Sunday, February 22, 2009

do homem, sem folia

chove no carnaval. as alegrias - e as tristezas - estão molhadas. a alma, lavada, como os paralepípedos que registram mas não guardam de quem os pés que lhe deixam marcas - de nada adiantaria mesmo tal sua existência breve, eternamente fadados a feira de cinzas.

acho graça caminhar por entre os momentos que a mírdia não registra. ai vou eu sem máscaras ou fantasias, homem de nenhum disfarce, aprisionado no enredo do sou o que sou, e que se foda o mundo, inclusive eu, bloco sem nenhum seguidor, pelo menos por agora, nem de longe.

livre dos epítetos - e do xixi - de carnaval da multi-culturalidade, do melhor carnaval do mundo o ar até parece estar mais respirável: ladeiras mais bucólicas, gatos, vira-latas e bem-te-vis tem instantes de calma. até as lagartixas concordam que sim sem nenhum clarim a ribombar-lhe os intestinos. silêncio quase monástico - já cantado por alceu - deste modo onde tarol, sem fala, rima com o olho e as narinas do farol.

estandarte do bloco do eu sozinho passo sem cogitar agremiações, usufruindo do que a chuva traz e leva ao mesmo tempo. tudo e nada, contados às favas por ninguém. mesmo que seja eu a observar que o homem do meio dia é, sim e não, o reverso do homem da meia noite em suas tristezas e alegrias. muito embora em mim não haja pantomima patrocinada. só disposição - ou suposição - de pensar que o carnaval com chuva é a única maneira de não deixar os homens se tornarem bonecos de uma folia que mais cedo ou mais tarde comandará suas cabeças até o ponto de corte, na goela que vai cuspir em desprezo o sol que antes desceu redondo e gelado como convém ao galhardete de muito antes enforcado nos postes, até estes pelo peso de tão institucionalizada alegria envergados.

Now playing: lulu santos - éros e tanátos via FoxyTunes

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