Sunday, January 22, 2006

recife faz água

sob todas as pontes de vista
a miséria encalhada nas marés secas
e afogada nas marés cheias
espuma como as entranhas de caranguejo morto

nem move nem comove
urbe que nem queixa-se mais
de tanta feiura no ferver
de um desaguar entupido
dos rios de outrora púrpuras e piabiçus,agora pus
onde antes dos peixes
os meninos morreram por falta de oxigênio

cidade de ilusórias vistas aéreas
postcard amarelada de sí mesmo
hoje apenas afunda,
deita-se e borbulha
totalmente crustácea
de pernas pro ar

2 comments:

Alex Camilo said...

Sempre digo que todo redator tem uma poeta lhe comendo as entranhas, mais uma vez tenho razão. Muito bom o poema.

Alex Camilo said...

Ei lá em cima é "um poeta" e a metáfora não tem nenhuma conotação sexual, rs