Thursday, November 17, 2016

não há fim sem começo - e vice-versa

recém chegado dos anos cinquenta aos 16, resolvi simplificar as coisas;

talvez, ainda tenho dúvidas sobre isso, por ter ganho com o passar dos anos um pouco de sabedoria - para saber tirar o melhor da vida, já que até agora a vida me tirou o que eu tinha de melhor -  resolvi, mas não como doidivanas, não mais dar tratos à bola. e deixar a vida(ou a morte) me levar. agora vai que vai por que eu tô que tô.

não é um novo começo. sequer um recomeço. viver é uma linha pontilhada de contínuos e fragmentos, de muitas curvas, aclives declives, chegadas e partidas. nunca sabemos se estamos indo ou voltando, por melhor que seja nosso senso de direção. e, o que é muitas vezes pior: se estivemos caminhando em círculos. portanto, sem sair do lugar por mais que o tempo nos iluda que não.

o mais importante - aos troll-sabichões de plantão - nunca saberemos quando será a última vez do começo ou a primeira, e quiçá definitiva, do fim. muitos sequer sabem quando é a primeira da primeira, e se dizem felizes ou infelizes por isso;se é que eles tem a mínima ideia do cataclismo quando isto é mesmo isso.

então, se vai dar pé ou se o afogamento dar-se-à, não é isso mais que me preocupa. afinal, preocupar-se com o que quer que seja, adianta alguma coisa?

então, acelero e ultrapasso essa fase, parafraseando a "filosofia de para-choques de caminhão" :"não me importa se a vida* é manca, eu quero é rosetar".
* no original, se a mula é manca




Monday, November 14, 2016

não seja cúmplice




certas declarações de amor, do tipo " eu te dei ou eu te dou a minha vida", não passam de mais uma tentativa, que no fundo acaba sendo muito escrota, de suicídio; e quase sempre frustada. 
não seja cúmplice. procure outro eu ou outro par, que seja, mas que seja ímpar.

Sunday, November 13, 2016

não é só mais uma canção de amor - muito embora esteja falando de a song for you e não de one more love song

músicas que falam de amor, ou de amores, tendem a ser melosas, xaroposas, ou pirosas, como diriam os portugueses, até mesmo quando falam de suas desgraças. quando em contrário então, ou seja de paixão galopante ou ode a musas confessas, e até mesmo dos " amores platônicos " são mortais, mesmo para quem não seja diabético, tamanho o açucarado.

não há muito com fugir do eu te amo, eu te venero, eu te amo para sempre, ou por toda minha vida. e, para o bem ou para o mal, é bom que assim seja, porque neste rasteiro - ao contrário das normas, discursos, e letras mais elaboradas( que pelo mau costume acabam não sendo consideradas como deviam) - é que se pode constatar ou encontrar verdadeiros achados que demonstram para além do amor, na visão do lugar comum hegemônico e viciante(para o mal da língua{e suponho dos sentimentos}) a grandeza não só do amor, mas do poeta ou vá lá letrista.

your song, do leon russel, que nesta sexta 13 morreu dormindo* traz um destes achados, para além de premônitora:

I love you in a place where there's no space and time
I love you for my life, you are a friend of mine
And when my life is over
Remember when we were together
We were alone and I was singing this song to you 


aqui estão o "eu te amo(num lugar)onde não há tempo ou espaço
eu te amo por(ou pela)minha vida
você é minha amiga
e quando minha vida acabar*
lembre-se de quando estávamos juntos
e que agora estou sozinho cantando esta canção pra você "

resumindo: quanto amores você poderia chamar de "você é minha(meu) amiga(amigo)?

é aqui que reside a questão: é quando o amor tornado amizade(que não deixa de ser amor ou tesudo por isso) é muito mais significativo do que o amor pelo amor ou mesmo pela amizade que conduz ao amor( o caminho inverso é imensamente mais difícil).


isto posto, ouçamos: não o leon jovem(se você não conhece o leon russel, certamente o ouviu tocando e embelezando a música de muita gente conhecida- a grande maioria sem o mesmo talento dele - mas o leon maduro com a emoção totalmente à flor da pele. e logo depois, um leon menos jovem a cantar mais uma canção de amor mas que também não é só mais uma, é uma daquelas que sobressai graças as mãos do "senhor dos teclados" . 







e caso você tenha deixado de lado o leon desatento pela juventude do guitarrista - e também pelo talento(john mayer) - eis o leon a toda, que é para lhe dar um toque,se você for jovem, que provavelmente você não chegará a esta idade fazendo o que o leon fazia aos 74 anos, quando adormeceu para sempre dormindo." portanto não durma enquanto é tempo"




* no twitter publiquei: o senhor dos teclados(e exímio guitarrista) morreu dormindo.apesar d ainda acordado morri meus poucos acordes com ele.
mas pensando bem, não morri meus poucos acordes, na verdade dormi meus poucos acordes com ele. até breve leon.