Sunday, August 17, 2008

intermitentemente, familiar e padrão, o que de um jeito assim como está, já é um anormal normal

saberemos cada vez menos o que é ser humano, livro das previsões, citado por saramago, na abertura de “ as intermitências da morte”; livro cujo busílis é a “greve da morte”, num certo pais onde subitamente ninguém mais falece, com as conseqüências ad absurdun disto.

no brasil, a morte trabalha dobrado. faz hora extra, se desdobra no terceiro, quarto turno, e nos sábados, domingos e feriados, está lá fazendo bico de vigilante, com sotaque de milícia ou policia em linha com traficante.

pode-se dizer filosofastramente que no brasil, todo mundo leu, mesmo sem saber quem é wittgenstein: afinal, cada dia a população pensa mais na morte, tratada como quase da família fosse, mais dia ou menos dia, mais cedo ou mais tarde, de pré-aviso avistada, estando sempre onde sempre esteve mesmo apesar do nosso pensamento de que ela lá não estaria assim pensando fazendo tudo ao nossa alcance para que ela nos alcance com mais trabalho do que o mal súbito do mais simples ao mais complexo que quanto mais é o trabalho dela sem complicar.

a morte, no brasil, é hoje a operária padrão. e ainda assim pensando nela, nos abismamos mas não reconhecemos a posição em que, não ela, mas nós, a colocamos.

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Now playing: fug - el diablo
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