Friday, April 21, 2006

desejum

nos feriados as cidades nos dão a ilusão de são mais humanas. é como se as árvores se enfeitassem, e as calçadas, abrandassem o rítmo dos passos do tempo. tudo flui e escorre sem pressa. um ou outro carro apressado, a quebrar um certa modorra por nós até quase consentida.

manhã mais sonolenta, até um sagui, coloquem o trema por favor, há ? amanhece desperto a chamar a turba para ocupar os espaços hoje mais tranquilos, aventurando-se em galhos carcomidos de centenárias árvores carcomidas pela poluiçõa, as costas da velha mansão dos guinle, nome hoje ligado a fábio júnior e josé wilker, lembram que gulhermina é nome de placa de rua, com outra valorização faz tempo. aquilo que se nos aparece como um despropósito,a casa de quase meio quarteirão, a uns invisível e a outros responsável pelo ar de súbito estupefato, registrem a redundância, recorda aos mais transeuntes do que passantes, de que este era o padrão do bairro, hoje acabado.

aos pés do redentor, vago pela são clemente, a escolha do botequim descanso, pelo critério dos tamboretes e do balcão, importantíssimo, também o número de aposentados que já as nove da matinha, derrubam com calma a segunda cerveja do dia.

dou bom dia a favela santa marta. e respiro fundo, para ver se ainda sinto cheiro da mata. o que me vem é um quase cheiro de chulé, que imagino seja do cristo redentor, que ultimamente anda pisando em sangue.

má idéia ir numa galinha a cabidela já com um gelada destas matinal.
salta uma vitaminha e um joelho de frango e queijo, enquanto engulo já a seco um quarto ou quinto comprimido para esta gripe que não quer me largar.

talvez o cheiro de chulé venha das minhas fossas nasais, eumefize, cavidades, chego a pensar. mas ainda estou em verde catarro, a idade do sangue, sou otimista, há de tardar, alivia-me uma coriza renitente.

engulo o comprimido e algo mais que não vale a pena contar. chega a vitamina, gelada até o tutano, e o joelho, quente até os tornozelos.

fazem-me um brinde, e o aposentado, reina feliz: isto aí faz mal a saúde, gargalhando como a espuma do colarinho da sua cerveja. é rio de janeiro, estou voltando. não vá me brindar com uma sacanagem pior que essa, já basta o joelho ter sido de salsicha.

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