antes que você se pergunte o que é salter - um dos dilemas da vida de muita gente,a ignorância sobre o que é realmente importante e o conhecimento, sequer absoluto, sobre o que não é, eu desenho: james salter foi, segundo a crítica e seus pares, um dos melhores escritores do século XX,(duvido que você seja capaz de citar um título dele - até pouco tempo eu também não sabia(ler já é outra história) mas que teve de lidar até o fim com a frustração de não ser famoso.
acontece que o tal dilema não é só o de salter mas de toda uma geração que, tendo algum talento, foi superada por uma geração esvaziada do dito cujo mas capaz de auto-valorizar-se a níveis massivos cultivando a imbecilidade, a estupidez, o vazio oco(isto não é pleonasmo, espero que você saiba o que é) num momento em que a possibilidade de instrução da humanidade nunca foi tão grande mas que paradoxalmente sua ferramenta panaceica finda por ser a caixa de pandora que descamba para as "redes bestiais" num caldo que é jorro de ódio, escárnio, fascismo, retrocesso, perseguição a tudo que for diferente do senso comum hegemônico, ou seja o chorume dos que apelam a deuses, família, moral, bons costumes, falsa correção política para garantir a sua volatilidade peidorrenta que se esgueira por entre a pulhice, a canalhice, as falsas crenças, tudo em nome, ora da fama, ora da manutenção do poder, que também é uma espécie de fama que, como a outra, também mata mas e mais para além do simbólico.
dilema, ora direis, quem não os tem? mas porra! dilema por não ter fama? fodido era por não ter talento, que parece não ser o dilema da cambada de autores que vendem milhares(o que já é muito para quem tem algum talento) ou milhões com as basbaquices de nada com coisa nenhuma enfeitadas em papel celofane que confere a merda aparência de chocolate.
enquanto isto, o trabalho meticuloso de alguns passa desapercebido quando não em branco. mas não seria isto uma espécie de reconhecimento, desde que evidentemente o talento bem haja, grife-se em bold? a perna manca do talento seria a sua sede de reconhecimento, e não pelos pares, mas pela ignaridade da massa? que não sabe a diferença entre broa e biscoito fino?
e se o dilema for a falsa questão de como reconhecer o verdadeiro talento? ora, ora, clamo por fedro, na ante-sala do zen e a manutenção de motocicletas quando a pergunta é feita: " o que é bom, e o que não é bom fedro? é preciso alguém para nos dizer isto ?
o dilema de salter foi ter sucumbido ao fracasso, não seu, mas da sua contemporaneidade. como já o disse mui bem nietzsche, alguns nascem póstumos. seria salter um deles? não é um dilema para quem fica, sequer para quem vai, a falsa angústia do serei enfim reconhecido? então viver é uma luta insana para o reconhecimento?
a mim quero crer que não. faço o que posso e acredito. se for bom, ótimo, reconhecido, para mim nem tanto, uma merda, fazer o quê? fi-lo porque qui-lo, porque tive vontade e nenhum dilema. a vida- e a morte- ficam bem melhor assim, inclusive a vida dos escritores.
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