Sunday, December 24, 2006

morto a nascença

por todo o mundo que nos mostram os tele-jornais, milhões de lâmpadas disputam eletricamente a quantidade em sí, como objeto, objetivo, novo da festa.

as decorações natalinas brigam cada vez mais para ver quem brilha mais. quem tem mais. sabe-se lá o quê. desde de que seja mais. já que é pela quantidade de tudo que possa ser quantificado que se distinguem das demais que não querem ficar para trás. e que por isso mesmo fazem de tudo para ser mais nem que seja do menos.

no meio disso tudo, para além do menino jesus, no entanto, há uma quantidade que parece ter sido esquecida: a do briho, pequeno que seja, dos corações. cada vez mais artificializados por tanta fiação solta por aí.

não deixa de ser estranho e emblemático, que uma data originalmente marcada pela ausência de luzes e do luxo, a não ser, dizem, as estelares, não leve isso em consideração: toda pobreza de luz para a qual a simbologia da ausência remete, se verdadeira, deveria emanar de fontes naturais, onde nem pilha cabe.

mas, sinal dos tempos, devemos nos preparar, para próximos natais onde o brilho das estrelas será de néon, ou do armagedon. afinal, se jesus já estava morto ao chegar, que dizer de nós, em nossa sanha elétrica de oferendas em choque ?

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