Thursday, October 19, 2006

só dói quando rio

sim, o rio é a cidade do riso
largo como um decote
e das marcas espontâneas da lua
nas bundas em constelações praeiras
do arporador ao posto nove
até o pier da memoria

mergulhos inacreditávéis
da glória ao flamengo
gol de placa no barco da marina

não, não é uma cidade bunda
como nos querem fazer crer a sua supremacia
nacional

é riso negão de cara e dente
de matar tanto branco amarelo de inveja
com os alvéolos polares à mostra

mal comparando
a natureza desta cidade
é seringa que não se quer descartável
salto da sandália
pico na veia
sexo ventríloco
da mulata

mulata que se inicia troça
de curvas em arcos
tamanha espontaneidade
de sexo retesado
mas cheio de ginga, tanta
que acaba num autêntico desfile de escola de samba
com direito a destaque
mestre sala e porta bandeira
e muito close-up do riso ao cu

cidade onde o gozo nunca é masturbação
porque no rio o sexo é sempre animal de estimação
pois é natural
que assim seja
pois dá-se, vende-se, troca-se
sexo pra quem precisa de sexos
e de lanbuja nem punheta

pena que a violência
desande a vida
com tiroteios que mais parecem
surdos que atravessam repiques
instância no recuo temido da bateria
no desfile
de carne humana
exposta em estandarte de outras partes

aí só se escuta o repicar dos mortos sem nome
ricocheteando sinos
e a bandeira a meio pau de uma escola
murcha como os pelos nas coxas
da passista
agora tumba

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