Saturday, December 31, 2011

dias melhores( das e de toda uma vida)

com certeza, nem os primeiros, nem os últimos. adonde foram mesmo parar aqueles do e em meio a travessia, que dadas as circunstâncias sempre nos levará a morrer na praia? e antes fosse ou mesmo que assim seja. afinal, houve uma travessia que não findou a meio, que é sempre muito pior do que o fim no fim do fim.

Thursday, December 29, 2011

calçada da fama

o cuspe de uma cuspida brônquica: é a vida.
a cagada de um passarinho: é a vida.
podia ser pior, a de pombo, dizem, é tóxica: é a vida.
e tome caca de cachorro:  é a vida.
mais no canto é de gente mesmo: é a vida.
bem em cima de um resto de matinho vagabundo que todas as noites revela singela flor: é a vida.
acertada bem no alto do seu cucuruto(cucuruto da flor) pelo bico, fino, do salto alto do travesti?: é a vida.
que em fuga, quebrou o salto, e logo após o queixo, pra combinar com toda esta violência, pior do que a do espancamento? três ou quatro costelas a chutes de coturno: é a vida, que para piorar hemorragia interna o suficiente para a golfada(sangue é a vida ou é a morte) que colore a flor, o resto de matinho, a caca de gente, a de cachorro, a cagada de passarinho e o cuspe de uma cuspida brônquica.é a vida.

Wednesday, December 28, 2011

cicatrizes de fecho-éclair


2012 à vista(para alguns eternamente a prazo). misterwalk encerra a quase hercúlea tarefa de encerras as malas(antes fossem os malas) que nada mais complicado por insistir em fazê-las como sempre e não da forma e conteúdo simplesmente simples. afinal, se desta vida nada se leva, para que querer levar-e trazer- tantas coisas? numa mala que mal cabe uma laranja e nela queremos transportar o mundo, ou melhor, os mundos, despedaçados por onde andamos? nisto e aquilo algo que também temos culpa ao contribuir de alguma forma para este despedaçamento, mesmo que seja a custa de alguns pedaços de nós mesmos, ainda que incrustados em pedaços de construções outras julgadas à revelia como indespedaçáveis.

acompanhante, daqueles que a cada item tudo pergunta, tudo contesta - isso não, só vai ocupar espaço e aquilo, não vai levar?(ainda bem que ele não vai), pergunta, o que estava demorando? - vai pra onde? fazer o quê? - vou para portugal. vou sofrer.
e antes que o silêncio se torne mais um item a ser embalado sem a régua da necessidade respondo e encerro a conversa como se um acorde de paredes acordasse por sobre o frio da sua e das nossas colunas: que lugar, senão portugal, para se sofrer com o prazer que já foi caro a cada um de nossos heterônimos?

a propósito - e não foi porque não coube na mala - deixo-lhes o poema do fecho éclair do antonio gedeão, que certamente não sabia que fecho éclair ou zíper, também se chama rí-rí). deixo-lhes outras coisas mais que não vou precisar em portugal. a falta só incomoda quando se tem tudo que revela o tédio de quem não fez e não lhe fizeram faltas.

" Filipe II tinha um colar de oiro

tinha um colar de oiro com pedras

rubis.

Cingia a cintura com cinto de coiro,

com fivela de oiro,

olho de perdiz.

Comia num prato

de prata lavrada

girafa trufada,

rissóis de serpente.

O copo era um gomo

que em flor desabrocha,

de cristal de rocha

do mais transparente.

Andava nas salas

forradas de Arrás,

com panos por cima,

pela frente e por trás.

Tapetes flamengos,

combates de galos,

alões e podengos,

falcões e cavalos.

Dormia na cama

de prata maciça

com dossel de lhama

de franja roliça.

Na mesa do canto

vermelho damasco

a tíbia de um santo

guardada num frasco.

Foi dono da terra,

foi senhor do mundo,

nada lhe faltava,

Filipe Segundo.

Tinha oiro e prata,

pedras nunca vistas,

safira, topázios,

rubis, ametistas.

Tinha tudo, tudo

sem peso nem conta,

bragas de veludo,

peliças de lontra.

Um homem tão grande

tem tudo o que quer.

O que ele não tinha

era um fecho éclair."

Saturday, December 17, 2011

a falta que faz a loucura em tempos de falsa lucidez


muito se fala em racionalidade,espiritualidade, religião mesmo, e dos descaminhos que o mundo roda em virtude da falta destes predicados. não se deixe enganar caro leitor: nunca o mundo foi tão racional, tão espiritualizado e tão religioso. tanto que até num país dito laico como o nosso(que não tem religião oficial)temos uma protetora oficial com direito a feriado e a uma indústria de gadgets e babilaques da (falsa) fé, à venda, justamente para fomentar o comércio do arrependimento e do perdão, coisa em que as religiões são mestras, sendo a católica pós-doutorada, mas hoje nada em que se compare aos tempos da idade média, isso lá pe verdade. e isto tudo,some-se ao que não é pouco - nem um verdadeiro louco acha - sendo a dita cuja da religião que mancomunou a destruição dos gentios, mas não sem antes meter-lhes muita sífilis e gonorréia através de seguidos estupros seguidos de morte, para não abrir aqui toda uma bíblia de atos prenhes da lucidez civilizatória sempre ungida e benzida fosse qual fosse o descalabro.
agora corrija-me se for capaz: digo que um verdadeiro louco não faria igual. portanto em vez de clamar por tanta racionalidade, lucidez,espiritualidade e religião(seja qual for) as evidências mostram que deviamos enlouquecer verdadeiramente, talvez a única maneira sóbria de dizer não a tudo isto. e por fim alcançar a salvação da genuína lucidez.

Friday, December 16, 2011

bunduda: ou uma quase escatologia da tuberosidade isquiática

amava uma bunda. casou-se com uma mulher bunda, teve um casamento bunda, e uma vida de merda. bom, até aqui nenhuma novidade, afinal: isso é o mínimo que se espera de uma boa bunda.

Thursday, December 15, 2011

trocadilho desgraçado


às vezes, e nem sempre só às vezes, o que fazemos, e o que podemos, de melhor, é o que nos leva ao pior onde literalmente nos fodemos.

Tuesday, December 13, 2011

uma questão de fé

o problema não é você acreditar em deus; ou vá lá, em deuses. o problema é eles não acreditarem em você.

Sunday, December 11, 2011

dizimando

se deus, dizem, não dá mínima para dinheiro, as igrejas; dão: ao máximo.

Friday, December 09, 2011

atraso de vida

de criança, e muito cedo, por mais pequeninos que fossemos, é que devíamos ter aprendido que o " pra sempre, sempre acaba", acaba mesmo, e quase sempre em merda.
e não na adolescência, quando já é tarde demais para vidas que mal começaram e a toda hora tomam tiros de fuzis nos ombros. o resto da vida, os que sobreviverem, o farão apoiados em uma educação sentimental onde recordar é viver. mas recordar mesmo o quê ?

Tuesday, December 06, 2011

rosa de luxemburgo

meus heróis não morreram de overdose. morreram sob tortura. ou, o que é pior, sob o peso de uma sensibilidade tal a impregnar-lhes a inteligência que findou por levá-los a pior morte de todas: o, em nada pomposo, esquecimento.

Friday, September 23, 2011

sem sacrifícios



os únicos deuses em que acreditava, eram os da mitologia(greco-romana) estes sim dão a exata medida do que nos espera quando acreditamos, seja em deus(es) e homens.

 

Sunday, September 18, 2011

quase marquês


como libertário, até poderia dizer que fiz história. agora, como libertino, ainda me faltam preceptoras.

digamos que por enquanto não passo de um marquês do sarro.

Sunday, September 11, 2011

o posto dos iguais ou em busca da vida tranqüila



desperdício. gastamos a maior parte do tempo na vida a procurar pelos iguais. quantos enganos na busca da vã similaridade, que apenas nos dá o tédio da segurança que não existe na vida – quiçá nem mesmo na morte. por isso, os créditos negativos de consumição ao fim de vidas que se tornaram lentilhas tamanha palidez em modorra de arrependimentos que não ousam sequer confessos. não finda o tempo de sacrifícios de outro tipo a que somos submetidos por não termos nos lançado a odisséia de não buscar o diferentemente igual.

Friday, September 09, 2011

sete vidas ou aos retardatários




da minha quadra alguns, da rua vizinha muitos. habituam-se rápido as porções, que julgo generosas, de ração e leite que deposito na calçada,sempre acompanhadas de afagos e uma boa dose de conversa para manter os assuntos em dia.

há dias em que por um motivo ou outro atraso .e isso me preocupa bastante. principalmente aos domingos, que é um dia de mais fome para os largados gatos, pois não há recolha de lixo e portanto nada para remexer e comer.a despeito do tempo que esboroa quando chego tarde estão lá dispostos nos lugares de sempre marcados por eles mesmo a minha revelia. quando não, levantando-me em torno da meia noite lá estão e o ritual procede.quando some algum - e somem muitos - penso:- como será quando eu sumir? se eles que tem sete vidas esfumaçam-se num repente, que do meu repente será o tempo de espera para os gatos que não tem sete vidas certamente para ficar esperando por mim que as vezes pego-me iludindo como dono de apenas uma vida que mesmo esta finda continuará a chegar para alimentá-los para toda a nossa fome de conversas de sempre.

Monday, September 05, 2011

o buraco é mais em em cima mas também é mais embaixo


antípodas por conceito, deus e liberdade. um, existindo ou não, escraviza. o outro, jamais deifica - apesar de tanta lavagem cerebral, a que chamam de pregação, para imiscuir um no outro o que ao fim e ao cabo, acaba sendo a negação dos dois na prática. prática de uma teoria onde a parábola torna-se a parábase incontestável, para os que acreditam em deus, e detestável para os que não.

a liberdade sempre foi tratada como uma coisa diabólica quando trata-se de justamente do contrário. se a tomássemos verdadeiramente como a base da condição humana para alcançar estágios mais acima, como por exemplo, ter um mínimo de vergonha na cara em explorar deslavadamente o outro, inclusive, e principalmente, em nome de deus e até mesmo da própria liberdade.

Friday, September 02, 2011

with a little luck



quando perguntam por ela, ele diz que um dia o reencontro acontecerá. a velha foto perdida surgirá como uma miragem e o perfume do envelope do seu último suspiro sucumbirá ao cheiro de madeira antes que a gaveta fechada no susto decepe o que restava dos seus pequenos dedos de lembranças.

Tuesday, August 30, 2011

troco

em certa perspectiva, os pobres tem a vida muito rica mas eles são pobres.

sob certa ótica, espelhadamente complementar, os ricos tem a vida muito pobre mas eles são ricos.


Monday, August 22, 2011

vesti azul


já não se fazem olds man como antigamente.

não estou falando de picasso ou burroughs, por exemplo, que detonou sozinho todas as preventivas sobre drogas. exceção da regra, por aventuras, o homem fez tudo de não encontro aos manuais de vida saudável e tornou-se longevo, produtivo e iconoclasta - e bota iconoclasta nissso - apesar de todo alcatrão e toda espécie de química alucinógena que ousou adentrar seu corpo passando longe dos abrigos e piedade dos que o detestam ou não o compreenderam, destestável por isso mesmo: eis o retrato da nossa pobreza ontológica: detestar tudo aquilo que não se compreenda. capítulo a parte, a parte em que assassinou a mulher, quando quis bancar o guilherme tell(robim hood depois dos filmes não se pasta mais) e em vez de acertar a maça sobre a cabeça daquela que amava - sim, ele a amava, como só os homossexuais sabem amar uma mulher - acertou em cheio a cabeça.

mas voltando ao assunto dos old, and womens que avançaram no tempo, estou falando da mutação que confere novos olhares sobre os que passam dos sessenta, setenta, já não tão difícil oitentas e começam a se contar centenas de casos sobre os noventa operantes.
para a minha geração, quando da adolescência, nos conturbados anos sessenta(toda adolescência é conturbante, até mesmo a desta geração que não merece a minha simpatia tamanha idiotia. coisas de velho?) sim, completar quarenta era o adeus as colegiais, o preparo para pousar a barriga em algum bairo de subúrbio recordando elvis e similares?elvis teria similares? hum, o tempo passa - e como isso é bom, ao contrário do que se pensa em contrário, desde que evidentemente você o torne um aliado( o tempo é o que você faz dele, não se esqueça, diz o mote do comercial de certa marca de relógios, contraditoriamente? descartáveis).

já nos anos oitenta, quarentões passaram a ser o charme para lolitas e borboletas cansadas. anos 90: cinquentões já se tornam capazes de fazer o que até eles duvidavam. fim do século passado e os sessentões não viam no espelho a imagem do fim do mundo e com a descoberta da internet descobriram que era possível sim fazer também aquelas sacanagens virtuais para além de sonhos molhados, por lágrimas. no travesseiro.
viramos o século e setentões, homens e mulheres, dizem não ao fim do sexo, refinam-se em modos e atitudes - menos os dedicados a carolagem e outros tipos de associação com religião - metem a mão na massa a frente ou na retaguarda de ongs e muitos deles são a vanguarda intelectual de um tempo onde os adolescentes conseguem se dizer geração y mas que não sabem nada do bé a bá da escrita que os espera. inclusive ler ou interpretar o que quer que seja.
casos há em que oitentões e noventões, seguem em frente, sem muletas psicológicas, fisicamente e intelectualmente invejáveis(sem a aflição que nos causam certos anciões de terços incontáveis a desmanchar-se a nossa frente, alguns com corcovas a mostrar o peso do tempo hipócrita) - levando a vida, não a normal que imaginamos para longevos bem comportados que devem suplicar a nossa caridade, mas muito pelo contrário a nos confrontar com seu " mau exemplo" ante a covardia de uma juventude que já nasceu, em sua grande maioria, imprestável e com defeitos de fabricação graves no tocante ao carátere propósitos.
mas como definir então o momento em que nos tornamos velhos - terceira idade ou melhor idade é mais um daqueles eufemismos com os quais o politicamente correto anula a verdadeira luta política -   ou não? para além das ameças concretizadas ou não dos avcs, enfartos, diabetes, alzheimers, parkinsons, escleroses, neuroses, que aterrorizam tanta gente? como deciframos esta virada do placar ? já que decididamente a fonte da juventude não há, muito embora já se flerte com as possibilidades concretas de nos tornarmos cyborgs com peças de reposição negociadas na prateleira?
penso que nos tornamos velhos quando deixamos de sonhar e passamos a recordar. e mais velhos ainda quando ficamos a sonhar e deixamos de realizar. e muito mais ainda quando perdemos a capacidade de dizer não,quando nos confinamos ao papel de dizer sim, quer pela comodidade, quer pelo medo de não ter aonde cair, como se algo fosse necessário quando se está a cair.

a vida nem sempre é o contrário da morte. tampouco a morte é a sua negação.há muitos vivos mortos, de tão enterrados em convenções, e muitos mortos vivos acima de qualquer suspeita. portanto, digo que a vida é a morte vestida de azul para um baile de debutantes que dura o tempo do compasso de espera de cada um. e se torna mínima ou máxima pelo andamento que se marca e se forja entre o acaso e a necessidade do convívio consigo próprio nesta imensa orquestra chamada universo, que se expande e se contrai muito mais dentro da cabeça de cada um do que fora. neste contexto - e para mim em todos os outros - a figura de deus, que o senso comum define como uma espécie de maestro de todos os universos, é tal a daqueles maestros cuja batuta regedora tem apenas a função de tentar conter, mas sem conseguir, o solo de vida, fora da partitura, dos verdadeiros imortais.

in tempo: não é porque vocês vestem jeans que podem achar-se vessidos de azul. de há muito que a geração jeans mais do que desbotada ficou-se pelo roxo mofo mortalha.


Tuesday, July 19, 2011

elevador


religiões, todas; agremiações instituídas, que chegam a se tornar países, onde líderes e seguidores se transformam em tiranos e vassalos. uma coisa, tanto como a outra, responsável pelos níveis mais rasos que a humanidade já atingiu ao contrário da pregação de elevação dos mesmos.
como diria o bardo, deus, se existir, não necessita de intermediários. e para além disso, registre-se que até agora o único altíssimo que vê ou ouve são os gritos dos mercenários da fé a cobrar pedágio para a estrado do fim sem começo.

Saturday, July 16, 2011

galo da madrugada


todo dia via o sol. here come the sun. viesse o astro ou não. e por isso mesmo cantava enquanto a aldeia muda o tachava de louco.
a tal da loucura radiante incomodava. e quanto.

Thursday, July 14, 2011

crossroads


uma encruzilhada nos apresenta a velhice. de um lado a demência, parcial ou total, com sua solidão acrítica e degenerativa.
de outro, a total lucidez. ou o mínimo que seja dela, nunca com menos ou pífio impacto.
a solidão crítica inconforma-se lado a lado com a possibilidade da loucura ante a monstruosidade que é ver sem galanteios as coisas como elas realmente são enquanto o frenesi da sociedade a liquidifica e serve miragens.
a terceira idade ou a melhor idade nada mais é aquela que nos foi roubada desde a infância pelas convenções que agora se derramam pelas fraldas geriátricas do que deveria ter sido visto e revisto e não foi.

Tuesday, July 12, 2011

demasiadamente humano

nem a melhor das vinganças causaria o estrago que a estrias e celulites fizeram no orgulho de todas aquelas que desprezaram o mundo por se acharem demasiado gostosas.

Wednesday, July 06, 2011

sintagmática ou paradoxo com tosse


era um ponto e vírgula sem cabeça- um underline aspirando travessões, uma interrogação sem exclamações, um cecedilha tomado como ser sem cedilha, um parentêntese revelando sua artrose, um til ancião, um colchete sem teclado. em suma: era um apagado ou teclado quase suspirando pelas mãos de unhas roxas da adolescente que não tinha ponto de vista nenhum naquela tarde de lanhouses sem perspectivas.

Monday, June 20, 2011

somethings


algumas coisas impossívelmente tão perto que maioria das vezes tornam-se mui mais distantes daquilo que você jamais imaginou alcançar. já possivelmente longícuas, muito mais longe do que sua vista possa alcançar, estão as vezes tão perto, certas coisas, que basta respirar mais forte para sentir a sua expiração
no armário da sua cabeça, o longe e perto, vão se amontonando no espaço do perto e do longe que muito pior do que o ficou distante é o perto demais para assim ser percebido.
acontece com coisas e pessoas mesmo quando você não sabe diferenciar uma das outras, longe ou perto sendo você a própria coisa que se aproxima ou distancia da pessoa que você pensa que é.

Wednesday, June 15, 2011

casaco marrom

a maioria das pessoas com quem falo ou escuto falar vive profundamente infeliz em suas felicidades. eu, muito em contrário, sou cada vez mais feliz em minhas incontáveis infelicidades.

Friday, June 10, 2011

gracia plena


todos somos demasiado cruéis para com a morte, que afinal no frigir dos ovos, e na grande maioria dos casos, apenas alivia a vida de duvidosos viventes quando não de quem já vai tarde.
no fundo, no fundo, a morte liberta a vida semicontida ou que já não valia mais viver em quem se deixou escravizar por ela, a vida, sem dizer-se própria.

Monday, June 06, 2011

deus é fichinha


que o diabo existe, custei muito a acreditar. mas enfim me convenci.

é impossível não fazê-lo depois de assistir as suas encarnações triplas tais como na figura do semipresbítero silas malafaia em pleno de seus vários surtos, edir macedo na versão bispo - que move seus cavalos como ninguém- e o r.r. soares, no modelito melífluo,uma das versões bem sabidas do demo como se costuma falar. se estes isso e aquilo não são o diabo o que haveria de ser então o próprio? só se forem os padres cantores.

mas pior do que isso, só a tropa de segunda a segunda, que os substitui nos horários locais, quando os anjos da madrugada tem recaídas, com seus óleos e rosas ungidas e os apelos fatais e mortíferos de ressurreição da vida financeira. tamanha desfaçatez fria o diabo corar não estivesse ele protegido pela maquiagem necessária para afirmar-se no vídeo.

Tuesday, May 31, 2011

Sunday, May 29, 2011

fuso de fora


um tanto ou quanto adiantado com o futuro, e por demais atrasado com o passado, o presente parece ter perdido o pulso. mas no fundo é só uma questão do relógio biológico que não mede mais as horas como certamente.

Friday, May 20, 2011

Thursday, May 19, 2011

em tempos de apocalipse


violencia mais que diabólica dos nossos dias. não se pode ir a qualquer lugar que que tem logo um sujeito com uma bíblia querendo nos assaltar.

Sunday, April 17, 2011

autoestima

não sou lá grande coisa é bem verdade. mas eu me sinto muito bem do jeito que sou e estou, ao contrário da grande maioria da sociedade.

Monday, April 11, 2011

essa garota promete


- o que vc quer? perguntou o ciquentão, mais para lá do que pra cá, a garota pós teen cujos pelos oxigenados das coxas denunciavam estática só de lhe olhar. e, arrematando, com vontade de comer mas fazendo força para manter o regime: guardião de ranhos de insônia, sou cada vez mais um abdomem que teima em distender-se, uma têmpora a caminho do desmatamento. e para não alongar muito, portador de uma gengivite quase crônica que já de lhá muito abalou-me o siso. resumindo: não tenho mais dentes nem para comer filé nem para roer o seu joelho.
e ela: - well, então vamos começar pelo dentista.

Tuesday, March 29, 2011

Tuesday, March 15, 2011

overture



ela, tão bemol. e eu, tão sustenido.
e sobram segunda e terças menores, quartas justas e quintas aumentadas. aumentadas também a sexta e sétimas. as oitavas justas e nonas, já as décimas maiores são rituais de passagem chegando a décima primeira, justa, a décima segunda, diminuta, até a quase inacançável décima terceira maior.
eis a suite de vidas que, feitas de intervalos, só música soam para ouvidos absolutos.

Tuesday, February 22, 2011

chiaroscuro


quando tá escuro eu vejo. quanto tudo tá claro eu me perco. sobram em mim asas de morcego as pampas e falta radar as pompas ou seriam as pombas?.

Wednesday, February 16, 2011

vacances


andei com ganas de tirar férias de mim.
dizem os especialistas - sinal dos tempos, quando há, e a necessidade de haver especialistas, para tudo, até para ensinar a usar corretamente o detergente da loiça - mas sim, férias, fazem bem a alma, até dos desalmados. então que seja: vamos às féras d´outro na pele de mim ou o reverso que se passe na alfândega .
porém, pensando bem, se não devo ser desta espécie, dos desalmados, sou quase todo um workaholic de mim mesmo. e assim, certamente, iria me por a trabalhar em férias, o que não é nem de longe recomendável generica e especialissimamente falando.
destarte(é preciso ser uma besta ou um vadio das letras para usar esta palavra), vou seguir a risca aquele bordão para o turismo português - vá para fora cá dentro - e ensimesmar-se nas minhas imensas rasidões abissais.
estas férias prometem ou não?

Tuesday, February 01, 2011

declaração de amor inverso



se me amas, dá-me teu fígado, quando estiver-mos separados a mais de vinte anos; daqui a um tempo, onde eu não serei, nem tu, tudo aquilo que amei em essência, inclusive na aparência.




(a propósito de uma notícia veiculada hoje com falso alarde - aliás era rim e não fígado, mas fígado é coisa de prometeu, para quem não sabe -onde o essencial passou desapercebido, como passa tudo aquilo que a hemodiálise não filtra).


Friday, January 28, 2011

poltergeist ou bulbo catódico


onde ela vê mais televisão? em casa, no aparelho, já não tão convencional, no celular, smart? mas tão burrinho quanto ela, no computador, vale computar o tempo de lanhouse, ou no receptor movelbilístico do carro chinês que ela não se cansa de gambar?
o que ela não vê é que ela não se vê na tela como costumava ser. mais humana e por isso mesmo mais nunca mais a vi.

Friday, January 21, 2011

droga de epitáfio


dizem que a droga é péssima porque ela é boa. não vou entrar em deméritos. mas se assim é, particularmente, muito particularmente, ele anda cada vez mais um drogado da vida. exarcebadamente já seria um eufemismo, chapadão, seria muito pouco para a quantidade de vida tomada na veia aos pares quase que nunca que não seja o tempo inteiro. na verdade o xuto é o tempo todo que respira o que sabia e o que procurava decifrar. dependente sem retorno, dá para imaginar qual será o seu fim: morreu de overdose porque a vida é uma droga e não, como quererão comentar os no coments, por que a sua vida era o que era.

Tuesday, January 18, 2011

Thursday, January 06, 2011

maldade à toda prova


que estranhos tempos estes, em que a pratica da bondade tem sido perseguida como um meio de ativação social politicamente correta que, nada mais nada menos, representa, e tão-somente, a busca da autocola do rótulo de olha como ele é fraterno .e assim, o mundo fica cada vez mais mau de se viver. com toda esta bondade dos bonzinhos que é tão malévola do que a mais crassa maldade.
eu, por mim, prefiro os maus de coração do que os bons de" marketing". afinal, lidar com a verdade nem sempre é bom. mas é menos mal do que lidar com o vão da vaidade que vai até os confins da pulha para se dizer boa de alma e cuia.