categoria de adõnis das emoções.

gianecchini nunca foi tão feio como agora.

Friday, December 01, 2006

sinais

quebrei um dente. nem precisei meter a cara não chão. mas foi como se fosse.
mastigando uma bala de gengibre. veio junto um bloco, aquelas obturações antigas que mais parecem pedregulhos caidos de alguma jamanta.
imediatamente a ida ao espelho, sinais de outras quedas: cabelos, olheiras, face distendida, vida derretendo querendo abandonar a carona que pegou no meu rosto há 52 anos atrás. quase susto, quase grito, quase-quase a vida anda me avisando de que já começa a saltar de banda.
ligo pra dentista como se ligasse para os bombeiros . ela marca consulta para a próxima segunda.o dente caiu ontem, quinta e eu mordo a língua porque parece que vai ser na próxima década.
e se até lá cair mais alguma coisa assim de definitivo?
por via das dúvidas bala de gengibre só como alternativa de suicídio. mas sem motivação banguela.

Thursday, November 30, 2006

Wednesday, November 29, 2006

concurso bunda ou tristeza de dona raimunda

no dia em que é anunciada vencedora do concurso do programa 'superbonita', do gnt, que elegeu juliana paes como dona da bunda mais bonita do brasil(ficou com 40,95% dos votos, adriana bombom(não seria melhor logo bumbum?) (17,93%) e valeria valenssa (14,41%) seu texto no capítulo da novela das sete, dito com olhos de jaboticaba chorosos, em apíce de briga com o marido, que no bafo de seus ciúmes vislumbrou o personagem primo de olho nela(na bunda, claro) arrematou: é isto o que eu sou? só uma bunda?

e ainda tem gente que não entende porque o nome da novela é pé na jaca. se bem que tudo indica que podia ser também pé na bunda, mão na bunda, de olho na bunda, no que não falta concurso para.

Tuesday, November 28, 2006

tamancadas

a gata e seu filhote, apesar de tão leves, fazem tremer as telhas, como se fossem patas de tigres nos meus pensamentos, desta terça 28, de um novembro que se despede sem cravar as garras no seu testamento.

em seus jogos noturnos, a dupla felina desanda o silêncio, nem sempre tão sutilmente, quebrado assim por movimentos preparatórios do filhote desengonçado. cujo telhado é espaço-objeto, começo e fim em sí mesmo, nesta hora, principalmente quando a falta de rejunto ecoa seus pulos de crescendo a cada noite.

antes que se finde, novembro e os jogos, reflito sobre o peso das minhas idéias. quantas telhas quebradas pelas vontades de leveza ausentes de um corpo, que assiste inerte o esvaziamento de pensamentos que se julgam de peso? nem sempre compreendidos, até por mim.

nem uma, umazinha de nada, quebradas. é disso que são feitos meus botes de palavras que tentam imaginar-se gigantes dando pulos nos telhados das madrugadas

Monday, November 27, 2006

rebaixado não é a mesma coisa que rebaixar-se

o brasileirão está acabando. mas nós ainda continuamos no jogo do empurra-empurra, sabe-se lá por mais quantas rodadas no campeonato da vida.

uns sobem, outros descem. quem mais aprendeu com isso? a classe c? chamada de terceirona, para dar algum ar de grandeza que peca pela proximidade da fonia com marafona?

insistimos, duvidas há se por teimosia, obstinação ou a mais completa falta de opção auto decretada por nossa indole burilada por deus . não sabemos é qual dele(s)? tamanha sanha de igrejas que por enquanto, em matéria de falsificação e pirataria, só perdem para a indústria de cds e dvs made in china

por que somos brasileiros e não desistimos nunca? seguimos assim cabisbaixos, ao deus dará, justificando o alegria de pobre dura pouco. deve ser por isso que tentam esticar o carnaval o mais que podem, já passando do abuso nos repiques.

é um tal, sempre, de deus quer, deus pode, deus supre. bom até agora, deus só nos fode. apesar, claro, da paisagem das cidades que tem orla. basta uma entradinha pro interior e deus já se mandou de férias para aruba, enquanto sacaneia a moçada da costa rica num mano a mano com seu parceiro de viagem. quem? depois fica todo emproado e cagando regras dizendo que leu a bíblia né seu moço? isso quando não mostra do caminho, do aeroporto ao hotel, que deus anda por demais brasileiro só para inglês ver. oh my god! please, take it money but save our lives, no que os rapa de taxa de modelo de crucifixo no peito cumprem dito e feito as tais diatribes. mas este campeonato é outro, voltemos ao que deu pretexto para tanto.

primeirona, segundona, terceirona. quem você acha que aprendeu mais com a dura jornada? quer dizer dura os escambau. duro é cortar cana como boia fria e ainda levar peia na rede, sem direito nem a falas de maltratada. mas vá la que seja: os que ascenderam ou os que foram rebaixados?

enquanto a raça brasileira não aprender que ser rebaixado não é a mesma coisa que rebaixar-se, este país não tem jeito.

agora que a festa do atlético foi bonita de ser ver pá, muito mais do que a do são paulo, lá isso foi. teria rendido o aprendizado do ano passado, esquecido em vozes correntes e de maneira atroz pelo santa cruz?

ano que vem nós vamos constatar.
mas uó uó uó, santa cruz? tinha que ser. deus joga polo, golfe, e até paciência, mas bater canela com time que quer tomar o lugar do ibis, sem ter talento pra isso? ai já é castigo demais que nem o próprio deus lembrou de inventar.

afinal, um tem decência. e galgou o podium de campeão de derrotas. chegando a um ponto que ninguém o consegue rebaixar. seja qual for o resultado. aliás, quando mais ganham dele, mais o exultam.
já o outro, não dá só raiva, pena, vexame, barriga d água, revolta.
dá-nos o que nós damos todos os dias a ele e a nós mesmos em nome de uma habituação que retira qualquer resticulo de fé no trabalho e na possibilidade de mudar-mos os resultados em nossa vida: se deus quiser, ano que vem "nós sobe" no campeonato . e na vida. e pumba! que já levamos mais um frango daqueles que não se aproveita na panela.

ouvi dizer que andam pensando em inventar uma categoria mais abaixo, algo como um campeonato da quarta divisão. alguma coisa assim assim entre o purgatório e o inferno, para os sem fé no próprio valor e perdidos entre uma coisa e outra já cheios de bolas fora,

mas o diabo é que o dito cujo e os céus são contra. acham que a coisa já está ficando por demais avacalhada por tantos viventes que vão se rebaixando assim, até pras alturas, sem querer mover um dedo de seu que por assim se faça.

Saturday, November 25, 2006

sono insano ou apenas insone ?

não tenho sonhado quase nada dormindo. em compensação minha vida anda sendo um interminável balbúrdia de sonhos em acordado. ando por conta disso com umas olheiras daquelas, como se nada dormisse, o que marcas cada vez mais profundas no rosto confirmam.

ao tempo que o sono me cobra durante todo o dia horas a mais, que vou lhe dando a prestações, cuja dívida não pagável acena-me com travesseiro interminável, tenho de estar desperto para não confundir sonho com realidade de sonho, sim e não almejada.

sonho com tudo e com todos, inclusive com sonhos que tenho certeza não são realizáveis nem em sono. já quando durmo, os sonhos fogem do sono, talvez com a certeza de que acordados tem a possibilidade de ser algo mais que sonho, chegando a pesadelo talvez, que no máximo levariam-me a mais um xixi na madrugada mas para eles cumprida outra função.

o divã de um psicanalista, dizem, poderia ser uma solução. apulpam-me os acordados de plantão. que sabe-se lá metem-se a saber da vida de qualquer um que tenha um pouco mais de insõnia ou insania daqueles que sempre fingem fazer tudo melhor que a gente. dormir inclusive. mas meu problema é de sono. e fica muito difícil dormir quando se tem ao lado alguém que fala o tempo todo dormindo. e ainda cobra por isso.

se ao menos tivesse a certeza de que nesta soneca dormiamos ele e eu, apesar da dúvida em nada sonolenta, de que o sofá fica sempre parecendo mais confortável do que o divã que tem muito design e pouca espuma, talvez valesse o preço.

como não, descubro a solução ali bem debaixo da mangueira. quando não a espreguiçadeira de pano brim de leve bem cáqui, a rede que embala até os sonhos do mais renitente insone por alguma meia hora que vale por muitas não dormidas até em colchões d´água.

o diabo é que já não sei se estou sonhando acordado ou sonhando pra valer.

alguém aí pra beliscar-me e provar o contrário ?
acorda gente! que não tenho a madrugada toda pra ficar dormindo(ou pensando que estou) enquanto vocês ficam ressonando em cascatas.

Friday, November 24, 2006

estaremos inexoravelmente fundidos ?

"O cientista americano Raymond Kurzweil prevê que, no futuro, homens e máquinas se fundirão, expandindo nossa inteligência. 'Por volta de 2030, um computador comum será mil vezes mais perigoso que o cérebro humano."

apesar de todos estes prognósticos, não se sabe ainda o que é mais perigoso para a raça humana: o cérebro mais desenvolvido ou o cérebro mais rasteiro?

façam as suas apostas de acordo com os mesmos, ainda que independentemente disso tudo nosso destino já esteja traçado.

por um computador ?
não me parece.

Wednesday, November 22, 2006

pensando bem ou pensando quem ?

noventa e nove das pessoas que eu conheço não são as pessoas que eu conheço.
mas isso não é o pior. mais do que isso, elas não são quem pensam ser.
são tudo que pensam que os outros pensam que elas deveriam ser.
faz-lhe confusão? a mim também me faz. tanto que fico pensando: será que sou eu mesmo tudo aquilo que pareço eu o meu ser ? ou só apenas mais um ser que se faz pensando a imagem do outro que esperamos ver em nós o tipo sociável aceitável?
de há muito parece deixamos de ser o que realmente somos. vivemos pela aparencia das coisas e dos seres. se for preciso mentir, mentimos. mentimos a nascença desde já. " que cosinha mais linda", aquele chouriço disforme, inchado, arroxeado, que toda criança bem nascida o é. mas experimente dizer a verdade, ainda mais se lhe perguntam " não é a cara do pai, ou da mãe?
que esperar de seres que são capazes de nascer, crescer, alimentando uma mentira assim?
hoje, por via das dúvidas, vou sair por ai dando uns chutes na canela das gentes para ver se descubro finalmente quem eu sou. será que até nesta hora vão mentir?
e coisinha mais linda é a puta que os pariu!
(me desculpem mas isto estava entalado na garganta desde que nasci)

Tuesday, November 21, 2006

pelo rádio

tem controlador chamando urubu de meu louro. e piloto chamando a torre com medo que ela responda.

arremetida

há mais coisas entre o céu e a terra do que supôe a nossa vã filosofia.
nunca a tirada do barão de itararé teve tanto sentido ou melhor, avião perdido.

sem defesa

e agora: que vai controlar os vôos do lula? o waldir pires, aquele que não vê perigo nem com o avião desabando em cima?

Monday, November 20, 2006

vôo cego

se apenas dez por cento dos controladores de vôo dominam a fluência do inglês, falando e ouvindo assim, sem confluências de vocabulário comum, mediante uma afluência de pontos luminosos que a qualquer sotaque podem fundir-se na tela o que significa que tantos e tantos se fuderam lá em baixo, com a anuência das autoridades, pode se dizer sem margem de erro, que neste momento viajar de avião é uma escolha de morte quase deliberada.

e pensar que tudo isso acontece pela não descolagem de uma hierarquia onde sargentos não podem usar a terminologia controladores por conta de ferir o conceito militar que não os permite sequer usar o refeitórios dos tenentes.

e assim, por querer controlar até o arroto dos dito cujos, o descontrole agora passa a ser total.
senhores passageiros, onde me incluo, queiram embarcar, apertar o cinto, e torcer para que ninguém confunda push com pull.

Sunday, November 19, 2006

mar, mas de concreto. o que é ruim para mergulhos de memória

já faz algum tempo. ando distante, ainda que lhe passe pelas beiradas. eu e o mar temos uma relação estremecida pelas angústias das mudanças entre cidades, regiões, países, continentes.

mas continuo fiel ao atlântico, ainda que o tenha experimentado por outro lado a 18 graus, o que deixou-me momentaneamente capado. corroborou a minha postura de jamais capar um animal como solução anti-conceptiva.

são 15 anos longe do mar de fortaleza. a contagem pode não ser exata porque aqui estive por duas vezes neste período. mas estava tão fantasiado de executivo que de mar nem marola nem mariola.

desta vez, é diferente. já dou-me ao luxo de ser um executivo de bermudas. e ainda que não gato, de botas, e a metade de cima com uma, literalmente, boa e velha t-shirt dim para compor o visual que me faz assim algo europeu em meio aos europeus de verdade, que até duvidam, mas findam acreditar pelo detalhe da rasura da camiseta com seus buraquinhos por onde escapam-me meus ofícios de lembrança. por isso, agora já vai dar mais pé, inclusive nas areias, de iracema a mucuripe, por enquanto, só para barrufar as vontades, nestas que de praias agora apenas nome.

passo pela camarão do osmar, aquele bar famoso aos pés do mirante, um dos lugares mais lindos de fortaleza, que a crueza de administrações sucessivas, por não incorporá-lo à cidade, transformou numa faixa de gaza. burrice extrema de um capitalismo estúpido. que permite por duras penas a favelização agressiva em sentimento de uma das mais belas vistas já vista de uma cidade. na mesma moeda que se fossem eles habitantes, os ricos, não permitiriam aos pobres vê-las. fazem-lhe o mesmo a periferia estralada, na ameaça da barra pesada aos curiosos.

mas de dia dá. só não deu para o jô soares que ao tentar passar no famoso beco do camarão do osmar, ficou entalado, o que tornou o beco, e o restaurante, tão famoso como a sua comida, guardiã de inúmeros diplomas das revistas especializadas. deu-se um jeito e o jô entrou por casa anexa, e foi um banquete.

para mim não houve jeito. não no beco, que ainda passo folgado, respeitoso, como deve de ser. mas no mirante. na procura do meu bar preferido. que parece ainda estar lá, mas numa tarde de domingo, mais abandonado que criança abandonada, cadeiras viradas, dúzias de bares fechados e um cheiro de esturro no ar quente, não consigo identificar. como? se nem bêbados nas calçadas há.

será o domingo? será que tudo mudou para além da quantidade de prédios que agora mais e mais tapam o horizonte e o mar? concorrência insana com os casebres das favelas. alguns muito dos tão arrumadinhos, que dão vontade de morar. quase uma joaninhas junto aos pescoços de girafa dos 15, 18, 22 andares que começam a lhes cercar. não se sabe se aperto de apaixonado ou de desejo de sufoco.

sem mirante, sem quadrante, futuro morador, fico sem pistas, do que não sei o que pior nesta volta a fortaleza: a visão de que o futuro piorou um passado que já era temível ou a concretização do previsível da base ao topo. assim esquadrinhado pela luta desigual da crueldade da miséria que violenta a sí própria e os além fronteiras ou a crueldade da opressão dos já limítrofes que não percebem-se comprimindo até estourar um tumor criado por ela própria. cujo carnicão é a sua indiferença. que é um tapa tudo o que não aceita o mirante. ficar de olhos e boca fechada. por isso mesmo, punhos fechados, a limpo ou sempre empunhando alguma coisa que não vai acabar bem, quem duvidar que cisque, por onde pensam em passar.

quanto ao momentaneamente capado, não sei se sabe, ao entrar numa água demasiado fria, ainda mais em pleno verão, o choque térmico faz com que os testículos subam e alojem-se na cavidade onde o susto é menor que o diâmetro. mas passado ao susto tudo volta ao normal.

no mirante, anda muita gente a tomar susto assim por conta de frios n´alma de outra ordem. aí os ditos cujos não recolhem. pelo contrário. afrouxam. e desistem de encarar a normalidade de frente.

Friday, November 17, 2006

pé no freio

dizem que atrás de todo grande homem tem uma grande mulher. quando os homens dão-marcha ré, quem é que empurra?

e quando tem um homem atrás de uma grande mulher? o que é que é? apenas mais um a atentar-lhes o sexo anal?

mulheres de apenas

hoje lembrei-me de dois amigos que cada vez mais vão se distanciando. não de mim, por enquanto, apesar de processo já deflagrado, mas dos seus ideais, ou dos sonhos em que se pensaram tantas vezes, por pressões, talvez fosse melhor dizer, chantagem, das suas respectivas. que reclamam-lhes a presença, a segurança, ao custo do engaiolamento dos seus amados.

lembrei-me de um acidente há pouco tempo, mostrado à exaustão pela televisão, em que um piloto de stock-car acidentou-se de maneira espetacularmente sinistrosa(culpa das elevações absurdas em áreas ditas de segurança)e foi salvo pela "gaiola" de aço que é feita para proteger o piloto. quando entrevistada sobre como estava se sentindo a mulher logo disparou a dizer que iria pedir para ele parar de correr.

as perspectivas dos componentes de um casal, que deveriam estar na mesma "gaiola" vivendo o amor em segurança(e não por segurança de medidas extremadas que não resolvem) são enxergadas quase sempre de maneira diferente, assim parece por ambos. para a mulher, a gaiola ideal é aquela que privaria o piloto de correr para a sua segurança, na verdade a dela, apesar de falar em nome dele imaginem o que é pedir a um piloto para parar de correr? ainda por cima, que deveria ser ele, após tão medonho acidente a decidir o que fazer e não ser "pedido" a isso, com a costumeira argumentação de sempre, onde não faltam a questão dos filhos como freio extra. aliás, pilotos são pilotos logo desde sempre, desde o kart, portanto ela já o conheceu piloto.

noutras profissões também existem gaiolas que são criadas para proteger ou cercear vidas. e para não me tomarem por sexista, mulheres há que são cerceadas por seus maridos que tentam(boa parte ainda consegue)as colocar nas gaiolas da não concorrência, ou como estratégia de proteção contra o ricardão, enquanto ele ricarda as de outrém.

não tenho amigos pilotos. mas tenho dois amigos, ou foram, publicitários, cujas mulheres já lhes pediram, e ameaçaram, com as armas de sempre, para que deixassem correr as idéias sozinhas porque não queriam ficar elas, sozinhas nas suas gaiolas, até altas horas da noite, ou madrugadas, sem idéias do que fazer, obrigando-os a interromper a corrida das suas vidas usando também a metáfora da criação inconclusa.

coincidentemente, ou não, a vidas destas mulheres, ou a de suas gaiolas, era vazia, fútil, perdida. não preenchida por uma busca de sentido de profissão ou liberdade que não rompesse a gaiola da forma que nunca deve ser rompida: com o corte das asas que dão velocidade ou sentido às idéias da criação.

e tudo em nome do amor. do amor que gasguita o ou dá ou desce, ou amor fica ou já não me metes mais a pica.

Wednesday, November 15, 2006

balança

no meio da semana, uma folga para uns, um peso para outros. o feriado peso morto em sí arca com ele mesmo doido para ser um dia comum com muito menos trabalho.

rasgando a folhinha

um feriado. tão inútil como diversas proclamações. inclusive a da república? que no fundo nunca passou de mais um golpe?

Tuesday, November 14, 2006

somente nos bas-fond as rosas não tem espinhos

pra conhecer melhor uma cidade - e seus publicitários - tenho um metódo peculiar a minha geração, e que é considerado mui pouco mercadológico, profissional nem vos falo, além de iconoclastia deslocada, excentricidades de fachada ou sandices de provocateur, que por quase gagá não pode mais ser chamado de tarado.

independentemente de suas conclusões e classificações, lá fui, cidade nova, fazendo-me acompanhar de alguns, ver o que andava acontecendo, nos puteiros de beira-de-cais, para além da decrepitude, não das putas velhas, mas dos gringos ensandecidos com a crueldade , pode-se dizer literalmente pedófila, para com meninas na idade da lâmina mas que se portam como veteranas do sexo, salvo em momentos de tédio onde relaxam e mostram gestualmente as meninas que não foram e adolescentes que nunca mais irão ser.

não vou descrever muito, para você não fica pensando coisas, pra além da conta. conta publicitária, obviamente. e digo-lhes que neste ambiente, onde o comércio de rosas, de um arcaismo que muitas vezes oscila entre o ridiculo do oferecimento e a fímbria de possibilidade do galanteio, que é sonhada por ambos os lados, a depender da dose etílica que ou baixa o simancol as raias da crueza do sexo ou sensibiliza para a rosa, ainda que quando oferecidas a quem vive só de espinhos, vai se sustentando e sustentando familias que vivem desta gestão de vendas onde a imagem da rosa não corresponde a tudo aquilo que também já não correponde na vida dita normal ou de visão romântica da normalidade.

estas rosas, que não tem espinhos, são vendidas, pelo menos aqui em fortaleza, no quadrilátero do bas-fond da praia de iracema. praia que já foi notícia escandalosa ne tele-jornal que consegui fechar muitos destes pela denúncia correta da odienta exploração do século infantil e que, paradoxalmanente, a muitas ainda mais afundou no crack e na fome, de forma ainda mais incorreta, e que são vendidas por senhoras sorridentes, e acreditem, mentirosamente sinceras, de cabelos brancos e sorriso alvo, que muitas delas substituiriam as nossas vós com ainda maior candura e que nos despertam lá no fundo um desejo de acarinhá-las(sem sacanagem seu cabeça de merda) ou ser acarinhado por elas, com a pureza dos macacos que catam entre sí os piolhos, que nós os temos tanto da existência.

como não tinha companhia feminina - seguindo os conselhos dos ainda mais veteranos, não misturar trabalho com sexo, porque uma coisa ou outra acabam mal feitas - nenhuma delas veio a nossa mesa, salvo uma, que já por seus quase 75 anos, mas de silhueta que demonstra a mulher que foi, segreda a um velho frequentador reconhecido que já faz isso há pelo menos uma década a mais dos anos do que tenho, o que fez de mim por um momento uma criancinha em meio aquele odor de rosas apesar do corolário do reverso da imagem que revelava que eu era a única puta velha de zona alí, e na condição de não merecer nenhuma rosa, mesmo alguma com algum espinho retraido.

mercado bom este, concluo por tal visão. tenho a impressão de que a concorrência vai odiar o resultado das minhas pesquisas quando elas forem colocadas em práticas devidamente envoltas em rosas, mas, claro, com espinhos.

cês tão pensando o quê? que o trabalho de publicitário é o mesmo da teoria na prática da vida fácil?

Monday, November 13, 2006

the days after

48 horas sem internet, telefone, ou qualquer outro gadget que me remeta a tal pretensa modernidade.

sinto-me algo como um robocop que súbito descobre-se mais sensível que o super-homem à kriptonita. a ausência das extensões da pele, que insensibilizam os poros e atrofiam outras extensões, ainda que pensemos que é justamente o contrário, são-me totalmente inúteis onde já não estou ao me lerem.

na noite da despedida, vagalumes, grilos e sapos, anunciam que quasem morrem de rir quando prometo-lhes seguir em coro com assobios que me esqueci em meio aos soprados difusos.

portanto, da próxima vez que voltar a um lugar destes para recarregar as baterias não posso me esquecer de usar também pilhas alcalinas.

Saturday, November 11, 2006

band-aid

misterwalk levou uma topada. voltamos amanhã quando encontrarmos um lugarejo que disponha de acesso à internet. onde estamos a única coisa que lembra a net é uma cadelinha já apelidada de cyber-café, tamanha quantidade de pulgas e carrapatos que mais parecem os spans que temos que coçar diariamente.

Friday, November 10, 2006

madrugando pensamentos

o trabalho de não fazer nada se compara cada vez mais ao trabalho de ter feito tudo em vão.

dias cada vez mais curtos,noites não lhe ficam atrás.tarefas soturnas exigem um tempo de que já não dispomos nas madrugadas que também teimam em encolher.

concluo então que chega-se a um tempo onde tudo encolhe e nada se distende. aí é hora de dizer até amanhã, como se o raiar do dia não já nos metesse nele.

se assim é estou falando em até amanhã do amanhã, mais do que ontem, cada vez mais curto também para se fazer nada ou se fazer tudo em vão.

e pensar que tanta vezes tentei extender as madrugadas pensando ganhar tempo como se elas já não tivessem todas distendidas.

Thursday, November 09, 2006

new look

um corte de cabelo mais adentrado e quase sou uma outra pessoa, certifico-me, de olho no espelho, procurando um outro cara com a minha cara mudada para o antes do antes ou depois?

barbeiro

a denomimação deve ser porque o sujeito(ou a sujeita) ou corta de mais ou corta de menos. e quase nunca ou dificilmente corta do jeito que queremos. mesmo apesar de todas as nossas recomendações, explicitações e até trejeitos, para não deixar dúvidas quanto as nossas intenções sobre aos meneios da tesoura, navalha ou máquina sobre as extensões capilares em menor ou maior grau de quem as tenhas. nesta hora sinto o que deve sentir um manual de eletrodomésticos que apesar de tantas figuras e ordenações nunca é entendido ou faz funcionar o aparelho antes de nos descabelarmos por completo.

tesoura afiada

de uma coisa tenho certeza: o barbeiro não corta meu cabelo como gostaria de cortar o dele. apesar de tudo levar a pensar justamente o contrário.

Wednesday, November 08, 2006

de restos, o recomeço do tudo ao nada

, co alimentar-se de restos tornou-se mais do que uma forma de sobrevivência uma quase profissão. é claro que ninguém come garrafas pet ou latinhas de cerveja, mas enquanto cata-se uma coisa ou outra, come-se, o que dá ainda pra comer, no critério deles, ainda comível. não do nosso, que servimos ao lixo um quase suficiente para alimentar aqueles que sobrevivem da nossa desumanidade, cujo lixo apesar de país emergente, seria banquete na áfrica, e ainda assim, fétido, desejado na coréia do norte, por exemplo?

e quanto maior o nosso desdém, mas vão adquirindo importância, estes “ratos” da modernidade, pilares da indústria da reciclagem, patrões da informalidade essa não digerida mesmo que este seja quase seu oficio, digerir as sobras da nossa pança, da nossa poupança, na nossa estupidez insatisfeita, sem a qual além de mais lixo por todo lado, mais gastos em petróleo, energia, e matérias primas derivadas, acabariam por traduzir-se em mais pobreza e mais lixo. das ruas calçadas as descalçadas, da natureza descaracterizada a natureza por descaracterizar.

este exército, que vai à luta deixando-se montar por carroças improvisadas em cascas de geladeiras, que de tanto material as costas acabam revelando que a fragilidade da casca do ovo acaba por ser carapaça de tartarugas, placas de materias tantos que muitos não cabem e restam pelo chão de trajetos que maratonistas não conseguiriam percorrer. a maioria surge como crepúsculo, acompanhado de seus cachorros, também maratonistas de outra ordem, e comensais dos mesmo menu, numa faina que alcança as madrugadas e muita vezes interrompida pela ázafama do mundo que os interrompe a luz do dia.

mas também há, os pés desta casta, que catam o mundo saco as costas, ainda mais pobres, para quem o sonho de consumo, é uma carroça com burros, mula ou aquilo que já foi chamado de cavalos, que mesmo assim, ainda dispostos carregam além do catador, sendo este da estirpe dos cavalos, ajudantes e algum cachorro que não aguentou o tranco.

e nós que pensamos com nojo nestes seres, não pensamos que se algumas vezes vomitamo-lhes comida, invariavelmente comemô-la de volta, já que eles são os regurgitadores de tudo aquilo que jogamos fora em nosso ritos diários de bulimia motivados pela nossa já crônica anorexia da solidariedade que nos deixa de rastros diante dos nossos restos.

Tuesday, November 07, 2006

“systen out”

meus congenêres ficam com um cara mais basbaque do que a minha quando me pedem o número e lhes respondo que não tenho celular.

é-lhes quase um insulto, não o ter. nem que seja o mais chinfrim dos aparelhos. passo-lhes assim um atestado, mixto de decadência e desatualização, que não vêem lá com bons olhos. muito menos com bons ouvidos, presumo. já que não conseguem entabular uma conversação sem o minimo de interrupção, até mesmo na hora do vamos ver se está na caixa postal.

tiro por mim. quase um ano de desintoxicação. e minhas minhas orelhas vão cada vez melhores, mais ainda porque aboli o i-pod, este cotonete urbano, cujas vibrações vão nos ensurdecendo imperceptivelmente.

vou aproveitando a recuperação de uma sensibilidade que não sabia perdidas e alegro-me pela reversibilidade que não costuma acontecer.

ontem imaginei estar delirando ao ouvir o bater de asas de borboletas. mas sim, era verdade. prontamente pensei com um ar muito do sacaninha, pronto: agora vou poder ouvir até o barulho do dos pelinhos doirados dos grupos de adolescentes do colégio aqui vizinho, nestes dias de ventos de verão menos sutis.

mas que nada. todas-todas com celulares. uma sonoplastia de zumbidos e zumbis, algo esquizóide. a produzir uma sonoplastia de jogos, previsíveis, mas que ainda assim para os quais não serei convidado, apesar de ter a sensibilidade, e não só, dos ouvidos preservados, justamente agora quase, exagero, pré-adolescentes.

ainda assim continuarei sem celular. até encontrar um par?
enquanto isso, ainda mais sacaninha, vou apurar os ouvidos e captar silvios dos morcegos. quiçá assim, algo vampiro, me imagine no lugar dos celulares a trinir naqueles ouvidos com meus piercings de memorias.

Monday, November 06, 2006

soberba

repórter faz matéria sobre família sem recursos a pretexto de cavar lágrimas e audiência para aqueles programas matinais. e diz que por serem muitos humildes, eufemismo das gentes ditas de classes superiores(se bem que jornalista é um classe cada vez menos superior ao que quer que seja) que sempre tem horror a pobres, até em palavras querem distância, não teriam recursos para resolver seus gravíssimos e pesarosos problemas.

desde quando pobreza é sinônimo de humildade? conheço muito pobre altivo, como poucos ricos o poderão ser. e muito bilhardário de humildade, erroneamente associada a franciscanidade, a um passo da avareza moliérica.

pobres são pobres, não lhe retiremos pela mistificação do eufemismo a condição de autentica apresentação do estado das coisas. isto sim, pobreza de espírito, tão ou mais pior que a pobreza dos bois que não pastam e que de humildes não tem nada, pois a humildade não é o olhar abatido pelo ronco da fome destruindo a consciência.

Sunday, November 05, 2006

mudança de ares

mas como? se em toda parte anda o mesmo cheiro de bosta e as juras fedidas do "mas não fui eu".

preparativos

na hora em que arruma o carro e verifica o de praxe é que você descobre que está na hora de trocar de família.

ouriços

nem bem terminou o feriado e você de tão cansado não vê a hora do próximo jurando que desta vez vai aproveitar.

excesso de bagagem

às vésperas do feriado, e já na arrumação da bagagem, você clama por herodes. a meio, você quase se torna o próprio. no fim, jesus! vinde a mim as criancinhas que está na hora da volta.
é um milagre não suplicado que elas não tenham sido perdidas entre picos de irritação e vales de depressão.
meu deus nem no feriado você relaxa?

prova de amor

a diversão do fim de semana prolongado levou a engarragamentos de ida e volta nos olhares para os maridos e as mulheres (dos outros) e a quão triste foi comparar com os próprios.
chuva na praia não teria feito pior estrago.

pastel

em vez do lar doce lar muita gente preferindo o salgado de outros ares, principalmente se for à milanesa.

volta do feriado

como é duro voltar para casa heim?

Saturday, November 04, 2006

apagão dos aeroportos

título sacana do diário de pernambuco que pretende colocar lula em linha de trombada com fhc?
waal, numa semana revelamos ao mundo o que é realmente viajar de avião quando a coisa desanda. a equivalência é viajar em semi-leito de linha clandestina, ainda discutível se o ônibus não oferece mais conforto.
no jato, pernas comprimidas até a quase-grangrena. comida tão ruim ou pior do que nas paradas de beira-de-estrada. mijadinha, convém não dar duas no mesmo trecho. vexame maior se fizer nas calças e, esticadinha de pernas, nem pensar. isso se você for um cara abaixo da média de 1.75. jogadores de basquete e volley, implorariam por amputação.
assim como nas linhas clandestinas, se a coisa dá para o torto, o passageiro fica ao deus-dará. sem comida, sem hospedagem, sem informações, igualzinho quando perde as malas. entregue ao quanto baste seu cartão de crédito. reembolso? esqueça, quem mandou viajar de semi-leito?, que no fundo, é o que é o avião.

o meio de transporte mais seguro do mundo, não passa de um ônibus que já foi bom, antes de lhe lhe colocaram um terço a mais de cadeiras. agora, lata de sardinhas que não cumpre horários, cuja saída pode ser cancelada a qualquer momento e onde os preços de promoção, não remuneram o tempo que se pensa ganhar já perdido no gasto ao acesso ao aeroporto e no próprio, cujos custos são mais que décimos do preço da viagem em espaçonave, que de primeira classe nem por isso melhor do que cadeira de dentista.

vai viajar de avião? corajoso você não?

Friday, November 03, 2006

Thursday, November 02, 2006

porque a vida é assim. e a morte é assado?

praia, futebol, pagode e pinga. finados é o feriado. para cada lágrima sentida, um centena de arrotos aliviados. nossos cemitérios são, em vida, uma prévia do que seria o inferno, se ele já nao existisse por aqui. excetuando-se um ou outro "campo santo", onde a marmoraria cobre em sobre-vida a podridão de muitos que já fediam em vida, os cemitérios, mesmo em dia de finados, equivalem em imagens ao pior das filas do inss ou dos hospitais públicos nacionais. e aquele comerciozinho de flores e velas, de cheiro macabro, não é nada junto do comércio de buracos e madeiras quanto menos nobres mais os olhos da cara para famílias mais indigentes do que o morto que as deixa de mão na frente outra atrás.

talvez, em algum vilarejo do interior ainda haja a possibilidade de um "descanso" com um mínimo de inocência e decência, apesar do morto. que estes ultimamente não tem ajudado muito. flores campestres ou um matozinho teimoso qualquer, compôem a quase aquarela. ajudada por guardas-chuvas e sombrinhas, mesmo em dias de sol, quando não um pé de macaxeira ou jambeiro gordos, realizando a única transmigração de corpo e alma possível, ressucitando o pus e a podridão, no branco celeste da polpa da fruta que sorri para a boca, algumas já sem dentes, que alimenta-se com prazer de possíveis pedaços dos mortos que por certo destes não imaginou tamanha vingança.

nas urbes metrópoles, o formigueiro humano zanza por entre covas rasas, catacumbas, mausoléus, realizando a desdita do único privilégio humano frente aos deuses e animais: sabemos que vamos morrer e convivemos com isto nem tão bem nem tão mal que nos impeça de ir levando. vivemos com isto, com as consequências da certeza desta premonição do inevitável, que de tanto certa, nem nos damos ao trabalho de imaginar como será o ato final, porque tememos a morte tanto quanto a vida, muito embora em relação a esta disfarçemos ainda mais.

por isso, talvez, porque a vida é assim, e a morte é assado, no dia de finados, temos de um lado, quem celebra a morte como homenagem à vida. e faz do dia tudo menos espaço de diversão, pensamento, inconsciente ou inconsistente sobre a valorização dela. de outro, quem celebre a vida não deixando espaço para a morte, nem mesmo na lembrança, o que não deixa de ser uma boa desculpa para o aproveitamento dos prazeres humanos que um feriado ainda permite.

e há, ainda, os que conseguem morrer, no sentido solidário, e viver neste dia, dividindo o feriado entre dor e obrigação, prazer e descontração.

se a vida e a morte são diferentes ou indiferentes por conta disso, no sentido geral de humanidade, cada um faz da vida ou da morte seu juizo de valor.

quanto a mim enquanto vivo, vida. enquanto morte, morte. jamais morte em vida e vida em morte. por isso mesmo não vejo razão pro feriado, como se o restante do tempo, não houvesse finados e finórios. muito menos chamá-lo de santificado, já que não se pode mesmo dar feriado para vida, e chamar isso de morte. e tampouco, dar feriado a morte e chamar isso de vida.

Wednesday, November 01, 2006

saque ou bloqueio?

jogos de volley na madrugada. durante o dia, matéria destaca a altura cada vez maior das jogadoras. destacando uma de 15 anos com já metro e noventa, muito em breve espera-se na seleção.

na quadra da minha cama, concluo que na rede nunca mais sonhos eróticos sem escada então.

Tuesday, October 31, 2006

superpop

luciana gimenez, extra responsável, recomenda, comigo, falou em sexo, eu lembro logo, tem de usar camisinha. e com que ênfase.
pois, lucas, nasceu, se conclui, de uma furada, causa disso, pedra que rolou em cima.
satisfaction? i can get no.

Monday, October 30, 2006

copywright

dar bom exemplo nas histórias é necessário, dizem muitos, que se querem todos a ver televisão.

não querem histórias onde os maus, depois de aprontarem todas, ainda acabam por ter final feliz, e portanto impune. é isso que querenos ensinar as nossas crianças? que o crime, todo ele, em espécie, gênero e grau, compensa? da mariola surrupiada no recreio a herança obtida por meios malditos?

pois é isso que também se vê nos filmes, que parecem andam a influenciar a vida onde nada disto acontece, apesar da tamanha elaboração.

a ficção destas dominaria ainda mais o mal do real imaginado em série sim ou não de tevês?

os guardiãoes da humanidade esquecem-se que a televisão e o cinema são coisas muito recentes e que as más influências vem de dentro de casa pra fora. e não de fora de casa, da rua, pra dentro, quando muito, sim, de uma casa para outra.

algum dia deixaremos nossa crianças escreverem suas próprias histórias?

Sunday, October 29, 2006

personal arrumator

uma multidão de caixas desorganizadas após penar toda uma vida a organizá-las. há um momento que todos querem recomeçar do zero ou de algum ponto favorável.
voltar ao começo é sempre isso. nenhuma volta é começo, mas continuemos a chamar assim. é impossível voltar todo arrumadinho, porque sempre falta um pedaço, uma peça, um disco, uma música, um beijo, um desejo.
então há que se desarrumar tudo e começar a arrumar todos de novo.
pra uns é menos trabalhoso do que da primeira vez. pra outros é o caos.
o que guardar e o que jogar fora? ainda mais complicado. por isso convém não escancarar a porta do espelho do guarda-roupa do espelho para lhe deixar cara a cara as dívidas que ele lhe cobra.
nesta hora uma voz para nos dizer maturidade outras desperdício.
mas como explicar aquela teimosia de guardar indefinidamente a camiseta que nunca mais vai lhe caber a vontade?
no fundo, mais do que a roupa, tememos a vida que nos é comida as traças. é o figurino que querermos arrumar de novo. pena que de fora pra dentro e não de dentro pra fora por mais que pensemos que assim seja.
e então, deixa como está ou arruma pro faz de conta?

Saturday, October 28, 2006

e tudo não passa de uma questão de método

em 2006 o que chamam de debate não passa de uma sabatina. método muito pouco democrático. preferido por instituições amantes do conservadorismo à palmatória. ainda mais quando o tempo reduzido a mínutos, encolhidos de quartos de hora, demarcados por comerciais, obedecem a interesses que não ficam muito claros tal qual as respostas sempre carcomidas por um mediador de mechas idade.

na sabatina, os pontos são previamente estudados para que se possa discorrer sobre o tema com exatidão. não foi sequer o caso. já que foi imiscuida uma amostragem da indecisão verde e amarela, supostamente neutra e representativa da ânsia pelo esclarecimento dos propositantes a presidência.

o pior desta, além de não permitir a resposta concreta, já que perguntado sobre uma coisa o candidato sempre responde outra, é o tom de bravata e representação onde um, falsamente equilibrado responde a outro falsamente indignado.

no fundo isto nada mais é que o retrato da nossa democracia. onde o debate, espaço aberto para exposição de intenções diversas, realçadas pela convicção das idéias suportada pela força da oratória emocionante, foi substituido pela sabatina de roupa suja e mal lavada. como se não bastasse teatralizada de forma canastrona por números sucumbidos a audiência cuja grandiloquência costuma ser confundida com pratica democrática, às avessas, neste disfarce.

Friday, October 27, 2006

2040

é quando vamos sentir de maneira irretrocedível os efeitos de tudo o que estamos fazendo agora, somado ao que á vinhamos fazendo já há algum tempo, em matéria de poluição e destruição.
é irreversível dizem os catastrofistas.
é vero, dizem os trofistas.
é lero dizem os sofistas.
como eu só sou surfista, vou aproveitar a onda como posso. porque quando ela quebrar eu já terei caido da prancha antes. bem antes ?

Wednesday, October 25, 2006

espaço urbano

bêbados antigamente eram os reis das calçadas. mescla de alguma desdita popular e as vezes até burguesa, donde muita canção popular saiu para ganhar lugar nas paradas que não eram de ônibus.

mas aí, como não veio a reforma agrária, foram depostos por todo um contigente de esfarrapados que não só não tem terra pra plantar, com consequentemente não tem o que comer, onde dormir, assim também como não tinham o que beber.

contudo, com a deposição dos bebados urbanos, verdadeiros falastrôes, temos agora um a nova espécie que até o AA não reconhece ou não classificou. estes, acostumados a tirar leite de pedras, tiram até alcóol até do asfalto para continuar na sua bebedeira de morte independentemente do vetor aquoso que os implodirá em bolhas de podridão latente sem direitor a queda na sarjeta, já entupida por dejetos outros.

tim-tim então à sua indiferença.

Tuesday, October 24, 2006

a enfermeira que deu tiro no pé

mas que paiszinho vagabundo este que nós vivemos a cada dia se passa confirma-se grandiloquentemente.

agora deu. vagabundo sub-desenvolvido, daqueles com cara de maleita de miséria, que quando cachimba um crack mata de dúzia, não pode nem mais sair para fazer um assaltozinho em paz, vejam só senhores, que uma enfermeirazinha anciã, no descumprimento da lei, saca três oitão e manda-lhe balaço certeiro na mão grande.

quéquéisso? onde nós estamos? presos vão os dois, enfermeira liberada apesar do porte de arma ser inafiançável, pra rimar com a pulíça que também não é confiável, nesse estranho mundo onde a lei está sempre do lado do mais forte e não protege nem a mão que recebe o tiro nem a que dá por mais invertido que estejam os papéis.

mas como desgraça pouco é bobagem, a camara de tiro opppps! de vereadores do rio de janeiro, em tumultuada sessão de dois por um, aprova homenagem a enfermeira que é assim condecorada com medalhão olímpico de tiro ao pé de um país que já é manco de tanto levar tiro na bunda.

o tiro foi na mão, mas no pé de todas as probabilidades da cidadania caminhar sem muletas à bala.

Sunday, October 22, 2006

quase aula de idiomas

vencer um campeonato, ainda não é massa.
duas, és alonso.
sete, herr schumi.
e nada disso, é barrichelo.
que idioma mais ingrato este. em que a velocidade deixa tanta gente parada na pista. apesar de seus corações e mentes continuarem acelerando.

nivelando os fatos

as despedidas não costumam ser nos podiuns. principalmente as que são feitas com os pés no chão.

podium

o que é pior ser campeão em segundo ou não levar nada e vencer a corrida?

Saturday, October 21, 2006

inevitavelmente

quando o âncora diz, que a qualquer momento voltaremos com novas notícias, ele quer dizer más.

paz à força

a força da paz, aquela, sempre enviada para combater a guerra e evitar mais mortes, acaba sempre, para mostrar a sua força, de paz, matando, para evitar a guerra, claro. tudo em nome da mais santa paz.

que a força esteja contigo?

a força fará contigo, comigo, o mal que a força sempre faz

Friday, October 20, 2006

bush shit

poetas namorados correi, dizia a letra de música que alertava românticamente para o desfecho da corrida espacial que apontava para o fim da lua como símbolo mór do romantismo.

pois bem, de nada adiantou correr ou, se alguém correu, correu devagar. e foi pro espaço de uma maneira diferentemente da pretendida.

a partir de ontem, segundo o toma-todas de washington, o céu é dos americanos e ninguém tasca. lá em cima é deles para star-war ou para cagar.

e cagando assim desta maneira dita estelar, vão tomando no cu do iraque. muito provavelmente porque o deus de lá, na figura do profeta maomé ou alá, que também gostam de espaço alado, começaram a virar o céu de cabeça pra baixo pra colocar as coisas no seu devido lugar, como um recado dado, ainda que muito deles próprios não percebam para eles também endereçados.

é que a terra, também já foi um céu. assim como o céu, que se inicia hoje a ser tomado.

e que uma vez assim cagado, nunca mais por seus donos, falsos ou verdadeiros, será habitado.

Thursday, October 19, 2006

só dói quando rio

sim, o rio é a cidade do riso
largo como um decote
e das marcas espontâneas da lua
nas bundas em constelações praeiras
do arporador ao posto nove
até o pier da memoria

mergulhos inacreditávéis
da glória ao flamengo
gol de placa no barco da marina

não, não é uma cidade bunda
como nos querem fazer crer a sua supremacia
nacional

é riso negão de cara e dente
de matar tanto branco amarelo de inveja
com os alvéolos polares à mostra

mal comparando
a natureza desta cidade
é seringa que não se quer descartável
salto da sandália
pico na veia
sexo ventríloco
da mulata

mulata que se inicia troça
de curvas em arcos
tamanha espontaneidade
de sexo retesado
mas cheio de ginga, tanta
que acaba num autêntico desfile de escola de samba
com direito a destaque
mestre sala e porta bandeira
e muito close-up do riso ao cu

cidade onde o gozo nunca é masturbação
porque no rio o sexo é sempre animal de estimação
pois é natural
que assim seja
pois dá-se, vende-se, troca-se
sexo pra quem precisa de sexos
e de lanbuja nem punheta

pena que a violência
desande a vida
com tiroteios que mais parecem
surdos que atravessam repiques
instância no recuo temido da bateria
no desfile
de carne humana
exposta em estandarte de outras partes

aí só se escuta o repicar dos mortos sem nome
ricocheteando sinos
e a bandeira a meio pau de uma escola
murcha como os pelos nas coxas
da passista
agora tumba

Wednesday, October 18, 2006

ao que chamam isto de correlação de forças

um milhão de cem mil exemplares de veja - só contabilizando a veja - despejando material anti-lula, como se não bastasse o estadão, globo e reca na mesma ladainha.

do outro lado, carta capital, sessenta mil exemplares. tendo como aliados, por exemplo," a conversa afiada" do paulo henrique amorim. onde leio a informação, não publicada pela grande imprensa, de que no episódio do dossiê, a equipe de campanha do alkimim, já estava lá antes dos ditos cujos maleiros, e da polícia federal só pra começar. além de outras pérolas do tipo, o dinheiro foi intencionalmento leiautado em montanha para aumentar a dimensão da merda jogada no ventilador(heil! josef goebbels) com direito a supressão da fala do delegado que entregou as fotos,cuja leitura labial é nada mais ou nada menos algo como " é pra *****o lula".

então, como nas matinês, dos filmes de índios contra mocinhos, como é de lei, alinho-me na turma dos mais fracos. os índios claro. nem que seja pela simpatia equivocada de bater tambores e enviar sinais de fumaça. ainda que negra algumas vezes onde a branca já se esvanece.

se cheiro de podre no ar, que seja de povo de cá cuja bosta não é a mesma do povo de lá. porque os índios que morrem aqui não são os mesmos índios que morrem por lá.

mas os mocinhos são todos iguais em suas mentiras de bons moços fumegantes.

Tuesday, October 17, 2006

b.g. para debates políticos presidenciais e ou governamentais

Garotos gostam de iludir
Sorriso, planos, promessas demais
Eles escondem o que mais querem
Que eu seja outra entre outras iguais
São sempre os mesmos sonhos
De quantidade e tamanho
Garotos fazem tudo igual
E quase nunca chegam ao fim
Talvez você seja melhor que os outros
Talvez, quem sabe, goste de mim
São sempre os mesmos sonhos
De quantidade e tamanho
Garotos perdem tempo pensando
Em brinquedos e proteção
Romances de estação
Desejo sem paixão
Qualquer truque contra a emoção

ainda mais que perfeitos para mendonça e eduardo campos, os " mais garotos do pedaço".
(garotos I , do leoni, que em versão forró, nem fala mansa salva)

Monday, October 16, 2006

sintonizando o fim de semana na televisão I

xuxa faz programa de comemoração de vinte anos. angélica faz-lhe visita. ela, amadureceu. já a xuxa, regridiu. o que não deixa de ser uma forma de podridão em baixinho.

sintonizando o fim de semana na televisão II

e o astronauta brasileiro virou jurado de faustão. dir-se-ia ficou de lua?

sintonizando o fim de semana na televisão III

eliana e márcio garcia, por coincidência ou não? apresentadores, ou pelo menos disso chamados, na rede tv. eliana, faz qualquer loura, tingida ou não, sentir-se phd em física quântica, quando abre a bôca pra fazer qualquer comentário que seja. já márcio, que teve a sua chance fazendo o proxeneta celebridade, até hoje anda a espera da ficha que não vai cair, pelo menos antes dele cair. o páreo entre os dois é duro. e olhe que ainda tem aquela apresentadora do almoço com as estrelas, que não dá para engolir, ou comer, tem gosto pra tudo, nem com sal de frutas(sal de fruta ou sal de frutas?). eliana não se sabe se assim ficou após o casamento com o justus. ou se o justus ficou com sua porção eliana desde então. o fato é que o edu, muito menos nós, não merece. já o márcio, anda sobrando no papel e no programa, e olhe que disso ele entende, pelo menos demonstrou na novela. o grande perigo para a televisão brasileira é os dois se apaixonarem, não um pelo outro, mas pelo que fazem. ai o domingo fica morimbundo de vez.

Sunday, October 15, 2006

sintonizando o fim de semana na televisão IV

palhaço chocholate completa 30 anos e a globo faz-lhe homenagem das grandes. talvez porque 30 anos é um número longevo. mas, no país de carequinha, arrelia e piolim, chocolate faz-me sentir assim, digamos meio diabético. e sem a menor vontade de lambuzar-me de seu acting, cuja qualidade fica muitíssimo abaixo do biscoito treloso que lhe patrocina e que é o chocolate dos biscoitos.

Saturday, October 14, 2006

novelas de sambaqui

a novela sinhá moça chegou ontem ao fim, mas estrupiada que a senzala da fazenda araruna.

tá certo que todo capítulo final de novela é uma desmoranar de coerências personais. mas sinhá moça conseguiu ser o maior mostruário de desavenças entre o querer e o ser dos indivíduos, jamais visto numa novela.

certo é que, sendo realidade ficcional, as novelas tem uma, digamos, licença poética, para demonstrar as vicissitudes humanas a título de exemplificação. o que parece ser providencial em tempos de group discussion, aqueles amontados de extratos estatísticos vertidos em gente, monitorantes monitorados pelos núcleos de escrita das novelas, que a partir daí de escritas a descritas, moldando personagens e gran-finales ao sabor das opiniões pré-nupciais as pesquisas. isto posto, nunca mais tivemos tivemos aqueles finais de novela escritos exclusivamente da cabeça do autor, de maneira que, ou odiávamos, ou amávamos, as opções escolhidas por pura e livre arbítrio do autor, cujas reações, algumas, até chegavam a virar notícia de jornal. hoje em dia, nem bocejo.

se alguém ainda se recorda, do rafael, a sinhá moça, rodolfo, chicotadas fora, tidos como esteio da reserva moral do núcleo bom da novela, agiam todo o tempo como se tivessem tomado um porre. orá pra lá, ora pra cá, sem a menor consistência ou coerência de propósito. e haja castigos no tronco da densidade dramática que foi atrás da sua siriema fugindo desta trama cujo fio condutor, só se for o do bigode do barão.

para quem ficou chocado com o final de belíssima, onde a vilã acabava em paris em sua garconiére livre de todos os castigos, o fim do barão, e de tantos outros, é um prêmio que caracteriza ~ seria esse o propósito historicizante? - a impunidade vista até hoje.

enfim, os gregos, sabedores das confusões do olimpo, tinham um recurso de dramaturgia - o deus ex machina - que permitia uma solução montada no non-sense que adquiria sentido de acordo com a maestria com que era empregada.

nas novelas de hoje andam empregando o olimpo inteiro como ex-machina. mas nem assim um samba do crioulo doido conseguem. no máximo um melô do bastião, que toda uma vida separado da mãe - e vice-versa - reencontrados em recurso dos deuses, e em lágrimas fundidos a amor eterno, esvanecem o sentimento à separação, por conta do filho da incoerência que andou chorando audiência mais alto ?

assim, até eu escrevo novela. e nem preciso ajuda dos deuses. quer dizer, uma palinha de baco sempre vai bem. afinal, você já ouviu alguma história de bêbado sem coerência?

Friday, October 13, 2006

fui pego de guarda baixa

faço pesquisa no cifras(site de tablaturas e letras de música) a procura da letra de sentado à beira do caminho, para ilustrar o post de mesmo nome, publicado no voudejeg.blogspot.com sobre jegs a espera de restauração.

clássico dos anos setenta, produto da safra madura da jovem guarda*, qual não é meu espanto quando vejo que acima dos nomes de roberto e erasmo vem a identificação: velha guarda.

mas que porrada. bela de uma má notícia para os jovens como eu.

*a título de curiosidade, a expressão jovem guarda provém das palavras de lênin, cunhada para o programa pelo publicitário carlito maia. algo como o novo mundo/ criado pela revolução repousa nos ombros da jovem guarda. deve ser por isso que sempre gostei mais do erasmo. algo me dizia que ele tinha mais ombros pra isso. é só olhar as suas letras. sim, porque não vá você pensar que eles faziam tudo em duplinha. é de erasmo a maioria do conteúdo que quebrou as regras para além do movimento, basta escutar coqueiro verde pra começar.

Thursday, October 12, 2006

imortal

aos noventa e dois anos, eleito por unanimidade para a academia brasileira de letras, josé midlin, consegui o feito, não tanto pelo que escreveu, mais pelo que leu. e pelo que preservou numa admirável e gigantesca prova dada e doada numa coleção de títulos que tomou-lhe a longeva vida e que tanto o fez acariciá-los.
nobreza de sentimentos, decerto retribuida pelos livros que nele liam benfeitor ativo, o será por vidas que não mais o verão.

a sua imortalidade, para nós, deve-se menos ao título e mais a afirmação: "trocaria de bom grado esta imortalidade por mais uns dez anos de vida".

e pra fazer o quê, perguntou o repórter? para ler, para ler mais, muito mais.

a academia então, espécie de ante-sala de velório, ainda mais pelos chás e biscoitinhos servidos, ganhou hoje, mais do que inteligência, a vida própria de mindlin, este sim fadado, antes de ser fardado , a ser imortal. quanto aos outros, alguém se lembra?

Wednesday, October 11, 2006

ultraje à rigor

a memória de bussunda, no mínimo.

presença da dupla puxa e estica no casseta e planeta.
pra quem não sabe a única censura imposta ao programa, não tocar na virgindade da sandy, dito pedido marinho, obedecido quiçá pela máxima do bom senso chamada negociação: não se come a sandy, literalmente com o bom humor, mantendo-se a calma e a coragem para arrepiar noutros scripts, o que nos valeu gozar todos os outros num programa que dito e feito assim, nos faria falta caso a negociação empancasse no bate-pé.

por outro lado, a turma do reverso ontem marcou ponto que soa a gol contra. ceder a tal tipo de negociação(e a qualquer outra, assino)significa que mais dia menos dia alguém vai tripudiar sobre seu cadáver.

foi o caso. sandy e júnior, objeto do não-desejo, inseridos no humor que até quando escracha valoriza, principalmente cocadinhas como a dupla que agora cismou de ser os rebeldes de plantão: argh, ergh, orgh! afinal, rebeldia por rebeldia, rdb tá aí mesmo fazendo a festa de quem precisa deste tipo de rebeldia.

nesta hora faltou verve, faltou bussunda, para fazer a meta-sacanagem. afinal, já que tinham? que inseri-los no contexto, que texto lhes fosse dado a altura desta forçação de barra, ou seria de hímem? para produzir a desmistificação de uma imagem que não foi rompida nem utilizando o martelo global.

rompida a complacência, já é hora de desmistificar: a moça até que canta(mas não tanto como tentam fazer parecer) mas não encanta. nem desencanta mais. continua enjoadinha, presa a imagem que não cresceu. já o júnior, nem na terceira idade vai virar sênior pelo menos no atual andar da carruagem. tido como multiinstrumentista, no meu bairro tem uns cinquenta caras que tocam guitarra, bateria, e compôem cem vezes melhor. e que com certeza não faz caras e bocas na hora de fazer o teste do susto.

enfim, casseta! não tá na hora de mudar esta dupla de planeta? francamente.

Tuesday, October 10, 2006

quero ser grande

globo exibiu ontem, em horário que crianças, mesmo modernas, deveriam estar dormindo, quero ser criança com didi mocó, sob pseudômino de homenagem ao dia das crianças. não sei o que tais crianças - e nós adultos - fizemos para merecer isto. mas que foi um castigo foi.

ao mesmo tempo, castigo pouco é bobagem, desde domingo, todas as emissoras repetem exaustivamente imagens e declarações acontecidas no debate bandeirantes entre lula e alckmin, quando eles a custa de temperatura dita mais elevada tentam mostrar que são mais maior um do que outro de grandes.

eu, que não sou o tom hanks nem nada, não sabia se agradecia por já ser grande, e portanto com o poder de mandar o didi mocó às favas. sem que isso fizesse a menor diferença na minha vida. ou se, renegava, por não ser criança, não poder mandar às favas o tal debate, fazendo de conta que isso não fará a menor diferença onde quer que me esconda, neste brasil de brasileiros que, no fundo, tem como opção a escolha entre a corrupção ensimesmada de volta e a corrupção velada que desnuda-se vez em quando, muito a contra-gosto porque em sí mesma enrolada ninguém sabe ainda neste novelo se do fim ou começo.

Monday, October 09, 2006

ô louco

as cordas de rappel, equipamento presumivelmente standard para ações na selva, dos especialistas em resgate, incluindo,depreende-se, dos atinados à busca dos destroços do vôo 1907, tiham vinte metros, quando o necessário seriam 40 metros. sendo características sobejamente conhecidas pelas decantada altura das árvores na região, isso só foi descoberto in loco. assim como, de que a equipe não tinha moto-serras, para enfrentar a cerrada barreira de troncos colossos, algo tão comum, também na região, que quase é carregada a tira-colo apesar de mais serra que moto.
nossos bravos homens das forças armadas não deveriam incluir isto a priori em seu plano de vôo ou melhor de resgate? ou, dada a emergência e dimensão do ocorrido, o raciocínio pragmático ficou atordoado? mas se são especialistas em tal tipo de ação, como explicar a falta dela, concatenada entre rapidez e precisão, imprescindíveis na frieza programada de quem treinado para enfrentar a morte sem dar sinais de vida? portanto imune a tais falhas só acontecidas em comuns mortais.

moral da história: da próxima vez que tiver voando sobre a amazônia não julgue neurótico o passageiro ao seu lado se por ventura estiver ele carregando tais apetrechos e outros tais como barcos infláveis, repelentes, mata-piolhos, enfim. de há muito sabe-se que resgate na selva não é resgate em congonhas.

Sunday, October 08, 2006

yankees don´t go home

primus inter-pares, pilotos americanos revoltam-se ante a prisão de seus patrícios e colegas, para eles insuspeitos no que toca culpa ao acidente-tragédia maior da atividade aeronáutica brasileira.

e empáfia - da justiça, esclarece representante do governo, já tirando da reta - da republiqueta de bananas em reter os cidadãos americanos, já provocou até a ação de um deputado que solicita à condolissa do arroz intervenção. ainda que sendo politicamente incorreto, no brasil, talhada apenas para papel de passista de escola de samba de quinta e, olhe lá, bumbum bem coberto, apesar de que por aqui certamente a chapinha vai ser feita como se deve.

tudo indica, ainda não provado, se prova provada revelada for, que os pilotos brincaram de play-station com o avião citado, o que deu origem a trombada das feias, mostruosas, desumanas, escondem as fotos.

como a amazônia é terra de mãe joana, sobrou até para o comando aéreo, o achincalhe de espaço aéreo ao deus dará, pelo tal jornalista sobrevivente que não satisfeito em sobreviver, fez do acontecido plus ao meio de vida, publicando reportagem e dando entrevistas como senhor da justiça nas alturas.

se o brasil, brasileiros, justiça e govêrno, tiverem alguma vergonha na cara, devem abater, antes do vôo, tais pretensões que buscam livrar pela cara dura e intimidação os tais pilotos. inciativa de um país e de um govêrno, acostumado as mais escabrosas e escandalosas intervenções onde bem lhes aprouver o plano de vôo de seu totalitatismo intervencionista turbinado por seu poderio econômico-militar.

justiça e jail para estes brevês se culpados forem sem mais bush shit. porque se assim não for, estaremos dando mais do que razão aos osamas da vida.

don´t go yankees. here, i hope, justice in cash, please.

Saturday, October 07, 2006

pelos raios da bicicleta

nunca mais pensei em poema

ando tão atarefado
no trânsito veloz das palavras avenidas
aquelas dos artigos, das críticas, das tentativas malsãs de escrita
das réplicas e tréplicas sem fim
no fundo todas palavras com fitos inúteis
que fiquei sem tempo de esgueirar-me pelos becos e ruelas da poesia
nas quais não perambulo faz tempo
acanhado e distante
como um menino cheio de lombrigas na barriga
justamente cólicas na hora do recreio

descubro mais uma vez o que sempre soube
a poesia não gosta muito destes espaços largos em que ando metido
trata-se de uma espécie de agorafobia preventiva
que a faz evitar significados demasiados amplos
em troca da dificuldade valiosa de transitar
pelos espaços estreitos e abandonados
em pleno coração da cidade
apesar de tão cagados, tão mijados, tão descaracterizados
tão irremediavelmente prostituidos e descarnados
tão violentados pelo esquecimento das lembranças que não nos tem acompanhado

mais do que metafórica é periférica a poesia
tem fome de conteúdos como bicho de pé
vai fundo comendo pelas beiradas
abrindo suas estradas de pé em pé

por isso evita automóveis e adora calçar sandálias em têrmos
pois como senão a pé
contar-lhe-ia os paralelepipedos da rima?

a pé para chupar uma fruta, um “ picolé de tinta”
uma maria-mole
um doce de batata cortado por espátula
no tabuleiro que nunca foi lavado
marcando sabores como um travo

emoção de chutar pedras nas calçadas do bairro
puxar o rabo dos gatos
e escorregar pra debaixo das saias das meninas
que dão gritinhos de sabores diversos ante o intruso dilatado

aí a poesia se derrete
e tinge as palavras com sabor de infância naquele picolé derretido na essência de morango
que outrora diluía o sangue do machucado no joelho

no máximo a poesia segue de bicicleta e pede um verso emprestado
aquelas que levam meninos no bagageiro, compartimento de mercadorias tão díspares como bojões de gás e a cabrita arrematada no fim de feira, sacrício para ambas as partes

no meu bagageiro fardo de sentimentos
farnel de sabores outros
já que ando meio destrenado
nas pedaladas ladeira acima ladeira abaixo
catraca da poesia de viver contando os meus próprios passos

Friday, October 06, 2006

pedra de responsa

nasci para ser imolado
não para ser amolado.

equidistante

lamento informar, que não só a justiça não é cega como aquela balança está pra lá de adulterada, assim dita neutra, pra cortar a cabeça de quem possa interessar o fio daquela espada.
e pra quem acredita somente em justiça divina o cemitério tá cheio de gente atingida por justiça perdida.

Thursday, October 05, 2006

zarôia

se considerarmos o desejo da aplicação da justiça doa a quem doer, por aqueles que pretendem o impeachment de lula, mesmo que ele seja eleito, por conta das denúncias de corrupção em seu govêrno, tocando tambores stéreo por seu indiciamento e abertura de processo, não deveriam, segundo este este mesmo raciocínio, exigir a volta de collor em pleno direito à presidência, já que foi arrancado do planalto à forceps e posteriormente inocentado na justiça de todas as acusações– já que nada, nadinha de nada foi provado contra ele - que motivaram sua deposição ?

Wednesday, October 04, 2006

golpe de vista

por fora a caixa preta é laranja. mas só por fora.

tarja preta

piloto automático também dorme. mas este, nem com grito pode ser acordado.

plano de vôo

por mais baixo que você vôe, sempre correrá o risco de cair. então vôe alto. isso não fará muita diferença se você cair. mas faz uma enorme diferença se você chegar ao destino.

Tuesday, October 03, 2006

de média, pão com manteiga, botox e b.j thomas

se houver concurso, a escolha vai ser dura. regina duarte e sônia braga na pele – esticada – das personagens mais jujubas do horário. e ainda tem gente que acha que vida de ator é fácil. acha? então imagine-se comendo as tais jujubas no papel ? é presente de greg com ó.

pra começar, ninguém consegue ser mais melosa e babosa do que a regina. nem mesmo a clarinha, o que assim dito, não significa dizer que estou sendo politicamente incorreto ou tirando partido de outras síndromes, só constatando e não contestando.

já a braga, difícil imaginar alguém mais retalhado para o papel. aquele sotaque e aquele visual de carioca esticada até nova-iorque cheio de escalas. estou – ou ela – com jet-lag até hoje.

dói até a medula, ou melhor na memória. rock and roll lullaby de fundo e regina duarte ainda tragável na pele da mocinha que se tornaria a namoradinha do brasil, com quem timidamente, anos depois, num festival de teatro em campina grande, entabularia conversa jogada fora, sendo ela a humildade reencarnada.

por outro lado, a sua prima(nas páginas desta novela maneco) trepada no telhado, com aquele vestidinho que insinuava a bunda mais punhetada do brasil e em portugal, onde literalmente parava o país(gabriela meninos) não fazia justiça, pensei, aquela coisa baixinha que pedia uma média com manteiga em plena fonte da saudade, na padaria onde costumava lanchar ou tomar umas cervejas com o márcio borges. sim aquele do clube da esquina, que na época era redator da artplan, assim como eu, pra você ver que só não sou eu que tenho o passado negro.

vê-las assim hoje, faz-me refletir sobre mim mesmo. sem média, sem botox e sem rock and roll lullaby, ainda sou um pão ? ou só estou comendo pão com manteiga?

para uns, as páginas da vida passam mais depressa do que para outros.
convem preenchê-las antes que outros autores a estiquem em demasia.

(She was just sixteen and all alone
When I came to be
So we grew up together
My mama child and me
Now things were bad and she was scared
But whenever I would cry
She'd calm my fears and dry my tears
With a rock and roll lullaby

And she would sing sha na na na na na na na ...
It will be all right sha na na na na na....
Sha na na na na na na na ...
Now just hold on tight

Sing it to me mama (mama mama ma)
Sing it sweet and clear, oh!
Mama let me hear that old rock and roll lullaby

Now we made it through the lonely days
But Lord the nights were long
And we’d dream of better moments
When mama sang her song
Now I can't recall the words at all
It don't make sense to try
'Cause I just knew lots of love came thru
In that rock and roll lullaby

And she'd sing sha na na na na na na na
It will be all right
Sha na na na na na na na
Now just hold on tigh

I can hear you mama, mama, mama, mama
nothing loose my soul
like the sound of the good old rock and roll lullaby)

Monday, October 02, 2006

alka-seltzer

pra quem acha que dinheiro não trás felicidade, o sorriso de alkimim está aí mesmo.

Sunday, October 01, 2006

sinais dos tempos

o que vem dentro de urna e barriga de mulher só se sabe depois de aberto, dizia a velha sabedoria popular.

menos sábios? pelo menos no tocante a barriga, pois agora já se pode saber o tamanho da encrenca muito antes do corte, quer dizer, do parto, o que hoje em dia dá sempre na mesma.

quanto as urnas, mesmo eletrônicas, também na mesma, apesar dos institutos de pesquisa, caixinhas de surpresa a infartar muitos coronéis, bem verdade não tanto quanto gostaríamos e maior parte das vezes eles continuados a nos surpreender.

sobraria a traseira de burro, de onde nunca se sabe se coice vem ? mas se até os burros estão em extinção, sinais, sinais.

por via das dúvidas, amarre sua mulher, seu voto e seu burro. no pau, na sua consciência e no alpendre. mas não necessáriamente nesta ordem, se você não sabe onde seu burro pasta, sua mulher deita e seu voto crispa.
(e se você for mulher, e seu homem for o burro da casa ou vice-versa devemos concluir que você andou votando nas coxas?)

Saturday, September 30, 2006

estetocospicamente falando

cístole diastole, cístole diastole.
no meio de tudo isso eu. o bate tambor batido.
só não sei se mais morto do que vivo ou vice-versa que seja.

Friday, September 29, 2006

umbigo

aquilo que a gente corta quando descobre que nasceu(em algumas pessoas nem quando mortas é cortado).

rótula

aquilo que o pensamento rói quando não podemos estar perto do que queremos.

apêndice

aquilo que nos diz que quando estamos sobrando e ficamos, supura.

coxas

caminho para algum lugar ao qual geralmente sempre se quer voltar mas de preferência por pernas diferentes(pelo menos quando se é jovem e as coxas falam mais alto).

tornozelos

a prova de que é necessário muito zelo mesmo para coisas prensadas no torno.

omoplata

seria talvez algum detergente argentino?

Thursday, September 28, 2006

Wednesday, September 27, 2006

pomba 1

virtude dos pombos que dá-me asas de inveja: taí uns sujeitos que realmente fazem o que lhes dá na telha.

pomba 2

melhor ainda é saber que ninguém lhes caga na cabeça, o que costumam acentuar cagando eles com afinco nas nossas. e digo mais: com que pontaria ou seria putaria?

pomba 3

a pomba da paz também caga. seria isso uma declaração de guerra eternamente pairando sobre nossas cabeças?

pomba 4

dizem que os pombos são os ratos do ar. e nós? da terra, do ar, do mar, onde mais nos falta ratar?

Tuesday, September 26, 2006

libertação

a leitura, leva a escravatura, se você não fizer um programa de analfabeto de vez em quando.

sabedoria, impopular

burro velho não aprende línguas. balela!
eu, por exemplo, estou aprendendo a ficar calado.

Sunday, September 24, 2006

falso rubi

o domingo deveria ser o umbigo da semana. e talvez o tenha sido no passado.
agora nada mais é que um "tôlete" boiando na praia pernambucana de um desbocado.

Saturday, September 23, 2006

quase-russa

a voz dela como travesseiro
num telefonema de quase seis horas de duração
a cabeça indo e vindo
minhas retas e suas curvas
em loopings e loopings de fios que pareciam nos colocar juntinhos
ao alcance das mãos

e, tudo, que não era pouco,
na velocidade incandescente
da paixão adolescente

quando acabei
completamente zonto
pensei na conta
mas segurei
e não vomitei
sorrindo à lembrança de que
nesta montanha não houve gritos
apenas sussurros

Friday, September 22, 2006

narciso

de tempos eu tempos eu me prometo que vou dar-me um jeito. que vou deixar de ser assim tão taurino. que vou usar a minha mal dita inteligência e sensibilidade para fazer amigos e tirar proveito da credulidade humana nos canalhas.
mais é a tal coisa. eu sempre caio - e haja reacaídas - nas promessas de um ser apaixonado.

Wednesday, September 20, 2006

conta outra

na contra-mão da história o escritor procura escrever uma história sem fim.

Tuesday, September 19, 2006

código da vinci

estão todas lá
palavras que podem fazer de mim
algo mais do que um escritor ou poeta fingidor
mas decifrar o meu código de talento
é o tom cruise que não tenho

silvestre

as palavras que brotam no dicionário ao alcance das minhas mãos
são canto de curiós em liberdade
que pouso envergonhado no acanhado jardim que tenho a lhes oferecer
limitados verbetes de paixão à escrita

Sunday, September 17, 2006

garoto do verão

sílvio costa filho, pegando carona sem disfarce no refrão do rádio táxi.
podia ser pior, imagina se ele vai de táxi com a angélica?
o hulk ia ficar verde?

a lei imposta na cara e na careta

as nossas delegadas, de quem não duvido competencia, são mesmo de assustar bandidos.
algumas até jeitinho feminino. mas a carantona: é de preferir a solitária ao confronto.
eu, desde já me rendo, e confesso tudo, menos tesão e paixão.

Saturday, September 16, 2006

d`aprés antônio maria

ninguém me ama, ninguém me quer. ninguém me chama de copywriter.

misteroquê

subo a notredame, maldigo degraus e o aperto dos espaços exíguos. quanto mais altura mais aperto, resmungo e blasfemo, mastigando um croissant pra turista se fuder: imaginem a merda que não é a subida para o céu ? enquanto cúpula e seu madeirame sugerem-me corcunda.

no terraço tenho o sena a meus pés e a torre eiffel não passa de um galeteiro. estou nas alturas sem asas. gárgulas me sorriem e convidam ao parapeito. lá em baixo um baque surdo anseia por mim.

lamento desapontá-los. fica para outra vez, digo sem muita convicção. então acocoro-me e junto-me as pombas.
chega de paris por hoje. e desço num bater de asas sem quebrar o pescoço.

aurélio

as vezes faz de mim um buarque de holanda

pílula do dia seguinte

do meu gênio maldito ninguém terá sobrenome.

devadip carlos santana

riff e sustain de uma fé, que soa como um grito de guerra, em paz.

Friday, September 15, 2006

esquizofrenia das seis

quem assiste sinhá-moça e presta atenção na letra, da trilha que dá-lhe nome, não reconhece nos préditos cantados a personagem, correspondência de atos em imagem.
novela a mais de meio e a sianinha não sabe se sai de ford ou se sai de sinca, titubeando a todo momento, desacreditando de quem fala a verdade e acreditando no papai-barão-noel.
autor ou letristas? quem surtou?
(bom, pelo menos era assim até a semana passada. agora parece que ela descobriu que o pai mata e mente, não necessariamente nesta ordem, e que o pirilau do irmão do quilombo é mesmo branco).

kimimo

a primeira capital da cultura brasileira, olinda, esbanja gafes mais uma vez, ao organizar pelo segundo ano uma série de concertos, que em principío seria um mimo para população tão carente de espetáculos em franquia.

acontece que fundamentos básicos na produção de um espetáculo foram esquecidos apesar de tantas partituras. como por exemplo a escolha acústica de igrejas que em vez de contribuir para a elevação das sonoridades – ou seria enlevação? – acabam por abafá-las, gerando recorrência a amplitudes de onda tornadas eletro-acustícas, o que é sempre uma agressão aos ouvidos puristas, preciosismo que deveria ser observado em respeito aos virtuoses convidados.

no último espetáculo, domingo que passou, mais do que uma gafe, um desrespeito a platéia e a orquestra retratos do brasil. a platéia que acorreu ao seminário de olinda, mais do que as cadeiras de plástico que inibem acusticamente a propagação do som, viram-se sentadas com vista cega para os músicos ou seja: ouvia-se ao som, mas por uma questão de disposição espacial e da falta de nivelação ascendente não via em sua maioria a orquestra no seu todo ou em partes. já a partir da “quarta fila!. recurso extra era o telão no páteo frontal, com um som de péssima qualidade, imagem idem, e um vento que convidava, não ao aplauso, mas a bater em retirada.

pior do que este mimo só o café.

Thursday, September 14, 2006

“baby face”

leva-se muito tempo para ser jovem, disse picasso.
eu já vou levando com isso a tanto tempo que devo estar encruando
encurralado entre os vinte trinta anos que não os terei mais
e a aparência que também mente pelo lado de fora.

52? quase todo mundo se espanta. não parece nada, o que me soa falso. o chato é que ninguém parece acreditar, até mesmo o insuspeito espelho. talvez a barriguinha discreta ajude no escape ao refletido, que só me enxerga as metades.

e olha que noites e noites viradas, decadas a fio, fundadas em adrenalina, aporrinhações, prazos, pressões, agonias, fumaça, farras homéricas, vinho e azinhavre, desta minha profissão, tida como infartadora de homens, em seus altos e baixos. roda viva quase instrumento de tortura, loucuras de uma paixão sem correspondência, na maior parte do tempo ao volume da descarga.

lembro que até os vinte, tinha vinte. aos trinta continuava com vinte. aos quarenta mal chegava aos vinte e oito e aos cincoenta finalmente cheguei aos quarenta, apesar de gente que ainda arrisca trinta e poucos, o que, assim também, peraí, já é um exagero.

eu por via das dúvidas nunca embarquei nessa. e estou fazendo força para que uma coisa corresponda a outra, de maneira que aprenda o suficiente para sentir-me jovem, por exemplo, aos setenta, se lá chegar, com algo mais que saudades do que nunca fui. guardarei pois a minha vaidade, lá do começo para empregá-lo como meio no fim de tudo.

gostaria de saber a minha exata situação etária pelo lado de dentro.
revolvendo as entranhas e resolvendo as cavas das gorduras que apontam um coração pihado pela vida, cada vez mais íngreme para a minha teimosia, na qual obstino-me em não ser o que todo mundo espera que eu seja, quão mais difícil fica a sobrevivência.

a vida anda a me comer com pressa, certamente. mas o tempo anda esculpindo bem devagar a minha cara do futuro.

por isso, ainda ando com um cara de passado. o que enganosamente muita gente pensa que é um presente.