Thursday, October 12, 2006

imortal

aos noventa e dois anos, eleito por unanimidade para a academia brasileira de letras, josé midlin, consegui o feito, não tanto pelo que escreveu, mais pelo que leu. e pelo que preservou numa admirável e gigantesca prova dada e doada numa coleção de títulos que tomou-lhe a longeva vida e que tanto o fez acariciá-los.
nobreza de sentimentos, decerto retribuida pelos livros que nele liam benfeitor ativo, o será por vidas que não mais o verão.

a sua imortalidade, para nós, deve-se menos ao título e mais a afirmação: "trocaria de bom grado esta imortalidade por mais uns dez anos de vida".

e pra fazer o quê, perguntou o repórter? para ler, para ler mais, muito mais.

a academia então, espécie de ante-sala de velório, ainda mais pelos chás e biscoitinhos servidos, ganhou hoje, mais do que inteligência, a vida própria de mindlin, este sim fadado, antes de ser fardado , a ser imortal. quanto aos outros, alguém se lembra?

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