Monday, July 13, 2015

falsa sustentabilidade

do mal cortado fundo de garrafa pet faço um comedouro de urgência que sei não resolverá as minhas tampouco a de quem lhe destino. 

mas é o suficiente para que seja improvisado um comedouro para que o gato largado ao desprezo da rua faça as refeições que lhe propus dar. 

uma gota no oceano eu sei. no espaço das calçadas contíguas ao meu quarteirão lhes são postos maremotos em dezenas de fundos de garrafas salpicados de veneno junto com a comida que os gatos impiedosamente devoram sem lhes saber que outra fome comerá suas entranhas.

de alguma forma isto também comerá as minhas e, certamente, as do gato que hoje acerta a minha pet que penso em eliminar como suporte para que o gato não confunda as coisas como o fazem todos os viventes em vida, tanto faz se incerta ou certa.

na rua alguém alimenta a morte enquanto quase ninguém alimenta a vida.
é a vida, fazem do dito falso desfecho. por quê na verdade é a morte. que será sempre mais cruel não só para os gatos, mas também para quem dá o veneno que, se lancinante nos gatos, neles, nos dadores de veneno, é de efeito lento e exasperante, pois maledetamente são velhinhos que não mais contemplam os gatos como alimento de esperança e sim como sentença da sua pena. 




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