Friday, June 13, 2025

Friday, June 06, 2025

almofadas da ilusão ou quaresmices das boas

voltas em torno de si mesmo, antes da luz na retina - tão real quanto virtual - virar imagem no seu cérebro. um trem saindo do túnel ou um novo amor? não saberia antes de dobrar a próxima curva e cair de joelhos. amanhã será outro dia?

Thursday, June 05, 2025

um corpo que cai

já nem estou mais aqui. frequentemente perambulo mundo afora montado nalguma música, pintura, fotografia, memória ou soluço. entre o futuro passado e o presente movediço me ausento. de certa forma antecipo o que virá. estranhamente é uma sensação boa e tranquilizadora saber que tantas coisas não faço e nem farei mais. quase esboços do que fui e croquis do que não serei. uma multidão de fotografias ou melhor negativos não revelados mas bem vívidos na química dos meus sabores e dissabores. ligeiramente enebriado, percorro anos e anos na velocidade da luminescência do meu lusco fusco em começo do fim da existência. ora cigarra, ora vagalume, um acorde diminuto, um sono aumentado. o corpo cai, algo que não é nem alma nem espírito se levanta. não vou junto. mas também aqui não fico. última penugem e sopro. mas quem garante?

Thursday, May 29, 2025

quase um segundo

não acredito em xamãs, a exceção de uns: fotógrafos. quando digo uns e não todos, porque nem todos tem a capacidade de estabelecer conexões com espíritos e outros, mundos de forma que, muito mais que respeitosa e admirativa, me metem medo; tamanha profundidade de suas revelações com aquilo que, não só não vemos, como jamais imaginamos que possam existir. lenda ou má interpretação, há quem diga que os índios não gostam de ser fotografados porque fotos ( fotógrafos portanto ) roubam a alma - alguém se lembra do mito de uma geração, filme do oliver stone, sobre os doors, com val kimer baixando o jim e seu diálogo com um índio que lhe avisa sobre o roubo da alma? -. acredito piamente que sim. nada, nem ninguém, religioso que seja, psicólogo, psiquiatra e o que mais queiram citar, chega nem perto do que a fotografia (fotógrafos portanto) revela ao prescutar o humano num "clic", obtendo resultados que vão além do divino ou diabólico, como o senso comum costuma definir fenômenos que não entendem e que outras atividades, até científicas, gastam anos e não imprimem a realidade captada ou seria reconstruida?  de forma tão instantânea. a fotografia é algo, me atrevo, que nem o universo quântico consegue decifrar, pois ela capta o que está mas não está lá, no momento de sua obtenção. é o ôlho dentro do ôlho da máquina, dentro do ôlho do tempo espaço que pisca para nós durante toda existência mas que só a fotografia consegue piscar de volta causando o espanto do que se deixa fotografar sem dar-lhe tempo de posar. e isto vale até para as selfies ( não aquelas tagarelas narcisisticas das redes sociais). coragem de roubar a sua própria alma - sinais dos tempos - hoje quase todo mundo tem. mas feito por um xamã, pode ser uma experiência devastadora -  para o bem e para o mal. não recomendo aos medíocres. muito menos aos que se dizem fotógrafos de " celebridades".