Friday, February 23, 2007

espírito de porco eu? coitado do porco

se há alguma coisa difícil é ser agnóstico ou ateu. aliás não sei como alguém não pensou em fazer uma igreja de ateus e agnósticos. todo mundo quer nos converter a qualquer custo.

alguns conhecidos espiritualistas tentam me doutrinar mui sutilmente. quase guincho como um porco na hora de morrer -você já viu como morre um porco? não? então coma a sua carne em paz.

teimoso como sou, desdenho de doutrinas que remetem, seja a imortalidade da alma, a transmigração, salvo a fisico química que nos faça engordar a macaxeira se por ventura plantada bem em cima da nossa cova rasa, alma indigente, único destino certo. ressureição, reencarnação ou coisa que o valha, comigo não cola. de antemão digo que não acredito nem quero ir para lugar algum que não tenha uma bodyboarder a dois metros do meu pescoço. quer dizer se ficar mais próxima de outras partes também não vou reclamar, contanto que haja balanço.

mas voltando a outra praia, argumentam meus amigos - nem quero pensar se fossem inimigos -, quer dizer, eles se acham, eu não, que as mazelas e as dores aqui sofridas fazem parte de um pagamento "espiritual" de dívidas do passado. e que raivas e ódios fazem-nos voltar a vida até que aprendamos o perdão, e sim, que todas as doenças são motivadas por desequilibrios espirituais que tem a ver com a nossa conduta, o que já começa complicar já que se estou de volta pagando, imagino que com algum juros, dividas passadas, não tenho como comandar estes desequilibrios por melhor que sejam as minhas intenções.

e na minha perdição, segundo eles, acho-me pensando na morte do menino do rio. não o da música, mas da criança que era um menino. pensando por estas variantes espirituais o menino morreu barbaramente porque devia ter uma dívida tamanho de uma barbaridade ainda maior, o que custo a acreditar. e menos ainda que aqueles que o mataram, fico na dúvida, estão no repeteco não sei das quantas vezes? acertando sempre devedores com cara de inocentes? ou são instrumentos espirituais a serviço da justiça divina, que não nos enganemos nós, não protegeu o menino porque quem manda cobrar dívidas não admite perdão.

sigo sem acreditar em nada, mas com a imensa sensação de perda dolorosa ante porcos e meninos que não imagino com outro espírito que não seja o da vida perdida para sempre.

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