Wednesday, April 05, 2006

a existência enquanto essência à não desistência

sabe quando você imagina-se super-homem, que nada vai acontecer com você, apesar do que aconteceu com o próprio ?
bom, cada qual, imagino, tem o seu limite e a sua maneira.
a noção de sinapses sempre bandeou a minha. é no preenchimento das sinapses da tua existência que você se conhece ou se desconhece por inteiro. nada de te avaliar quando as coisas vão extremente boas, e nem pense em fazer isso quando tudo está mal ou muito mal
mas há um momento, uma fímbria, um hiato, a tal sinapse, em que os segundos são séculos e os séculos nano-segundos.
aí, se você não perder as estribeiras, monta o alazão e sente-se poderoso até para enfrentar a vida de igual para a igual, porque enfrentar a morte, é o que você operisticamente a cada célula perdida e renovada , você já faz. sabedor que, por maior que sejam as glórias de suas batalhas, afinal guerra perdida antes mesmo de você nascer.
a felicidade - e as discussões sobre o que é e como vem a ser e a sua duração - costumam embotar demais a vida. as infelicidades se traduzidas pela sinapses, trazem de outras formas a agudeza e o clarão do raio que nos divide a testa pelo meio. um tipo de sinapse que só os loucamente lúcidos conseguem apreender e sendo assim antever a queda do tal raio do momento para enfiar-lhes na pelve túnica de sua existência. e têem aí um vagalume aprisionado que será solto e indicará o caminho quando você estiver o mais perdido.
o vagalume eu o vejo, de tempos em tempos, quando não estou ofuscado pela falsa claridade das coisas. há quem chame isso de intuição. interagir com ela já é outra coisa. no escuro, percebo, tudo é mais tão fácil. a menor particula, um peido neon do vagalume, e tudo abre-se como um cine 180 graus. mas viver no escuro toda uma vida ninguém aguenta. é ser espectro do que poderia. na claridade, você julga ver mais, mas é apenas o que não passa de visão dobrada.
sobram as sinapses, cuja duração nenhum humano ainda parece ter elevado para além delas próprias. séculos de nano-segundos cujo colar de perólas partidas não conseguimos serquer ver, quanto mais reaver.
sinapses, não confundir com aquilo que se acordou chamar visão de deus. mas aquela hora em que você descobre que é infinito justamente por ser finito. imortal porque não passa de mortal, o que já me prova o encontro dedo mindinho do pé com a quina da geladeira(tá bom, refigerador).
quer saber? acho que tomei vinho vagabundo demais e acabei por afogar as minhas sinapses por hoje. mas não é todo dia que você fica de pileque de mãos dadas com suas sinapses ou vai dizer que não ?
de volta a realidade vou tratar agora de enxugar o meu vaga lume. estaria ele ainda vivo ? ou acender-se-à novamente ? é tão frágil o farol do vaga lume, assim como o das nossa existência ?

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