Thursday, November 15, 2007

pior que um amor perdido

o gatinho que alimentei até se tornar gigante, hoje não me reconhece mais. súbito sumiu do telhado juntamente com a gata mãe, grávida, que por quase mês, não sabia deles. ela não ví mais. teria morrido de parto, veneno, cachorro ou carro? ele, encontro na rua seguinte, mancando e assustado, sem a memória olfativa que talvez a distância hoje imposta não permita o reconhecimento.

acontece também com pessoas. subitamente, desaparecem, e ficamos assim sem entender porquê. faz parta das gentes. agora, com animais, nos causa ainda mais estranheza porque não entendemos seus motivos, já que sempre temos a pretensão de entender os motivos das gentes ou pelo menos atribuir-lhes loucura, ingratidão ou puramente sacagem, traição.

com os animais é diferente. a cara assustada que não reconhece aquele a quem saudava com largos ronronados produz um não sei o quê que torna o silêncio lancinante. e mostra que a limitação humana é algo bem mais tonitroante do que a incapacidade de saber o que acontece ali na rua mas está muito acima dos telhados das nossas cabeças.

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