Wednesday, May 23, 2007

passarim não avoou

pardal ou rouxinol? ninguém assina em baixo. já tem todas as penas o bichinho. mas não consegue voar. cai do jardim, não se sabe do coqueiro ou telhado vizinho.

piquititim, se encolhe toda vez que o pegamos. curva a cabeça como se a quisesse esconder entre as asas que não lhe dão sustentação. é gordinho e as asas não o sustentam. tenta mas quase lentamente cai dos dois metros abaixo. silenciosamente, não resfolega nem chia. mas de vez em quando canta, pensa-se chamando a mãe ou ajuda dos céus.

nada podemos fazer. não se alimenta por nós, alguém diz. só a mãe para enfiar-lhe vida ao bico. nós torcemos mas não podemos. e nos angustia. outrém torcia-lhe o pescoço. e tomava com uma lapada sem maiores considerações e náuseas de consciência.

nós, apegados a vida e aos bons costumes vamos nos torturando pelo não vôo do pequeno. sobreviverá, a gente quer acreditar que sim sabendo que não. e torcemos para que ele vôe. na verdade para que caia do outro lado do muro e não mais nos empurrre contra o muro da consciência da nossa pequenez diante da impossibiidade de salvar uma simples vida de passarinho até quando ela é a nossa.

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