Tuesday, May 08, 2007

a praia que nunca chegaremos lá

toda imagem do paraíso tem uma praia. sem ela o nosso sonho de nirvana fica embotado. e eu também, sou humano, apesar de muitos duvidarem disso, tenho a minha praia em vista.

virtualmente já moro lá. mas não os cachorros que gostaria de ver correndo pelas dunas e pelas areias subindo encostas do farol de bacopari.

desde que coloquei os pés em baia formosa, ainda pelos anos 70, fiquei com uma idéia, ainda que na época não tão forte( o que é forte aos vinte e poucos anos, para além da nossa estupidez a época considera invencível e imortal?) que sim, poderia ser o lugar para morar. mas não por ali, aos 20 anos, que muito mundo e planetas teria para percorrer.

anos 90 a decisão foi consagrada, após décadas a fio de incursões aleatórias ao lugar, sempre o mesmo, dando-me cada vez mais a ilusão de que eu também.

no século XXI cheguei a minha parte no paraíso, apesar de volta e meia elas estar sendo boicotada por invasarões(a bíblia não fala do mst) mas vamos lá.

no meu paraíso completo, nada de anjos, cristos e marias. apenas, eu, minha mulher, e nossos bichos, na época da decisão, uns 17 a 19 cachorros, mais meia dúzia de gatos, algumas galinhas e patos que compraria, cabritos e ovelhas também, quem sabe, e aproveitando o baixo preço, dizem que um real, não deixaria de ter um jeg.

mas o peso maior sim, são os cães, que estão morrendo antes que eu chegue lá definitivamente.

tanto, que talvez ao chegar lá, apenas tenha este título como um pretexto para escrever algo sobre eles.


se não em baia formosa, sim no hades? ainda assim, também temo, todos os dias, que seja mais uma praia onde todos juntos, nunca chegaremos lá.´


(há cerca de três dias tive de eutanasiar(um eufemismo?) oncinha, uma das cadelas vira-latas mais achegadas a mim. ainda que para poupar-lhe o sofrimento(cães que tem lesões renais não tem chance de hemodiálise, pelo preço ou pela inexistência no nordeste da aparelhagem) é daquelas situações onde ainda que não queiramos morrer juntos(a figura é demasiadamente gongórica) nos faz sentir um pouco sacana em continuar vivos. oncinha até a hora da morte abanava o rabo para mim com a convicção que sim, chegaríamos a praia que nunca chegaremos lá)

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