Monday, August 09, 2010

palavra de anjo


o homem que nesta terra miserável mora entre feras sente inevitável necessidade de também ser fera. (augusto dos anjos, versos íntimos)

Thursday, August 05, 2010

slow food

tempo, bem ou mal, muito precioso para ser digerido com pressa.

Tuesday, March 02, 2010

o amor é mesmo fundido ou antimônio do vazio


dizem que o bom do amor é a espera, com a posterior conclusão, sabe você de que, of course.

mas quem espera, normalmente ou anormalmente, desespera.

conclusão ou, vá lá que seja, soluço: vale a pena esperar pelo amor que se espera ou encontrar o que não se desespera?

na dúvida, muita gente fica esperando, e de novo a tal espera que, se não desespera,destempera.

o amor é mesmo fundido?

Thursday, February 11, 2010

porque se deve amar sempre os gatos(ou as gatas)

no primeiro beijo, o amor salta aos olhos da cara. a língua estala, a baba escorre, se duvidar até catarro engole, tamanho o desejo, a tesão, alguns dizem ilusão. e haja espaços públicos e privados para tanta demonstração de como o amor é lindo.

não há de passar muito tempo, quanto anos? até que o cuspe engasgue, enrolando a cuspida, a língua anestesie a dama e o lorde, que cada vez mais recorrerá as putas, pigarreie na hora h. do quarto iluminado, cada vez mais obscuro e envergonhado da luz que lá fora aponta o fim de caso da retina com a imagem, assombra o mofo em tufos de esmegma. na mesinha de cabeçeira, linho de lenço cambraia lentes intactas e uma griffe da armação que ainda que se queiram conferentes de bom gosto de nada mais já adiantam quando a imagem da perfeição sucumbe ao gosto do gasto.

os que amam tanto, de tanto amar em umidez de enxurrada em breve não se suportarão justamente por isso mesmo. por sua própria natureza o corpo fluidifica ora para dentro e ora para fora o que já não serve aos propósitos da secura.

o amor baba, a boca escarra, a língua seca, isso tudo até que dava pra suportar mas aquela mijada semi-incontinente na porta do banheiro nem cachorro faz.

Friday, January 08, 2010

carpe diem

virada do ano. todo mundo fazendo promessas de tudo um pouco e sabe-se mais o quê, para mudar de vida. dos pequenos aos grandes detalhes, como por exemplo, perder a barriga, a verruga, livrar-se da operação na bexiga ou refestelar-se no prêmio da loteria que é quase certo não virá.

vida - bem ou mal - vivida, e seus traços, são como varizes. uma vez instaladas, não adianta querelar. seja qual for o laser que se sonhar, elas vencerão e ficarão eternizadas na batata dos seus tiques existenciais para sempre. mesmo que apagadas por recursos dolorosos - são falsas também as promessas que não vai haver dor - e prontamente não se as vejam, elas e você sabe, estão lá.

quanto a mim, de há muito não faço promessas. concentro-me em não tentar ser uma pessoa nova - ou na mania de fazer tudo velho de novo como se fosse outro sob a disfaçatez de uma falsa mudança, a viver como novo, as mesmas coisas de sempre(mas há quem acredite que vai perder a barriguinha-sem deixar de abarrotar-se de chopps e chouriço, e que o sexo tântrico vai salvar seu casamento ou união de outros interesses. satisfaço-me com os centavos atirados a fonte do desejo, que carregam o pedido, sem troco, de manter-se exatamente como sou, fiel a mim mesmo, e a minha teimosia taurina. afinal, leva-se uma vida - tantos nem assim - para aperfeiçoar o que quer que seja, inclusive os defeitos, que se aprimorados a excelência, acabam-se tornando virtude, ao contrário das virtudes que não resistem as tentações que derrubam promessas que esvaem-se na duração do tempo de bolhas de espumantes.

sonhos, varizes, anos novos, promessas, precisam de tempo de vida, mais do que tudo. e isto, é exatamente o que temos cada vez menos. para que então desperdiçá-lo tentando ser o que já não mais seremos, se sequer somos o que prometemos ontem, antes de todos a nós mesmos?

Sunday, December 13, 2009

Friday, November 13, 2009

panorama econômico

na vida, paga-se um preço elevado para se ser feliz. curioso que sempre há quem o faça atentando sempre em fazer alguma economia para o caso de não dar pro gasto.
já para se ser infeliz, paga-se um preço ainda muito maior que o dobro. e acostuma-se, nestes gastos, a não se fazer economia alguma. esbanjamos até não poder mais, já que para se ser feliz estamos sempre receiosos de esbanjar de mais da conta.

Wednesday, November 11, 2009

dois pra lá dois pra cá

e da mesma família. o que pode ser tão um horror quanto maravilhoso.

Wednesday, November 04, 2009

it´s now or never

- faz tempo (levou quase dois meses para dizer isso).
- pois é.
a frente um mar rúbio, um frio de outono, gaivotas e golfinhos rasantes, areias em sílvios tão finos quanto elas, interrompidas aqui e ali por despautérios de siris que se enroscavam em algas que teimavam em tapar o sol com a sua lerdeza.

(continua? nos próximos meses)

Tuesday, October 13, 2009

provas de amor

-ah! vai, mostra, mostra que me ama.
- e você não vai mostrar também?
- mas eu pedi primeiro. prova que me ama, vai, mostra.
- só se você mostrar o que eu pedi.
- eu mostro, mas primeiro você prova que me ama de verdade e mostra. anda, vai, não vai doer nada! mostra vai...
- o mesmo digo eu para você? mostra que eu não aguento mais.
- mostra você. mostra logo. mostra logo porra! mostra logo a porra da senha desta conta, senão eu não te mostro a porra da borboletinha que se esconde tatuada na minha buceta!

Friday, October 09, 2009

12 de outubro

toda criança já foi velha um dia. mesmo as que morreram sem saber o que era criança e o que era ser velho.

Tuesday, October 06, 2009

lumiar dos vagalumes

amores grandiosos não acontecem nem vivem em casa. isto posto, beijou-a em cuspe e foi-se noite a fora, a catar pirilampos ao som de johnny mathis.

Saturday, September 26, 2009

mas que perfeito

encontrei ainda quase agora hoje o meu amor do presente . e não pensamos no passado e nem fizemos planos para o futuro. foi a sensação mais próxima do que costumam chamar por uma eternidade.

Friday, September 18, 2009

pretérito futuro

encontrei hoje o meu amor do amanhã e fizemos, de novo, planos para o passado, que para nós sempre foi entremeado de presentes sem futuro.

Thursday, September 10, 2009

particípio passado

encontrei hoje o meu amor de ontem e fizemos, de novo, planos para o amanhã, que para nós sempre foi entremeado de futuros sem passado.

Saturday, September 05, 2009

pão de loas

recomendam, quase sempre já banguelas, que é míster separar o joio do trigo. mas para isso é preciso saber o que é casca e o que é miolo, o que pelo andar da carruagem mostra que muita gente mastigou o caroço pensando que era pão.

Thursday, September 03, 2009

quase antítese

não se enganem os afoitos e incautos: é preciso, mais é preciso mesmo, muito método para viver sem método.

Wednesday, September 02, 2009

quase dialética

de soslaio olha-se e pensa-se sobre os homens que vivem pensando em mulheres. ora, nada de mal há nisso, desde que não haja mais mulheres do que pensamentos.

Tuesday, August 25, 2009

cama box(thend)

adeus, eu vou para não voltar

esperança a gente sempre tem

mas juro que desta vez não dá

não chore tanto assim, afinal de contas não é tão ruim

aumenta o espaço, a mesa aumenta, a cama a luz acesa

e você pode agora até -sem sobressaltos- roncar.

Monday, July 27, 2009

sem manteiga

no dia dos namorados, por falta de grana, imaginei improvisar um gift semi-naiff
e dei uma tapioca ao meu amor.
a reação dela ao meu presente ?
um coco.