Friday, November 17, 2006

mulheres de apenas

hoje lembrei-me de dois amigos que cada vez mais vão se distanciando. não de mim, por enquanto, apesar de processo já deflagrado, mas dos seus ideais, ou dos sonhos em que se pensaram tantas vezes, por pressões, talvez fosse melhor dizer, chantagem, das suas respectivas. que reclamam-lhes a presença, a segurança, ao custo do engaiolamento dos seus amados.

lembrei-me de um acidente há pouco tempo, mostrado à exaustão pela televisão, em que um piloto de stock-car acidentou-se de maneira espetacularmente sinistrosa(culpa das elevações absurdas em áreas ditas de segurança)e foi salvo pela "gaiola" de aço que é feita para proteger o piloto. quando entrevistada sobre como estava se sentindo a mulher logo disparou a dizer que iria pedir para ele parar de correr.

as perspectivas dos componentes de um casal, que deveriam estar na mesma "gaiola" vivendo o amor em segurança(e não por segurança de medidas extremadas que não resolvem) são enxergadas quase sempre de maneira diferente, assim parece por ambos. para a mulher, a gaiola ideal é aquela que privaria o piloto de correr para a sua segurança, na verdade a dela, apesar de falar em nome dele imaginem o que é pedir a um piloto para parar de correr? ainda por cima, que deveria ser ele, após tão medonho acidente a decidir o que fazer e não ser "pedido" a isso, com a costumeira argumentação de sempre, onde não faltam a questão dos filhos como freio extra. aliás, pilotos são pilotos logo desde sempre, desde o kart, portanto ela já o conheceu piloto.

noutras profissões também existem gaiolas que são criadas para proteger ou cercear vidas. e para não me tomarem por sexista, mulheres há que são cerceadas por seus maridos que tentam(boa parte ainda consegue)as colocar nas gaiolas da não concorrência, ou como estratégia de proteção contra o ricardão, enquanto ele ricarda as de outrém.

não tenho amigos pilotos. mas tenho dois amigos, ou foram, publicitários, cujas mulheres já lhes pediram, e ameaçaram, com as armas de sempre, para que deixassem correr as idéias sozinhas porque não queriam ficar elas, sozinhas nas suas gaiolas, até altas horas da noite, ou madrugadas, sem idéias do que fazer, obrigando-os a interromper a corrida das suas vidas usando também a metáfora da criação inconclusa.

coincidentemente, ou não, a vidas destas mulheres, ou a de suas gaiolas, era vazia, fútil, perdida. não preenchida por uma busca de sentido de profissão ou liberdade que não rompesse a gaiola da forma que nunca deve ser rompida: com o corte das asas que dão velocidade ou sentido às idéias da criação.

e tudo em nome do amor. do amor que gasguita o ou dá ou desce, ou amor fica ou já não me metes mais a pica.

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