Friday, September 24, 2021

cai o pano

uma das mais desditosas experiências do fracasso humano é assistir um espetáculo teatral ruim. tragédia ou comédia, a ruindade acaba por nos faz chorar onde não devíamos. rir idem, isso se não dermos o pira ou sucumbirmos a modorra. é de se sublinhar que neste modo burlesco, há que se convir de que não é de todo mal, se nos fizer escapar dos clichês e das canastrices humanas, que permeiam tudo o mais que não seja o tal espetáculo da existencia. já nas atuais circunstâncias, o espetáculo tem se revelado um jogral que se quer shakesperiano, despertando louvores ao over-acting pseudo trapalhão de enredo, personagens, atores e plateia, consumando assim a comunhão das bestas e dos embestiados em existência virulenta. já no prólogo( que durou quase 30 anos) plateias, autores e autores, depauperados por uma imbecilidade consanguinea; aliás, mais inteligência na caveira que segura o timing do ator que tem menos inteligência do que ela; vez que é sábio calar ante a imbecilidade da raça que delira com o grito do rei está nú mas que cala quando o rei lhes enfia no cu toda sua morbidade caricata, nem por isso menos genocida. mas que não é nunca por improviso ou se pode dizer sem direção. bolsonaro é um quase mefisto que a nossa incultura religiosa cultural  toma por rei lear graças a nossa ignorância político teatral que o assiste e pede bis. quem pagou pra ver, e não gostou, afunda na poltrona e faz cara de diletante inteligente sem ter a coragem de sequer levantar e ir embora, quanto mais vaiar, ou "apedrejar", que é o sempre salutar avesso do aplauso, ainda mais neste caso. mas o que espanta mesmo: é que muita gente pagou pra ver, viu, e gostou. e aguarda o cair do pano para ir ao camarim bajular o astro e, quiça ganhar o autógrafo de uma covid 19 bem fornicada. nem o deus ex machina escapa de tamanha antiutopia. assim, como diria o deus mamon bannon, se bolsonaro não existisse seria preciso inventá-lo. a extrema direita no brasil já puta que pariu seu rato. e sua fezes em deus são consumidas como caviar - mas não nos camarotes mais caros, já que seus patrocinadores sabem que para o espetáculo continuar o povo tem que continuar no poleiro. (poleiro: lugar mais distante do palco, também chamado de galinheiro ou torrinha, por sua altura. lá os ingressos são mais baratos mas não se consegue distinguir as feições do ator, o que é um paradoxo para um meio que tem no rosto o forte da interpretação. ao mesmo tempo exemplifica como a elite procede: quando coloca o povaréu no alto, é para que ele não veja nada). 

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