Saturday, September 29, 2007

sem damas, só vagabundos

quase fervidos pela calçada quente o casal de vira-latas ronda o estacionamento da padaria. parecem indecisos tamanha quantidade de rodopios e indas e vindas naquele pequeno pedaço de calçada onde o cheiro de comida é mais intenso.
típicos vira-latas tem na aparência a marca das ruas e dos mal-tratos de dias quentes, noites gélidas, e artíficios que não se imaginam quantos para sobreviver nesta vida.mas há amor no casal.mais do que isso, cumplicidade. entre os meneios e rodopios e por enquanto pequenos sustos e pontapés que os espantam, não perdem a oportunidade de se acarinharem mutuamente sempre que voltam do espaço da separação que nunca dura ou é maior que cerca de dois metros. basta olhar e ver que nasceram um para o outro para sempre.
enfim, algo comovente nesta manhã de verão que prenuncia calor de outras sortes.
no meio disso tudo o amor dos vira latas é eterno até que a carrocinha(ou um ònibus?)os separe.
mas quem se importa com o um amor que vive sem perfume e que periga morrer de fome na ante-véspera da próxima calçada?

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