Monday, October 16, 2023

bianco martini

se a curiosidade matou o gato, o humano enterra ainda mais sorte e desdita pela busca do minucioso nas peculiaridades da sua existência. essa mania de meter-se em relojoeiro das possibilidades é a sua desgraça maior, ainda que isso o leve a " evolução da humanidade", o que, convenhamos, é um critério pra lá de controverso. principalmente quando se desmonta os tics e tacs intestinos ao fundo - que a mais nova é descoberta que a microbiota até pode mais que o cérebro -  onde o lógico e o ilógico é a sua tentativa sempre frustada de querer encamisar os fatos da vida como se ser lógico ou ilógico detivesse o movimento do universo que, também convenhamos, decididamente não conspira a nosso favor. o que parece lógico na existência, é absolutamente ilógico. e o ilógico é absurda e teimosamente lógico. mas o humano faz sempre uma confusão do caralho ao submeter o que quer que seja aos critérios da logicidade e ilogicidade. o que há de lógico num peido ou ilógico ? o tal acaso e necessidade são coincidência ou determinação de deuses ou que quer que seja? para sua felicidade, o humano poderia sair por aí soltando seus peidinhos, fagueiro na vida, nesta caminhada que quanto mais longa mais curta é. mas não: tem de classificar o peido, numa fenomenologia barata que ele eleva a um categoria de metanoia, desaprendendo o que a natureza ensina a cada respiração: quanto mais simples mais complexo é. e vice-versa. e quanto mais elaborado o discurso mais vazio, embolorado e inutil se tornará, quando não genocida. no arcabouço de uma jornada que iniciou-se no pó de alguma estrela até virar o pó de merda em que nos tornamos e que não melhora com o nosso fim (na verdade terminamos antes de começar) a tortura a que o humano se submete, subvertendo as leis da natureza, cuja mais bela é: existir naturalmente, sem pensar n existência como um processo cerebral, plantas e animais que o digam - o humano até inventa a filosofia que nada do que acontece fora do seu cérebro existe, o que tanto tem de lógico, como de ilógico e de sísifo tentativas de desvendar o que é ou não é - enquanto subverte, a começar da destruição da própria e portanto da sua, que deformada agora é sua propria natureza: pensar que se constrói algo destruindo ou que reconstruir é a prova maior da sua capacidade, é atestado de pós doutorado de espécie nociva e de uma estupidez tamanha, que não satisfeito eleva a categoria de ciência - aqui também o ilógico está mais do que lógico. mas tem de sublinhar. por quê o humano imediatamente dirá que não é lógico, o pensamento, que leva a ciência ser classificado de nociva, não tem lógica ou é ilógico , percebem? enquanto isto, vida e morte, a beira de algum vulcão extinto, que se tornou lagoa azul nos açores, conversam sobre acontecimentos em outras galáxias tomando seu bianco martini - mas sem gelo. que até às águas das alturas já são residências de micro plásticos, lógico, of course. mas que coisa mais ilógica sô. não?