Saturday, April 21, 2007

máquinas do tempo

como se fosse ontem. a noção do tempo, neste tempo de quantismos tecnológicos, pelo menos para mim, não me reencontrado no sentido de coisa passada, baú de memória, album desbotado.

reencontrei um companheiro de trabalho que não via há 16 anos, após conversas via mails. recebi um telefone de uma antiga namorada - que me localizou pelo orkut - que não via desde 1972.

tudo aconteceu como se fosse ontem. e não com aquela noção de tempo que nos separava da adolescência como se tudo tivesse acontecido no século passado mas com outra dimensão do que quando agora no século XXI falamos do século XX.

as músicas que escutamos como modernas, são do século passado. continuamos a ver velhos ídolos, e até conhecidos, como se eles não tivessem morrido. não sou baudrilhard para deitar explicações que conceituem a compressão dos gaps entre a vida que vivemos agora e a vida que vivemos a 30, 40, 50 anos atrás. mas o fato é que por mais que avancemos o tempo parece não querer passar muito embora sintamos isso mas não com aquela velocidade que esperariamos da modernidade. tudo conspira para que o futuro não chegue com a rapidez com que podemos resgatar o passado e até inserí-lo no presente.

muito embora não tenha entes-queridos a chorar, por enquanto, preocupo-me: deve doer assim mais? ver como vivo, por quantas vezes quisermos. quem nós perdemos(ou ganhamos?) sem aquele incômodo da ausência de memória que tantas vezes apaga detalhes que agora podem ser escaneados a amplitudes máximas? o que nos causa mais horror ou sorrisos? a fotografia digital ou a do papel que amarela como amarela a vida em tais circustâncias ?

conversa vai,conversa vem, 45 anos representam menos do que conversas tidas há 45 dias atrás. e nada de importante, no fundo conversa jogada fora, papo de botequim, que não se bate mais.

nas sanhas deste tempo, até o espelho parece querer retardar a nossa imagem que antes revelava impiedosamente como mais velha a cada dia?(quando olho no espelho, estou ficando velho e acabado) será a velocidade com que agora nos postamos frente a ele? uma coisa assim eisteiniana ?

saudades do futuro onde o passado passava mesmo para nunca mais voltar. agora vivemos querendo o flash-back deste mesmo futuro. seria isso um tipo de saudosismo ou eu acabo de me diagnosticar afundado em alguma síndrome temporária ?

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