Saturday, April 11, 2009

fragmentos do alter-ego

- dizem que o negócio é viver;prefiro ler. só me sinto absolutamente feliz(bem, em suma), quando estou em casa, sozinho, lendo, com a empregada muda(esta eu dispenso)e fornecendo o cafézinho de meia em meia hora;

- apesar disso, sempre estive em algumas das maiores confusões possíveis a um polêmista. porque esta escrizofenia? não é ambição de poder, penso. sou uma pessoa muito particular. minhas amizades íntimas são pouquissímas, e nenhuma é total, quer dizer aberta por completo;

- presumo não estar caquético, porque ainda irrito muita gente(não tanto quanto eles me irritam), o bálsamo do polêmista(ainda que não me julgue tanto);

- falo aqui da vida interior de cada um, da liberdade, em suma, que a cultura oficial sempre nos cerceia.daí, segundo freud, o nosso desgosto permanente. ele achava esta cultura indispensável ao progresso material da humanidade, com a contradição de que o sofrimento individual aumentaria proporcionalmente a este progresso;

- meti-me em política por indignação moral e estética. tenho nojo e horror infinito aos homens que exploram outros homens, os pobres me chocam profundamente, porque os sei desnecessários, produtos da estupidez de 1% da humanidade;

- manter a minha própria sanidade(cada dia mais difícil), dignidade e estar sempre em defesa dos que estão por baixo é o mínimo que posso fazer. e, independentemente, à minha maneira. nada de grupos. não sou e nunca serei gado;

- o gênio não é, como como disse aristóteles, a capacidade infinita de perseverar, e, sim,a capacidade infinita de nos olhar-mos sem remorsos;

- o pior não é a mentira ou a verdade. isso nem existe filosoficamente. e só 0,1% da população sabe disso. o duro é conviver com a meia verdade e a meia mentira, baseadas em verdade e mentiras falsas, que inventamos para fazer de conta que estamos vivos;

- meninos,sobrevivi,não me vendi, às vezes,com muito álcool, chego a me tolerar. e bebo, naturalmente, para tornar as outras pessoas interessantes. até a próxima.

(paulo francis, in duas ou três coisas que sei de mim, em junho de 1971 no pasquim, cuja leitura- do paulo e do pasquim - me valeu mais do que o curso de jornalismo inteiro)


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