Sunday, March 18, 2007

o café do manicure

acordei com enorme vontade de escrever, não sei coisas belas ou ruins, alguém se importa quando simplesmente quer escrever ? importa se de do lado de lá enbevecidos de merda ou tarados de quinta galinha ? deitam-se os pensamentos sobre as teclas como quem anda na praia de iracema e pronto. fez-se o ponto, fez-se o conto.

passo pela praia de nome de mulher, hoje tão vilipendiada e prostituida. é nela que quero morar com minha família dando vazo a minha paixão pelo sem volta e pelo azo ao que me cerca. sim, minha família é a minha mulher e quinze cachorros que nos tem como seus. um jipe velho com nome de bicho, também desprezado, jeg; outro que foi um marco da teimosia nacional, que suporta o presente do fim de semana de um tipo de saudosista que acentua o sentimento na base do barro, pedra e lama. gurgel e mais outro, que a exceção do motor, foi cópia de automóvel inglês sem complexo a ponto de aceitarem o mp lafer como mais bonito do que o morris garage(mg). junta-se a estes membros, bem fudidinhos diga-se de paisagem, alguns instrumentos, livros e discos e alguns quadros que complementam a herança que deixarei para algum ladrão ou fiscal de renda. o que dá no mesmo, sublinho à la thoreau, mas preferível a qualquer parente distante que nesta hora sempre se torna perigosamente próximo na "vorácia" de qualquer dindin.

na praia poluida pombos catam areia na busca de diamantes. eu, na impossibilidade de bicar seja o que for, rôo as unhas, alimento a escrita por hoje a tarde.

findo o trabalho, sem sangue nos dedos, nem cutículas a mostra, só tenho certeza de uma coisa neste momento. unhas bem roídas, para mim cortadas. sequer uma mancha de mentira.

os pombos acham pipoca e desfazem sua procura em rasantes para as pipocas dos mais adiantes. eu apenasmente abro as asas e me ponho no mesmo lugar.

roi-me a fímbria da fome de consoantes inalteradas em meu olhar.

a frase feita dita o fim do período com ponto que despedaça a possibilidade da vírgula.

no cuba do habanera, café não se melindra a atividade capitalista precursora, a prostituição, tão vazada aqui como em cuba, um retrato lembra-me o fidel de korda, mais conhecido por ganhar puto nenhum pela foto de che e de quem achei um livro mais que belo num shopping decadente em botafogo o ano passado.

dos livros que não abri, dos livros que não fechei, nem capa nem contracapa.

sou sem preço, sem etiqueta. mas vou bem com um café como poucos.

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