Wednesday, November 08, 2006

de restos, o recomeço do tudo ao nada

, co alimentar-se de restos tornou-se mais do que uma forma de sobrevivência uma quase profissão. é claro que ninguém come garrafas pet ou latinhas de cerveja, mas enquanto cata-se uma coisa ou outra, come-se, o que dá ainda pra comer, no critério deles, ainda comível. não do nosso, que servimos ao lixo um quase suficiente para alimentar aqueles que sobrevivem da nossa desumanidade, cujo lixo apesar de país emergente, seria banquete na áfrica, e ainda assim, fétido, desejado na coréia do norte, por exemplo?

e quanto maior o nosso desdém, mas vão adquirindo importância, estes “ratos” da modernidade, pilares da indústria da reciclagem, patrões da informalidade essa não digerida mesmo que este seja quase seu oficio, digerir as sobras da nossa pança, da nossa poupança, na nossa estupidez insatisfeita, sem a qual além de mais lixo por todo lado, mais gastos em petróleo, energia, e matérias primas derivadas, acabariam por traduzir-se em mais pobreza e mais lixo. das ruas calçadas as descalçadas, da natureza descaracterizada a natureza por descaracterizar.

este exército, que vai à luta deixando-se montar por carroças improvisadas em cascas de geladeiras, que de tanto material as costas acabam revelando que a fragilidade da casca do ovo acaba por ser carapaça de tartarugas, placas de materias tantos que muitos não cabem e restam pelo chão de trajetos que maratonistas não conseguiriam percorrer. a maioria surge como crepúsculo, acompanhado de seus cachorros, também maratonistas de outra ordem, e comensais dos mesmo menu, numa faina que alcança as madrugadas e muita vezes interrompida pela ázafama do mundo que os interrompe a luz do dia.

mas também há, os pés desta casta, que catam o mundo saco as costas, ainda mais pobres, para quem o sonho de consumo, é uma carroça com burros, mula ou aquilo que já foi chamado de cavalos, que mesmo assim, ainda dispostos carregam além do catador, sendo este da estirpe dos cavalos, ajudantes e algum cachorro que não aguentou o tranco.

e nós que pensamos com nojo nestes seres, não pensamos que se algumas vezes vomitamo-lhes comida, invariavelmente comemô-la de volta, já que eles são os regurgitadores de tudo aquilo que jogamos fora em nosso ritos diários de bulimia motivados pela nossa já crônica anorexia da solidariedade que nos deixa de rastros diante dos nossos restos.

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