Sunday, January 08, 2017

quando não é talento que lhe falta mas a fama, parabéns: você é mais um a viver o dilema de salter



antes que você se pergunte o que é salter - um dos dilemas da vida de muita gente,a ignorância sobre o que é realmente importante e o conhecimento, sequer absoluto, sobre o que não é, eu desenho: james salter foi, segundo a crítica e seus pares, um dos melhores escritores do século XX,(duvido que você seja capaz de citar um título dele - até pouco tempo eu também não sabia(ler já é outra história) mas que teve de lidar até o fim com a frustração de não ser famoso.

acontece que o tal dilema não é só o de salter mas de toda uma geração que, tendo algum talento, foi superada por uma geração esvaziada do dito cujo mas capaz de auto-valorizar-se a níveis massivos cultivando a imbecilidade, a estupidez, o vazio oco(isto não é pleonasmo, espero que você saiba o que é) num momento em que a possibilidade de instrução da humanidade nunca foi tão grande mas que paradoxalmente sua ferramenta panaceica finda por ser a caixa de pandora que descamba para as "redes bestiais" num caldo que é jorro de ódio, escárnio, fascismo, retrocesso, perseguição a tudo que for diferente do senso comum hegemônico, ou seja o chorume dos que apelam a deuses, família, moral, bons costumes, falsa correção política para garantir a sua volatilidade peidorrenta que se esgueira por entre a pulhice, a canalhice, as falsas crenças, tudo em nome, ora da fama, ora da manutenção do poder, que também é uma espécie de fama que, como a outra, também mata mas e mais para além do simbólico.

dilema, ora direis, quem não os tem? mas porra! dilema por não ter fama? fodido era por não ter talento, que parece não ser o dilema da cambada de autores que vendem milhares(o que já é muito para quem tem algum talento) ou milhões com as basbaquices de nada com coisa nenhuma enfeitadas em papel celofane que confere a merda aparência de chocolate.

enquanto isto, o trabalho meticuloso de alguns passa desapercebido quando não em branco. mas não seria isto uma espécie de reconhecimento, desde que evidentemente o talento bem haja, grife-se em bold? a perna manca do talento seria a sua sede de reconhecimento, e não pelos pares, mas pela ignaridade da massa? que não sabe a diferença entre broa e biscoito fino?


e se o dilema for a falsa questão de como reconhecer o verdadeiro talento? ora, ora, clamo por fedro, na ante-sala do zen e a manutenção de motocicletas quando a pergunta é feita: " o que é bom, e o que não é bom fedro? é preciso alguém para nos dizer isto ?

o dilema de salter foi ter sucumbido ao fracasso, não seu, mas da sua contemporaneidade. como já o disse mui bem nietzsche, alguns nascem póstumos. seria salter um deles? não é um dilema para quem fica, sequer para quem vai, a falsa angústia do serei enfim reconhecido? então viver é uma luta insana para o reconhecimento? 

a mim quero crer que não. faço o que posso e acredito. se for bom, ótimo, reconhecido, para mim nem tanto, uma merda, fazer o quê? fi-lo porque qui-lo, porque tive vontade e nenhum dilema. a vida- e a morte- ficam bem melhor assim, inclusive a vida dos escritores.




  • Como ficcionista, Salter construiu, ao longo de décadas, uma reputação por ser um narrador conciso e lírico, pouco conhecido do grande público, mas admirado – cultuado – por outros escritores e críticos literários. Muitos o colocavam entre os melhores do século XX. O epitáfio que mais circulou depois de sua morte no dia 19 de junho, aos 90 anos, foi uma descrição do jornalista Nick Paumgarten, num perfil de 2013 da mesma revista que não aceitara seu conto décadas antes. No artigo, Paumgarten diz que Salter não é um “escritor de escritores”, mas um “escritor de escritor de escritores” (a writer’s writer’s writer) ( O PARÁGRAFO ACIMA PERTENCE AO ARTIGO DE ALEJANDRO CHACOFF  http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-106/obituario/o-dilema-de-salter




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