Friday, February 02, 2007

na cabeceira da pista

toda vez que vou voar, lembro que não sou um passarinho. e que turbina nenhuma dá-me a confiança que as aparentemente frágeis asas de qualquer passarinho mais chinfrim inspiram, transmitem e garantem, sempre, vôos mais altos.

quanto aos aviões... bom, se agora, apesar de tanta tecnologia, eles mal conseguem sair do chão, que dizer do resto, se agora para sobreviver até as aeromoças andam fazendo fotos onde são vendidas como avião mas não dão nem pra teco-teco.

e lá vamos nós, mal disfarçando nosso desconforto em toneladas que se sustentam no ar que se nos falta, de um jeito ou de outro, nos remete a espaço configurado tal e qual uma gaiola, não sei das duas qual mais fúnebre, mesmo que os passarinhos cantem e nós apenas silêncio eterno e decomposto.

creio que nesta história da aviação, só atingiremos a maturidade quando não houver mais nenhum passáro preso numa gaiola. ai, quem sabe, os aviões poderão descansar em paz dos seus vôos surtidos de maus efeitos.

até lá passáros e aviões continuarão em linha de trombada. e as nossas vidas atadas a esta linha por um fio ainda mais tênue do que as asas dos passarinhos que aparentemente são tão frágeis mas ainda capazes de fazer o que muito avião não faz, quando não de derrubá-los.

conquanto isso verdadeiramente só os passáros voam. nós continuamos apenas a cair em tentação na maioria das vezes, apesar de todas as estatísticas em contrário.

No comments: