Monday, September 11, 2006

torres gêmeas

em um dia como 11
o super-forte descobriu que é mais frágil do que sequer imaginou

já o frágil descobriu que pode agigantar-se tresloucada e descomunalmente pela alada distorção da fé

ambos insanos
o que já eram antes da descoberta
reagiram tal e qual reagem fortes e fracos diante das suas não descobertas: nada mais aprenderam do que repetir a história de fugir perseguindo
inimigos de sí mesmo a matarem-se uns aos outros
ceifando todos que venham a meio da inocência desarmada

aterrorizados e aterrorizantes
antecipando em múltiplos as novas mortes que virão ao pé das torres derrubadas
e das novas torres de babel
que surgirão erigidas sobre montanhas de ossos e crânios sem sisos
nua opera de poeira de rastros
à margem de atrocidades ilimitadas

ao super-forte resta o poder é querer
ser ainda mais super-forte
aumentando sua fragilidade a um ponto tal
que não restará a mínima possibilidade de defesa

ao frágil, disseminar o medo de seus próprios terrores
e aniquilar-se-à a sí próprio
em récitas estrovengadas no alcorão de seus zeus
tornado estéril a seus filhos
que ambicionarão ser cada vez mais super-fortes

em meio a tudo isso
um homem joga milho aos pombos
vislumbrando numa branca renegada
tratar-se da pomba da paz

joga milhos aos pombos
como joga o poeta
aos porcos palavras

já agora sem causa e efeito
enquanto alimento da raça

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