Monday, July 23, 2012

com meus culhões de cão

serão mais de 30 dias avisa-me sem direito a interregnos o veterinário.trinta dias de curativos em um ventre e abdômen em carne viva quando não parte em putrefação que o senhor dos bisturis, da dor e das gazes e compressas comprimidas por sobre o peito do cão vai descartando com seu bisturi improvisado de lâminas de barbear a falta das lâminas de bisturi dispendidas em atendimentos de emergência que no dia foram para mais de não sei quantos tamanha minha comoção com as dores de todos mas especial do meu.


e porquê tudo isto? se a cirurgia de amputação de seu rabo por conta de um tumor correu às mil maravilhas?  quero registrar que considero a expressão usada neste contexto de mau odor .  uma dermatite alérgica, no espaço da tricotomia(raspagem dos pelos) necessária para a implantação dos contatos para a monitoração da anestesia inalatória, cuidada por extremo já que o cão é um senhor que muito embora de exames bioquímicos melhores do que os meus que estou a caminho mas não sou tão senhor assim, que findou por ser um criadouro de bactérias que lhe tomaram de assalto a barriga e o peito, por entre as fímbrias dos micro cortes que toda tricotomia causa.


cão estressado mas corajoso. todos lhe louvam a coragem enquanto rasgam-lhe a cru as carnes - sedá-lo apresenta riscos que não queremos correr mas que mais adiante cederíamos - vão ser mais de trinta dias de curativos, que desde o quinto diminuímos de dois por dia para um pois nem ele e muito mais nós aguenta - porque o estresse poderia lhe causar uma intercorrência um eufemismo(todo linguajar médico é eufemista para parada cardíaca ou respiratória - enquanto ele se debate contra correias, mordaças, mãos sem conta a lhe obrigar a ir para o sacrifício que não há racionalidade num cão para entender que aquilo que lhe causa tanta dor é para o seu benefício como se o tivéssemos nós quando o dentista nos procede a tortura por muito menos e com muito mais artifícios para enganar ou distrair a dor que nunca vai embora de vez porque a dor é um serviço sempre oferecido em conjunto com o medo, sendo um e outro em perfeita e tão tamanha simbiose que sequer chegam a ser inversamente proporcionais e sim equânimes: aumenta um aumenta o outro ainda mais e assim sucessivamente até o desmaio ou o piti do dentista que nos acha covarde e que assim não pode trabalhar mais ou direito queria eu ver como são dentistas com outro a meter-lhes o ferro no canal que eles juram anestesiado mas que sentimos contorcer-nos as sinapses como o demonstra meu cão ao tempo que o veterinário diz que dói mas nem tanto assim é manha diz enquanto apressa-se a querer consertar a impropriedade dizendo que também eu sou muito corajoso pois nem todo mundo suportaria ver e acompanhar aquilo por todo este tempo também eu envolvido na operação de contenção do cão que eu por ironia já salvei antes da morte para lhe ver livre tanto que nunca lhe coloco sequer coleiras.


não sabem eles todos que eu estou ali do lado não porque tenha culhões para isto. neste exato momento sequer tenho ovos de codorna. mesmo suando frio permaneço de pé porque meu cão empresta-me muito da sua força e resistência a qual tento responder com uma amor que neste momento acho tão mixuruca que fico envergonhado de minha covardia em até nisso depender dele para me mostra uma pessoa melhor.

Monday, July 09, 2012

almoço de domingos

já algum tempo, nos domingos, almoço em paz. mcchickens. genérico que seja ou original. e pronto. de sobremesa, café em copo e vontade de fumar. antes da saída, em meio as meias mordidas, altura em que me lembro odeio maionese, de soslaio miro a testa franzida das atendentes e cozinheiras que penso em reclamações - me consegue um pouco mais de ketchup ou vai dizer que só tem mostarda? - não sei contentes em trabalhar aos domingos. também dariam graças a deus? que elas complementam com muito sachês de molho fora, aquele filho da puta, de trabalhar aos domingos para não ter de almoçar em casa? 


domingos tem um certo ar de prisão após a revista da semana. foram-se as armas e as drogas. resta o almoço em família para a gente se embriagar de crime. de sobremesa o faustão. a sorte é que a pena não é perpétua. mas é longa como o crochê das mágoas da vovó sobre as memórias do vovô que enfezado se mandou de casa e foi morrer de infarto num puteiro enfiado em pleno cu de uma adolescente. o retrato do meu vô foi retirado então da parede e naquele exato lugar ficou a marca, onde o bolor do mofo lembra o esperma da vida que ele despejou fora para não morrer ensimesmado dentro de casa como paio, um chouriço, outra denominação. as sobras das conversas do almoço de domingo todo mundo já sabe como reaproveitar. são servidas fritadas ao azedo que requentadas podem durar até a terça feira. isso se as vizinhas não aproveitarem o óleo para feitura do empadão de galinha com o destino de suas filhas, que diga-se de passagem são uns cu de bostas. 


almoço fora agora todos os domingos. mas do empadão ou da fritada, ninguém escapa. nem eu. nem você. 



Thursday, July 05, 2012

pra quando o carnaval chegar

nós é que somos metáfora e paródia do carnaval e seus desfiles. aquilo lá é sério nós não. nosso bloco é o da omissão, submissão, comissão e, claro, dos bundões.

Monday, July 02, 2012

nada mal para um cuzão

foi uma escolha mais do que lógica. foi biológica. porque raios raios tenho eu de viver a vida que os outros acham que é boa para mim, quando a deles não passa por nenhuma marca ? 
mandei todos a merda e fui me fuder com minha originalidade rarefeita mas intacta.