Wednesday, June 13, 2018

o himalaia sou eu - também pode ser você

royal enfield himalayan: o fleugma britânico
da marca das "café racers", agora montadas na india
sob as vestes de um modelo com, e para, o melhor espírito do devagar
e sempre(e economicamente)

well, dizem que já estou numa idade onde quase todos buscam o nirvana. eu,  ficaria satisfeito se atingir o himalaia. e já agora, a himalayan, of course, que me inspirou a escrever sobre a "motoridade", depois de tanto pisar em dunas móveis, e me enterrar em castelos de areia, em tardes praianas. acaba sempre que você coloca-se à altura dos seus obstáculos. portanto: mire baixo, e acabará sempre na merda.


antes das divagações de sempre, deixe-me dizer, se é que não sabe, que a royal enfield, é a marca de motocicletas mais antiga do mundo, em produção contínua – fez seu primeiro modelo em 1901 - e que no século passado mudou-se de armas e bagagens do reino desunido para a índia. de fabricante de armas passou a fazer motos, com um slogan bem apropriado: feitas como armas ou coisa parecida, sem contar que foi a primeira a fazer uma moto à diesel.

de motos, não sou marinheiro de primeira viagem. tive algumas. comecei flertando com a jawa 125 - e não necessariamente nesta ordem -  honda 125, yamaha 180, sahara 350, honda 400 II, cagiva elephant 900, yamaha gts 1.000. todas elas, a sua maneira, habilitam-me a dizer-me um motard, até porque fui mais longe do que me levariam as estradas do meu país. mas as trail, ah! as big- trail, principalmente por conta da cagiva, são mesmo uma paixão. já amei as triunph, e já olhei pela cerca do jardim as bmw 1200 gts. o tempo passou, a resistência física não suporta, antecipo, quase 300 quilos das meninas fogosas, isso à seco. então, para não ficar no papai e mamãe, resolvi desistir de sair montado por ai nos meus cavalos e mulheres de sonho, condensados no sexo louco ou suave que é pilotar uma moto. ainda mais se for com destino a lugares que a vizinhança não se arrisca nem em pesadelos.


por isso mesmo, já havia tirado motos das minhas last words, e encaixado os jipes, decididamente. mas eis que os tais indianos resolver fazer uma moto, com sotaque inglês, destas que te prometem levar ao fim do mundo(o começo não me interessa), baseada na confiabilidade de um motor tradicional, carburado, de mecânica com fácil reparação, altura que facilita a vida de quem tem 1.75, monocilíndrica, 400 cilindradas, peso médio, e um visual clássico, que remete a paixão pelo que vem à frente, e não pelo que ficou e logo some do retrovisor.

não sei como se diz caralho! em hindi. tampouco nas outras cerca de quatrocentas línguas que se fala por lá. mas foi o que disse ao vê-la em imagens das notícias que dão conta que, talvez, no segundo semestre ela já esteja à venda no brasil. noutros países, mais de cem, maioria dos quais também não sei como dizer caralho na língua natal( o que é um problema para quem se aventura por ai, ficar com o caralho enrolado na boca) já está rolando, inclusive com edições especiais. caralho!

para os sedentos de velocidade e potência - e visual dos mangás japoneses - a himalayan, pode ser uma decepção: a velocidade de cruzeiro não irá além dos cem por hora(a favor do vento); não permitirá grandes esticadas e retomadas de aceleração, sem esgoelar o conta-giros, leia-se motor, e nada de guinadas bruscas, escudado nos novos gadgets de eletrônica embarcada, que isso não é seu forte. é uma moto "pura&dura", com os defeitos e qualidades que carrega, para além dos daqueles que a carregam mas sem os poréns destes. portanto, apta a desbravar caminhos(não com aquele brilho dos vídeos testes) desde que você saiba e esteja preparado para os altos e baixos, quedas e derrapadas, de qualquer caminho que o faça seguir em frente.

sinceramente, não sei se chegarei a tanto. vontade não falta. mas vontade só não sobe montanhas, por mais que se use a figura da vontade como moto de parábolas inspiradoras - principalmente nas empresas ditas moderninhas, que as usam como motivação para esfolar seus empregados.

de qualquer forma, não sou besta de acreditar que se não vou ao himalaia o himalaia vem até a mim.

julgo-me mais esperto; e arrisco a figura: o himalaia já está aqui; bem dentro de nós. e na maioria da vezes, nós não o subimos, mas descemos de bunda no chão, de quatro, pateticamente. subir, nem pensá-lo, para a maioria dos mortais.

como sou mortal, e prezo a minha bunda, com os apegos de outrora, digo que sei não, a himalayan pode ser uma boa desculpa - e ajuda - para subir ao topo antes de despencar de vez para o mais alto dos abismos. então caiamos de pé, ao menos na estrada, que seja. 

figura de linguagem ou não, sei que de qualquer maneira estou indo, nem que seja à pé. aprendi que é sempre melhor morrer em movimento do que viver parado . e assim, lá vamos nós subir outra vez, o himalaia que cada um, a sua maneira, carrega dentro de todos nós; e que por isso mesmo é sempre tão atroz para com os que reclamam do peso da vida. o que nos leva a acreditar que a moto é mesmo o veículo mais adequado para tal viagem, já que não permite levar muita bagagem, muito menos garupa(se leva cairão os dois de bunda antes de meio trajeto). 

então, é você com você mesmo e o moto condutor que julgar mais apropriado para chegar ao seu destino.

बीएम विन्डो एओ हिमालयिया *


        


em hindi, quer dizer: bem-vindo ao himalaia. p.s. não pense que o google tradutor vai lhe ajudar nesta viagem porque não vai não. de modo que a mímica, e o inglês perdido, é o que deve levar em mente.

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