Wednesday, April 19, 2006

strawberry fields forever

o olhar curioso ficaria marejado se fosse humano. mas não o é. então as patinhas batendo no vidro frio da janela produzirão um ruido de um arranhado seco a procura do eco que não virá. relutantemente ficará ali por uns dias, alternando miados intermitentes com as necessidades mais prementes a ausência.

de vez em quando o sobressalto, coração aos pulos, pelos eriçados, passinho apressado e a decepção. qualquer porta que se abra, incluindo a da varanda, de onde costumava aparecer para anunciar-lhe que já iria descer, só vai anunciar-lhe que não está mais lá, aquilo que acostumou a estar por quase um mês.

na sua mente de animalzinho que encontrou companhia e subitamente se viu privado dela, não saberei dizer o que se passa. mas alguma coisa há de faltar. com falta na minha. como faz falta na minha mão. se tem sete vidas, saberá resolver-se melhor que eu, tento consolar-me dos altos e baixos da minha única vida, agora, sem dramas, mas com certeza, um pouquinho menor.

das próximas vezes vou condenar-me a solidão explícita. nada de afagos, nada de intimidades. cada qual por sí. sempre foi assim, não vejo motivos para acreditar que não mais o será.

mas por hora um frêmito me anuncia que algo dentro de mim quer romper a barreira das carnes, dos nervos, do espaço, do tempo, e tocar o zezinho ainda que fosse sombra.

a impossibilidade humana diante dos seus sentimentos é algo que somente um animal entenderia ?

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