Wednesday, June 13, 2007

nem boa vista nem boa morte

a avenida conde da boa vista, no recife, já foi um dos endereços mais nobres e bucólicos da cidade nos anos 60.70.
ônibus elétricos subiam a ponte e faziam mesuras ao cinema são luiz enquanto arregalava os olhos para as meninas do colégio são josé com suas saias azuis e blusas brancas, nalgumas já abolidas anáguas e combinações.

dava gosto caminhar na avenida, cheiro de metrópole, predios altos, sol de auroras a anunciar ruas de poetas a enxergar-lhe mais que bela.

passados trinta anos, a avenida conde da boa vista acompanha a decadência da raça, seja ela nobre ou plebéia. fedem-lhe as galerias, sejam externas ou apenas de passagem, um comércio de micharias tomou-lhe de assalto, o cine são luiz fechou, os onibus estao de olhos fechados, as meninas do são josé deram lugar a prostitutas sem poesia alguma.

o rio cabibaribe espelha esta mudança e nenhuma aurora se vislumbra nestas lembranças que também começam a feder.

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