Saturday, September 25, 2021

das klaustrophobia

para o claustrofóbico, até escolher entre o caixão e a urna é um terror. se bem que pra se ir para a urna se tem que passar pelo caixão, ó sina, ó vida, ó dores. mas ora, se está morto, o que mais importa? mas se, se ali apertado, como há de se comportar o morto vivo claustrofóbico? e no céu e no inferno, a claustrofobia se cura? ninguém provou. portanto a racionalidade está dando razão aos suores claustrofobicos. aliás, se o humano tivesse mesmo o primado racional não haveriam o pânico, as fobias, cujas explicações suam frio na racionalidade, que não consegue sair-se bem do aperto que é está explicação. traumas, bloqueios psicológicos, desvios da educação, fatores ambientais, castigos tresandados, e peripécias que deram pro torto, tudo pode ser gatilho. se pensarmos como o claustrofobico, o ventre materno não é o tal do receptáculo protetor. o sujeito fica lá por 9 meses comprimido, já sai um tanto ou quanto amassado, e  ainda tem que dar de cara com espaços reduzidos, gadgets da vida moderna, que o perseguirão sem que se de conta até chegar o fatídico dia, que me aconteceu, de enfrentar os aparelhos de ressonância medievais - os tais ditos abertos também não aliviam muito, principalmente se o exame(e o vexame) for do cérebro - você se sente carne de hamburguer prestes a ser esmagado pra tomar a forma - e as mais inusitadas situações, que vão do soterramento em acidentes naturais  (naturais? pois sim) a brincadeiras infantis, onde o claustrofobico é reduzido a contradição de adulto com pânico de criança ( agora imagine a criança claustrofobica com os pais incitando a ação?). em suma, a claustrofobia, é o incomum comum, já que cerca de 5 % da por cento da humanidade é claustrofobica (a porcentagem em cima de bilhões é espalhafatosa ) o que não a impede de ter outras fobias concomitantes ou não, tão ou quanto apavorantes. aliás, pelo andar da carruagem fobia é que não vai faltar no bolso do futuro. quanto a mim, claustrofobico, sim, não arrisco decifrar a ou as razões. castigos intermináveis na infância? sim, e não. não tenho medo do escuro, nem de elevador. mas ficar embaixo de um carro praticando mecânica amadora não me deixa confortável. e, ressonância? bom, não me caguei. mas mesmo no espectro aberto precisei de uma mãozinha pra me safar sem maiores vexames do que quase exasperar as técnicas com minha hesitação ante o "céu que ameaçava desabar" sobre minha cabeça. e aí, novamente a falha do racional: se tivesse de fazer de novo, sem problemas? afinal, passei pelo aperto, sem levantar e sair correndo, ou back to the pavor again? eu é que não vou me testar. passo. e espero que você não passe pelo que passei. a claustrofobia é o reverso da razão. e a razão mete o pé na hora do aperto, asseguro ao espertalhão que acena com a racionalização -  com a muleta das técnicas de meditação ou respiração - para vencer o pavor, como se você não tivesse outras e melhores razões por respirar. caixão ou urna? não alimento dúvidas (nem dívidas). permaneço vivo. até onde a claustrofobia não me alcançar.

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