Friday, June 22, 2007

tiro pela culatra


quando pequenos muitos dos meninos da vizinhança se divertiam amarrando bombas no rabo dos gatos. nunca fui disto. era um menino cagão como se dizia na época. no máximo acertei 3 ou 4 lagartixas, com badoque que me maldiz a mão até hoje. suas caudas voltaram a crescer. eu cresci mas o menino nunca mais ficou bom da mão. mas bomba em gatos não. suas caras apavoradas frequentam minhas tenras lembranças até hoje como um pesadelo do qual a memória não me deixa acordar. e nas situações em que me vejo agoniado tenho-lhe a cara do desespero, muito embora nunca tenha ficado realmente despesperado ante a morte que ainda brinca de esconde esconde.

hoje, ante-véspera de são joão, vejo o desespero de algum dos meus cachorros e dos gatos do telhado, com as bombas que ribombam incessantemente como se fossem um bombardeiro interminável. e escapo-me a pensar que tal qual deviam sentir-se as lagartixas sobre fogo cruzado dos atiradores

e daquilo de menino que não cresceu em mim - praga talvez das lagartixas - bate-me uma vontade tinhosa de amarrar um bomba no rabo de cada um desses que soltam fogos nas festas de são joão como se estivessem amarrando fogos na cauda do gato.

mas como sabem, nunca mais fiquei bom de mão ou seria ainda aquela coisa de cagão?

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