Saturday, April 01, 2006

hum, é pouco. dois não foi bom, três é demais ?

primeira vez em floripa, floripa não era assim tão floripa. era florianópolis. publicitário ainda não muito famoso fez-me o convite para substituí-lo. tava se mandando daqui para o mundo e de vez em quando penso se ele, ainda que inconscientemente, estava mesmo é querendo me sacanear. de leve.

mas confesso que gostei. principalmente da minha visão da ponte brooklin. cheguei a caminhar por ela, meio cagão, vento e altura não me caem muito bem, a uma quadra que estava da agência. lembrei-me da hercílio quando caminhava no própria, na do brooklin, num tempo onde ainda haviam as torres gêmeas, e o mundo de ficção ainda não havia ser tornado realidade.

mas a experiência não foi boa, apesar, das três, a que deixou melhor saldo de trabalhos. em plena época de eleição, parceria com um jornal local nos garantia anúncio de página com variações em torno do mesmo tema, voto e democracia, assim conceituados: "Este anúncio tem este título que é para você lembrar que hoje é uma data muito importante." e tome a foto de um título de eleitor, em várias formulações, ao longo da semana que antecedeu a eleição, dia inclusive, com uma assinatura que falava sobre a democracia e a agência que assinava o anúncio, aliás, quatro.

infelizmente a democracia não era digamos, assim tão praticada na agência. e seguimos adiante. idos de 91 e o primeiro bye-bye florianópolis.

a segunda, foi no ano passado. começou mal já nos contatos telefônicos, depois de um primeiro retumbante. muito rame-rame, depois de falar com o diretor de criação - eu viria substituí-lo porque ele precisava dedicar-se a uma campanha política - me colocaram ao telefone com um cara do atendimento, também sócio. ih! foi mal. mas eu vim mesmo assim. talvez tenham ficado ressabiados com aquilo que adjetivaram de elocubrações, na verdade uma apresentação das minhas convicções e modus operandi. exagerei?

cheguei e ninguém no aeroporto para me receber, o que confirmava minhas suspeitas. se começa assim, assim-assim, isso não vai acabar bem. dirijo-me a tal agência e o feeling não é legal. tá certo que só quem ganhou dinheiro com feelling foi o morris albert, mesmo perdendo o processo de plágio, decadas depois, mas de vez em quando funciona, aliás, durante muito tempo, eu pensei que esta frase era minha. mas aí começaram a dizer que era de outro publicitário hiperpoderosofamoso, de maneira que pensei, não vou lá eu levar um "processo de plágio" por obra minha.

well, depois que você é um chief creative executive officer, o mínimo que se espera, é que não venham fazer você de estagiário - aliás você foi chamado justamente porque tem obra feita - passando um job com teste, ora pois, pois. mas foi o que fizeram. era para uma universidade local. e ainda levei um mal briefing do tal cara do atendimento, daqueles que tem cara de quem serve cafezinho, o que é uma ofensa para o cara do café.

não me senti muito a vontade, mas entre muita falta de saco e vontade de desaparecer - o que fiz depois - fui ao computador enquanto providenciavam minha hospedagem - nem isso se tocaram, com o agravante que depois eu tive de pagar a hospedagem, fazendo um encontro de contas com uma passagem que solicitei fosse fragmentada com parada no rio, onde aproveitaria para dar um alô no mercado, quase vinte anos depois.

we are the champion, me pareceu um bom conceito. minha idéia seria "floranopolizá-la", com elementos locais, musicais inclusive, formando um mosaico de música e gente, numa veia emocional que, apesar de pouco criativa, tinha a certeza que funcionaria, como um diferencial para a tal universidade. o diretor de criação não se pronunciou, provavelmente estava reavaliando ter me chamado, principalmente, depois que lhe mostrei, propositadamente, um filme, gravado entre outros chinfrins, como mostra do que também fazia em mercados onde se faz" filme" com 1.500 reais(não ria, porque tem gente que faz, aqui e lá, com 150 reais, quando não dá de graça). o engraçado era que as sobras do meu portfólio - eu não tenho portfólio até hoje, o que é um handcap, davam um banho no da tal agência. mas o critério de cada um é o critério de cada um.

o tal atendimento, chumbou a idéia. achou muito comum, meio globo esporte, no que concordei com a ressalva que era justamente por aí. não fazer a versão pasteurizada pelo programa, tampouco a da " tia mercury ". se de uma coisa eu tinha convicção, era que este filme faria ferida e a trilha grudaria nos ouvidos, se renuníssimos em torno do bordão, o sentimento e símbolos catarinos, exernados na vibração de quem entra, cursa e saí de uma universidade. a esta altura, segundo dia, eu ja estava de malas arrumadas. ouvi, pacientemente, aquelas cagações de regra, e de novo, me senti como estagiário. e já que era, assim, o que estava fazedo alí. o trato era ficar por três dias, para sentir o ambiente, e eles a mim, e só então decididir se sim ou se não. eu já estava decidido. bye-bye floripa. fim do segundo estágio.

a terceira vez, estou vivendo-a agora. mas já tenho histórias para contar. histórias para domingo e não para sábados que sejam primeiro de abril.

1 comment:

Eliza Araújo said...

pois é, meu amigo. diz caetano que o mundo não é chato. no que discordo dele, já que há alguns anos caetano não diz coisa que preste.

mas o mundo não é nem legal. nem justo, nem coisa que o valha. nem coisa que valha. vide brasil.